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CURSO DE MEDICINA UNIDADE ACADÊMICA DE BIOCIÊNCIAS TUTORIA 4ª ETAPA UNIDADE X RELATÓRIO REFERENTE A SITUAÇÃO PROBLEMA 1 “NADA SERÁ COMO ANTES” DOCENTE: DRA. ELISA LOPES DISCENTES: AMANDA CRISTINA VIEIRA DALTRO ANA LUISA BURTET ESTER MARQUES AFIUNE COSTA GIOVANNA ALLEONI DRAGO HADASSA COSTA HEITOR VELOSO GUIMARÃES MARIA EDUARDA MARTINS CRUVINEL MARIANA OLIVEIRA FERNANDES MATHEUS RODRIGUES CORDEIRO MOCÓ NEI GUSTAVO CAETANO DE AQUINO VICTOR RODRIGUES DE SOUZA VINICIUS DE SOUZA FERNANDES VIEIRA VITORIA MACEDO FALCÃO FERREIRA DATA PARA ENTREGA: 11/08/2021 MINEIROS/GO 2021 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................3 2. DISCUSSÃO ...............................................................................................................4 3. CONCLUSÃO:..........................................................................................................18 4. REFERÊNCIAS: ......................................................................................................19 3 1. INTRODUÇÃO O câncer é uma doença que mexe com os sentimentos que surgem a partir da sua representação pois é visto como um mal, como fatal. As pessoas quando são acometidas com o câncer, são acometidas também por esses sentimentos. Nessa situação problema foi abordada a infecção feminina por HPV e posterior lesão intraepitelial, tendo por base a abordagem, será discutido fatores de prevenção e detecção dos mecanismos de infecção pelo HPV, além disso, do câncer do colo do útero. Para melhor entender o desenvolvimento do câncer do colo uterino, foi abordada nessa situação problema o processo de divisão celular normal e os fatores que possivelmente interferem gerando o câncer. Dentro do estudo específico do câncer de colo uterino será abordada a fisiopatologia, etiologia, classificações, epidemiologia e os meios de diagnósticos. 4 2. DISCUSSÃO 1. Descrever as fases do processo de divisão celular por mitose, identificado os pontos e os mecanismos de regulação. O ciclo celular possui a função de garantir a duplicação de forma correta do DNA, para que os cromossomos sejam igualmente distribuídos entre as células filhas. Esse ciclo é dividido em 2 etapas: interfase, com as fases G1, S e G2 e mitose com a prófase, pró - metáfase, metáfase, anáfase e telófase. Além disso, a sua progressão depende de pontos de checagem e de mecanismos de regulação, que tem como finalidade proteger as células de agentes danosos endógenos e exógenos. (Freitas, Gomes, Medrano e Chammas, 2015) INTÉRFASE • Fase G1: corresponde ao intervalo entre o fim da mitose e o início da nova replicação celular e crescimento celular. Nesta etapa, ocorre o início da duplicação dos centrossomos. • Fase S: ocorre a duplicação do material genético. • Fase G2: marcada pela continuação do crescimento celular e síntese de proteínas, que preparam a célula para a mitose. Além disso, há a finalização da duplicação dos centrossomos. (Freitas et al., 2015) Durante a interfase, há um controle do ciclo celular conhecido como ponto de restrição, que ocorre no final da fase G1, e é responsável por determinar se a célula pode ou não ir para a fase S. Assim, caso haja a existência de erros, o ciclo é interrompido no ponto de restrição, e consequentemente a célula entra em estado de quiescência ou G0, na qual a célula permanece parada até houver uma reversão ou morte celular. (Freitas et al., 2015) MITOSE • Prófase: ocorre a condensação dos cromossomos, a desintegração do envoltório nuclear, desaparecimento do nucléolo e a separação dos centrossomos. • Pró - metáfase: ocorre entre a prófase e a metáfase. Nessa fase os cromossomos se alinham no centro da célula. • Metáfase: posicionamento dos cromossomos no meio da célula completa. Os cromossomos atingem o seu grau máximo de condensação. • Anáfase: quebra das cromátides irmãs, movendo-as para os polos da célula. • Telófase: o envoltório nuclear é formado novamente e os cromossomos são descondensados. Durante o fim da telófase ocorre o inicio da citocinese – divisão do citoplasma da célula mãe para as duas células filhas. (Freitas et al., 2015) O controle do ciclo celular é dado através de pontos de checagem, que previnem as células de irem para outro estágio com algum dano. O reconhecimento de agentes danosos é realizado pelas proteínas serina e treonina quinases ATM e ATR. A proteína ATM reconhece danos de quebra em fita dupla de DNA, já a ATR está presente em toda fase S da interfase. Após o reconhecimento de danos, ocorre uma sinalização, que pode levar a célula a reparação de danos ou apoptose. Sendo assim, a verificação desses danos permite que as células sejas reparadas antes de replicá-las. (Freitas et al., 2015) 5 Para que o ciclo celular progrida de forma adequada ocorre a expressão de diversas proteínas chamadas ciclinas, e em cada estágio predomina um tipo de ciclina, permitindo a passagem das fases. Na mitose, os pontos de checagem promovem a distribuição correta dos cromossomos pelas células filhas, impedindo a formação de células anômalas. (Freitas et al., 2015) O controle do ciclo celular e seus pontos de checagem (Freitas et al., 2015) 2. Identificar os fatores que interferem na regulagem da divisão celular A divisão celular, assim como outros processos que ocorrem frequentemente no organismo, tem como extrema importância e realizam a função de multiplicação em outras células, a partir de uma originária, denominada “célula-mãe”. Esse feito ocorre em seres vivos pluricelulares e unicelulares, desenvolvendo outras células a partir de uma anterior, e assim concomitantemente, e de forma natural, por fatores eventuais e genéticos. Esse processo ocorre por várias razões importantes, como a regeneração tecidual, reparação de lesões, renovação de células mortas, crescimento do organismo, e até mesmo, para originar novos seres, como é o caso da meiose, e é imprescindível lembrar que sem a divisão celular não seria possível a realização desses feitos. Há dois tipos de divisão celular, a mitose (processo mais simples e recorrente) e a meiose (processo mais lento e gradual), ambos determinados por algum fator causador e é comandado pelo núcleo da célula a realizar a divisão. Logo, os processos funcionam assim: Mitose: divisão celular equacional (permanecem a mesma quantidade de cromossomos do início, sem multiplicação) em que é originada duas células-filha, a partir de uma célula-mãe, ou seja, a partir de uma, se origina duas, com o mesmo número de cromossomos do início do processo. Meiose: divisão celular reducional (o número de cromossomos das células-filha formadas tem a metade do número de cromossomos da célula-mãe), em que é formada 4 células-filha ao final do processo. Esse feito é de extrema importância para a formação e manutenção dos gametas, as células reprodutivas. Entretanto, há vários fatores que podem interferir na atividade normal e essencial da célula em realizar suas divisões, causando irregularidades no processo. São exemplos de irregularidades as células cancerígenas, que a partir de mutações genéticas e/ou celulares no DNA delas, se desenvolvendo, crescendo e assim, se sobressaindo sobre as outras células pelo seu potencial de divisões e destruição dos tecidos, formando 6 aglomerados de massas celulares pelo corpo, denominados de tumores. Os tumores malignos também são conhecidos como câncer, e são relacionados ao desenvolvimento por células cancerígenas que se dividem e crescem descontroladamente, podendo ser causado por vários fatores como fatores internos (predisposição genética, hormônios,metabolismo, condições imunológicas e mutações diversas) e fatores externos (maus hábitos de vida, tabagismo, alcoolismo, uso de drogas, vírus, doenças mal curadas, substâncias químicas e tóxicas, radiação, luz solar), sendo eles podendo agir em conjunto ou individualmente como motivo principal. Também, é importante lembrar que as células cancerígenas possuem facilidade em se dividir e causar mais danos ao organismo que a acomete, pois tem a capacidade de formar novos vasos sanguíneos que as nutrirão e facilitarão seu crescimento e desenvolvimento de novas células, mantendo uma atividade acelerada e descontrolada, podendo se desprender do tumor formado e se deslocar por todo corpo pela corrente sanguínea. Por fim, durante o período de divisão celular em si, o termo “ponto de restrição” (R) é um período na fase G1 do ciclo, a partir do qual células animais em cultura estariam comprometidas a entrarem no ciclo independentemente dos estímulos mitógenos (substâncias que desencadeiam a mitose), além disso, células que não apresentam fatores de crescimento têm a progressão no ciclo bloqueada até um certo momento, e, a partir do ponto de restrição, progridem pelas fases S, G2 e M do ciclo. A perda da regulação exercida por esse ponto de restrição na fase G1 é um evento crítico no desenvolvimento do câncer. (JOSÉ; ROCHA, 2008) 3. Relacionar a perda do controle da multiplicação celular com o aparecimento de neoplasias. As células que formam os animais possuem três partes, sendo elas: a membrana celular, o citoplasma e o núcleo. Os genes são arquivos que guardam e fornecem instruções para a organização das estruturas, formas e atividades das células no organismo. Toda a informação genética encontra-se inscrita nos genes, através do DNA (ácido desoxirribonucleico). É por meio do DNA que os cromossomas passam as informações para o funcionamento da célula. Uma célula normal pode sofrer alterações no DNA dos genes (mutação genética). (INCA, 2019) As células cujo material genético foi alterado passam a receber instruções erradas para as suas atividades. As alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados protooncogenes, que a princípio são inativos em células normais. Quando ativados, os protooncogenes transformam-se em oncogenes, responsáveis pela malignização (cancerização) das células normais. Essas células diferentes são denominadas cancerosas. (INCA, 2019) A proliferação celular anormal recebe o nome de neoplasia. Células neoplásicas sofrem perda de diferenciação, alterações e conseguem evitar a apoptose, tornando a proliferação constitutiva. A lesão constituída por proliferação celular anormal, é descontrolada e autônoma, em geral com perda ou redução de diferenciação, em consequência de alterações em genes e proteínas que regulam a multiplicação e a diferenciação das células. Pode ser uma neoplasia benigna ou maligna. (INCA, 2018) As células alteradas passam então a se comportar de forma anormal. Multiplicam- se de maneira descontrolada, mais rapidamente do que as células normais do tecido à sua volta, invadindo-o. Geralmente, têm capacidade para formar novos vasos sanguíneos que as nutrirão e manterão as atividades de crescimento descontrolado. O acúmulo dessas células forma os tumores malignos. Adquirem a capacidade de se desprender do tumor e de migrar. Invadem inicialmente os tecidos vizinhos, podendo chegar ao interior de um 7 vaso sanguíneo ou linfático e, através desses, disseminar-se, chegando a órgãos distantes do local onde o tumor se iniciou, formando as metástases. (INCA, 2019) Dependendo do tipo da célula do tumor, alguns dão metástases mais rápido e mais precocemente, outros o fazem bem lentamente ou até não o fazem. As células cancerosas são, geralmente, menos especializadas nas suas funções do que as suas correspondentes normais. Conforme as células cancerosas vão substituindo as normais, os tecidos invadidos vão perdendo suas funções. O processo de carcinogênese, em geral se dá lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa prolifere e dê origem a um tumor visível. Esse processo passa por vários estágios antes de chegar ao tumor. São eles: (INCA, 2019) Estágio de iniciação: É o primeiro estágio da carcinogênese. Nele as células sofrem o efeito dos agentes cancerígenos ou carcinógenos que provocam modificações em alguns de seus genes. Nesta fase as células se encontram, geneticamente alteradas, porém ainda não é possível se detectar um tumor clinicamente. (INCA, 2019) Estágio de promoção: É o segundo estágio da carcinogênese. Nele, as células geneticamente alteradas, sofrem o efeito dos agentes cancerígenos classificados como oncopromotores. A célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma lenta e gradual. Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente cancerígeno promotor. (INCA, 2019) Estágio de progressão: É o terceiro e último estágio e se caracteriza pela multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas. Nesse estágio o câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações clínicas da doença. (INCA, 2019) No organismo existem mecanismos de defesa naturais que o protegem das agressões impostas por diferentes agentes que entram em contato com suas diferentes estruturas. A integridade do sistema imunológico, a capacidade de reparo do DNA danificado por agentes cancerígenos e a ação de enzimas responsáveis pela transformação e eliminação de substâncias cancerígenas introduzidas no corpo são exemplos de mecanismos de defesa. (INCA, 2019) Esses mecanismos, próprios do organismo, são na maioria das vezes geneticamente pré-determinados, e variam de um indivíduo para outro. O sistema imunológico desempenha um importante papel nesse mecanismo de defesa. Ele é constituído por um sistema de células distribuídas numa rede complexa de órgãos (fígado, baço, gânglios linfáticos, timo e medula óssea), e circulando na corrente sanguínea. (INCA, 2019) Esses órgãos são denominados órgãos linfoides e estão relacionados com o crescimento, o desenvolvimento e a distribuição das células especializadas na defesa do corpo contra os ataques de "invasores estranhos". Dentre essas células, os linfócitos desempenham um papel muito importante nas atividades do sistema imune, relacionadas às defesas no processo de carcinogênese. Cabe aos linfócitos a atividade de atacar as células do corpo infectadas por vírus oncogênicos (capazes de causar câncer) ou as células em transformação maligna, bem como de secretar substâncias chamadas de linfocinas. As linfocinas regulam o crescimento e o amadurecimento de outras células e do próprio sistema imune. (INCA, 2019) 4. Definir neoplasia, sua classificação e nomenclatura 8 Neoplasia pode ser definida como uma proliferação celular descontrolada com características competitivas favoráveis para sua sobrevida em consequência de alterações genéticas ou proteínas. É uma lesão com autonomia de proliferação, a qual foge do equilíbrio do organismo por não seguir o controle específico imposto à replicação celular com o objetivo de gerar níveis homeostáticos. Portanto, as células neoplásicas sofrem aumento da proliferação juntamente com perda da diferenciação celular, tornando-se independentes de estímulos fisiológicos. (BRASILEIRO, 2016) As neoplasias são classificadas seguindo algumas avaliações como o histogenético (origem), histomorfológico (microscopia) e comportamento clínico. As neoplasias benignas possuem crescimento localizado, ou seja, não invadem tecidos subjacentes, não causam ulceração, são potencialmente ressecáveis, possuem crescimento expansivo e lento, apresentam normalmente cápsula fibrosa peritumoral, bem diferenciados, mitoses são infrequentes e com morfologia habitual. Ademais, é importante lembrar que alguns tumores benignos podemser letais como é o caso dos adenomas secretores de substâncias importantes na homeostase. (BRASILEIRO, 2016) As neoplasias malignas possuem potencial de invasão e destruição de tecidos adjacentes ou à distância, podem ser bem, moderadamente e pouco diferenciadas (anaplásicas), são mal delimitadas, mitoses são frequentes, atipias celulares podem ser presentes, possuem crescimento instável sendo desde lento a rápido e as cápsulas fibrosas são geralmente ausentes. Uma característica importante deste grupo é o desenvolvimento das metástases, as quais invadem vasos sanguíneos e linfáticos, cavidades pelas células tumorais. (KUMAR; ABBAS; FAUSTO; MITCHELL, 2005) Neoplasias são denominadas de tumores, os quais englobam lesões expansivas por meio do aumento do número de células. A nomenclatura das neoplasias baseia-se na histomorfologia, ou seja, onde o tecido e a célula proliferante são colocados como evidência. Os tumores benignos são designados com o sufixo -oma junto com o prefixo que denota o tecido ou célula de origem, também pode haver uma correlação com o aspecto macro ou microscópico do tumor, por exemplo, os papilomas são as neoplasias que fazem projeções semelhantes a verrucosas, a dedos, enquanto tumores que tem aspecto cístico adiciona prefixo cist-. (KUMAR; ABBAS; FAUSTO; MITCHELL, 2005) Os tumores malignos possuem também a nomenclatura com o sufixo -oma, contudo há outras especificidades. Os tumores malignos mesenquimais são denominados de sarcoma, já que são carnosos por terem pouco estroma de tecido conjuntivo, os tumores malignos epiteliais são os carcinomas, quando é epitelial glandular denomina-se adenocarcinoma e se for epitelial escamoso é carcinoma epidermóide, os tumores malignos das células sanguíneas são os linfomas ou leucemias e, os tumores malignos dos melanócitos são os melanomas. (KUMAR; ABBAS; FAUSTO; MITCHELL, 2005) 5. Descrever a fisiopatologia, epidemiologia, quadro clínico e tratamento do câncer do colo do útero. Patologia: O carcinoma de células escamosas normalmente se origina na junção escamocolunar (JEC) do colo uterino. É precedido, na maioria das vezes, por NIC e carcinoma in situ que, se não tratado, evolui para carcinoma invasor em 10 a 30% dos casos. A progressão de NIC I para NIC III se dá em somente 10% dos casos. Na grande maioria, a NIC III já aparece nessa fase, sem passar pelas fases anteriores (Disaia, 2002). Quando visíveis, as lesões podem ser endofíticas ou exofíticas. Uma variante da lesão endofítica tem relevância clínica, pois se estende à endocérvice, igualando os 9 diâmetros da cérvice e do corpo uterino, o que se assemelha a um barril (barryl shape). Seu diâmetro normalmente é de 6 cm ou mais, apresentando problemas quanto ao tratamento (Eifel, 2006). Dissemina-se por extensão direta ao tecido paracervical, à vagina e ao endométrio; com a progressão, envolve as paredes pélvicas lateralmente, a bexiga anteriormente e o reto, posteriormente. Metástases ocorrem, principalmente, por via linfática, mas também há disseminação hematogênica (Eifel, 2006). O CCU é epidermoide (escamoso) em 75 a 90% dos casos, podendo ser subclassificado em carcinoma de grandes células não queratinizado (mais comum), de grandes células queratinizado e de pequenas células não queratinizado (Eifel, 2006). Os adenocarcinomas são responsáveis por 15 a 25% dos casos e originam-se das células colunares endocervicais. À medida que se tornam menos diferenciados, podem perder sua aparência glandular e tornar-se mais sólidos. O adenocarcinoma também tem sido associado à maior recorrência, maior número de linfonodos comprometidos e diminuição da sobrevida, ou seja, pior prognóstico. Outro tipo histológico é o carcinoma adenoescamoso. Alguns autores acreditam que esse tipo apresenta um pior prognóstico (Wang et al., 2006) e outros afirmam que tem um comportamento semelhante (Dos Reis et al., 2007). Outros tipos histológicos mais raros também podem comprometer o colo uterino, como carcinoma de células claras, carcinoma neuroendócrino, sarcomas, linfomas, melanomas e tumores metastáticos. O grau de diferenciação tumoral (bem diferenciado, moderadamente diferenciado e pobremente diferenciado), profundidade e extensão da invasão e presença ou ausência de invasão dos espaços linfovasculares são fatores prognósticos que deveriam ser adequadamente definidos (Freitas, 2011). O carcinoma escamoso apresenta-se como: > de grandes células não queratinizado (mais comum); > de grandes células queratinizado; > de pequenas células não queratinizado. Casos clínicos: O tumor de colo uterino apresenta-se na sua fase inicial de uma forma assintomática ou pouco sintomática, fazendo com que muitas pacientes não procurem ajuda no início da doença. O CCU cresce localmente atingindo vagina, tecidos paracervicais e paramétrios, com isso podendo comprometer bexiga, ureteres e reto. A disseminação a distância ocorre principalmente por via linfática, envolvendo inicialmente os linfonodos pélvicos, e, após, os para-aórticos. A chance de haver comprometimento de linfonodos para-aórticos sem comprometimento do grupo pélvico é rara, ou seja, em torno de 1% (Disaia, 2002). A apresentação clínica depende principalmente da localização e da extensão da doença. A paciente pode referir secreção vaginal amarelada fétida e até sanguinolenta, ciclos menstruais irregulares, spotting intermenstrual, sangramento pós-coital e dor no baixo ventre. Nos estádios mais avançados, a paciente pode referir dor no baixo ventre mais importante; anemia, em virtude do sangramento; dor lombar, em função do comprometimento ureteral; hematúria; alterações miccionais, causadas pela invasão da bexiga; e alterações do hábito intestinal, em função da invasão do reto. As pacientes podem sentir ainda dores na coluna lombar e bacia pélvica, devido ao comprometimento, às vezes, da parede pélvica (Disaia, 2002). 10 Tratamento: Dependendo do resultado do exame citopatológico, diversas condutas são possíveis, desde a simples repetição citopatológica em 6 meses (as lesões de baixo grau - HPV e NIC I - regridem espontaneamente em cerca de 80% das vezes) até um tratamento cirúrgico, passando pela possibilidade de resolução por meio de um tratamento clínico. (Freitas, 2011). - Cirurgia: A cirurgia de Wertheim-Meigs (histerectomia total ampliada-Piver III) envolve a retirada de útero, terço superior da vagina, ligamentos uterossacros e vesicouterinos e todo paramétrio, bilateralmente, até a parede pélvica. Seguem-se a linfadenectomia pélvica bilateral, que inclui a dissecção dos linfonodos das cadeias ilíaca externa, a partir da bifurcação, fossa obturadora (limite: nervo obturador) e veia hipogástrica. Não há necessidade da retirada dos ovários. (Eifel, 2006). - Quimioterapia: Os resultados obtidos com quimioterapia no tratamento do CCU são modestos. Essa modalidade de tratamento é empregada em pacientes com doença recidivada e/ou metastática, com grande variação nos índices de respostas objetivas. As melhores respostas são em sítios extrapélvicos, pois se evitam os efeitos da radioterapia e cirurgia pélvica, que comprometem a circulação. Atualmente existem estudos demonstrando vantagens em relação à recidiva local e sobrevida, empregando-se quimioterapia junto com radioterapia, de forma adjuvante, após cirurgia de Wertheim- Meigs, em que estaria indicada radioterapia pós-operatória (linfonodos positivos, margens comprometidas e envolvimento parametrial). Atualmente está comprovado o benefício de se associar quimioterapia (cisplatina) como droga radiossensibilizante nos tumores estádios IB2, IIA, IIB, IIIA e IVA (Freitas, 2011). - Radioterapia: Embora em pacientes com CCU em estádios iniciais (IA, IB1, IIA) a sobrevida em 5 anos seja em torno de 85 a 90%, tanto com radioterapia como com cirurgia radical, as pacientes com melhor condição clínicae mais jovens tendem a ser tratadas com cirurgia, visto que preserva a função sexual e hormonal da paciente. A radioterapia é reservada para as pacientes que apresentam comorbidade, idade avançada e contraindicação para a cirurgia. A radioterapia, além de esterilizar os ovários, afeta a função sexual, por meio de sequelas em nível vaginal (encurtamento, fibrose, etc.). A sobrevida em cinco anos com a radioterapia, em estádio IIB, é de 60%, III é de 40%, e IVA, 20% (Eifel, 2006). As indicações de radioterapia como tratamento complementar à cirurgia são divididas em critérios primários e secundários. Os critérios primários são linfonodos pélvicos positivos, margens exíguas ou comprometidas e invasão de paramétrios (Peters et al., 2000). Os critérios secundários são tamanho tumoral, invasão dos espaços linfovasculares e grau de invasão estromal. Estes últimos critérios são analisados caso os critérios primários sejam negativos. A combinação de radioterapia de feixe externo (teleterapia) e braquiterapia intracavitária parece ser o tratamento mais adequado. Os estudos que avaliaram a realização de cirurgia após o tratamento com radioterapia, para tumores volumosos, são controversos, e essa conduta não pode ser empregada na prática diária. Hoje em dia, como já foi referido anteriormente, é indicado o uso da cisplatina como droga radiossensibilizante para tratamento de tumores estádios II, III e IV. Nos estádios III e IV, a resposta completa situa-se em torno de 65%, e a sobrevida, ao redor de 40%, em 2 a 3 anos (Freitas, 2011). ESTÁDIOS Estádio IA1: Pacientes com estádio IA1 devem ser diagnosticadas com base em uma conização, de preferência a frio, por não cauterizar as bordas de ressecção. 11 Assim caso os espaços linfovasculares não estão envolvidos, há menos de 1% de risco de disseminação linfonodal. Essas pacientes podem ser tratadas, conservadoramente, por uma histerectomia simples ou por conização a frio, se desejarem preservar a fertilidade. A importância do envolvimento dos espaços linfovasculares no estádio IA1 não está clara e é um tema controverso; porém, a maioria dos serviços opta por cirurgia radical ou radioterapia, se esse achado estiver presente (Freitas, 2011). Estádios IA2, IB1 e IIA: Histerectomia radical via abdominal é o tratamento de escolha para pacientes jovens e sadias, pois preserva a função ovariana. Até o momento, não indicamos a videolaparoscopia para cirurgia oncológica. A radioterapia é igualmente efetiva para pacientes com estádio inicial. (Freitas, 2011). Cirurgia preservadora da fertilidade: A traquelectomia radical envolve a remoção do colo uterino e dos tecidos parametriais, e, após, é realizada linfadenectomia pélvica, é um procedimento curativo objetivando preservar a fertilidade em pacientes jovens, sem prole completa e com CCU em estádio inicial. Essa técnica pode ser realizada por via vaginal ou por via abdominal (Freitas, 2011). Biópsia do linfonodo sentinela no CCU: O mapeamento linfático e biópsia do(s) linfonodo (s) sentinela(s) têm por objetivo identificar a drenagem linfática e, principalmente, evitar a linfadenectomia pélvica bilateral total. Caso o linfonodo sentinela seja metastático, no anatomopatológico de congelação, a cirurgia radical será suspensa, em favor do tratamento com RQ (Dos Reis, 2007). Estádio IB2: Pacientes com esse estádio (tumores > 4 cm) são pobres candidatas à cirurgia radical, devido ao fato de que a maioria necessitará de radioterapia adjuvante. Estudos demonstraram que a junção de cirurgia radical e radioterapia pós-operatória é um tratamento que causa muitas complicações e deve ser evitado. RQ é o tratamento de escolha na maioria dos centros. Alguns estudos colocam a opção de tratamento de radioterapia associada à cisplatina antes de uma histerectomia (neoadjuvante), demonstrando que pode diminuir o risco de recorrência e morte em mulheres com estádio IB2. (Freitas, 2011). 6. Descrever o mecanismo de infecção pelo HPV e a relação deste com o desenvolvimento das lesões neoplásicas do colo do útero. 12 Os HPVs são os agentes causadores de verrugas genitais, são vírus de DNA da família Papillomaviridae, que atualmente inclui 118 genótipos distintos capazes de infectar a espécie humana. Todos os HPV são epiteliotróficos (pele e mucosas), podem induzir proliferação epitelial (formação de papilomas) e dependem da célula infectada para sua replicação (BOGLIOLO, 2016). O comportamento das lesões induzidas pelo vírus depende de fatores relacionados com o HPV e com o hospedeiro, como o tipo de vírus envolvido, a região geográfica, a carga viral e os fatores relacionados com a imunidade do indivíduo. São conhecidos 16 tipos de HPV que são considerados de alto risco, e estes, estão mais associados a displasia moderada ou acentuada, carcinoma in situ e carcinoma invasor (BOGLIOLO, 2016). O HPV 16 e o 18 são os mais prevalentes dos HPVs de alto risco. Há também os tipos considerados de baixo risco como o 6, 11, 42, 43 e 44 que são geralmente mais discretos, e são caracterizados por displasia leve. O HPV é um vírus de DNA de fita dupla, circular, contendo cerca de 8.000 pares de base, cuja replicação depende da célula do hospedeiro. O genoma viral é dividido em três regiões: • Não codificante (sequência anterior regulatória), com 400 a 1.000 pares de base, referida como longa região controladora (LCR) e, que há sequências ativadoras e silenciadoras que regulam a replicação do DNA; • Região precoce (E), com as sequências que codificam as proteínas E1, E2, E4, E5, E6 e E7, envolvidas na replicação viral e na oncogênese; • Região tardia (L), que codifica as proteínas estruturais L1 e L2 do capsídeo viral. A transmissão do HPV em infecções anogenitais ocorre frequentemente via contato direto, facilitado pela presença de fissuras ou microfissuras da pele ou mucosa, provocadas pelo trauma tecidual das relações sexuais. A grande maioria das infeções (80%) são subclínicas, autolimitadas e se resolvem espontaneamente, sendo que em um ano não mais existe infecção detectável (infecção transitória) (Handisurya et al., 2009). A infecção pelo HPV não causa viremia, não destrói as células que o hospeda e não ativa células apresentadoras de antígenos dos epitélios (células de Langerhans). Em consequência a esse padrão de infecção praticamente anérgico, o hospedeiro não reconhece a infecção e não desencadeia uma resposta imune, permitindo que o vírus possa efetivamente infectar as células (Handisurya et al., 2009). O HPV infecta o epitélio escamoso, particularmente células basais (imaturas e com capacidade replicativa) ou células de metaplasia escamosa. Abrasões ou microerosões no epitélio facilitam a infecção das células basais, que são capazes de se replicar e que constituem o reservatório do vírus. E após penetrar na célula por meio de receptor, o vírus pode causar dois tipos de infecções: 1) Infecção latente, inativa ou não produtiva: é uma infecção característica dos HPVs de baixo risco, em que o DNA viral se dirige ao núcleo, onde permanece na forma epissomal. O DNA do vírus é replicado como unidade extracromossômica durante a divisão celular, mas não há formação de novas partículas virais nem se formam lesões macro ou microscópicas. 2) Infecção ativa ou produtiva: é uma infecção característica dos HPVs de alto risco, em que o DNA viral se integra, em pequeno grau, ao genoma da célula e é replicado independentemente do DNA celular. Os genes virais são expressos e proteínas do vírus 13 são sintetizadas, formando- se novas partículas virais, que são liberadas nas camadas superficiais do epitélio e surgem alterações displásicas no epitélio, que podem evoluir para carcinoma in situ e até para um câncer invasor. Destaca-se a ação das oncoproteínas E6 e E7. O descontrole na proliferação das células infectadas pode ser explicado comalguns mecanismos. A proteína E6 liga-se a p53 marcando-a para degradação em proteassomos. A p53 é responsável por estimular a apoptose e reduzir a progressão celular, e dessa forma, é extremamente importante para o reparo do DNA e ao ser ligada a E6 suas funções ficam abolidas e a célula perde o controle indispensável à sua normalidade. A E6 também aumenta da expressão da telomerase, reduzindo a senescência celular (BOGLIOLO, 2016). Já a proteína E7, ela liga-se à forma hipofosforilada da proteína do retinoblastoma (pRB) e essa ligação desfaz o complexo formado entre a pRB e o fator de transcrição E2F. A liberação do E2F estimula a transcrição de genes cujos produtos são necessários para as células entrarem na fase S do ciclo celular. A proteína E7 em alguns casos também se associa a outras proteínas celulares envolvidas no ciclo celular, como a ciclina. Dessa forma, a E7 estímula à síntese de DNA e à proliferação celular (BOGLIOLO, 2016). Em síntese, o aumento de E6 e E7 bloqueia a ação de p53 e pRB, o que resulta em instabilidade genômica nas células epiteliais e aumenta a replicação celular. Em consequência, a célula acumula mais e mais danos no DNA, que não são reparados. E associando esse mecanismo de infecção do HPV com o desenvolvimento de lesões neoplásicas no colo uterino, as lesões proliferativas podem ser de dois tipos: • lesões precursoras (neoplasia intraepitelial cervical) • carcinoma invasor. 7. citar as formas de prevenção e detecção precoce do câncer do colo do útero. De acordo com o instituto nacional de câncer (INCA) a redução dos riscos de contágio pelo papilomavirus humano (HPV) tem relação com estratégias de prevenção primária do câncer de colo de útero, esse que ocorre através de contato sexual desprotegido. E a estratégia principal de prevenção vai ser a vacina contra o HPV, deve ser aplicada tanto em meninas quanto em meninos e de preferência antes do inicio da vida sexual. Essa vacina vai proteger e evitar verrugas genitais e grande parte de possíveis casos de câncer de colo de útero. E para uma melhor prevenção, deve ser associada a vacinação, a realização do exame preventivo (Papanicolau) (2021,INCA). Para enterdermos melhor, o exame Papanicolau ou citopatológico é um exame que visa detectar possíveis alterações nas células presentes no colo do útero e lesões precoces assintomáticas. É um exame que deve ser incentivado (a mulheres que já tem uma vida sexual ativa) e ter sua importância ressaltada, já que tem papel muito importante na prevenção do câncer de colo de útero. É valido ressaltar que para a realização e resultado de qualidade desse exame é contraindicado a prática de relação sexual, duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais por pelo menos dois dias anteriores ao exame. No exame é introduzido o especulo na vagina, é feita uma inspeção visual da parte interior da vagina e do colo do útero, em seguida é provocado uma escamação mínima na superfície externa do colo do útero com o uso de espátula e uma escovinha, por fim esse material coletado é colocado em uma lamina e enviado para análise (2011, MINISTÉRIO DA SAÚDE). É a partir do exame de Papanicolau que é possível realizar também o rastreamento, esse que é embasado na história do paciente e do resultado do exame, para que seja 14 possível detectar e tratar de maneira adequada. E nada mais é que a repetição do exame a cada três anos, após dois exames seguidos sem nenhuma alteração, que tenham sido realizados no intervalos de um ano, para descartar a possibilidade de algum falso negativo. As pacientes que possuem algum tipo de imunodeficiência devem realizar esse exame com maior freqüência (2021,INCA) É importante destacar que essas ações de rastreamento, detecção e prevenção só conseguirão ser eficazes se for produzido e disseminado informações, se houver uma boa relação e comunicação dos profissionais da saúde com as pacientes, se garantirmos o acesso ao diagnóstico e tratamento, e monitorar de forma contínua (2021,INCA) 8. Identificar as políticas públicas de saúde relacionadas ao câncer de colo do útero. No início do século XX, surgiu as primeiras iniciativas para o controle de câncer no Brasil, porém mais focados no diagnóstico e no tratamento da doença. Na metade do século XX, levantou-se entre médicos que quanto mais precoce o diagnóstico e o tratamento melhor o prognóstico dos doentes, dando início a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer. Assim, dando início as organizações das ligas contra o câncer e a criação de cursos de extensão universitária sobre Cancerologia (BRASIL, 2014). Em 10 de fevereiro de 1961, surge o INCA (Instituto Nacional de Câncer), um órgão auxiliar do Ministério da Saúde, mas só em 1990 com a nova Lei Orgânica da saúde e uma Reforma Administrativa que o Ministério da Saúde sofre uma nova reformulação e traz novas atribuições ao INCA. Diante disso, um dos Programas desenvolvidos pelo Instituto/MS é o Programa Nacional de Controle do Câncer de Colo do Útero e Mama (Viva Mulher) (BRASIL, 2014). Ademais, o Viva Mulher tem como objetivo reduzir a mortalidade e as repercussões físicas, psíquicas e sociais do Câncer de Colo do Útero e de Mama nas mulheres brasileiras, oferecendo serviços para prevenção e detecção em estágios iniciais da doença e para o tratamento e reabilitação das mulheres. Além disso, tem como diretrizes a formação de uma rede nacional integrada, que permitirá ampliar o acesso da mulher aos serviços de saúde, também a capacitação de recursos humanos e a motivação da mulher para cuidar da sua saúde fortalecerão e aumentarão a eficiência da rede formada para o controle do câncer (BRASIL, 2014). Ações para o controle do Câncer de Colo do Útero: • Detecção precoce da doença por meio do exame citopatológico (Papanicolau). • Garantia do tratamento adequado da doença e de suas lesões precursoras em 100% dos casos. • Monitoramento da qualidade do atendimento à mulher, nas diferentes etapas do Programa. 9. Compreender a evolução da nomenclatura brasileira para laudos citopatológicos cervicais. Primeiramente, antes de adentrar a evolução da nomenclatura brasileira em relação aos laudos citopatológicos cervicais, é de suma importância compreender o que são laudos citopatológicos cervicais e a razão da criação como um todo. Sendo assim, é um processo que envolve a atuação de um profissional altamente qualificado, que 15 consulta as amostras coletadas de maneira atenciosa para emitir o laudo que guiará todo o tratamento ao qual o paciente será submetido, identificando as alterações sugestivas de uma doença e também indicar ações que permitam o diagnóstico de forma mais precisa possível (BRASIL 2012). Dessa forma, o Dr. George Papanicolaou criou uma nomenclatura que procurava expressar se as células observadas eram normais ou não, por meio de uma classificação, denominadas como classes I, II, III, IV e V, em que a classe I indicava ausência de células atípicas ou anormais; a classe II, citologia atípica, mas sem evidência de malignidade; a classe III, citologia sugestiva, mas não conclusiva, de malignidade; classe IV, citologia fortemente sugestiva de malignidade; e classe V, citologia conclusiva de malignidade (BRASIL 2012). Posteriormente a essa classificação, surgiram novas nomenclaturas com ênfase nos aspectos histológicos. Assim, o termo "displasia" foi introduzido na classificação, levando-se em conta alterações histológicas correspondentes, identificando displasias leves, moderadas e severas. Todos os graus de displasia eram grosseiramente referentes à classe III citadas anteriormente, correlacionando também a classe IV com carcinomas escamosos in situ. A classe V continuou a indicar carcinoma invasor, e, pela primeira vez, deu-se ênfase a alterações celulares devido à ação do papilomavírus humano (HPV), relatando-se a coilocitose.Em conseqüência disso, estabeleceu-se o conceito de neoplasia intra-epitelial e, no caso da cérvice uterina, de neoplasia intra-epitelial cervical (NIC), subdividida em três graus, que se mantém para os diagnósticos histológicos (BRASIL 2012). Atualmente a classificação citológica do esfregaço cervical é o Sistema de Bethesda, Maryland, EUA. Essa classificação incorporou vários conceitos e conhecimentos adquiridos que, resumidamente, são: diagnóstico citológico, que deve ser diferenciado para as células escamosas e glandulares; inclusão do diagnóstico citomorfológico sugestivo da infecção por HPV, devido às fortes evidências do envolvimento desse vírus na carcinogênese dessas lesões, dividindo-as em lesões intra- epiteliais de baixo e alto graus, ressaltando o conceito de possibilidade de evolução para neoplasia invasora; e introdução da análise da qualidade do esfregaço. Essa classificação foi revista em 1991 e 2001, porém sem mudanças estruturais. A adoção do Sistema de Bethesda, ainda que adaptado ao Brasil, facilita a comparação de resultados nacionais com os encontrados em publicações estrangeiras (BRASIL 2012). É importante ressaltar que a introdução de novos conceitos estruturais e morfológicos contribui tanto para o desempenho do laboratório quanto para a relação entre a citologia e a clínica. Assim, essas alterações ocorrem de maneira gradual e dependem da adoção da nova terminologia na rotina diária dos profissionais de saúde, onde desde 2003, com a primeira edição da Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais, até a mais atual com a versão de 2012, se torna mais relevante o conhecimento aos acadêmicos da área da saúde em relação a evolução das classificações e explicações vigentes nessas publicações. Portanto, é fundamental que médicos, ginecologistas e outros especialistas na área, ao receberem os resultados de exames, compreendam o diagnóstico, uniformizando o uso da nomenclatura no Brasil, estabelecida por consenso entre especialistas no assunto, beneficiando principalmente aos pacientes com Câncer de Colo do Útero no país (BRASIL 2012). 10. Descrever o trajeto da drenagem linfática do colo do útero aos linfonodos ilíacos e sacrais e o trajeto da drenagem sanguínea até vv. Ilíacas ou plexo venoso vertebral. 16 DRENAGEM LINFÁTICA DO COLO DO ÚTERO A drenagem linfática se faz por três cadeias que se dirigem aos linfonodos ilíacos internos, ilíacos externos, obturadores e ilíacos comuns. Eventualmente uma cadeia posterior pode drenar para os linfonodos pré-sacrais. (REIS, 2005) Ademais, progride gradualmente do estroma cervical e linfáticos da serosa para os grupos de linfonodos nos paramétrios, linfáticos pélvicos, linfáticos para-retais e linfáticos para-aórticos. (REIS, 2005) Alguns vasos do colo seguem dentro do ligamento largo até os linfonodos ilíacos externos. Os vasos do colo do útero também seguem ao longo dos vasos uterinos, dentro dos ligamentos transversos do colo, até os linfonodos ilíacos internos, e ao longo dos ligamentos retouterinos (uterossacrais) até os linfonodos sacrais. (MOORE, 2014) DRENAGEM SANGUÍNEA DO COLO DO ÚTERO As veias seguem um padrão semelhante, com fluxo contrário ao das artérias, mas são mais plexiformes, incluindo um plexo pampiniforme relacionado com o plexo ovárico e os plexos uterino e vaginal contínuos (coletivamente, o plexo uterovaginal). (MOORE, 2014) A rede de drenagem venosa do útero, as veias uterinas ficam próximas às artérias uterinas (ramo da artéria ilíaca interna), no ligamento largo, drenam para o plexo venoso uterino, e também ramos uterinos das artérias ováricas (ramos da aorta abdominal). Esse plexo, o sangue alcança as veias pudendas internas que drenam para as veias ilíacas internas, por onde o sangue venoso segue para veias ilíacas comuns, veia cava inferior que, então, drena o sangue para o átrio direito do coração. (MOORE, 2014) 11. O que deve constar no laudo anatomopatológico de carcinoma de colo de útero nos espécimes cirúrgicos de conização Conização é um procedimento cirúrgico no qual um pedaço em forma de cone é retirado do órgão para realização de uma biopsia. Ela é indicada quando a invasão (> 5 mm) não pode ser descartada pela colposcopia e biopsia dirigida da lesão, quando a biopsia mostrar lesão microinvasora, quando a colposcopia e insatisfatória na suspeita de invasão ou em casos de não concordância entre os métodos diagnósticos, na suspeita de invasão. (BRASIL,2020) As informações indispensáveis que devem estar contidas em um resultado anatomopatológico de uma conização de colo uterino são: • Tipo histológico e grau de diferenciação se lesão invasora. • Invasão dos espaços linfovasculares (sim ou não). • Profundidade de invasão estromal (mm). • Extensão da área tumoral invasora (mm). • Status das margens cirúrgicas (livres, comprometidas para lesão intraepitelial, comprometidas para lesão invasora). (KOOGAN,2012) Em conjunto existia uma nomenclatura que procurava expressar se as células observadas eram normais ou não, atribuindo-lhes uma classificação. Assim, falava-se em classes I, II, III, IV e V, em que cada classe indicava: • Classe I: ausência de células atípicas ou anormais; 17 • Classe II: citologia atípica, mas sem evidência de malignidade; • Classe III: citologia sugestiva, mas não conclusiva, de malignidade; • Classe IV: citologia fortemente sugestiva de malignidade; • Classe V: citologia conclusiva de malignidade. (KOOGAN,2012) Ademais há a Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatológicos Cervicais, que em uma etapa posterior, estabeleceu-se o conceito de neoplasia intraepitelial e, no caso da cérvice uterina, de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) subdividida em três graus: • NIC I corresponde à displasia leve, as células indiferenciadas ficam limitadas às camadas profundas do epitélio; • NIC II corresponde à displasia moderada, onde as células displásicas se encontram restritas principalmente à metade inferior ou os dois terços inferiores do epitélio; • NIC III corresponde à displasia grave e carcinoma a diferenciação e estratificação podem estar totalmente ausente ou estarem presentes somente no quarto superficial do epitélio. (BRASIL,2020) 12. Entender a classificação neoplasia intra-epitelial cervical. Neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) é o desenvolvimento de células anormais na parte estreita do útero de uma mulher (colo do útero). A NIC é categorizada em graus 1, 2 e 3, dependendo da proporção da espessura do epitélio que apresenta células maduras e diferenciadas. Os graus mais graves da NIC (2 e 3) apresentam uma maior proporção da espessura do epitélio composto de células indiferenciadas. A infecção persistente, provocada por um ou mais dos subtipos oncogênicos de papiloma vírus humano (HPV), é uma causa necessária da neoplasia cervical. A maioria das NIC de baixo grau regride em períodos relativamente curtos ou não progridem a lesões de alto grau. A NIC de alto grau apresenta uma probabilidade muito maior de progredir a neoplasia invasiva. (Napoleão, Anamaria Alves et al. 2006) Classificação de NIC de modo histopatológico: A NIC 1, há boa maturação com anomalias nucleares mínimas e poucas figuras de mitose. Células indiferenciadas ficam limitadas às camadas mais profundas (terço inferior) do epitélio. As figuras de mitose estão presentes, mas não são numerosos. Alterações citopáticas devidas à infecção pelo HPV são observadas na espessura total do epitélio. (Napoleão, Anamaria Alves et al.2006) A NIC 2 é caracterizada por alterações celulares displásicas, principalmente restritas à metade inferior ou os dois terços inferiores do epitélio, com anomalias nucleares mais acentuadas que na NIC 1 . Figuras de mitose são vistas em toda a metade inferior do epitélio. (Napoleão, Anamaria Alves et al. 2006) A NIC 3, diferenciação e estratificaçãopodem estar totalmente ausentes ou estarem presentes somente no quarto superficial do epitélio com numerosas figuras de mitose. Anomalias nucleares estendem-se em toda a espessura do epitélio. As muitas figuras de mitose têm formas anormais. (Napoleão, Anamaria Alves et al. 2006) 13. descrever o processo de oncogênese. 18 A ocorrência de tumor ou carcinogênese é o processo de formação do câncer. Geralmente ocorre lentamente. Pode levar vários anos para que as células cancerosas se proliferem e produzam tumores visíveis. Este processo passa por várias etapas antes de chegar ao tumor. (INCA, 2021) Os genes afetados estão relacionados ao ciclo celular, podendo ser genes supressores tumorais (GST) ou Proto-oncogenes: No caso de mutação no Proto-oncogene (genes relacionados à aceleração e continuidade do processo de divisão celular) ocorre a formação de um oncogene, na qual se tem um ganho de função, isto é, uma superexpressão. Assim, tem-se aumento de fatores de transcrição (crescimento), telomerase e angiogênese, resultando em uma célula jovem com alta taxa de mitose. (INCA, 2021) Já no caso de mutação no gene supressor tumoral, o que se tem é uma perda de função. Assim, a célula perde o mecanismo de apoptose e reparo de DNA, tornando-se imortal. Tal célula passa a acumular mutações (neoplasia) devido a referida perda de função. (INCA, 2021) 3. CONCLUSÃO: Após os estudos realizados baseado na situação problema é evidenciada a importância do acompanhamento periódico com consultas ginecológicas, assim, constante rastreamento do câncer de colo uterino com objetivo de descobrir e tratar lesões precursoras e/ou realizar o diagnóstico da doença em seu estágio inicial, com o fito de realizar o devido tratamento e orientação da paciente e garantindo um melhor prognóstico da doença. Além disso, foram estudados as diferentes classificações e tipos de lesão celular e como as mesmas são formadas a partir de alterações do ciclo celular que pode sofrer interferência quando o sistema de regulagem da divisão não ocorre da maneira adequada. 19 4. REFERÊNCIAS: BOGLIOLO, L. Patologia. 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular.9ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012 BRASIL. Controle do câncer colo do útero. 2020. 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