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Ciclo Celular e Câncer de Próstata - Tutoria UC10/P4

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1 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
problema 1: comigo não, violão! 
 
PROBLEMA 1: COMIGO NÃO, VIOLÃO! 
Depois de algum tempo, mesmo com medo de ficar como seu vizinho de roça, Joaquim, agricultor, 70 anos, confidenciou à sua mulher 
que vinha sentindo dores na região lombar e que estava com dificuldade para urinar. Resolveu então, depois de muita insistência 
dos familiares, procurar a UPA. Lá foi medicado com buscopan composto e orientado a procurar assistência ambulatorial. 
Somente depois de dois meses conseguiu ser atendido por um especialista, o qual, após anamnese, realizou exame físico completo, 
inclusive com o toque retal, o que o deixou muito constrangido e envergonhado. “E aí, doutor? Aquela doença está em mim?” O 
médico sorriu para tranquilizá-lo, mas, percebendo um aumento da próstata, optou em solicitar a biópsia. 
Joaquim pegou resultado do histopatológico e, movido pela natural ansiedade, leu o laudo: “Espécimes obtidos por biópsia transretal 
de próstata constando de oito fragmentos preparados em hematoxilina eosina que demonstram ao microscópio células com núcleos 
hipercromados, diversas mitoses, alguns núcleos duplos, volumes celulares irregulares, vasos neoformados e tortuosos, desarranjo 
estrutural tecidual e áreas de necrose. As células predominantes são atípicas e indiferenciadas, preenchendo linfáticos e veias. O 
quadro histológico é característico de neoplasia de tecido prostático de alto grau de indiferenciação”. 
Experimentou um momentâneo alívio porque, naquele resultado, não encontrou a palavra câncer e comentou com sua mulher: não 
disse a você? Comigo não, violão! Conversaria com o médico no mês seguinte. Na consulta, para sua surpresa, foi informado que se 
tratava de uma neoplasia maligna. Naquele primeiro momento não entendeu nada. Como assim, se no papel não estava escrito 
câncer?! Então, o médico lhe explicou, com riqueza de detalhes como uma célula normal pode se transformar numa célula maligna, 
como a doença se instala e se desenvolve, além dos fatores predisponentes. 
OBJETIVO 1: DESCREVER O CICLO CELULAR (DIVISÃO CELULAR POR MITOSE; PONTOS DE REGULAÇÃO, FATORES 
QUE PODEM LEVAR A PERDA DA REGULAÇÃO, SURGIMENTO DA NEOPLASIA) 
FASES E PONTOS DE CONTROLE NO CICLO CELULAR 
• O ciclo celular representa uma sequência autorregulada de eventos que controla o crescimento e a divisão das células. 
 A meta do ciclo celular é produzir duas células-filhas, cada uma contendo cromossomos idêntico aos da célula-mãe. 
 O ciclo incorpora duas principais fases: interfase, que representa o crescimento contínuo da célula, e a fase M (mitose), 
caracterizada pela partição do genoma. 
 As fases G1 (intervalo1), fase S (síntese) e a fase G2 (intervalo2) são subdivisões da interfase. 
 As populações de células humanas de renovação rápida progridem através do ciclo celular completo em aproximadamente 
24 horas. 
 Ao longo do ciclo, vários mecanismos de controle de qualidade ou pontos de controle representados por vias bioquímicas 
controlam a transição entre os estágios do ciclo. 
 O ciclo é interrompido em diversos pontos de controle e somente pode prosseguir se determinadas condições forem 
atendidas – por exemplo, se a célula tiver alcançado um determinado tamanho. 
 Os pontos de controle monitoram e modulam a progressão das células ao longo do ciclo celular em resposta a sinais 
intracelulares ou ambientais. 
• A FASE G1 É A MAIS LONGA E A MAIS VARIÁVEL DO CICLO CELULAR , e começa no final da fase M. 
 Durante a fase G1, a célula reúne nutrientes e sintetiza o RNA e as proteínas necessários para a síntese de DNA e a 
replicação cromossômica. 
 O progresso da célula através dessa fase é monitorado por dois pontos de controle: 
 1- Ponto de controle de restrição, que é sensível ao tamanho da célula, ao estado dos processos fisiológicos da célula 
e suas interações com a matriz extracelular; 
Ciclo Celular e Câncer de Próstata 
 
2 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
objetivo 1: descrever o ciclo celular (divisão celular por mitose; pontos de regulação, fatores que podem levar a perda da 
regulação, surgimento da neoplasia) 
 2- Ponto de controle de lesão do DNA em G1, que monitora a integridade do DNA recém-replicado. 
▪ Por exemplo, se o DNA tiver algum dano irreparável, o ponto de controle de dano do DNA em G1 detecta os níveis 
elevados de proteína supressora tumoral p53 e não possibilita que a célula entre na fase S. Assim, é mais provável 
que a célula sofra apoptose (morte celular programada). 
 
 Ponto de restrição (ou “ponto sem retorno”) é o ponto de controle mais importante do ciclo celular. Nele, a célula 
autoavalia seu próprio potencial replicativo antes de decidir se entra na fase S e no próximo ciclo de divisão celular, 
ou se deixa o ciclo celular. 
▪ A célula que deixa o ciclo na fase G1 geralmente começa a diferenciação terminal entrando na FASE G0. Por 
conseguinte, a fase G1 pode durar apenas algumas horas (média de 9 a 12 horas) em uma célula de divisão rápida, 
ou pode durar toda a vida em uma célula que não se divide. 
▪ Esse ponto de controle é mediado por interações da proteína de suscetibilidade ao retinoblastoma (pRb) e uma 
família de fatores de transcrição essencial (E2F) com promotores-alvo. 
▪ Nas célula normais, a interação correta de pRb e E2F desliga muitos genes e bloqueia a progressão do ciclo celular. 
• NA FASE S, O DNA É REPLICADO . 
 O inicio da síntese de DNA marca o começo da fase S, cuja duração é de aproximadamente 7,5 a 10 horas. 
 O DNA da célula é duplicado durante a fase S, e novas cromátides são formadas, que ficarão evidentes na prófase ou 
metáfase da divisão mitótica. 
 A replicação dos cromossomos é iniciada em muitos locais diferentes denominados réplicons ao longo do DNA 
cromossômico. 
 Cada réplicon dispõe de uma estrutura de tempo especificamente designada para replicação durante a fase S. 
 A existência do ponto de controle S de lesão do DNA nessa fase monitora a qualidade do DNA que está sendo replicado. 
• NA FASE G2, A CÉLULA PREPARA -SE PARA A DIVISÃO CELULAR. 
 Durante essa fase, a célula examina o seu DNA na preparação para a divisão celular. 
 Trata-se de período de um crescimento celular e de reorganização das organelas citoplasmáticas antes de sua entrada no 
ciclo mitótico. 
 A fase G2 pode ser curta, de apenas 1h, nas células em divisão rápida, ou de duração quase indefinida em algumas células 
poliploides e células como o oócito primário, que ficam paradas em G2 por longos períodos de tempo. 
 Dois pontos de controle controlam a qualidade do DNA: o ponto de controle G2 de lesão de DNA e o ponto de controle do 
DNA não replicado. Esse ultimo ponto de controle impede a progressão da célula para a fase M antes que a síntese de DNA 
esteja completa. 
• A MITOSE OCORRE NA FASE M. 
 A mitose quase sempre inclui tanto a cariocinese (divisão do núcleo) quando a citocinese (divisão da célula) e dura em torno 
de 1h. 
 A separação de duas células-filhas idênticas conclui a fase M. 
 
3 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
objetivo 1: descrever o ciclo celular (divisão celular por mitose; pontos de regulação, fatores que podem levar a perda da 
regulação, surgimento da neoplasia) 
 Tal fase contém dois pontos de controle: o ponto de controle de montagem do fuso, que impede a entrada prematura da 
anáfase, e o ponto de controle de segregação dos cromossomos, que impede o processo de citocinese até que todos os 
cromossomos tenham sido corretamente separados. 
• A catástrofe mitótica causada pelo mau funcionamento dos pontos de controle do ciclo celular pode levar à morte celular e ao 
desenvolvimento de células tumorais. 
 O mau funcionamento de qualquer um dos três pontos de controle do DNA nas fases G1, S e G2 do ciclo celular e dospontos 
de controle de montagem do fuso na fase M pode provocar uma catástrofe mitótica. Esta é definida como uma falha em 
parar o ciclo celular antes da mitose ou na mitose, resultando em segregação cromossômica aberrante. 
 Em condições normais, a morte dessas células ocorrerá pela ativação do ciclo apoptótico. 
 As células que falham em executar o ciclo apoptótico em resposta à lesão do DNA ou do fuso mitótico provavelmente se 
dividem assimetricamente no estágio seguinte da divisão celular. 
 Isso leva à geração de células aneuploides (células que contêm números de cromossomos anormais). 
 Por conseguinte, a catástrofe mitótica pode ser considerada como um dos mecanismos que contribuem para a 
oncogênese (desenvolvimento de células tumorais). 
 O mau funcionamento do ponto de restrição na fase G1 também pode resultar em transformações malignas das células. 
 As células malignas perdem a inibição por contato, um processo normal em que as células inibem sua divisão quando 
entram em contato com outras células. 
 As células malignas em cultura continuam a se dividir e podem crescer umas em cima das outras em vez de interromper 
o seu crescimento quando a placa de cultura está completamente coberta com uma monocamada de células. 
 O mau funcionamento do ponto de controle de restrição pode ser facilitado pelas proteínas virais de vários vírus 
causadores de câncer, como o antígeno T do vírus símio (SV40) que se liga à pRb. 
▪ Essa ligação altera a configuração do complexo pRb-antígeno T e torna o ponto de controle de restrição inoperante, 
o que facilita a progressão da célula da fase G1 para S do ciclo celular. 
 O mecanismo de carcinogênese ocorre no mesotelioma (câncer do epitélio de revestimento das cavidades pleurais do 
tórax), no osteossarcoma (um tipo de neoplasia óssea) e no ependimoma (tumor cerebral infantil). 
• A população de células-tronco de reserva pode se tornar ativa e reentrar no ciclo celular. 
 As células identificadas como células-tronco de reserva podem ser consideradas como células em G0, que podem ser 
induzidas a reentrar no ciclo celular em resposta à lesão de células dentro dos tecidos do corpo. 
 Se o dano for muito grave, até mesmo as células-tronco de reserva morrem, e não há nenhuma possibilidade de regeneração. 
REGULAÇÃO DO CICLO CELULAR 
• A passagem ao longo do ciclo celular é impulsionada por proteínas que são sintetizadas e degradadas ciclicamente durante o 
ciclo. 
 Vários complexos proteicos citoplasmáticos regulam e controlam o ciclo celular. Algumas dessas proteínas funcionam como 
osciladores bioquímicos, cuja síntese e degradação são coordenadas com fases específicas do ciclo. 
 Os eventos celulares e moleculares induzidos durante o aumento e a diminuição dos níveis de diferentes proteínas 
monitoram ativamente a qualidade dos processos moleculares nos diferentes pontos de controle distribuídos por todo o 
ciclo. 
 Os complexos proteicos nos pontos de controle podem orientar a célula para dentro e para fora do ciclo celular, estimulando 
o crescimento e a divisão quando as condições forem favoráveis e, por outro lado, interrompendo ou reduzindo a velocidade 
de divisão celular quando as condições não forem favoráveis. 
• Um complexo de duas proteínas, consistindo em ciclina e uma quinase dependente de ciclina (CDK), ajuda a acionar as células 
através dos pontos de controle da divisão do ciclo celular. 
 A MPF é uma proteína denominada fator de promoção da maturação e controla o início da mitose. Ela consiste em duas 
proteínas: 
 A Cdc2 (também conhecida como Cdk-1), um membro de 32 kDa da família das proteínas Cdk. 
 
4 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
objetivo 1: descrever o ciclo celular (divisão celular por mitose; pontos de regulação, fatores que podem levar a perda da 
regulação, surgimento da neoplasia) 
 A ciclina B, um membro de 45 kDa da família das ciclinas, que são reguladores essenciais do ciclo celular. As ciclinas 
são sintetizadas como proteínas constitutivas; contudo, seus níveis durante o ciclo celular são controlados pela 
degradação mediada pela ubiquitina. 
 Atualmente, sabe-se que o complexo ciclina-Cdk atua em diferentes fases do ciclo celular e tem como alvo diferentes 
proteínas para controlar as funções dependentes do ciclo celular. 
 A passagem ao longo do ciclo celular requer aumento na atividade da ciclina-Cdk em algumas fases, seguido de declínio 
dessa atividade em outras fases. 
 
 A atividade aumentada da ciclina-Cdk é obtida pela ação estimuladora da ciclinas e é contrabalançada pela ação inibidora 
de proteínas com Inks (inibidores de quinase), Cips (proteínas inibidoras da Cdk) e Kips (proteínas inibidoras da quinase). 
 
MITOSE 
• A divisão celular é um processo crucial que aumenta o número de células, possibilita a renovação de população de células e 
promove o reparo de feridas. 
• A mitose um processo de segregação dos cromossomos e divisão nuclear, seguida de divisão celular, produzindo duas células-
filhas com o mesmo número de cromossomos e conteúdo de DNA da célula-mãe. 
 O processo de divisão celular inclui a divisão tanto do núcleo (cariocinese) quanto do citoplasma (citocinese). O processo de 
citocinese resulta em distribuição das organelas não nucleares em duas células-filhas. Antes de entrar na mitose, as células 
 
5 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
objetivo 1: descrever o ciclo celular (divisão celular por mitose; pontos de regulação, fatores que podem levar a perda da 
regulação, surgimento da neoplasia) 
duplicam o seu DNA; essa fase do ciclo celular é denominada fase S ou fase de síntese. No início, o número de cromossomos 
é de (2n), e o conteúdo de DNA também é de (2d); no final, o número de cromossomos permanece o mesmo (2n), e o conteúdo 
de DNA duplica para (4d). 
 
• A mitose segue-se à fase S do ciclo celular e é descrita em 4 fases. 
 PRÓFASE: começa quando os cromossomos replicados se condensam e se tornam visíveis. Com o processo de condensação 
dos cromossomos, cada um dos quatro cromossomos derivados de cada par homólogo consiste em duas cromátides. As 
cromátides-irmãs são mantidas unidas pelo anel de proteínas denominadas coesinas e pelo centrômero. 
 No final da prófase ou prometáfase (algumas vezes identificada como uma fase separada da mitose), o envoltório 
nuclear começa a se desintegrar em pequenas vesículas de transporte e assemelha-se ao REL. O nucléolo, que ainda 
pode existir em algumas células, também desaparece por completo na prometáfase. Além disso, um complexo proteico 
altamente especializado, denominado cinetócoro, aparece em cada cromátide oposta ao centrômero (Figura 3.13). Os 
complexos proteicos que formam os cinetócoros na região do centrômero da cromátide estão fixados a sequências 
repetitivas específicas de DNA, conhecidas como DNA satélite, que são semelhantes em cada cromossomo. Os 
microtúbulos do fuso mitótico em desenvolvimento ligam-se aos cinetócoros e, portanto, aos cromossomos. 
 
6 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
objetivo 1: descrever o ciclo celular (divisão celular por mitose; pontos de regulação, fatores que podem levar a perda da 
regulação, surgimento da neoplasia) 
 
 METÁFASE: começa quando o fuso mitótico, que consiste em três tipos de microtúbulos, torna-se organizado ao redor dos 
centros de organização de microtúbulos (MTOCs; do inglês, microtubuleorganizing centers), localizados nos polos opostos 
da célula. Os microtúbulos dos cinetócoros e suas proteínas motoras associadas direcionam o movimento dos cromossomos 
para um plano situado no meio da célula, conhecido como placa equatorial ou metafásica. 
 
 ANÁFASE: começa com a separação inicial das cromátides-irmãs. Essa separação ocorre quando as coesinas que estavam 
mantendo as cromátides unidasse desintegram. Em seguida, as cromátides começam a se separar e são puxadas para os 
polos opostos da célula pelos motores moleculares (dineínas) que deslizam ao longo dos microtúbulos do cinetócoro em 
direção ao MTOC. 
 
 TELÓFASE: é marcada pela reconstituição de um envoltório nuclear ao redor dos cromossomos em cada polo. Os 
cromossomos se desenrolam e tornam-se indistintos, exceto em regiões que irão permanecer condensadas no núcleo da 
interfase. Os nucléolos reaparecem, o citoplasma se divide (citocinese) para formar duas células-filhas. A citocinese começa 
com a sulcagem da membrana plasmática a meia distância entre os polos do fuso mitótico. A separação no sulco de 
clivagem é obtida por um anel contrátil, que consiste em um conjunto muito fino de filamentos de actina, posicionado ao 
redor do perímetro da célula. No interior do anel, ocorre montagem de moléculas de miosina II, formando pequenos 
filamentos que interagem com os filamentos de actina, resultando em contração do anel. À medida que ocorre constrição 
do anel, a célula se divide em duas células-filhas. Como os cromossomos das células-filhas contêm cópias idênticas do 
DNA duplicado, as células-filhas são geneticamente idênticas e encerram o mesmo tipo e número de cromossomos. As 
células-filhas são (2d) quanto ao conteúdo de DNA e (2n) quanto ao número de cromossomos. 
 
 
7 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
objetivo 1: descrever o ciclo celular (divisão celular por mitose; pontos de regulação, fatores que podem levar a perda da 
regulação, surgimento da neoplasia) RESUMINDO 
• Quando uma célula nasce, ela cai no G1, então acontece: 
 Aumento da massa celular – fator importante para que ela passe para a próxima fase (S). 
 Síntese de nutrientes, lipídeos, carboidratos. 
 No final do G1, há um ponto de checagem em que a célula vai responder: 
 O DNA está danificado? 
 O tamanho da célula está adequado? 
 O corpo precisa da divisão dessa célula? 
▪ SE A CÉLULA SAIR DO G1 E FOR PARA O S DEFEITUOSA NÃO TEM MAIS VOLTA. 
▪ CASO A CÉLULA NÃO CUMPRA COM O NECESSÁRIO, ENTRA EM G0 – momento de não divisão, ela não estará 
mais preocupada com a divisão celular. Ex: neurônios. 
▪ Mas o G0 não é irreversível. 
• A célula entra na fase S (síntese de DNA). 
 A célula faz a replicação semi conservativa do DNA. Isso implica numa mudança significativa na estrutura dos cromossomos. 
 Antes do período S, cada cromossomo possui apenas 1 molécula de DNA (1 cromátide). 
 Depois do período S, cada cromossomo passa a ter 2 cromátides (cromátides irmãs). 
 
 Ou seja, após o período S, a célula possuirá 46 cromossomos e 92 moléculas de DNA. 
• O G2 é o ultimo momento da interfase antes da mitose. 
 Possui outro ponto de checagem que verifica: 
 Se o DNA foi realmente todo duplicado, se não foi, tem que terminar de duplicar antes de se dividir. 
 A célula continua recebendo sinais externos, só que se ela recebe uma sinalização para não entrar em mitose, sendo 
uma célula saudável, ela pode entrar em apoptose, pois não tem como voltar atrás. 
 Se a célula for defeituosa (cancerosa), ela vai ignorar o sinal dos pontos de checagem e vão continuar. 
 No G2 também ocorre a duplicação dos centrossomos. 
 É a partir dos centrossomos que as células organizam seus microtúbulos. O fuso mitótico é feito de microtúbulos. O 
centrossomo então se encarregará de montar o fuso mitótico. Dentro do centrossomo tem um par de centríolos (que não 
tem relação com a formação do fuso), quem forma o fuso é o centrossomo. 
 Até o final do G2, o centrossomo terá sido duplicado e a célula terá estrutura para montar o fuso mitótico e iniciar a mitose. 
• O ciclo celular está sob o comando de 2 proteínas: QUINASE E CICLINAS. 
 A quinase é uma enzima que liga um fosfato a outra molécula. As quinases que controlam o ciclo só se tornam ativas quando 
ligadas a uma ciclina, por isso são conhecidas como CDK – QUINASES DEPENDENTES DE CICLINAS. 
 Durante o ciclo a concentração de quinases é praticamente constante o tempo inteiro, mas a de ciclinas não. 
 A produção de ciclinas começa no final do período S e se acumula no período G2. Perto do final do G2 já há uma boa 
quantidade de quinases ligadas às ciclinas. Uma vez que elas se ligam, as quinases se tornam ativa e vai fosforilando 
(ligando fosfatos) a uma série de proteínas. Quando o fosfato se liga a uma proteína, ela se torna ativa e isso leva a célula 
a passar pelo ponto de checagem G2 e entrar na mitose. 
 Durante a mitose, as ciclinas continuam ligadas às quinases, tendo maior concentração na metáfase. 
 Quando chega a anáfase, as ciclinas são degradadas fazendo as quinases ficarem soltas e inativas, preparando para o 
retorno ao período G1 do ciclo, onde o processo irá se repetir. 
 
8 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
objetivo 1: descrever o ciclo celular (divisão celular por mitose; pontos de regulação, fatores que podem levar a perda da 
regulação, surgimento da neoplasia) 
• Na mitose, forma 2 células geneticamente idênticas à célula-mãe. 
 O ser humano possui 46 cromossomos no núcleo de suas células. Depois do período S da interfase, cada cromossomo possui 
2 DNAs, ou seja, há 46 cromossomos com 92 moléculas de DNA, que terá que ser separado na mitose. 
 PRÓFASE: os centrossomos formam o fuso mitótico. Há compactação dos cromossomos. 
 
 PROMETÁFASE: (ainda faz parte da prófase). Precisa colocar os cromossomos em contato com o fuso, então ela fragmenta 
o envelope nuclear, então os cromossomos ficam soltos e podem se ligar ao fuso. Para que o cromossomo se ligue ao fuso, 
no centrômero surge o cinetócoro então o fuso se encaixa ao cinetócoro, um em cada cromátide irmã, um de cada lado. 
 
 METÁFASE: alinha todos os cromossomos no meio, na placa equatorial. Possui seu próprio ponto de checagem que verifica 
se todos os cromossomos estão devidamente unidos ao fuso. É nessa fase que é melhor observado o cromossomo em 
microscópio. 
 
 ANÁFASE: separa metade do DNA para cada lado. 
 
 TELÓFASE: célula descompacta o DNA para que a célula possa voltar a sua atividade normal no G1. Volta a montar o 
envelope nuclear de cada lado. Ocorre citocinese, divisão do citoplasma, gerando duas células geneticamente idênticas. 
 
 
9 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
objetivo 2: conceituar e classificar neoplasia (benigna/maligna) 
OBJETIVO 2: CONCEITUAR E CLASSIFICAR NEOPLASIA (BENIGNA/MALIGNA) 
• Todos os tumores, benignos e malignos, têm dois componentes básicos: 
 PARÊNQUIMA – constituído por células neoplásicas ou 
transformadas; 
 Determina principalmente seu comportamento biológico, 
e é desse componente que deriva seu nome. 
 ESTROMA – constituído por tecido conectivo, vasos 
sanguíneos e células inflamatórias derivadas do hospedeiro. 
 É crucial para o crescimento da neoplasia, pois contém 
suprimento sanguíneo e dá suporte ao crescimento das 
células parenquimatosas. 
NEOPLASIA BENIGNA: caracteriza-se por apresentar células bem semelhantes às do tecido original, ou seja, apresentam 
diferenciação; crescem de forma lenta; são bem vascularizadas; comprimem os tecidos vizinhos, no entanto, não os infiltram. A 
migração dessas células só ocorre em caso de lesão ou rompimento do tecido. Embora seja denominada de benigna, essa neoplasia 
também pode gerar complicações, pois comprime órgãos e vasos, além de poder causar a secreção em excesso de algumas 
substâncias, o que pode ser prejudicial. Um exemplo de neoplasia benigna que pode causar complicações severas são as 
pancreáticas, pois podem desencadear uma secreção excessiva de insulina, podendo levar a uma hipoglicemia fatal. As neoplasias 
benignas estão mais relacionadas com fatores genéticos. 
NEOPLASIA MALIGNA: também chamada de tumor maligno ou câncer, caracteriza-se por um crescimentomais rápido do que a 
benigna e suas células são menos diferenciadas, o que faz com que muitas percam a sua função no tecido original. Como essas 
células apresentam uma redução das estruturas juncionais e moléculas de adesão, elas apresentam maior mobilidade, invadindo os 
tecidos adjacentes. Além de serem agressivas localmente, as neoplasias malignas podem também se propagar pelo organismo em 
um processo denominado de metástase, em que há a formação de uma nova massa tumoral a partir de uma primeira sem que haja, 
no entanto, continuidade entre elas. Isso ocorre porque as células da massa tumoral primária podem desprender-se e entrar na 
corrente sanguínea ou vasos linfáticos, deslocando-se pelo organismo e fixando-se em outro local, no qual dará origem a um novo 
tumor. 
 
NEOPLASIAS 
BENIGNAS MALIGNAS 
DIFERENCIAÇÃO 
CELULAR 
- Células bem diferenciadas que se assemelham 
estreitamente a suas contrapartes normais. 
- Normalmente as mitoses são raras e sua 
configuração é normal. 
- Ampla gama de diferenciações celulares parenquimatosas, desde 
as bem diferenciadas até as completamente indiferenciadas. 
- Há também o moderadamente bem diferenciado. 
- A quantidade de tecido conjuntivo estromal determina a 
consistência da neoplasia. 
- Células indiferenciadas: anaplasia – característica de 
malignidade. Configura a desdiferenciação. Mitoses numerosas e 
distintamente atípicas. 
PADRÃO DE 
CRESCIMENTO 
- Influências que aumentam a velocidade: níveis 
circulantes de estrógeno (leiomioma); adequação de 
suprimento sanguíneo; restrição de pressão. 
- Normalmente a taxa de crescimento correlaciona-se 
inversamente com o seu nível de diferenciação → tumores mal 
diferenciados tendem a crescer mais rápido do que os bem 
diferenciados. 
VELOCIDADE DE 
CRESCIMENTO 
- Crescimento geralmente lento. - Crescimento normalmente mais rápido. 
CAPACIDADE DE 
INVASÃO LOCAL E À 
DISTÂNCIA 
- Permanece localizado em seu sítio de origem. 
- Não possui capacidade de invadir ou metastatizar-
se. 
- A maioria desenvolve uma cápsula fibrosa 
envoltória que os separa do tecido hospedeiro. Sua 
falta não significa malignidade. 
- Crescem por meio de infiltração, invasão, destruição e penetração 
do tecido circundante. 
- Capaz de metástase e de causar morte. 
- Não desenvolve cápsulas bem definidas. 
- Além da metástase, a invasividade local é a característica mais 
confiável na distinção de maligno e benigno. 
Os tumores malignos de crescimento rápido geralmente 
contém áreas centrais de necrose isquêmica, porque o 
suprimento sanguíneo tumoral, derivado do hospedeiro, 
falha em manter o mesmo ritmo para atender as 
necessidades de oxigênio da massa em expansão. 
 
10 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
objetivo 2: conceituar e classificar neoplasia (benigna/maligna) 
 
 
 
NOMENCLATURA DE NEOPLASIA BENIGNA E MALIGNA 
 
11 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
 
• O critério mais adotado é o histomorfológico – a 
neoplasia é identificada pelo tecido ou célula 
proliferante. 
SUFIXO -OMA: é empregado na denominação de qualquer 
neoplasia, benigna ou maligna, mas geralmente é benigna. 
CARCINOMA: indica tumor maligno que reproduz epitélio 
de revestimento e glandular; quando usada como sufixo, 
também indica malignidade (ex.: adenocarcinoma). 
SARCOMA: refere-se a uma neoplasia maligna 
mesenquimal; usado como sufixo, indica tumor maligno de 
determinado tecido (ex.: fibrossarcoma). 
BLASTOMA: pode ser usada como sinônimo de neoplasia 
e, quando empregada como sufixo, indica que o tumor 
reproduz estruturas com características embrionárias (ex.: 
neuroblastoma). 
• Forma mais usual de nomear um tumor: 
 
 Lipoma: tumor benigno que reproduz lipócitos. 
 Hemangioma: tumor que reproduz vasos sanguíneos. 
 Condrossarcoma: tumor maligno que forma 
cartilagem. 
 Hepatoblastoma: tumor maligno que reproduz 
hepatócitos com características embrionárias. 
 Adenoma: tumor benigno que reproduz glândulas. 
 Adenocarcinoma: tumor maligno que forma 
glândulas. 
• Além disso, pode conter outros termos para indicar 
propriedades da lesão ou sua diferenciação: 
 Carcinoma epidermoide: o epitélio neoplásico produz 
ceratina, tendo portanto diferenciação semelhante à 
epiderme. 
 Adenocarcinoma cirroso: o estroma do tumor é muito 
desenvolvido e duro, dando consistência muito firme 
à lesão. 
NOMENCLATURA RESUMIDA DOS TUMORES 
ESTRUTURA PROLIFERADA E/OU 
ORIGEM DO TUMOR 
TUMOR BENIGNO TUMOR MALIGNO 
Tecidos epiteliais: 
Epitélio de revestimento 
Epitélio glandular 
 
Fibroma 
Adenoma 
 
Carcinoma 
Adenocarcinoma 
Tecidos conjuntivos 
Tecido fibroso 
Tecido adiposo 
Tecido cartilaginoso 
Tecido ósseo 
Tecido mucoso 
Tecido hemolinfopoiético 
Células do sangue 
Órgãos linfoides 
 
Fibroma 
Lipoma 
Condroma 
Osteoma 
Mixoma 
 
 
 
Fibrossarcoma 
Lipossarcoma 
Condrossarcoma 
Osteossarcoma 
 
 
Leucemia 
Linfoma 
Tecidos musculares 
Liso 
Estriado 
 
Leiomioma 
Rabdomioma 
 
Leiomiossarcoma 
Rabdomiossarcoma 
Tecido nervoso 
Neuroblasto 
Neuroepitélio 
Células da glia 
Nervos periféricos 
Meninges 
 
Ganglioneuroma 
Ependimoma 
Astrocitoma, Oligodendroglioma 
Neurinoma (schwannoma) 
Meningioma 
 
Ganglioneuroblastoma, Neuroblastoma 
Ependimoma maligno 
Glioblastoma 
Neurinoma (schwannoma) maligno 
Meningioma maligno 
Vasos 
Sanguíneos 
Linfáticos 
 
Hemangioma 
Linfangioma 
 
Angiossarcoma 
Linfangiossarcoma 
Sistema melanógeno Nevo Melanoma maligno 
Trofoblasto Mola hidatiforme Coriocarcinoma 
Células multi ou totipotentes Teratoma benigno Teratoma maligno 
Nome da célula/tecido/órgão + OMA/SARCOMA/CARCINOMA 
 
12 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
Objetivo 3: conceituar metástase e seus mecanismos (via linfática, hematogênica, por contiguidade) 
RESUMINDO 
CARACTERÍSTICAS DAS NEOPLASIAS BENIGNAS E MALIGNAS 
Características Neoplasias benignas Neoplasias malignas 
Taxa de crescimento Baixa Alta 
Figuras de mitose Raras Frequentes 
Grau de diferenciação Bem diferenciadas Desde bem diferenciadas até anaplásicas 
Atipias celulares e arquiteturais Raras Frequentes 
Degeneração, necrose Ausentes Presentes 
Tipo de crescimento Expansivo Infiltrativo 
Cápsula Presente Geralmente ausente 
Limites da lesão Bem definidos Imprecisos 
Efeitos locais e sistêmicos Geralmente inexpressivos Geralmente graves e às vezes letais 
Recidiva Em geral ausente Presente 
Metástases Ausentes Presentes 
 
OBJETIVO 3: CONCEITUAR METÁSTASE E SEUS MECANISMOS (VIA LINFÁTICA, HEMATOGÊNICA, POR 
CONTIGUIDADE) 
Metástase (do grego metástatis = mudança de lugar, transferência) é a formação de um novo tumor a partir do primeiro, mas sem 
continuidade entre os dois. 
A capacidade de se disseminar e de formar metástases constitui a diferença fundamental entre um tumor benigno e um maligno. 
Metástases são, com certeza, o selo definitivo de malignidade (por definição, neoplasias benignas não originam metástases) e sinal 
de mau prognóstico. Em muitos pacientes, as metástases são a primeira manifestação clínica de um câncer. 
Há cânceres, como carcinoma basocelular da pele e gliomas do sistema nervoso de alto grau de malignidade, que são localmente 
invasivos mas não dão metástases. Os dois processos são sucessivos, correndo as metástases somente depois de ter havido invasão, 
embora a formação delas possa começar precocemente junto com a invasão. 
Diante de uma biópsia de neoplasia metastática com sítio primário desconhecido, o patologista precisa usar uma combinação de 
dados epidemiológicos, morfológicos e moleculares para determinar o sítio de origem, sendo essa identificação essencial para o 
tratamento mais adequado. Para cada combinação de gênero, idade e sítio metastático, há uma lista de neoplasiasque mais 
comumente são capazes de se manter indetectáveis no sítio primário. Nesses casos, o patologista seleciona alguns anticorpos 
(marcadores imuno-histoquímicos) que permitem, na maioria dos casos, reconhecer o sítio primário da neoplasia. Tal abordagem é 
prática diária no diagnóstico em oncologia e tem custo e logística amplamente favoráveis em relação à pesquisa do sítio primário 
por métodos de imagem e endoscópicos combinados. Em cerca de 5% dos casos, porém, nenhum sítio primário de uma metástase 
clinicamente evidente é identificado, e o tratamento quimioterápico é decidido baseado em outras informações. A existência de 
metástases de carcinomas sem identificação do tumor primitivo nem sempre tem explicação satisfatória. Tais metástases podem 
originar-se de: (1) tumor primitivo que involuiu; (2) tumor primário muito pequeno para ser detectado; (3) células que migraram 
precocemente de lesões pré-cancerosas que completaram o processo de malignização no nicho em que se alojaram, enquanto a 
lesão pré-cancerosa sofreu involução. 
• A formação de metástases é um processo complexo que depende de inúmeras interações entre células malignas e componentes 
dos tecidos normais, especialmente do estroma. A formação de metástases envolve: 
1) destacamento das células da massa tumoral original; 
2) deslocamento dessas células através da matriz extracelular (MEC); 
3) invasão de vasos linfáticos ou sanguíneos; 
4) sobrevivência das células na circulação; 
5) adesão ao endotélio vascular no órgão em que as células irão se instalar; 
 
13 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
Objetivo 3: conceituar metástase e seus mecanismos (via linfática, hematogênica, por contiguidade) 
6) saída dos vasos nesse órgão (diapedese); 
7) proliferação no órgão invadido; 
8) indução de vasos para o suprimento sanguíneo da nova colônia. 
• Certas neoplasias formam metástases preferencialmente em alguns órgãos, enquanto outros, como baço, estômago e músculos 
esqueléticos, são sedes pouco comuns de metástases. 
• Teoria da semente e do solo: células malignas destacam-se do tumor e adquirem, ainda antes de caírem na circulação, as 
propriedades necessárias para implantar-se em um determinado órgão. Demonstrou-se que o tumor primário promove alterações 
em órgãos distantes, preparando-os para receber as células que irão implantar-se e originar metástases. É por isso que as 
metástases dependem de a semente encontrar um solo preparado para a sua implantação e o seu desenvolvimento. Portanto, 
não basta que as células cancerosas caiam na circulação para que originem metástases, mas é necessário que elas estejam 
preparadas para se instalar em órgãos com nicho previamente preparado. 
 
 
14 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
Objetivo 3: conceituar metástase e seus mecanismos (via linfática, hematogênica, por contiguidade) 
VÍDEOS - COMO A METÁSTASE ACONTECE: 
 
Vídeos - https://www.youtube.com/watch?v=BCT33TiCQ_8 e https://www.youtube.com/watch?v=bdWRZd19swg 
VIAS DE DISSEMINAÇÃO DE CÉLULAS CANCEROSAS 
VIA LINFÁTICA VIA SANGUÍNEA OUTRAS VIAS 
• Principal via de disseminação inicial. 
• Regra: o primeiro sítio das 
metástases é o primeiro linfonodo na 
via da drenagem linfática do tumor, 
chamado linfonodo sentinela. 
Como este pode ser identificado com 
precisão por meio de contrastes ou 
outros marcadores, sua retirada e 
seu exame histológico para pesquisa 
de metástases constituem hoje 
procedimentos importantes na 
conduta de muitos cânceres. 
• Após comprometimento da cadeia 
linfonodal mais próxima, outros 
linfonodos situados imediatamente 
adiante podem ser acometidos. 
• Algumas vezes, no entanto, as 
metástases “saltam” o primeiro 
linfonodo e aparecem no seguinte ou 
surgem em linfonodos não 
relacionados topograficamente com 
a sede do tumor. 
• Os linfonodos com metástases em 
geral encontram-se aumentados de 
volume e, às vezes, tornam-se 
confluentes, formando massas 
volumosas; linfonodos ou massas 
podem ser palpados se estiverem 
localizados em cadeias superficiais 
ou ser detectados por exames de 
imagens (radiografia, 
ultrassonografia, tomografia etc.) 
quando em cadeias profundas. 
• Nem toda linfadenomegalia próxima 
de um câncer significa metástase: 
como produtos antigênicos de 
• Células cancerosas que penetram na 
corrente sanguínea podem ser levadas a 
qualquer parte do corpo. 
• Embora a metastatização não seja 
aleatória nem determinada somente pela 
anatomia da circulação, tumores de 
órgãos tributários do sistema porta dão 
metástases inicialmente no fígado. 
• Em cânceres localizados próximo da 
coluna vertebral (p. ex., tireoide), as 
células malignas podem ganhar o plexo 
venoso paravertebral e originar 
metástases nas vértebras. 
• No entanto, só o critério anatômico não 
explica a localização preferencial de 
metástases, pois estas dependem de 
fatores ligados tanto às células malignas 
como ao nicho pré-metastático. 
• O número de células malignas que 
conseguem penetrar em um vaso 
sanguíneo é muito maior do que o número 
daquelas que originam metástases. Aliás, 
a presença de células malignas na 
circulação não indica obrigatoriamente a 
formação de metástases. 
• A imensa maioria (> 99%) das células 
cancerosas na circulação é destruída 
pelas forças de cisalhamento da corrente 
sanguínea, pelo sistema do complemento, 
pela resposta imunitária do hospedeiro, 
por apoptose, pela defesa não imunitária 
(macrófagos, células NK) e pelo choque 
mecânico que sofrem com a parede 
vascular. 
• Pode ser feito também por 
canais, ductos ou cavidades 
naturais; os movimentos das 
vísceras ou dos líquidos dessas 
cavidades deslocam as células 
para diferentes sítios, onde 
podem implantar-se. 
• Quando atingem a pleura ou o 
peritônio, por exemplo, células 
neoplásicas podem originar 
metástases na serosa e nos 
órgãos subjacentes. 
• Quando as metástases de 
carcinomas são difusas no 
peritônio, fala em 
carcinomatose peritoneal. 
• Metástases podem implantar-
se no trajeto de feridas 
cirúrgicas ou de agulhas 
utilizadas para punções-
biópsias. Felizmente, essa 
complicação de biópsias por 
punção com agulha fina ou 
grossa é pouco frequente, não 
invalidando seu uso como 
método prático e eficaz para 
diagnóstico de muitos tumores. 
https://www.youtube.com/watch?v=BCT33TiCQ_8
https://www.youtube.com/watch?v=bdWRZd19swg
https://www.youtube.com/embed/BCT33TiCQ_8?feature=oembed
https://www.youtube.com/embed/bdWRZd19swg?feature=oembed
 
15 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
Objetivo 4: descrever a epidemiologia e os fatores de risco, fisiopatologia, diagnóstico precoce e orientações de prevenção para 
neoplasia de próstata. 
tumores são levados ao linfonodos, 
estes reagem por meio de 
hiperplasia, às vezes pronunciada, 
que também resulta em aumento de 
volume do órgão. 
• Por outro lado, um linfonodo 
pequeno, de tamanho normal, pode 
conter metástases microscópicas. 
• A sobrevivência das células na circulação 
é, pois, um elemento importante no 
aparecimento de metástases. 
• A sobrevivência de células neoplásicas na 
circulação é maior quando formam 
agregados entre si e com plaquetas, 
linfócitos e fibrina. 
• Trombocitopenia ou tratamento com 
heparina, por exemplo, reduzem o número 
de metástases experimentais. 
Em resumo, fica claro que componentes tanto da célula como dos diferentes órgãos são essenciais para o aparecimento e a 
localização de metástases. Tudo isso serve para sustentar a hipótese da semente e do solo, segundo a qual a célula maligna que 
tem potencial de originar metástases (a semente) só forma novo tumor quando encontra um ambiente favorável (o solo). 
OBJETIVO 4: DESCREVER A EPIDEMIOLOGIA E OS FATORES DE RISCO, FISIOPATOLOGIA, DIAGNÓSTICOPRECOCE 
E ORIENTAÇÕES DE PREVENÇÃO PARA NEOPLASIA DE PRÓSTATA. 
EPIDEMIOLOGIA 
Trata-se de importante problema de saúde pública para os homens. As estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) sinalizam 
para a ocorrência de 61.200 casos novos deste câncer no ano de 2016, válido também para 2017, correspondendo a um risco de 
61,82 casos/100.000 homens. Será a neoplasia mais incidente no sexo masculino em todas as regiões do país, sem considerar os 
tumores de pele não melanoma (BRASIL, 2015a). 
FATORES DE RISCO 
Existem alguns fatores que podem aumentar as chances de um homem desenvolver câncer de próstata. São eles: 
 Idade: o risco aumenta com o avançar da idade. No Brasil, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove 
têm mais de 55 anos. 
 Histórico de câncer na família: homens cujo pai, avô ou irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos, fazem parte 
do grupo de risco. 
 Sobrepeso e obesidade: estudos recentes mostram maior risco de câncer de próstata em homens com peso corporal mais 
elevado. 
A etiologia do câncer de próstata não é totalmente conhecida. Sabe-se que os principais fatores de risco para o desenvolvimento da 
doença são a presença de testosterona e a idade. Além disso, dieta rica em gorduras e herança genética são fatores de risco 
secundários aceitos na etiologia do tumor. Sabe-se também que homens com parentes diretos portadores de câncer de próstata têm 
risco maior de desenvolver a doença. Esse risco é 2, 4 e 10 vezes maior que o da população geral quando 1, 2 ou 3 parentes diretos 
são portadores, respectivamente. Outro fator que corrobora a hereditariedade como fator de risco é a presença de genes sabidamente 
envolvidos no adenocarcinoma de próstata familiar. Por exemplo, o HPC1 (hereditary prostate cancer 1) é um proto-oncogene 
encontrado no braço longo do cromossomo 1 envolvido no câncer de próstata familiar. Especula-se o envolvimento de outros fatores 
no desenvolvimento do câncer de próstata, como vasectomia, atividade sexual e ingesta de licopenos, mas nenhum destes teve 
influência comprovada. 
Parâmetros para definir o prognóstico dos pacientes: 
1. Estádio inicial: pacientes com estádios T1 e T2 apresentam grande possibilidade de cura definitiva após tratamento local. Os 
que apresentam estádio T3 têm menor índice de cura e aqueles com estádios T4, N1 ou M1 apresentam cura virtualmente 
inexistente. 
2. Valor de PSA: os níveis séricos de PSA normalmente relacionam-se com extensão e estadiamento da doença. 
Consequentemente, na maioria dos casos, quanto maior o PSA, pior o prognóstico. Sabe-se que pacientes com PSA maior que 
 
16 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
Objetivo 4: descrever a epidemiologia e os fatores de risco, fisiopatologia, diagnóstico precoce e orientações de prevenção para 
neoplasia de próstata. 
20 ng/mL têm grande chance de apresentar doença extraprostática, enquanto aqueles com PSA maior que 100 ng/mL 
praticamente quase sempre apresentam doença metastática. 
3. Grau de Gleason: pacientes com Gleason 8 a 10 apresentam doença pouco diferenciada e agressiva e, portanto, têm pior 
prognóstico. 
4. Volume de neoplasia: quando o volume tumoral é menor que 3 cm3, os pacientes normalmente apresentam doença localizada e 
quase sempre são curados com o tratamento local. Por outro lado, 80% dos pacientes com volume tumoral maior que 12 
cm3 apresentam metástases linfonodais ou ósseas. 
ETIOPATOGENIA 
• Androgênios: ocorre uma certa dependência (crescimento e sobrevivência) que se estende aos cânceres estabelecidos, os quais 
regridem durante um tempo em resposta à castração química ou cirúrgica. Os androgênios oferecem “solo fértil” (contexto 
celular) para desenvolvimento do câncer prostático. Existem tumores resistentes a terapia antiandrogênica, pois esses realizam 
mutações e continuam se ligando aos receptores androgênicos mesmo na ausência do hormônio. 
• Hereditariedade: risco aumentado entre os parentes de primeiro grau dos pacientes com câncer de próstata. Baixo risco em 
asiáticos, altíssimo em afro-descendentes e alto em escandinavos. 
• Ambiente externo: mudança de uma região para outra (imigração asiática para os EUA) pode estar associada ao aumento dos 
índices. A alimentação ocidentalizada também pode influenciar, mas ainda não é certo. 
• Mutações somáticas adquiridas: condutores da transformações celulares. Rearranjos genéticos que criam genes de fusão que 
consistem no promotor regulado por androgênio do gene TMPRSS2 e na sequência codificadora dos fatores de transcrição da 
família ETS, interferindo na diferenciação das células epiteliais prostáticas. Outras mutações comumente levam à ativação da 
via sinalizadora do oncogene Pi3K/AKT, entre as quais as mais comuns são as mutações que inativam o gene supressor de tumor 
PTEN, freia atividade do P13K. 
DIAGNÓSTICO PRECOCE – RASTREAMENTO 
• PSA – antígeno prostático específico. É uma proteína produzida pelo epitélio glandular prostático normal e tanto nos casos 
benignos de hiperplasia prostática, infecções etc., como nos casos de neoplasia prostática, seus níveis séricos, em geral estão 
elevados. A realização do exame de PSA e sua difusão como método de rastreamento propicia um aumento na detecção de 
câncer de próstata em jovens e em estádios iniciais, quando o tumor está confinado à próstata, sendo, portanto curável. 
• O diagnóstico definitivo do câncer da próstata é feito pelo estudo histopatológico do tecido obtido pela biópsia, a qual deve ser 
considerada sempre que houver anormalidades no toque retal ou na dosagem do PSA. 
• Sistema de Gleason tem sido também introduzido para ajudar a prever a evolução e predizer o estágio patológico. Os estudos 
anátomo patológicos determinam o escore de Gleason, informando sobre a provável taxa de crescimento do tumor e sua 
tendência à disseminação, além de ajudar na determinação do melhor tratamento para o paciente. Na graduação histológica de 
Gleason, as células do câncer são comparadas às células prostáticas normais. Quanto maior a diferença celular, mais agressivo 
será o tumor e mais rápida será sua disseminação. A graduação do escore de Gleason baseia-se na diferenciação glandular e 
no padrão de crescimento em relação ao estroma. Nesta graduação, não se consideram as atipias nucleares e, até hoje, não foi 
demonstrado superioridade da avaliação nuclear em relação ao padrão glandular no adenocarcinoma da próstata. 
• O Exame de toque prostático é recomendável no estadiamento da doença, bem como para definição do tratamento, sendo 
sensível, porém pouco específico. 
• A RM é o exame de imagem mais fiel par rastrear neoplasia de câncer por ser capaz de detectar com mais detalhes o parênquima 
prostático, e consequentemente qualquer alteração. 
• A USG transretal não é específica para neoplasia, pode ser usada para guiar a biópsia de agulha grossa. 
• A TC não é um bom exame para avaliar a próstata, no entanto pode ser útil no rastreio de metástases. 
• A classificação TNM é aplicável em casos de adenocarcinomas. Os procedimentos para avaliação das categorias são; T (tamanho 
do tumor), N (linfonodos regionais) e M (metástases). Os mesmos parâmetros devem ser utilizados para a pesquisa de 
metástases linfáticas, utilizando-se métodos de imagem pélvica como o ultrassom, a tomografia computadorizada ou a 
ressonância magnética. 
 
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Objetivo 4: descrever a epidemiologia e os fatores de risco, fisiopatologia, diagnóstico precoce e orientações de prevenção para 
neoplasia de próstata. 
ESTADIAMENTO 
T – Tumor primário 
Tx Tumor primário não acessível 
T0 Sem evidência de tumor primário 
Ta Carcinoma papilar não invasivo 
Tis Carcinoma in situ: “flat tumour” 
T1 Tumor invade tecido conectivo sub-epitelial 
T2 Tumor invade camada muscular 
T2a: Tumor invade camada muscularsuperficial 
T2b: Tumor invade camada muscular profunda 
T3 Tumor invade tecido peri-vesical 
T3a: Microcopicamente 
T3b: Macroscopicamente (massa extra-vesical) 
T4 
Tumor invade qualquer um dos órgãos: próstata, 
útero, vagina, parede pélvica, parede abdominal 
T4a: Tumor invade próstata, útero ou vagina 
T4b: Tumor invade parede pélvica, parede abdominal 
N - Linfonodos 
Nx Linfonodos regionais não podem ser avaliados 
N0 Ausência de metástase em linfonodos regionais 
N1 Metástase em um único linfonodo na pelve verdadeira (hipogástrico, obturatório, ilíaca externa ou pré-sacral) 
N2 Metástases em múltiplos linfonodos na pelve verdadeira (hipogástrico, obturatório, ilíaca externa ou pré-sacral) 
N3 Metástases nos linfonodos da ilíaca comum 
M – Metástases à distância 
Mx Metástases à distância não podem ser acessadas 
M0 Ausência de metástases à distância 
M1 Metástases à distância presentes 
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO 
A estratificação de risco é ferramenta útil para estimativa de risco de recorrência ou progressão auxiliando na definição de 
estratégias de tratamento. 
Risco muito baixo 
Estádio T1c; 
Escore de Gleason ≤ 6; 
PSA < 10 ng/mL; 
Menos de 3 fragmentos de biópsia positivos com ≤ 50% de comprometimento em cada fragmento; 
Densidade do PSA < 0,15 ng/mL/g; 
Risco baixo 
Estádio ≤ T2a; 
Escore de Gleason ≤ 6; 
PSA < 10 ng/mL, excluídos os pacientes com características de risco muito baixo (acima). 
Risco intermediário 
Estádio T2b ou T2c; 
Escore de Gleason 7; 
PSA 10-20 ng/mL. 
Risco alto 
Estádio ≥ T3; 
Escore de Gleason ≥ 8; 
PSA > 20 ng/mL. 
Nos últimos anos, campanhas nacionais promovidas por hospitais, sociedades médicas e outras organizações para estimular o 
rastreamento do câncer de próstata têm proliferado, em consonância com iniciativas mundiais conhecidas como Novembro Azul. 
Essas campanhas recomendam a utilização do toque retal acompanhado da dosagem sérica do antígeno prostático específico (PSA, 
da sigla em inglês correspondente a prostatic specific antigen) para homens a partir de faixas etárias definidas. A motivação 
subjacente seria a detecção precoce da neoplasia, com redução de sua mortalidade e das complicações e impactos associados ao 
seu tratamento. 
O PSA foi introduzido nos anos 1980 como um marcador tumoral para detecção de recorrência e progressão da doença durante o 
tratamento. O teste tem baixas sensibilidade e especificidade e não existem evidências claras do limiar para indicar a biópsia. O 
limiar comumente utilizado (>4 ng/mL) tem 70% de resultados falso-positivos (MULHEM et al., 2015). Elevações do PSA precedem 
 
18 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
Objetivo 4: descrever a epidemiologia e os fatores de risco, fisiopatologia, diagnóstico precoce e orientações de prevenção para 
neoplasia de próstata. 
em 5 a 10 anos o aparecimento de doença clínica, mas seus níveis também aumentam em condições benignas, como hiperplasia 
prostática benigna, prostatites e infecções do trato urinário inferior (DRAISMA et al., 2003). 
A dosagem do PSA pode ser utilizada tanto em pacientes com sintomas (funcionando como método de diagnóstico), como em 
indivíduos assintomáticos, para fins de rastreamento. Seu valor benéfico no diagnóstico de indivíduos com suspeita clínica da doença 
é bem documentado na literatura. 
O rastreamento da neoplasia de próstata não tem o objetivo de prevenir o câncer, apenas de realizar sua detecção precoce, antes 
do surgimento de sintomas da doença, o que poderia aumentar teoricamente a probabilidade de sucesso do tratamento, elevando a 
sobrevida ou melhorando a qualidade de vida (WILSON; JUNGNER, 1968). Seu uso no rastreamento populacional em indivíduos sem 
quaisquer sintomas é alvo de grande controvérsia nas publicações científicas (DRAISMA et al., 2009). 
Para melhor se entender a controvérsia, dois conceitos relativos à detecção do câncer de uma forma geral precisam ser 
compreendidos. Um é o chamado lead time ou tempo de ganho, que corresponde ao tempo médio de ganho do diagnóstico 
proporcionado pelo rastreio (Figura 1). 
 
Figura 1 - Rastreamento para câncer de próstata e viés de antecipação 
Em alguns estudos, o rastreamento parece aumentar falsamente a sobrevida, mas o que ocorre de fato é que os anos vividos “a 
mais” são aqueles antes do diagnóstico, sem adiamento do momento do óbito, o que é denominado de viés de antecipação (lead-
time bias) (JANSEN et al., 2013). Esse tipo de viés é particularmente importante no caso de tumores indolentes e de crescimento 
lento (Figura 2). 
 
Figura 2 - Rastreamento para câncer de próstata e características do tumor 
https://scielosp.org/article/physis/2018.v28n2/e280209/
https://scielosp.org/article/physis/2018.v28n2/e280209/
 
19 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
Objetivo 4: descrever a epidemiologia e os fatores de risco, fisiopatologia, diagnóstico precoce e orientações de prevenção para 
neoplasia de próstata. 
O diagnóstico precoce, nesses casos, apenas diminui a qualidade de vida, com a ansiedade gerada e as consequências indesejadas 
do sobretratamento (overtreatment) (HEIJNSDIJK et al., 2009). 
Outro conceito fundamental é o de sobrediagnóstico (overdiagnosis), que se relaciona à detecção de lesões que nunca seriam 
identificadas ao longo da vida dos indivíduos, que poderiam morrer por outras causas antes da manifestação clínica das neoplasias. 
Esse último aspecto tem sido elencado como preocupação importante no rastreamento dos cânceres de próstata, mama e pulmão 
(WELCH; BLACK, 2010). 
Em estudos de autópsia, aproximadamente metade dos homens acima de 80 anos apresentam células malignas na próstata, mesmo 
sem terem apresentado sintomas enquanto vivos (JAHN et al., 2015). Ou seja, grande quantidade de tumores malignos localizados 
ou in situ identificados pelo rastreamento não interfeririam na sobrevida ou na qualidade de vida do paciente, porque seriam vencidos 
pela própria imunidade ou teriam uma evolução muito lenta. É difícil estimar a proporção de homens com sobrediagnóstico de câncer 
de próstata, que pode variar de 23% a 66% (DRAISMA et al., 2009). 
Muitos dos pacientes assim diagnosticados são submetidos a procedimentos diagnósticos (biópsias) e ‘curativos’ (cirurgia, 
radioterapia) associados a elevadas morbidade e mortalidade, que seriam desnecessários. Isto resulta em sobretratamento, o qual 
também agrega custos indevidos (CHOU et al., 2011). 
Essa situação é agravada porque a dosagem do PSA em populações assintomáticas não reduz de forma significativa a mortalidade. 
Metanálise publicada pela Biblioteca Cochrane em 2013 identificou cinco ensaios clínicos controlados randomizados que utilizaram 
dosagem de PSA, com ou sem a utilização de toque retal, envolvendo 341.342 participantes de 45-80 anos (ILIC et al., 2013). Não 
houve diferença na mortalidade específica por câncer prostático entre os pacientes randomizados para rastreamento e os controles 
(risco relativo [RR] 1,00, IC 95% 0,86-1,17). 
Nessa metanálise, um alto risco de viés foi identificado em três estudos que não apontavam para benefício na mortalidade (LABRIE 
et al., 2004; KJELLMAN et al., 2009; SANDBLOM et al., 2011). Os outros dois trabalhos incluídos, avaliados como tendo baixo risco 
de viés - European Randomized Study of Screening for Prostate Cancer (ERSPC) e US Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer 
Screening Trial (PLCO) - trazem resultados conflitantes. O estudo PLCO, realizado com 76.693 participantes de centros americanos, 
não evidenciou qualquer benefício do rastreamento (ANDRIOLE et al., 2009). O seguimento de 13 anos desse estudo mostrou taxas 
de mortalidade cumulativa nos grupos intervenção e controle de, respectivamente, 3,7 e 3,4 mortes/10,0000 pessoas-ano, resultando 
em uma diferença não estatisticamente significante (RR 1,09, IC 95% 0,87-1,36) (ANDRIOLE etal., 2012) Já o ERSPC envolveu 13.515 
participantes de 55 a 69 anos, de oito países europeus, relatando reduções no RR de mortalidade específica por câncer no grupo 
submetido ao rastreamento: de 15% após nove anos de seguimento e de 21% após 13 anos, com redução absoluta de 0,11/1000 
participantes-ano, representando uma morte evitada por câncer prostático a cada 781 indivíduos rastreados. A despeito desses 
números, os autores concluem que a quantificação e redução dos danos associados ao rastreamento deve ser considerada 
(SCHRÖDER et al., 2014). 
Parte da discrepância entre os trabalhos parece ser explicada por diferenças nas populações e tipo de estudo (diferentes critérios de 
elegibilidade, de esquemas de randomização e das estratégias de rastreamento e seguimento), bem como pela contaminação entre 
os braços (proporções altas nos grupos controle de homens submetidos a rastreamento) (SCHRÖDER; ROOBOL, 2010). Mais 
recentemente, um estudo que tenta conciliar os resultados divergentes dos ensaios ERSPC e PCLO, utilizando modelos matemáticos 
e de microssimulação, concluiu que o rastreamento reduz a mortalidade, mas que esta redução, embora seja de 20% a 30% em 
termos relativos, é muito pequena em termos absolutos: seria necessário rastrear 1.000 homens para prevenir uma única morte por 
câncer de próstata (TSODIKOV et al., 2017). 
Ao mesmo tempo, é importante levar em consideração os danos que o rastreamento e as intervenções médicas podem causar. Níveis 
elevados de PSA frequentemente levam à biópsia prostática guiada por ultrassom, que se associa à dor, febre, hematúria, 
hematospermia, e hospitalização por prostatite e urosepse (ROSÁRIO et al., 2012). No ensaio ESPRC, um em cada cinco homens 
rastreados sofreram biópsia por resultado falso-positivo. Os tratamentos com o objetivo curativo incluem prostatectomia radical, 
radioterapia externa e braquiterapia, aos quais se associam elevados riscos de sangramento, incontinência urinária e disfunção 
erétil, sem contar com impactos psíquicos como ansiedade e depressão (DRAISMA et al., 2009). 
 
20 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
Objetivo 4: descrever a epidemiologia e os fatores de risco, fisiopatologia, diagnóstico precoce e orientações de prevenção para 
neoplasia de próstata. 
Apesar dessas evidências, algumas sociedades médicas de outros países continuam recomendando a dosagem de PSA para todos 
os homens acima de 50 anos, enquanto outras instituições adotam postura contrária a esse rastreamento (Tabela 1). Até 
recentemente, a Sociedade Brasileira de Urologia seguia essa indicação (NARDI, 2014), mas em publicação mais recente, datada de 
2017, passou a recomendar que homens a partir de 50 anos conversem com seus urologistas sobre os exames de detecção precoce 
e que aqueles com fatores de risco, como histórico da neoplasia na família, negros e obesos, realizem essa consulta aos 45 anos 
(SBU, 2017). 
Como em países como a Austrália (NATIONAL HEALTH AND MEDICAL RESEARCH COUNCIL, 2016), Canadá (BELL et al., 2014) e 
Reino Unido (LOUIE, 2016), a U.S. Preventive Service Task Force (USPSTF, 2017), o Ministério da Saúde e o INCA não recomendam o 
rastreamento populacional para o câncer da próstata, baseados em evidências científicas de boa qualidade de que este produz mais 
dano que benefício. Indicam sua detecção precoce para homens que apresentem sintomas relacionados ao sistema urológico ou 
histórico familiar e reforçam que os riscos inerentes aos procedimentos devem ser apresentados e discutidos com o paciente (BRASIL, 
2015b). 
Sociedade brasileira de Urologia - setembro de 2018. 
O câncer de próstata permanece como a neoplasia sólida mais comum e a segunda maior causa de óbito oncológico no sexo 
masculino. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), estão estimados 68.220 novos casos em 2018 no Brasil, 
constituindo o tipo de câncer mais incidente nos homens (excetuando-se o câncer de pele não melanoma) em todas as regiões do 
país. 
Apesar dos avanços terapêuticos, cerca de 25% dos pacientes com câncer de próstata ainda morrem devido à doença1. Atualmente, 
cerca de 20% ainda são diagnosticados em estágios avançados, embora um declínio importante tenha ocorrido nas últimas décadas 
em decorrência, principalmente, de políticas de rastreamento da doença e maior conscientização da população masculina2. 
O rastreamento universal de toda população masculina (sem considerar idade, raça e história familiar) apresenta controvérsias, pois 
pode diagnosticar, entre outros, câncer de próstata de baixa agressividade, que não necessita de tratamento, cujos pacientes são 
submetidos a biópsias, que têm potencial de complicações (infecção local), e, eventualmente, tratamentos radicais com potencial 
impacto na qualidade de vida. 
Individualizar a abordagem é fundamental neste sentido. A identificação de pacientes com risco de desenvolver a doença de forma 
mais agressiva, por meio de parâmetros clínicos ou laboratoriais, pode ajudar a individualizar a indicação e frequência do 
rastreamento. Entre diversos fatores, a idade, a raça e a história familiar apresentam-se como os mais importantes3. Análise recente 
de dois estudos avaliando tardiamente os resultados quanto à mortalidade câncer-específica mostra vantagem a favor desses 
programas com diminuição da taxa de mortalidade de 25% a 31% (estudo ERSPC) e de 27% a 32% (estudo PLCO) em comparação 
aos pacientes que não foram randomizados4. 
Para pacientes diagnosticados com tumores de baixo risco, a visão contemporânea é o oferecimento do regime de observação 
vigilante como conduta e consiste em avaliações periódicas por meio de toque retal e dosagens do PSA, reservando-se a ressonância 
magnética da pelve e/ou biópsia prostática para ser realizada em intervalos variados. O tratamento definitivo deve ser indicado caso 
seja identificada progressão da doença em pacientes com expectativa de vida maior que 10 (dez) anos, poupando pacientes com 
tumores “indolentes” das consequências do tratamento. 
Por outro lado, pacientes portadores de tumores classificados como de risco de progressão alto ou moderado podem, em fases 
iniciais, ser adequadamente tratados e curados. 
Como esperado, as consequências da equivocada resolução da U.S. Preventive Services Task Force (USPSTF, EUA, 2011), contrária 
ao rastreamento sistemático, começam a aparecer. Trabalho apresentado no “2015 Genitourinary Cancers Symposium” provocou 
ainda mais discussão sobre o tema e reforçou o papel do rastreamento. Foram avaliados retrospectivamente 87.562 novos casos 
diagnosticados entre 2003 e 2013 em 150 instituições nos EUA. Demonstrou-se que após a recomendação da U.S. Preventive Services 
Task Force houve aumento de 3% ao ano no diagnóstico de tumores de risco intermediário e de alto risco3. Outra publicação recente 
https://scielosp.org/article/physis/2018.v28n2/e280209/
 
21 Mayra Alencar @maydicina | TUTORIA – PROLIFERAÇÃO CELULAR | P4 – UC10 | MEDICINA UNIT AL 
Objetivo 4: descrever a epidemiologia e os fatores de risco, fisiopatologia, diagnóstico precoce e orientações de prevenção para 
neoplasia de próstata. 
mostrou redução no número de diagnósticos de tumores agressivos, o que cria preocupação de que o diagnóstico tardio em casos de 
câncer de próstata de alto risco possa acarretar maior impacto para a saúde pública e resultados oncológicos no futuro. 
A Sociedade Brasileira de Urologia mantém sua recomendação de que homens a partir de 50 anos devem procurar um profissional 
especializado, para avaliação individualizada. Aqueles da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem 
começar aos 45 anos. O rastreamento deverá ser realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios, em decisão 
compartilhada com o paciente. Após os 75 anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de 10 
anos. 
Posicionamento Oficialda Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina 
Laboratorial (SBPC/ML) – Rastreio de Câncer de Próstata. 
Os danos potenciais da triagem incluem eventuais resultados falso-positivos. O que tem sido supervalorizado, no entanto, são os 
danos do tratamento cirúrgico (prostatectomia) os quais incluem disfunção erétil, incontinência urinária e sintomas intestinais. Cerca 
de um em cada cinco homens que se submetem à prostatectomia radical desenvolvem incontinência urinária e dois em três homens 
experimentam disfunção erétil a longo prazo. 
A partir destas informações, a USPSTF concluiu que, para homens com idades entre 55 e 69 anos, a decisão de se submeter à triagem 
periódica baseada na medida do PSA deve ser individual e deve incluir a discussão dos possíveis benefícios e danos da triagem com 
seu médico. Ao determinar se o exame é apropriado em casos individuais, os pacientes e médicos devem considerar o equilíbrio de 
benefícios e danos com base na história familiar, raça/etnia, condições médicas e comorbidades. 
Cabe lembrar que este intervalo etário é relativo a indivíduos sem história familiar de câncer de próstata e que não está recomendado 
o rastreamento em homens com 70 anos de idade ou mais. 
 
 
Fontes: Bogliolo, Ross Sociedade de urologia, sociedade de oncologia clínica 
https://scielosp.org/article/physis/2018.v28n2/e280209/# 
https://portaldaurologia.org.br/medicos/noticias/nota-oficial-sbu-e-sbpc-ml-rastreio-de-cancer-de-prostata/ 
https://pt.khanacademy.org/science/biology/cellular-molecular-biology/stem-cells-and-cancer/a/cancer 
https://scielosp.org/article/physis/2018.v28n2/e280209/
https://portaldaurologia.org.br/medicos/noticias/nota-oficial-sbu-e-sbpc-ml-rastreio-de-cancer-de-prostata/
https://pt.khanacademy.org/science/biology/cellular-molecular-biology/stem-cells-and-cancer/a/cancer

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