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Cetoacidose diabética 1 Cetoacidose diabética Tags Cetoacidose Diabética (CAD) Definição A CAD representa a descompensação aguda mais grave em crianças e adolescentes diabéticos, podendo ser responsabilizadas por 50% das mortes em diabéticos com idade inferior a 24 anos. Causas As principais causas de CAD são: Infecções (virais ou bacterianas). Falta de adesão ao tratamento Estresse emocional Em 25 a 40% das crianças e adolescentes diabéticos, a CAD representou a forma inicial de manifestação da doença. Fisiopatologia O metabolismo dos carboidratos, dos lipídios e das proteínas é controlado a partir do equilíbrio entre os níveis plasmáticos de insulina, com ação anabolizante, e os níveis dos hormônios contrarreguladores da insulina (glucagon, catecolaminas, cortisol e hormônio do crescimento), cuja ação aumentada induz catabolismo. As principais ações hormonais sobre o metabolismo são: Insulina → estímulo da captação de glicose nos hepatócitos, nas células do tecido muscular e nos adipócitos; estímulo da glicogênese (síntese de glicogênio no fígado e músculo) e inibição da glicogenólise (degradação de glicogênio hepático e muscular), estímulo de síntese proteica e da lipogênese; estímulo da captação de triglicérides nos adipócitos; inibição da cetogênese nos hepatócitos; inibição da secreção de glucagon. Cetoacidose diabética 2 Glucagon → inibição da glicogênese e estímulo da glicogenólise hepática e muscular; estímulo da gliconeogênese, estímulo da cetogênese nos hepatócitos, estímulo da secreção de insulina. Catecolaminas → estímulo da glicogenólise hepática; estímulo da produção renal de glicose; estímulo da lipólise; estímulo da gliconeogênese; inibição da secreção de insulina e aumento da resistência à insulina. Cortisol: estímulo da proteólise e da lipólise, estímulo da gliconeogênese; aumento da resistência à insulina. Hormônio do crescimento: estímulo da lipólise, estímulo da gliconeogênese; aumento da resistência à insulina. A CAD resulta da combinação de duas alterações principais: 1. Deficiência de insulina 2. Ação aumentada de hormônios contrarreguladores da insulina. Frequentemente a elevação dos hormônios contrarreguladores é causada por alguma intercorrência aguda capaz de gerar estresse, como infecções, traumas ou alterações emocionais. A concomitância da deficiência insulínica e da elevação dos hormônios contrarreguladores altera o metabolismo dos carboidratos, dos lipídios e das proteínas. Ocorre elevação da produção da glicose por estímulo da glicogenólise e da gliconeogênese. A proteólise e a lipólise também são estimuladas e fornecem substrato (aminoácidos e glicerol) para gliconeogênese. Os ácidos graxos livres provenientes da lipólise sofrem oxidação nas mitocôndrias dos hepatócitos, dando origem aos corpos cetônicos acetoacetato e beta-hidroxibutirato. A formação dos corpos cetônicos é facilitada pela deficiência de insulina e elevação do glucagon plasmático, que resultam em ativação da carnitina palmitol transferase I, responsável pela entrada dos ácidos graxos livres nas mitocôndria dos hepatócitos. Na CAD, ocorre uma aumento da resistência à insulina, decorrente da maior ação dos hormônios contrarreguladores e dos níveis plasmáticos elevados de ácidos graxos livres e dos corpos cetônicos. A resistência à insulina contribui para a hiperglicemia, lipólise e a proteólise. As alterações no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas gera um estado de catabolismo celular, o que Cetoacidose diabética 3 justifica a intensidade da perda ponderal que diversos pacientes apresentam no momento do diagnóstico da CAD. A cetonemia e a hiperglicemia levam a cetonúria, glicosúria e diurese osmótica. A diurese osmótica é responsável pela espoliação corporal de sódio, potássio e outros minerais. A cetonemia também facilita a ocorrência de vômitos. Na CAD a desidratação é consequência de vômitos, da diurese osmótica e da redução da ingesta de líquidos por inapetência ou rebaixamento sensorial. O estímulo do sistema renina- angiotensina aldosterona(SRAA) contribui para a espoliação renal de potássio. A hipovolemia leva à redução da perfusão tecidual e à acidose lática, agravando a acidose. A redução do ritmo de filtração glomerular induzida pela desidratação diminui a eliminação renal de glicose e corpos cetônicos e contribui para a elevação da glicemia e da cetonemia. Estabelece-se um círculo vicioso, visto que quanto maior glicemia, maior a redução do ritmo de filtração glomerular. Desse modo, valores de glicemia plasmática entre 600 e 800 mg/dl reduzem o ritmo de filtração glomerular em 25 e 50%, respectivamente. Na CAD, a hiperglicemia, a cetonemia e a elevação da ureia plasmática, resultam em elevação da osmolaridade plasmática que é dada pela fórmula: 2xNa + glicose/18 + ureia/6. A hiperosmolaridade plasmática estimula nas células do SNC , a produção de pequenas moléculas orgânicas denominadas osmóis idiogênicos, tais moléculas diminuem o fluxo água do espaço intra para o extra celular. O aumento de fluxo de água livre do compartimento intrcelular para o extracelular decorrente da elevação da osmolaridade plasmática leva à hiponatremia dilucional. Além disso, a elevação dos ácidos graxos no plasma tbm contribui para a redução da natremia. Manifestações clínicas Poliúria Polidipsia Noctúria Polifagia Anorexia Vômitos Dor abdominal Cetoacidose diabética 4 Perda ponderal Ao exame físico a criança ou adolescente com CAD podem apresentar: Hálito cetônico Rubor facial Desidratação Taquicardia Hipotensão Redução da perfusão periférica Hiperventilação (respiração de Kussmaul) → devido à acidose metabólica, tentativa de compensar a acidose, o paciente hiperventila. Dor abdominal → principalmente em crianças, por atrito ente os folhetos do peritônio desidratado e por distensão e estase gástrica, pode estar presente e ser intensa a ponto de simular um abdome agudo cirúrgico. Nos casos mais graves, pode haver tbm alterações do SNC: Sonolência Rebaixamento do nível de consciência coma Pode ocorrer também fraqueza muscular e hipertermia. Exames Laboratoriais Hiperglicemia: glicemia > 200mg Acidose metabólica: pH < 7,3 e/ou bicabornato < 15; elevação de ânion gap e cetonemia (cetona sérica > 3mg/dl) Cetonúria Diagnósticos diferenciais O diagnóstico difrencial da CAD envolve: acidose lática, intoxicação por salicilato e teofilina, coma hiperosmolar e outras causas de acidose (por ex.: acidose tubular renal). Cetoacidose diabética 5 Tratamento Assim que o paciente foi admitido, deve ser coletada amostra de sangue para dosagem de glicemia capilar, glicemia plasmática, gasometria venosa , sódio, potássio, ureia, creatinina, cálcio, fósforo, e hemograma. A presença de cetose é caracterizada a partir da reação plasmática ou urinária de nitroprussiato de sódio. Se houver suspeita ou evidência de infecção, deve-se coletar um par de hemoculturas e outros exames para investigação de infecção. Durante o tratamento, a glicemia capilar deve ser avaliada a cada hora, até que o quadro clínico-laboratorial tenha se estabilizado. A gasometria venosa e os níveis de Na+ e K+ devem ser avaliados pelo menos a cada 3 horas nas 6 horas iniciais de terapêutica. Nestes casos a creatinina sérica pode estar elevada por interferência dos corpos cetônicos, de forma que os níveis de ureia plasmática são indicadores mais sensíveis de da presença de insuficiência renal. Hidratação Inicialmente, a terapêutica hidreletrolítica tem por objetivo reparação intravascular. Nessa fase deve ser administrado soro fisiológico (SF) no volume de 20ml/kg, infudido 30 a 60 minutos. Se, após a expansão inicial o paciente ainda apresentar sinais de contração intravascular, a conduta anterior deve ser repetida na hora seguinte. Quando o paciente se apresentar com sinais de choque, deve receber SF no volume de 20ml/kg a cada 20 minutos, até o desaparecimento dos sinais dechoque. Após a fase de expansão, o paciente recebe soro de manutenção no volume habitual (1.500 ml a 2.000ml /m²/dia). O volume do soro de manutenção pode ser acrescido de soro de reposição nos casos de intensa poliúria ou hiperventilação, sendo administrado 10 a 20 ml/kg/dia. No entanto, a melhor forma de se avaliar a adequação de reposição consiste na avaliação ponderal do paciente a cada 6 horas. Tanto o soro de manutenção quanto o soro de reposição são administrados na forma de SF. Quando a glicemia atingir valores próximos a 250 mg/dl e o paciente ainda necessitar da administração de insulina regular para bloqueio da cetogênese, o soro passa a ser constituído por partes iguais de SF e SG 5%. Daí por diante, a concentração de glicose no soro dependerá dos valores subsequentes da glicemia. Cetoacidose diabética 6 É importante iniciar a hidratação por via oral assim que o paciente apresentar melhora clínica e recuperação da integridade neurológica, o que permite a gradual redução da hidratação parenteral até a sua suspensão. No tratamento da CAD, a hiper-hidratação é um dos fatores que estão implicados na evolução de edema cerebral. Acredita-se que pacientes que receberam volume > 4.000 ml/m² nas 24 horas iniciais de terapêutica estejam sob risco de maior desenvolvimento de edema cerebral. Insulinoterapia No tratamento da CAD, a insulinoterapia visa promover a gradual redução da glicemia e da cetogênese. A reposição de insulina pode ser iniciada juntamente com a fase de expansão ou na segunda hora de tratamento, após a expansão inicial. Recomenda-se a administração de insulina regular por via endovenosa, em infusão contínua. Essa forma de insulinoterapia permite a gradual da glicemia, com menores riscos de complicações como hipoglicemia e edema cerebral. A insulinoterapia endovenosa contínua é realizada a partir da mistura, de 500ml de SF e 50 U de insulina regular, de modo que 1ml da mistura contém 0,1U de insulina regular. O equipamento a ser utilizado deve ser previamente lavado com 50ml da mistura, o que permite a sua saturação em insulina. Inicia-se a seguir a administração endovenosa contínua de insulina em bomba de infusão na dose de 0,1 U de insulina regular/kg/hora (ou 1 ml da mistura/kg/hora), o que deve permitir a redução da glicemia de 60 a 80 mg/dl/hora. A glicemia capilar deve ser avaliada a cada hora e a infusão de insulina é ajustada de acordo com esse valores. Se a queda da glicemia for superior a 90mg/dl/hora, a infusão da insulina deve ser reduzida para 0,05 U/kg/hora. A reposição de insulina deve ser mantida até que a glicemia capilar tenha atingido valores< ou = 250mg/dl. Por outro lado, em pacientes em que a cetogênese ainda não foi adequadamente bloqueada e que mantêm acidose metabólica e acentuada cetonemia apesar da redução da glicemia, a insulinoterapia endovenosa contínua deve ser mantida, tomando-se cuidado de se adequar a reposição de glicose no soro de manutenção para evitar ocorrência de hipoglicemia. Reposição de potássio Na CAD, o potássio corpóreo total encontra-se depletado por causa da diurese osmótica e da ativação do SRAA. Por outro lado, a acidose e a redução da função Cetoacidose diabética 7 renal aumentam a concentração extracelular de potássio, de forma que os pacientes com CAD podem apresentar à admissão, níveis séricos de potássio normais ou mesmo elevados. Durante o tratamento da CAD, a administração de insulina reverte a cetogênese e a acidose. Além disso, a correção da desidratação resulta em melhor perfusão tecidual e contribui para a redução da acidose metabólica. Desse modo, o tratamento da CAD pode cursar com redução acentuada da potassemia, principalmente durante as horas iniciais. A hipopotassemia é considerada o distúrbio metabólico mais grave relacionado ao tratamento da CAD. Recomenda-se, portanto a reposição a partir da segunda hora de tratamento, dede que a função renal esteja preservada, o paciente tenha apresentado diurese e a potassemia seja inferior a 6,5mEq/L. Por outro lado, o potássio deve ser reposto já a partir da primeira hora caso o paciente apresente hipopotassemia. O potássio é acrescentado ao soro na dose de 20 a 40 mEq para cada L de soro administrado, respeitando o limite de infusão de 0,5 mEq/kg/hora. Em geral, a administração de potássio é realizada na forma de KCL19,1% (1ml=2,5mEq de potássio). Reposição de bicabornato A acidose metabólica, muitas vezes intensa, é uma das características da CAD. A acidose grave (pH <7,2) pode levar à redução do débito cardíaco, da pressão arterial, do fluxo sanguíneo hepático e renal, além de diminuir o limiar para arritmias cardíacas. A acidose também reduz a glicólise anaeróbica, induz estado de catabolismo proteico e pode levar ao rebaixamento do nível de consciência e ao coma, por diminuir o metabolismo cerebral. Na CAD, a acidose metabólica resulta principalmente do aumento da cetogênese, mas tbm da redução da perfusão tecidual. Durante o tratamento da CAD, a expansão do volume extracelular e a administração de insulina levam à progressiva redução da acidose. Além disso, como observado, em determinadas acidoses orgânicas, os cetoácidos acumulados podem regeneram íons bicabornato. Por outro lado, a reposição de bicabornato é considerada uma das condições facilitadoras da ocorrência de edema cerebral relacionado ao tratamento da CAD em crianças e adolescentes, por levar à ativação do transportador de Na+/H+ neuronal (que resulta em aumento da concentração intracelular de Na+), à acidose intracelular paradoxal no SNC e à hipóxia cerebral decorrente do aumento da afinidade da hemoglobina pelo oxigênio. A reposição de bicabornato tbm pode causar hipernatremia e hipocalemia. Cetoacidose diabética 8 Diante dessas observações, considera-se atualmente não haver indicação para a reposição de bicabornato na CAD, exceto durante a ressuscitação com o intuito de se preservar a ação da epinefrina. Reposição de fosfato O fosfato é um ânion predominantemente intracelular que, durante a CAD, sofre deslocamento para o meio extracelular, de forma, que seus níveis plasmáticos à admissão encontram-se normais ou elevados. Por outro lado, a diurese osmótica leva ao aumento da perda renal de fosfato e à depleção do fosfato corpóreo total. A insulinoterapia promove retorno do fosfato para o intracelular, de modo que seus níveis plasmáticos tendem a cair durante o tratamento da CAD. A hipofosfatemia pode causar hipóxia tecidual e quando grave pode estar relacionada a complicações como depressão respiratória e miocárdica, fraqueza muscular, rabdomiólise, anemia hemolítica, e alterações cardíacas. A prevenção desses distúrbios poderia justificar a reposição de fosfato durante o tratamento da CAD. A reposição do fosfato pode beneficiar pacientes em tratamento de CAD e que apresentam anemia, insuficiência cardíaca congestiva, pneumonia e outras causas de hipóxia, bem como pacientes com níveis plasmáticos de fosfato inferiores a 1 mg/dL. Nesses casos a forma de repor é KH2PO425% (1ml=1,8 mEq de fosfato/1,8 mEq de potássio). KH2PO425% é o necessário para fornecer 1/3 do potássio a ser reposto. Nos pacientes em reposição de fosfato, deve-se estar atento para a ocorrência de hiperfosfatemia, hipocalcemia e hipomagnesemia. Complicações A complicação mais temida da CAD em crianças e adolescentes é o edema cerebral. O edema cerebral ocorre em aproximadamente 1% dos casos de CAD e está associado à elevada morbidade (30%) e mortalidade (30%).O edema cerebral é mais comum na primodescompensação, provavelmente pela hiperglicemia prolongada. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de edema cerebral em crianças e adolescentes em tratamento por CAD incluem: Idade < 3 anos Administração de volume > 4L/m²/dia nas 24 horas iniciais de tratamento. Administração de bicabornato de sódio. Hiperosmolaridade plasmática à admissão (>375 mOsm/kg) Cetoacidose diabética 9 Queda da osmolaridadeplasmática para valores < 272 mOsm/kg durante a terapêutica, decorrente da hiper-hidratação e insulinoterapia excessiva. Hiperglicemia acentuada (> 800mg/dl ) à admissão Hipernatremmia relativa ( Na corrigido > 145 mEq) à admissão Hiponatremia relativa (Na corrigido < 130 mEq) Redução da pressão arterial de CO2 à admissão Elevação da concentração plasmática de ureia à admissão. Sinais e sintomas indicativos de edema cerebral: Cefaleia Redução abrupta da frequência cardíaca (não relacionada à reidratação) Hipertensão arterial (a evolução do quadro neurológico pode causar hipotensão arterial) Vômitos Alterações do nível de consciência (desde sonolência até o coma) Alucinações Alterações pupilares (anisocoria ou pupilas médio-fixas) Papiledema Oligúria (SIADH) Sempre que possível o edema cerebral deve ser confirmado por meio da tomografia computadorizada. Ao se diagnosticar edema cerebral, o paciente deve ser mantido em jejum, com sonda nasogástrica e em decúbito elevado, para se evitar broncoaspiração. Deve-se receber oxigenoterapia e monitoração cardíaca e sua pressão arterial deve ser verificada a cada hora. O tratamento do edema cerebral deve realizado da seguinte forma: 1. Administração de manitol: os benefícios da administração de manitol não estão relacionados ao desvio de fluido para o espaço extracelular, mas à redução da viscosidade sanguínea e à consequentemente melhora do fluxo sanguíneo intracerebral. Deve ser administrado precocemente na dose de 0,2 a 1 g/kg, por via Cetoacidose diabética 10 endovenosa, em infusão por 30 minutos. De acordo com a resposta clínica, a dose pode ser repetida a cada hora. 2. Solução hipertônica (3%): pode representar alternativa ao manitol, devendo ser infundida na dose de 5 a 10 ml/kg em 30 minutos. 3. Reavaliação da hidratação endovenosa e sua redução criteriosa se necessário 4. Nos casos mais intensos, o paciente deve ser mantido em ventilação mecânica com o intuito de se estabelecer pressão arterial de CO2 em torno de 35mmHg. Reduções maiores nos níveis plasmáticos de CO2 estão relacionados à redução da perfusão cerebral e pior prognóstico. Outras complicações relacionadas ao tratamento da CAD incluem acidose hiperclorêmica (por perda urinária de ânions cetoácidos e administração excessiva de fluidos ricos em cloreto), hipoglicemia, hipopotassemia, hipofosfatemia e insuficiência cardíaca congestiva por sobrecarga hídrica. FONTE: Tratado de Pediatria 4ª ed . vol. 1- cap. 7. pag -169 -174
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