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Orientação da fibra muscular APRESENTAÇÃO A orientação da fibra muscular influencia diretamente em aspectos como geração de força, tipo de movimento e desempenho do músculo esquelético. Cada músculo tem uma orientação de fibras de acordo com a função ou funções que desempenha. Vamos aprender mais sobre isso? Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir a orientação das fibras musculares esqueléticas;• Definir origem e inserção muscular;• Relacionar a orientação da fibra muscular com atividades funcionais.• DESAFIO Neste desafio você deverá descrever a arquitetura muscular dos músculos citados e diferenciar suas características. Caso clínico Ana e Maurício sofreram lesões musculoesqueléticas recentemente. Ela teve o membro superior direito imobilizado e Maurício, o membro inferior esquerdo. No momento da avaliação fisioterapêutica, constatou-se que Ana estava com importante diminuição de força no músculo bíceps braquial. No caso de Maurício, a diminuição era significativa no músculo reto femoral. Relacionando a arquitetura muscular com a produção de força no processo de recuperação da lesão, qual dos dois músculos terá capacidade de produzir mais força? INFOGRÁFICO Veja, no esquema a seguir, os fatores que estão relacionados à arquitetura e à orientação da fibra muscular. Figura 1 CONTEÚDO DO LIVRO Para saber mais sobre o conteúdo desta Unidade, leia um trecho do seguinte livro: MARTINI, F.H.; TIMMONS, M.J.; TALLITSCH, R.B. Anatomia humana. Coleção Martini. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. Inicie pelo subtítulo "A organização das fibras musculares esqueléticas". Boa leitura ��������� ���� �� ��������� ���������������������������� Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à ARTMED® EDITORA S.A. Av. Jerônimo de Ornelas, 670 – Santana 90040-340 – Porto Alegre – RS Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora. SÃO PAULO Av. Angélica, 1.091 – Higienópolis 01227-100 – São Paulo – SP Fone: (11) 3665-1100 Fax: (11) 3667-1333 SAC 0800 703-3444 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Obra originalmente publicada sob o título Human Anatomy, 6th Edition ISBN 9780321500427 Authorized translation from the English language edition, entitled HUMAN ANATOMY, 6th Edition by FREDERIC MARTINI; MICHAEL TIMMONS; ROBERT TALLITSCH, published by Pearson Education, Inc, publishing as Benjamin Cummings, Copyright © 2009. All rights reserved. No part of this book may be reproduced or transmitted in any form or by any means, electronic or mechanical, including photocopying, recording or by any information storage retrieval system, without permission from Pearson Education, Inc. PORTUGUESE language edition published by ARTMED EDITORA S.A., Copyright © 2009. Tradução autorizada a partir do original em língua inglesa da obra intitulada HUMAN ANATOMY, 6ª Edição de autoria de FREDERIC MARTINI; MICHAEL TIMMONS; ROBERT TALLITSCH, publicado por Pearson Education, Inc., sob o selo Benjamin Cummings, Copyright (c) 2009. Todos os direitos reservados. Este livro não poderá ser reproduzido nem em parte nem na íntegra, nem ter partes ou sua íntegra armazenado em qualquer meio, seja mecânico ou eletrônico, inclusive fotoreprografação, sem permissão da Pearson Education,Inc. A edição em língua portuguesa desta obra é publicada por Artmed Editora SA, Copyright © 2009. Capa: Mário Röhnelt Leitura fi nal: Heloísa Stefan Supervisão editorial: Letícia Bispo de Lima Editoração eletrônica: Techbooks Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10/1922 M386a Martini, Frederic H. Anatomia humana / Frederic H. Martini, Michael J. Timmons, Robert B. Tallitsch ; tradução Daniella Franco Curcio. – 6. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2009. 904 p. : il. color. ; 25 x 30 cm. ISBN 978-85-363-1794-6 1. Anatomia humana. I. Timmons, Michael J. II. Tallitsch, Robert B. III. Título. CDU 611 CAPÍTULO 9 • O Sistema Muscular: Tecido Muscular Esquelético e Organização Muscular 251 perna (“panturrilha”) predominam fibras lentas; esses músculos se contra- em quase que continuamente para a manutenção da postura ereta, em pé. A relação percentual entre fibras lentas e rápidas em cada músculo é geneticamente determinada, e existem diferenças individuais significati- vas. Estas variações refletem na capacidade de resistência. Indivíduos com maior quantidade de fibras musculares lentas em um determinado mús- culo têm maior capacidade de desempenhar contrações repetidas em con- dições aeróbias. Por exemplo, maratonistas com maior proporção de fi- bras musculares lentas nos músculos dos membros inferiores apresentarão melhor desempenho do que os maratonistas com mais fibras musculares rápidas. Para períodos curtos de intensa atividade, como em uma corrida de curta distância (“sprint”), ou no levantamento de peso, indivíduos com maior porcentagem de fibras musculares rápidas terão a vantagem. A característica das fibras musculares muda com o condicionamen- to físico. A atividade muscular intensa e repetida promove o aumento de tamanho das fibras musculares rápidas e a hipertrofia muscular. Treina- mentos de resistência, como para uma maratona, aumentam a proporção de fibras intermediárias nos músculos ativos. Isso ocorre pela conversão gradual de fibras rápidas em fibras intermediárias. Treinamentos de resistência não promovem hipertrofia, e muitos atletas treinam utilizando uma combinação entre atividades aeróbias, como a natação, e anaeróbias, como a musculação ou corrida curta. Essa combinação é conhecida como treinamento em intervalos, que aumenta a dimensão do músculo e melhora a força e a resistência. REVISÃO DOS CONCEITOS Por que um velocista sente fadiga muscular após alguns minutos, enquanto 1. um maratonista pode correr por horas? Que tipo de fibra muscular você esperaria que fosse predominante nos 2. grandes músculos do membro inferior de um indivíduo que se destaca em atividades de resistência como ciclismo ou corrida de longas distâncias? Por que algumas unidades motoras controlam somente poucas fibras mus-3. culares, enquanto outras controlam muitas fibras? O que é recrutamento?4. Veja a seção de Respostas na parte final do livro. A organização das fibras musculares estriadas esqueléticas [Figuras 9.1/9.14] Apesar de a maioria das fibras musculares esqueléticas se contrair em pro- porções comparáveis e se encurtar em graus equivalentes, variações na organização micro e macroscópica podem afetar dramaticamente a po- tência, a amplitude e a velocidade do movimento produzido quando um músculo se contrai. As fibras musculares no interior de um músculo formam feixes, deno- minados fascículos (Figura 9.1, pág. 239). As fibras musculares de cada fas- cículo são dispostas paralelamente, porém a organização dos fascículos no músculo esquelético pode variar, assim como também pode variar a relação entre os fascículos e o tendão a eles associado. Quatro padrões diferentes de disposição ou organização dos fascículos produzem músculos paralelos, músculos convergentes, músculos peniformes e músculos circulares. A Figura 9.14 ilustra a organização dos fascículos de fibras musculares esqueléticas. Músculos paralelos [Figura 9.14a] Em um músculo paralelo, os fascículos são dispostos paralelamente ao seu eixo longo. As características funcionais de um músculo paralelo lem- bram aquelas de uma fibra muscular individual. Considere o músculo esquelético mostrado na Figura 9.14a. Este músculo apresenta uma forte inserção, por um tendão que se estende da sua extremidade livre até um osso móvel do esqueleto. A maioria dos músculos esqueléticos do cor- po são músculos paralelos. Alguns formam faixas achatadas com largas aponeuroses em cadaextremidade; outros são fusiformes com tendões semelhantes a cordões em uma ou ambas as extremidades. Tal músculo apresenta um corpo central, também chamado de ventre. Quando esse músculo se contrai, ele encurta, e o diâmetro de seu corpo aumenta. O músculo bíceps braquial é um exemplo de um músculo paralelo com um corpo central. A saliência do músculo bíceps em contração pode ser vista na superfície anterior do braço quando o cotovelo é flexionado. Uma célula muscular esquelética pode efetivamente contrair-se até que se encurte em cerca de 30%. Como as fibras musculares são paralelas ao eixo longo do músculo, quando se contraem em conjunto, o músculo todo se encurta na mesma proporção. Por exemplo, se o músculo esque- Nota clínica * N. de R.T. Na realidade, a dor atribuída ao músculo é resultado de lesões no tecido conectivo que envolve seu ventre (epimísio), seus fascículos (perimísio) e suas fibras in- dividualmente (endomísio). Dor muscular de início retardado Você provavelmente já passou pela experiência de sentir dores musculares no dia seguinte a um período de exercícios físicos. Há grande controvérsia a respeito da origem e do significado dessa dor, que é conhecida como dor muscular de início retar- dado (DMIR)* e que apresenta características bastante interessantes: A DMIR é diferente da dor experimentada imediatamente após a ces- • sação do exercício. A dor inicial a curto prazo tem uma provável asso- ciação com eventos bioquímicos relacionados à fadiga muscular. A DMIR geralmente se inicia algumas horas após o término do pe- • ríodo de exercícios e pode permanecer por três ou quatro dias. A intensidade da DMIR é maior quando a atividade envolve contra- • ções excêntricas. Atividades com predomínio de contrações concên- tricas ou isométricas produzem menos dor. Os níveis de CPK e mioglobina estão elevados no sangue, indicando • dano ao sarcolema muscular. A natureza da atividade (excêntrica, concêntrica ou isométrica) não interfere nesses níveis, os quais também não podem ser utilizados para prever o grau de dor expe- rimentado. Três mecanismos foram propostos para explicar a DMIR: Pequenas lacerações podem ocorrer no tecido muscular, lesando a 1. membrana das fibras. O sarcolema de cada fibra muscular lesada per- mite a perda de enzimas, mioglobina e outras substâncias químicas que podem estimular receptores da dor em regiões adjacentes. A dor pode resultar de espasmos musculares nos músculos afetados. 2. Em alguns estudos, o alongamento dos músculos envolvidos, após o exercício, reduziu o grau de intensidade da dor. A dor pode resultar de lacerações na rede de tecido conectivo e nos 3. tendões do músculo esquelético. Algumas evidências fundamentam cada um desses mecanismos, mas é pouco provável que qualquer um deles isoladamente explique comple- tamente as alterações. Por exemplo, a lesão da fibra muscular é segura- mente sustentada por achados bioquímicos; porém, se este fosse o único fator responsável, o tipo de atividade e o nível de enzimas intracelulares na circulação apresentariam correlação com o nível de dor experimenta- da, e isso não ocorre. 252 O SISTEMA MUSCULAR lético tem 10 cm de comprimento, a extremidade do tendão será desloca- da em 3 cm quando houver a contração. A força tensora desenvolvida por um músculo durante a contração depende do número de miofibrilas que ele contém. Como o número de miofibrilas é distribuído uniformemente no sarcoplasma de cada célula, a tensão pode ser estimada com base na área da secção transversal do músculo em repouso. Um músculo paralelo cuja área de secção transversal seja 6,45 cm2 pode desenvolver uma tensão de aproximadamente 23 kg de força tensora. Músculos convergentes [Figura 9.14b] Em um músculo convergente, as fibras musculares estão dispostas sobre uma área ampla, porém todas convergem para um local de fixação co- mum. Elas podem tracionar um tendão, uma lâmina tendínea ou um feixe delgado de fibras colágenas denominado rafe. As fibras musculares mui- tas vezes se apresentam abertas como um leque ou em um amplo triângu- lo, com um tendão na extremidade, conforme evidencia a Figura 9.14b. O músculo peitoral maior apresenta este formato. Este tipo de músculo é ver- sátil; a direção da tração pode ser modificada pela estimulação de apenas um grupo de células musculares de cada vez. No entanto, quando todas as fibras se contraem simultaneamente, a tração resultante sobre o tendão não é tão intensa quanto aquela exercida por um músculo paralelo de mesmo tamanho, pois as fibras musculares nos lados opostos do tendão exercem tração em diferentes direções, e não unidirecionalmente. Músculos peniformes [Figura 9.14c-e] Em um músculo peniforme (penna, pena), um ou mais tendões percor- rem o ventre (corpo) do músculo, e os fascículos formam ângulos oblí- quos em relação ao tendão. Como a tração é exercida obliquamente, a contração destes músculos não movimenta seus tendões tão amplamente quanto os músculos paralelos o fazem. No entanto, um músculo peni- forme conterá mais fibras musculares do que um músculo paralelo de mesmo tamanho e, como resultado, sua contração produzirá maior força tensora do que a gerada pelo músculo paralelo de mesmo tamanho. Quando todas as células musculares são encontradas do mesmo lado de um tendão, o músculo é semipeniforme (Figura 9.14c). Um músculo longo que estende os dedos, o músculo extensor dos dedos, é um exemplo Fascículo Secção transversal (a) Músculo paralelo (Músculo bíceps braquial) Tendão Base do músculo Secção transversal Tendão estendido (c) Músculo semipeniforme (Músculo extensor dos dedos) (d) Músculo peniforme (Músculo reto femoral) Ventre (b) Músculo convergente (Músculo peitoral maior) Relaxado Contraído (f) Músculo circular (Músculo orbicular do olho) (e) Músculo multipeniforme (Músculo deltóide) Tendões Secção transversal (f) (e) (a) (c) (d) (b) Figura 9.14 Organização das fibras musculares estriadas esqueléticas. Quatro diferentes padrões de disposição de fibras musculares: (a) paralelo, (b) convergente, (c, d, e) peniforme e (f) circular. CAPÍTULO 9 • O Sistema Muscular: Tecido Muscular Esquelético e Organização Muscular 253 de músculo semipeniforme. Mais freqüentemente as fibras musculares encontram-se dos dois lados do tendão. O músculo reto femoral, um mús- culo grande da coxa, é um músculo peniforme típico (Figura 9.14d) que contribui para a extensão do joelho. Se o tendão se ramifica no interior do músculo, o músculo é multipeniforme (Figura 9.14e). O músculo deltóide, de formato triangular, que cobre a superfície da articulação do ombro é um exemplo de músculo multipeniforme. Músculos circulares [Figura 9.14f] Em um músculo circular, ou esfincter, as fibras estão dispostas concen- tricamente, ao redor de uma abertura ou recesso (Figura 9.14f). Quando o músculo se contrai, o diâmetro da abertura diminui. Músculos circu- lares controlam o acesso interno e externo nas vias de passagem como as dos tratos digestório e urinário. Um exemplo de músculo circular é o músculo orbicular da boca. Terminologia muscular [Tabela 9.2] Cada músculo “inicia-se” em uma inserção de origem (ponto fixo) e “termina” em uma inserção terminal (ponto móvel), e contrai-se pro- duzindo uma ação. Termos indicativos das ações dos músculos, de regiões específicas do corpo e de estruturas características do músculo são apre- sentados na Tabela 9.2. Inserção de origem (ponto fixo) e inserção terminal (ponto móvel) Tipicamente, a inserção de origem (ponto fixo) permanece estacionária e a inserção terminal (ponto móvel) se move, ou a inserção de origem é proximal à inserção terminal. Por exemplo, o músculo tríceps braquial se insere no olécrano e se origina mais próximo ao ombro. Estas convenções são feitas considerando-se o movimento normal, com o indivíduo em po- sição anatômica. O interessante, no estudo do sistema muscular, é poder executar movimentos e pensar sobre os músculosque estão envolvidos. (Discussões em laboratório sobre sistema muscular freqüentemente se as- semelham a aulas pouco organizadas de aeróbica.) Quando as inserções não podem ser determinadas facilmente com base no movimento ou na posição, outros critérios são utilizados. Se um músculo se estende entre uma larga aponeurose e um tendão estreito, a aponeurose é considerada a inserção de origem, e a inserção terminal é a região de fixação do tendão. Quando existem vários tendões em uma ex- tremidade e somente um na outra, existirão múltiplas inserções de origem e uma única inserção terminal. Estas regras simples não abrangem todas as situações, e distinguir inserção de origem de inserção terminal é menos importante do que saber onde se fixam as duas extremidades e qual é a ação do músculo quando ele se contrai. Ações Quase todos os músculos estriados esqueléticos apresentam uma das inserções no esqueleto. Quando um músculo movimenta uma parte do TABELA 9.2 Terminologia muscular Termos indicativos de direção relativa aos eixos do corpo Termos indicativos de regiões específicas do corpo1 Termos indicativos de características estruturais do músculo Termos indicativos de ações Anterior Externo Extrínseco Inferior Interno Intrínseco Lateral Medial Oblíquo Posterior Profundo Reto Superficial Superior Transverso Abdominal Auricular Braquial (do braço) Carpal (do punho) Cefálica (da cabeça) Cervical (do pescoço) Clavicular Coccígea Costal Cubital (do cotovelo) Cutânea Do hálux Do polegar Do psoas Escapular Femoral Ílíaca Inguinal Lingual Lombar Mentual Nasal Nucal Oral Orbital Palpebral Poplítea (posterior ao joelho) Radial Temporal Tibial Torácica Ulnar Vesical INSERÇÃO DE ORIGEM (ponto fixo) Bíceps (duas cabeças) Quadríceps (quatro cabeças) Tríceps (três cabeças) FORMA Deltóide (triângulo) Esplênio (faixa) Orbicular (círculo) Pectíneo (pente) Piramidal (pirâmide) Piriforme (pêra) Platisma (plano) Redondo (longo e arredondado) Rombóide (rombóide) Serrátil (serrilhado) Trapézio (trapezoidal) OUTRAS CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES Alba (branca) Breve (curta) Grácil (delgado) Lata (amplo) Latíssimo Longo Longuíssimo Magno (grande) Maior Máximo Menor Mínimo Tendíneo Vasto (grande) GERAL Abaixador Abdutor Adutor Extensor Flexor Levantador Pronador Rotador Supinador Tensor ESPECÍFICA Bucinador (trompetista) Risório (sorriso) Sartório (costureiro) 1Para outros termos regionais, consulte a Figura 1.8, pág. 14, que define pontos de referência anatômica. 254 O SISTEMA MUSCULAR esqueleto, o movimento pode envolver abdução, adução, flexão, extensão, circundução, rotação, pronação, supinação, eversão, inversão, dorsiflexão, flexão plantar, flexão lateral, oposição, protrusão, retração, elevação e abai- xamento. Antes de prosseguir, reveja a discussão dos planos de movimen- to e as Figuras 8.3 a 8.5. l págs. 210-212 Existem dois métodos para se descrever as ações musculares. O primei- ro faz referência à região óssea afetada. Assim, diz-se que o músculo bíceps braquial realiza a “flexão do antebraço”. O segundo método especifica a ar- ticulação envolvida. Assim, a ação do músculo bíceps braquial é descrita como “flexão do (ou no nível do) cotovelo”. Ambos os métodos são válidos e cada um tem suas vantagens, mas utilizaremos preferencialmente o se- gundo quando descrevermos ações musculares nos próximos capítulos. Os músculos podem ser agrupados de acordo com suas ações primá- rias em três tipos: Agonistas (ator ou autor principal)1. : Um músculo agonista é o mús- culo cuja contração é a principal responsável por um determinado movimento, como a flexão no nível do cotovelo. O músculo bíceps braquial é um exemplo de ator principal ou agonista durante a flexão no cotovelo. Sinergistas2. : Quando um músculo sinergista se contrai (syn, junto + ergon, trabalho), ele auxilia o músculo agonista a executar aquela ação. Os músculos sinergistas podem proporcionar tração adicional próximo à região de inserção ou estabilizar o local da inserção de ori- gem. Sua participação em um determinado movimento pode mudar enquanto o movimento progride; em muitos casos, eles são mais so- licitados no início, quando o agonista é tensionado e a intensidade de sua força é relativamente baixa. Por exemplo, o músculo latíssimo do dorso e o músculo redondo maior tracionam o braço para baixo. Com o braço elevado em direção ao teto, as fibras do músculo latíssimo do dorso estão em estiramento máximo e alinhadas paralelamente ao úmero. O músculo latíssimo do dorso não pode desenvolver muita tensão nesta posição. No entanto, pela orientação do músculo redon- do maior, que tem sua inserção de origem na escápula, ele pode se contrair mais eficientemente e auxilia o músculo latíssimo do dorso a iniciar o movimento na direção inferior. A importância deste “au- xiliar” diminui à medida que o movimento continua na direção in- ferior. Neste exemplo, o músculo latíssimo do dorso é o agonista e o músculo redondo maior é o sinergista. Os sinergistas podem também auxiliar um agonista evitando um determinado movimento indeseja- do em uma articulação, estabilizando, dessa forma, a inserção de ori- gem do agonista. Esses músculos são então chamados de fixadores. Antagonistas3. : Antagonistas são músculos cuja ação se opõe à ação dos músculos agonistas; se o agonista produz flexão, o antagonista produzirá extensão. Quando um agonista se contrai para produzir um determinado movimento, o antagonista se alonga, mas em geral ele não relaxa totalmente. Em vez disso, sua tensão será ajustada para controlar a velocidade e garantir a suavidade do movimento realizado pelo agonista. Por exemplo, o músculo bíceps braquial age como um agonista quando se contrai produzindo a flexão no cotovelo. O mús- culo tríceps braquial, localizado na superfície oposta do braço, age como um antagonista para estabilizar o movimento de flexão e para produzir a ação oposta, a extensão no cotovelo. Nomenclatura dos músculos estriados esqueléticos [Tabela 9.2] Não será necessário o conhecimento de cada um dos aproximadamente 700 músculos do corpo humano, mas é essencial estar familiarizado com os mais importantes. Felizmente os nomes da maioria dos músculos esqueléticos dão indicações para sua identificação (Tabela 9.2). Os músculos esqueléticos são nomeados de acordo com vários critérios, incluindo regiões específicas do corpo, orientação das fibras musculares, características específicas ou inco- muns, identificação da inserção de origem e da inserção terminal e funções principais. O nome pode indicar uma região específica (o músculo braquial, do braço), o formato do músculo (músculo trapézio, músculo piriforme), ou uma combinação das duas características (músculo bíceps femoral). Alguns nomes fazem referência à orientação das fibras musculares em um músculo determinado. Por exemplo, músculos retos são múscu- los paralelos cujas fibras geralmente encontram-se dispostas ao longo do maior eixo do corpo. Como existem vários músculos retos, em geral o nome inclui um segundo termo que faz referência à região específica do corpo. O músculo reto do abdome é encontrado no abdome, e o músculo reto femoral, na coxa. Outros indicadores direcionais incluem os termos transverso e oblíquo para músculos cujas fibras estão dispostas em ângu- lo oblíquo ou perpendicular ao eixo longitudinal do corpo. Outros músculos foram nomeados em função de características específicas ou incomuns. Um músculo bíceps (bi, dois + caput, cabeça) tem dois tendões de origem (ponto fixo), o tríceps tem três e o quadrí- ceps, quatro. A forma é, às vezes, um indício importante para o nome do músculo. Por exemplo, os nomes trapézio, deltóide, rombóide e or- bicular referem-se a músculos importantes que se assemelham a um trapézio, um triângulo, um rombóide e um círculo, respectivamente. Músculos alongados recebem o termo indicativo longo ou longuíssi- mo; o termo redondo (teres) é utilizado para descrever músculos que são longos e arredondados. A descriçãode músculos curtos utiliza o termo breve; a de músculos grandes usa os termos magno (grande), maior ou máximo; já a descrição de pequenos músculos inclui os ter- mos menor ou mínimo. Músculos mais próximos à superfície externa do corpo são chamados de superficiais ou externos, enquanto os mais aprofundados são denomi- nados internos ou profundos. Músculos mais externos de um órgão e que o posicionam ou estabilizam são chamados de extrínsecos; aqueles que são mais internos de um órgão são chamados de músculos intrínsecos*. Os nomes de muitos músculos identificam suas inserções de origem (ponto fixo) e inserções terminais (ponto móvel). Nesses casos, a primeira parte do nome refere-se à inserção de origem e a segunda, à inserção ter- minal. Por exemplo, o músculo genioglosso tem sua inserção de origem na mandíbula (geneion) e sua inserção terminal na língua (glossus). Nomes como flexor, extensor, tensor e assim por diante indicam a fun- ção primária do músculo. Estas ações são tão comuns que os nomes quase sempre incluem outros indicativos relacionados ao aspecto ou à localiza- ção do músculo. Por exemplo, o músculo extensor radial longo do carpo é um músculo encontrado na margem radial (lateral) do antebraço. Quan- do se contrai, sua função primária é a extensão no punho. Alguns músculos levam o nome dos movimentos específicos asso- ciados a ocupações especiais ou hábitos. Por exemplo, o músculo sartório é ativado quando cruzamos as pernas. Antes da invenção das máquinas de costura, um costureiro sentava-se no chão com as pernas cruzadas, e o nome do músculo foi derivado da palavra latina para costureiro, sartor. Na face, o músculo bucinador comprime as bochechas como ocorre no so- pro forçado com os lábios contraídos e enrugados. Buccinator quer dizer trompetista. Finalmente, um outro músculo facial, o músculo risório, foi supostamente nomeado em função da expressão de humor. No entanto, o termo latino risor significa sorridente, ao passo que a descrição mais apropriada para a ação seria “grimaça” (careta). Exceto para o platisma e o diafragma, os nomes completos de todos os músculos esqueléticos incluem o termo músculo. Embora geralmente se utilize o nome completo do músculo, para economizar espaço e evitar con- fusões, usaremos apenas a porção descritiva do nome nas figuras que acom- panham o texto (tríceps braquial ao invés de músculo tríceps braquial). * N. de R.T. Geralmente o termo extrínseco se refere a músculos ou outras estruturas, como vasos sangüíneos, que não são exclusivos do órgão. Intrínseco refere-se ao que é exclusivo, próprio daquele órgão. DICA DO PROFESSOR O vídeo preparado para esta Unidade traz a descrição dos principais aspectos da arquitetura muscular e também a definição de origem e inserção do músculo esquelético. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Quanto à arquitetura muscular, é correto afirmar que: A) Nos músculos peniformes, o fascículo forma um ângulo oblíquo em relação ao tendão. B) Um músculo peniforme é subdividido em paralelo e triangular. C) Em um músculo circular, as fibras são dispostas de forma divergente em relação a uma abertura ou um recesso. D) Em um músculo convergente, as fibras encontram-se espalhadas, ligando dois pontos distantes. E) A maioria dos músculos do corpo humano é peniforme. 2) João está com uma paralisia do músculo orbicular do olho e não consegue fechar a pálpebra. Quanto à localização e à orientação das fibras musculares desse músculo, podemos dizer que ele é: A) Peniforme. B) Circular. C) Paralelo. D) Triangular. E) Multipeniforme. 3) O músculo peitoral maior é classificado como: A) Músculo paralelo. B) Músculo peniforme. C) Músculo convergente. D) Músculo circular. E) Músculo semipeniforme. 4) Quanto à definição de origem e à inserção muscular, podemos afirmar que: A) Origem é definida como ponto móvel do músculo. B) A inserção terminal é definida como ponto fixo do músculo. C) A inserção de origem é definida como ponto fixo e termina na inserção terminal, que é o ponto móvel. D) A inserção de origem é distal à inserção terminal. E) A denominação de ponto fixo e ponto móvel não varia, independentemente do movimento. 5) Um indivíduo idoso tem alterações musculares relacionadas ao envelhecimento. Uma das principais disfunções é a sarcopenia, ou declínio da massa muscular. Podemos dizer que a sarcopenia afeta diretamente a arquitetura muscular, pois... A) Aumenta a área de secção transversa anatômica do músculo. B) Diminui o volume muscular. C) Mantém o ângulo de penação muscular. D) Mantém a capacidade de produção de força. E) Aumenta a capacidade de produção de força. NA PRÁTICA A marcha, ou o andar, é uma das atividades mais funcionais do ser humano e envolve a utilização de 200 músculos, do total de quase 700 descritos no corpo todo. É uma tarefa motora que envolve um padrão complexo de contrações musculares em diversos segmentos do corpo. A marcha pode ser vista como o deslocamento do corpo através do espaço com o menor consumo de energia possível. Para que a marcha individual possa ser realizada dentro dos padrões considerados normais, é necessário que haja integração das funções e integridade do sistema musculoesquelético, como músculos, envoltórios, fáscia, tendões, articulações e o sistema nervoso SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: BAPTISTA, R.R.; VAZ, M.A. Arquitetura muscular e envelhecimento: adaptação funcional e aspectos clínicos; revisão da literatura. Fisioterapia e Pesquisa. Vol. 16, n. 4, 2009. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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