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EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA ADOLESCENTES Volume I – Vida Durante O Ensino Médio MARCELO MACIEL Criador do canal BATMONEY Texto por Marcelo Maciel © 2020 Ilustração: Natália Coelho Todos Os Direitos Reservados AGRADECIMENTOS Agradeço a produção deste livro à toda comunidade Bastter.com e, principalmente, ao Bastter, por me ensinar tudo que sei sobre educação financeira e demais conceitos dentro de sua filosofia: auto-capacitação, motivação para sempre ser melhor e poder ajudar ao próximo. Presto meus agradecimentos à minha esposa Ana Luiza por todo apoio; e por ter me dado o melhor presente que um homem pode ganhar: meus dois filhos, Mateus e Gustavo. DEDICATÓRIA Dedico este livro ao meu filho Mateus (25/11/2018 – 01/12/2018) que, em apenas 06 dias de vida, me ensinou o que é amar, o que é sofrer, o que é lutar pela vida, o que é fracassar. Me ensinou que as coisas não estão sob nosso controle e que a vida é, de fato, muito curta. Mateus me mostrou que devemos lutar por aquilo que desejamos enquanto temos força e saúde, a fim de aproveitar os bons momentos da vida perto daqueles que amamos. O resto é resto. SOBRE O AUTOR Marcelo Maciel, nascido em Brasília/DF, é formado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasilia – UnB. Atualmente, trabalha na Controladoria-Geral do Distrito Federal no cargo de Auditor de Controle Interno. Atuante do mercado financeiro desde 2010. Tornou-se Educador Financeiro em 2018, desenvolvendo métodos para que o pequeno investidor amador alcance a independência financeira, de forma tranquila, através de investimentos nas bolsas de valores brasileira e internacional. É criador do canal BATMONEY no youtube. Desde 2019, é moderador da área de línguas (#VAILÁEFALA) da bastter.com. https://bit.ly/batmoney_ https://bastter.com/mercado/ Sumário PREFÁCIO...................................................................................................................................... 7 CAPÍTULO I - ESCOLA ................................................................................................................... 10 CAPÍTULO II - REGIMES DE PREVIDÊNCIA ...................................................................................... 18 CAPÍTULO III – POR QUE POUPAR? ............................................................................................... 35 CAPÍTULO IV – AS DIMENSÕES DO DINHEIRO ................................................................................ 39 CAPÍTULO V - AS ARMADILHAS DE CONTRAIR DÍVIDAS .................................................................. 46 CAPÍTULO VI - O QUE É INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA ................................................................... 53 CAPÍTULO VII – INVESTIMENTOS: NOÇÕES BÁSICAS ...................................................................... 59 CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 82 PÓSFÁCIO ................................................................................................................................... 85 PREFÁCIO A motivação que me fez escrever esse livro pode ser dividida em duas: 1 – Oportunidades de emprego a quem tem apenas o ensino médio. O ciclo “natural” intelectual/educacional das pessoas brasileiras segue o seguinte fluxo: Ensino Fundamental, Ensino Médio, Graduação, para depois buscar o primeiro emprego. Isso é o que, provavelmente, todos os pais desejam a seus filhos: que eles cursem uma boa faculdade antes de entrar no mercado de trabalho. Mas, é claro que há inúmeros postos de trabalho que não exigem um curso superior. Principalmente, com o avanço da tecnologia, internet, informática. Além disso, há diversos motivos que determinada pessoa decida não cursar a universidade e entre no mercado de trabalho, logo após a conclusão do ensino médio: . não obteve êxito em uma universidade pública e não tem condições financeiras de pagar uma faculdade particular; . desejo de trabalhar em um área que não necessita de curso superior. Exemplo: Cabeleireiro, Comerciante, Técnico de Telecomunicações, Jogador de Futebol, etc; . necessidade de uma renda mais imediata para ajudar os pais nas despesas de casa; . trabalhar e cursar a faculdade ao mesmo tempo. Diante dessa situação, você (adolescente, jovem) que cursa o Ensino Médio já precisa dos conhecimentos sobre Educação Financeira que serão tratados neste livro. Porque, assim que você obtiver seu diploma (de Ensino Médio), já poderá ingressar no mercado de trabalho e começar a obter renda. A partir do momento que você passar a obter renda, você já precisa planejar sua vida financeira. A primeira motivação resume-se a isso: que o jovem que ingressou no mercado de trabalho – independente dele estar cursando uma universidade ou não - já tenha conhecimento suficiente para saber que deve-se gastar menos do que ganha; não contrair dívidas; e poupar parte da renda mensal. Essa é a fórmula simples de construir o caminho rumo à tranquilidade financeira1. 2 – Aprender sobre as armadilhas financeiras existentes no mundo Nesse tópico, o objetivo é que você aprenda dois assuntos: a) saber identificar golpes financeiros praticados por aproveitadores, estelionatários2, fraudadores, etc. b) saber como funciona a bolsa de valores3. Mas, Marcelo.....não é muito cedo para um adolescente aprender sobre como funciona o mercado acionário (bolsa de valores)? Não. Sabe por quê? Porque a bolsa de valores é um ambiente que permite a apresentação de ideias ilusórias de enriquecimento rápido; em que o investidor inexperiente e desavisado acredita que pode ficar milionário em apenas alguns anos. Golpes, esquemas financeiros serão apresentados a esses jovens. Cada dia que passa uma nova fraude financeira é inventada, procurando novas vítimas. O adolescente que forma-se no Ensino Médio já deve estar preparado para isso. Qual a chance de um jovem de 16 anos escrever no Google: “como ficar rico rapidamente”? Ou ainda: “como ganhar dinheiro sem trabalhar”? Essa pesquisa gera aproximadamente 4,5 milhões de resultados. A grande maioria dos artigos apresentados são “receitas de bolo” elaboradas por blogs e sites de investimentos, consultores financeiros e analistas/especialistas em mercado financeiro. Todos apresentam a fórmula mágica do passo a passo de como ficar rico, rapidamente; salvo raras exceções. Isso atrai o jovem a entrar no mercado financeiro de forma errada. A bolsa de valores é 1 O conceito de tranquilidade financeira não é objeto dessa obra. Ele será explicado no livro Volume II. No Capítulo VI, o conceito de independência financeira será explicado. Considere que Tranquilidade Financeira é um conceito mais amplo, em que a independência financeira faz parte. 2 Estelionatário: aquele que usando de má fé, burla a confiança de outrem, com finalidade de usufruir - por meios fraudulentos - valor financeiro, em prejuízo material e danos morais de outrem. Uma determinada pessoa, apresenta-se como profissional em determinada área, levanta valor financeiro, para efetuar determinado trabalho, e não cumpre o prometido. 3 Bolsa de Valores: mercado organizado onde se negociam ações de empresas de capital aberto. As ações representam a menor fração do capital social de uma empresa, ou seja, é o resultado da divisão do capital social em partes iguais. Capital social é o investimento dos donos na empresa, isto é, o patrimônio da empresa. https://pt.wikipedia.org/wiki/Patrim%C3%B4nio uma ferramenta muito poderosa para o alcance da independência financeira; mas pode ser uma “arma” perigosíssima para quem quiser aventurar-se na busca do enriquecimento rápido. Em resumo, você (leitor) irá aprender que: . como ganha-se dinheiro? Com trabalho, e para isso é necessário estudar,criar, inovar e investir na sua capacitação. . como fica-se rico? Poupando, e para isso é necessário educação financeira. CAPÍTULO I - ESCOLA “Se você acha que a educação é cara, experimente a ignorância.” Derek Bok Será que alguém lembra o nosso primeiro dia na escola? Provavelmente, não. Nós éramos muito pequenos; nossos pais nos colocam na escola desde muito cedo. Ela é a base de tudo. É lá que iremos desenvolver nossas primeiras habilidades: falar, memória, ler e escrever, cálculo mental e as habilidades básicas do pensamento. Na escola, também serão apresentados os valores inerentes ao ser humano: ordem, sinceridade, obediência, generosidade, justiça, companheirismo, responsabilidade, trabalho. Porém, a educação deve ser complementada dentro de casa. Alguns desses valores aprendidos na escola serão também ensinados pelos pais, diariamente. Valores como pudor, amizade, moderação, ajuda aos outros, solidariedade. Não é saudável os pais deixar toda a educação de seus filhos a cargo da escola. O diálogo entre pai-filho é tão importante quanto a frequência das salas de aula. É um complemento. É extremamente comum um filho perguntar o que o pai faz, qual seu trabalho. Com a explicação do pai, a criança pode achar legal ou muito chato e começar a vislumbrar possíveis profissões que ela queira exercer no futuro. Quem nunca teve vontade de ser médico e salvar vidas? Mas depois da primeira vez que foi fazer exame de sangue, sentiu-se mal, vomitou e descartou ali mesmo qualquer possibilidade de estudar medicina na vida. Quem é apaixonado por animais e já pensou em ser veterinário? Quem é apaixonado por música, só pensa em tocar guitarra e quer ser um astro da música quando crescer? Porém, muitas dessas decisões vão ter influência dos seus pais; e de outras pessoas que não tem nada a ver com a história. Muitas pessoas vão dizer que se você for ser “isso” quando você crescer, você vai passar fome. Porque as perspectivas do mercado de trabalho não são boas; porque os obstáculos são muito grandes. Não importa a carreira que você decida seguir na vida, você deve se capacitar; você deve ser diferenciado no mercado. Você tem que oferecer mais do que os outros oferecem. Isso exige estudo, trabalho, dedicação. Nunca será fácil. O mundo não foi feito para ser fácil. Como a reflexão que introduziu esse capítulo, a preparação para a vida é cara. Mas procure experimentar o contrário, para ver o que acontece. Esse livro é voltado aos jovens que estão cursando o Ensino Médio. Sendo assim, vamos conversar sobre as possibilidades que o jovem recém-formado no Ensino Médio possui. Dividiremos em três blocos de situação: 1) as que ele foca apenas nos estudos e não obtém renda de nenhuma maneira; 2) as que ele foca nos estudos, porém também trabalha; 3) nas demais em que ele apenas trabalha. 1 – Foco nos estudos: . fazer um curso pré-vestibular, caso não tenha sido aprovado em nenhuma universidade; . cursar uma universidade; . fazer um intercâmbio no exterior para estudar algum idioma; . estudar para concurso público que exige apenas Ensino Médio como escolaridade; . cursar um curso técnico; 2 – Foco nos estudos com obtenção de renda (aqui, vamos considerar que o jovem está cursando uma universidade): . trabalhar de carteira assinada em alguma empresa; . trabalhar no negócio dos pais; . fazer estágio: em empresa privada ou órgão público; . dar aulas particulares (em domicílio ou nas escolas, cursinhos pré-vestibulares) . empreender: criar uma empresa/um negócio; Exemplo: venda de docinhos de festa; . ser servidor público (caso tenha sido aprovado em concurso que exija apenas Ensino Médio como escolaridade) 3 – Quem só trabalha: . trabalhar de carteira assinada em alguma empresa; . trabalhar nos negócios dos pais; . empreender: criar uma empresa/um negócio; . ser servidor público (caso tenha sido aprovado em concurso que exige apenas Ensino Médio como escolaridade) Independente se o jovem está na situação 02 ou 03, eles possuem algo em comum: eles recebem renda. A partir daqui, ele já tem que saber como lidar com o dinheiro. Não vamos tratar aqui sobre finanças pessoais e como o jovem deve gastar o dinheiro dele. Vamos apenas entender porque ele deve gastar menos do que recebe, poupando parte da sua renda mensal. Ele pode gastar o dinheiro dele da forma como ele quiser, desde que ele gaste 80%4 do que ele recebe. Os outros 20% serão aplicados em investimentos de valor. Mas para que servirão esses 20%? Quando você irá usufruir deles? Essas perguntas serão respondidas ao longo do livro, mas vamos dar início ao estudo do ciclo natural da vida. 4 A relação aqui de 80/20 é apenas um exemplo. Poderia ser 90/10, 70/30, conforme a experiência e vivência de cada pessoa. CICLO NATURAL DA VIDA A nossa vida educacional inicia-se no maternal. Depois vem: *INSS: Instituto Nacional do Seguro Social = é o órgão público que administra a aposentadoria dos trabalhadores da iniciativa privada. Ou seja, é o órgão que arrecada o dinheiro das contribuições dos trabalhadores ativos e – ao mesmo tempo – paga a aposentadoria aos aposentados. Já vimos que é possível entrar no mercado de trabalho sem a necessidade de um curso superior. Isso não irá fazer diferença na nossa análise porque, a partir de agora, iremos conversar mais sobre APOSENTADORIA. “Mas, Marcelo....aposentadoria é algo que as pessoas irão fazer quando estiverem com 60, 70 anos; por que um jovem de 16 anos deve-se preocupar com isso agora?” A resposta está descrita abaixo por vários motivos, mas a principal razão é que precisamos nos afastar da maioria e do senso comum5. Como assim? O senso comum é o modo de pensar da maioria das pessoas. E, nesse assunto especificamente sobre aposentadoria, o senso comum é muito perigoso. Vamos aprender como a maioria pensa e porque devemos nos afastar desses pensamentos. O senso comum é: . trabalhar até poder aposentar, para depois viver do provento de aposentadoria (ou seja, às custas do governo, pois é ele quem paga essa aposentadoria); . acreditar que os regimes de previdência6 existem para ajudar o cidadão; . acreditar que o governo te deve algo e por isso você deve ser sustentado por ele de alguma forma: seja com renda, com saúde ou com educação; A maioria pensa/sente: . que não vê a hora de poder aposentar para não ter que trabalhar mais; . que educação financeira é algo muito complexo e que apenas engenheiros, matemáticos e economistas são capazes de entender; . quem poupa não vive a vida. 5 Senso comum: é o modo de pensar da maioria das pessoas, são noções comumente admitidas pelos indivíduos. Significa o conhecimento adquirido pelo homem partir de experiências, vivências e observações do mundo. 6 Regimes de Previdência são abordados no Capítulo II. O intuito desse livro é fazer com que o jovem elimine esses pensamentos da sua cabeça e afaste- se das fontes (pessoas, livros, blogs, grupos de WhatsApp, etc) que fazem ele pensar dessa forma. A educação financeira fará com que ele não tenha que se preocupar com aposentadoria. Basta ele poupar parte da sua renda mensal. O jovem dessa idade não tem que decidir qual curso fazer na universidade, o que impactará diretamente na profissão que ele irá exercer pelo resto da vida? A escolha da profissão que iremos exercer, assim como a mulher que iremos casar, é a decisão mais importante da vida. É a mais difícil. Um jovem de 16-18 anos está preparado para isso? Tanto que é muito comum estudantes universitários decidirem estudar outra disciplina na metade do curso; profissionais mudam de linha de carreira o tempo todo. É impossível prever o futuro. Há pessoas que conseguem fazer a mesma tarefa por 30-40 anos. Há pessoas que só conseguem fazer por 2-5 anos. Mas existe uma coisa que não será diferente, independente da função que vocêexerça: você gastará menos do que recebe. Para isso, voltamos ao ciclo citado no início desse capítulo. Antigamente era assim: Hoje, é assim: Isso é o que a maioria pensa. Mas, a partir da leitura desse livro, você já não é mais maioria. Seu pensamento agora será: Ao longo desse livro, vamos abordar todos esses assuntos de diversas maneiras. Mas antes, precisamos aprender o que – de fato - é a aposentadoria, o que são os regimes de previdência, para entendermos porque precisamos eliminar esses conceitos da nossa cabeça. CAPÍTULO II - REGIMES DE PREVIDÊNCIA “Aposentadoria… é quando você para de viver pelo trabalho e começa o trabalho para viver.” Antes de começarmos a estudar os regimes de previdência, precisamos aprender sobre o Esquema Ponzi e o conceito de pirâmide financeira. ESQUEMA PONZI Imagine que seu colega de faculdade - chamado Nemo - apresente uma proposta de negócio: fabricar brigadeiro e vender para os alunos da faculdade. Você não vai precisar trabalhar. Você só precisará repassar R$ 1.000 para o Nemo, esperando receber R$ 100 todo mês de volta, o que seria 10% de retorno mensal sobre o seu investimento inicial (10% de R$ 1.000 = R$ 100). O que Nemo fará com esses R$ 1.000? Ele irá comprar os ingredientes para fabricar o brigadeiro. Ele vendeu os brigadeiros por R$ 2.000. Ou seja, ele conseguiu um lucro de 100%. Com o dinheiro da venda dos brigadeiros, ele vai: . te pagar R$ 100: juros prometidos quando você entregou os R$ 1.000 a ele; . comprar R$ 1.000 de novos ingredientes para fazer mais brigadeiro; . embolsar os R$ 900 restantes, totalizando os R$ 2.000 de receita; Só que o Nemo avisa que se você der mais R$ 1.000, ele conseguirá fabricar mais brigadeiro e agora você receberá R$ 200 por mês, mantendo os 10% de retorno (10% de R$ 2.000 = R$ 200). Caso você não tenha esse outros R$ 1.000, você pode chamar outro amigo para entrar no esquema. E você convida seu amigo Bob Esponja. Bob Esponja dá R$ 1.000 ao Nemo. Nemo agora tem R$ 2.000 para fabricar brigadeiros (R$ 1.000 seu e R$ 1.000 do Bob Esponja). Ele fabrica e consegue vender os doces por R$ 4.000. O que ele faz com esse dinheiro? . paga R$ 100 a você: juros prometidos quando você entregou os R$ 1.000 a ele; . paga R$ 100 ao Bob Esponja; . guarda R$ 2.000 para comprar novos ingredientes; . embolsa os R$ 1.800 restantes, totalizando os R$ 4.000 de receita; Vocês percebem que o esquema está dando certo e chamam mais amigos para entrarem com R$ 1.000. Dois novos amigos entram: Picachu e Tico; ambos com R$ 1.000 cada. Agora, Nemo possui R$ 4.000 para comprar ingredientes e vender os brigadeiros. Mas Nemo não faz mais isso. Ele decidiu transformar isso em uma pirâmide financeira. Então, o que Nemo irá fazer com os R$ 4.000: . pagar R$ 100 a você; . pagar R$ 100 ao Bob Esponja; . pagar R$ 100 ao Picachu; . pagar R$ 100 ao Tico; . gastar os R$ 3.600 restantes. Nemo não precisa vender brigadeiros para pagar vocês. Ele está pagando vocês com o dinheiro dos novos entrantes. Como vocês continuam recebendo o prometido (10% ao mês), a notícia espalha-se e mais pessoas se interessam pelo esquema e vão entrando. Mais 08 pessoas entram com R$ 1.000 cada. Agora são 12 no esquema, porém R$ 4.000 das primeiras quatro pessoas já foram gastos. Nemo possui agora R$ 8.000. O que ele faz com esses R$ 8.000: . paga R$ 1.200 aos investidores (12 x R$ 100); . gasta os R$ 6.800 restantes. Enquanto vocês estiverem recebendo os R$ 100 mensalmente, a notícia vai espalhando-se e mais pessoas vão entrando. Porém, chega um momento em que as pessoas param de entrar. O esquema já possui 40 integrantes, cada um colocou R$ 1.000. E Nemo precisa de R$ 4.000 (40 x R$100) para honrar os 10% de retorno. Mas Nemo só possui R$ 400. O que Nemo faz? . paga R$ 100 a você; . paga R$ 100 ao Bob esponja; . paga R$ 100 ao Picachu; . paga R$ 100 ao Tico; . dá calote nos demais 36 integrantes. As pessoas que não receberam começam a questionar e pedem os R$ 1.000 de volta. Nemo só conseguirá devolver esse dinheiro se mais pessoas entrarem no esquema. Mas ninguém mais entra. O esquema quebrou. A pirâmide caiu. Isso é uma pirâmide financeira, conhecida como Esquema Ponzi. Vamos agora para um exemplo um pouco mais difícil, porém mais perto da realidade porque envolve criptomoedas. Vou contar uma história com dois personagens. João: possui 20 anos, mora com os pais e cursa universidade de Economia. Marcos: possui 20 anos, mora com os pais e sempre procura métodos para ganhar dinheiro rapidamente. João é bem relacionado na faculdade, conhece muitas pessoas. Ele apresenta uma proposta de investimento a Marcos, envolvendo compra/venda de bitcoins (criptomoedas – moeda virtual). Como funciona esse investimento? Marcos entrega R$ 1.000 a João, tendo uma promessa de retorno de 5% ao mês. Ou seja, a cada mês, João irá receber de volta R$ 50. E o que João irá fazer com esses R$ 1.000 e como ele conseguirá pagar R$ 50/mês a Marcos? João supostamente irá realizar operações financeiras de compra/venda de bitcoins e com parte do lucro dessas operações, ele entregará R$ 50 a Marcos, mensalmente. Diante disso, surgem algumas dúvidas que Marcos deveria levar em consideração: 1 – Qual o risco dessa operação? Eu posso perder tudo que eu colocar? 2 - João é um bom operador de bitcoin, de fato? Porém, Marcos não analisa isso. Ele fica simplesmente atraído pela alta taxa de rentabilidade desse investimento: 5% ao mês. Ele faz uma simulação na calculadora que se ele colocar R$ 100.000 ao invés de R$ 1.000, ele consegue acumular R$ 332.000 em 2 anos. A vontade de ficar rico rápido é só o que interessa a Marcos. Dessa forma, Marcos espalha para todos os seus amigos sobre essa proposta, isso gera uma reação em cadeia e todo dia mais gente entra nesse esquema de João. Então, mesmo que as operações que João faça com as bitcoins não deem certo, que ele tenha prejuízo, João tem dinheiro para pagar esses R$ 50 de Marcos. Justamente, porque cada vez mais pessoas entram no esquema colocando “dinheiro novo”. Na prática, como funcionaria: Janeiro: Marcos entra com R$ 1.000 João deixa R$ 50 guardado para o pagamento de fevereiro. João aplica R$ 950 Fevereiro: mais pessoas entram no negócio João paga R$ 50 a Marcos Investidor A entra com R$ 1.000 Investidor B entra com R$ 1.000 João deixa guardado R$ 150 (3x R$ 50) para o pagamento de março João aplica R$ 1.850 (R$ 2.000 – R$ 150) Março: mais pessoas entram no negócio João paga R$ 50 a Marcos, ao Investidor A e ao Investidor B Investidor C entra com R$ 5.000 João deixa guardado R$ 150 de Marcos, A e B e R$ 250 do Investidor C João aplica o restante E isso vai seguindo. Mais pessoas vão entrando. Marcos verifica que o investimento está dando certo e coloca mais dinheiro, e assim por diante. Você consegue enxergar que não importa o resultado das aplicações que João faz? Que ele, de repente, nem faz aplicação. Ele simplesmente gasta com o que ele quiser. Justamente, porque ele está remunerando os investidores com o dinheiro dos novos participantes. Por isso que, enquanto houver novos participantes, o esquema vai funcionando. O que acontece quando novas pessoas param de entrar? João não vai ter mais dinheiro para remunerar os investidores. E aí....o esquema todo vai por água abaixo, ele quebra. A pirâmide formou-se no início e , agora, ela quebrou. A primeira pessoa que realizou um esquema fraudulento desse foi Charles Ponzi. Assim, pirâmides financeiras são chamadas de Esquema Ponzi. “O Esquema Ponzi é uma sofisticada operação fraudulenta de investimento do tipo esquema em pirâmide que envolve o pagamento de rendimentos anormalmente altos (lucros) aos investidores, à custa do dinheiro pago pelos investidores que chegarem posteriormente, em vez da receita geradapor qualquer negócio real.”7 Por que é importante saber o que é uma pirâmide financeira? Por dois motivos: 1 – para o leitor nunca envolver-se em uma, ao longo da sua vida. Ele saberá identificar um esquema fraudulento no momento em que lhe for apresentado. Como as promessas de lucro são altas, esses esquemas são atrativos. Então, a pessoa ingênua (despreparada) acaba envolvendo-se sem nem perceber. 2 – para entender porque o sistema de aposentadoria brasileiro (os regimes previdenciários) são insustentáveis e estão fadados ao fracasso. No Capítulo VII – INVESTIMENTOS, o assunto sobre pirâmide financeira será retomado com mais detalhes. REGIMES DE PREVIDÊNCIA De forma muito direta, Previdência Social (PS) é o seguinte: se você trabalha e recebe renda, você paga uma parcela da sua renda para a PS. Essa PS irá arrecadar esse dinheiro e vai pagar: 7 Fonte: Wikipedia Fonte: www.inss.gov.br E quem vai receber essas aposentadorias e benefícios? As pessoas que cumprirem alguns requisitos determinados em lei. Não há necessidade de discutirmos todos os conceitos apresentados nas figuras acima. Eu quis apenas demonstrar todos os benefícios que o governo paga quando as pessoas cumprem esses requisitos. Infelizmente, isso faz com que as pessoas fiquem na dependência do governo, em vez de ir atrás de construir riqueza por conta própria, para que elas tenham uma velhice tranquila no futuro. E o que acontece quando a Previdência Social não tiver mais dinheiro? Aquelas pessoas que dependem desses benefícios irão morrer de fome. Agora vamos procurar entender porque a Previdência Social é muito parecido com uma pirâmide financeira descrita no início deste capítulo. Vamos começar por essa figura: O que o quadrante de 1970 quer dizer? Que a população ativa - aquela que trabalha - era bem maior que os aposentados: aqueles que não trabalham. Se estes não trabalham, como eles conseguem renda para sobreviver? Eles são sustentados pela Previdência Social, que por sua vez são sustentados pelos ativos, conforme o fluxo abaixo: Em 1970, esse sistema era sustentável porque existiam mais ativos do que aposentados. O que ocorre no quadrante de 1990? A mesma coisa, porém agora a quantidade de pessoas ativas diminuiu, concorda? Mas por que isso ocorreu? Porque menos pessoas nasceram. Os casais estão tendo cada vez menos filhos. Isso faz com que a quantidade de pessoas ativas diminua. Mas, em 1990, os aposentados permaneceram na mesma quantidade. Como AINDA os ativos são maiores que os aposentados, esse sistema é sustentável. O que acontece em 2020? A situação inverteu-se. Agora, os ativos estão em menor quantidade. O sistema pode continuar sustentável por um certo tempo porque a Previdência Social ainda possui um saldo dos anos anteriores (da década de 70-90). Mas, a partir de agora, o sistema torna-se deficitário: entra menos dinheiro do que sai. Exemplo: Arrecadação da PS = R$ 100 bilhões → arrecadados dos trabalhadores ativos Despesas da PS = R$ 150 bilhões → pagos aos aposentados Déficit da PS = R$ 50 bilhões De onde saiu esses R$ 50 bilhões de déficit? Do saldo que o fundo da Previdência Social juntou ao longo dos anos. Você consegue enxergar que se essa situação continuar, o dinheiro vai acabar? A fonte vai secar. O que acontece em 2030? A situação agrava-se. Menos pessoas nasceram, o que diminuiu os trabalhadores ativos, além de ter aumentado a quantidade de aposentados. Isso faz com que o déficit da PS aumente: Arrecadação do PS = R$ 80 bilhões → arrecadados dos trabalhadores ativos Despesas do PS= R$ 200 bilhões → pagos aos aposentados Déficit do PS = R$ 120 bilhões A fonte continua secando. Por que esse sistema de previdência se parece com uma pirâmide? 1 – Porque a base da pirâmide (os ativos) sustenta o topo (os aposentados); 2 – O que deve ocorrer para que a base continue sustentando o topo? Os ativos sempre terão que ser maior que os aposentados. Mas isso não está acontecendo. A pirâmide está invertendo-se: os aposentados estão crescendo (topo expandindo), enquanto os ativos estão diminuindo (base contraindo). Próximo passo é a queda da pirâmide; Fonte: IBGE 3 - O sistema só é sustentável se a base (trabalhadores ativos) continuar sustentando o topo da pirâmide (os aposentados). Sendo assim, se - por algum acaso - você escutar seus pais falando sobre Reforma da Previdência, ou no Jornal Nacional na televisão, saiba que é por causa do apresentado acima. De tempos em tempos, o governo faz reformas nesse sistema para tentar suavizar o rombo da previdência. Então, você pode escutar seus pais falarem coisas do tipo: “Eu ia aposentar com 65 anos, agora vou ter que trabalhar até os 72.” “Faltavam apenas 04 anos para eu aposentar; agora aumentou para 09.” E por que seus pais estarão preocupados com isso? Porque eles não acumularam patrimônio ao longo da vida. Eles não construíram riqueza pensando no futuro. Eles sempre contaram com a ideia de que na velhice, eles seriam sustentados pelo governo. E por que você - meu caro leitor - não vai precisar se preocupar com isso? Porque - após a leitura desse livro e contínuo aprendizado em Educação Financeira - você já estará preparado para focar nas coisas importantes: a) Nunca depender do governo; b) Trabalhar para ganhar dinheiro; c) Estudar, investir em você para ter sempre melhores condições de trabalho; d) Poupar para acumular patrimônio; e) Cuidar da sua saúde e da sua família; f) Praticar esportes; Ao longo da vida, quando as pessoas estiverem discutindo sobre reforma da previdência, o que você vai pensar? Você não pensará sobre isso, porque seu pensamento estará voltado para seu trabalho, sua família, sua construção de riqueza, seu acúmulo de patrimônio. Isso é que vai fazer você ter uma vida tranquila e bem sucedida. A previdência social no Brasil estipula um teto salarial e um teto de contribuição (dados de 2019): . Teto Salarial = R$ 5.839,00 . Teto de Contribuição = R$ 682,55 O que cada um quer dizer? O teto de contribuição é o máximo que cada trabalhador irá pagar mensalmente para o INSS. Se o seu salário é maior que o teto salarial, você irá pagar R$ 682,55, mensalmente. Ou seja, não importa se você recebe R$ 10.000,00 ou R$ 30.000,00 de salário mensal; se é acima do teto, você irá pagar R$ 682,55. A sua contribuição não é proporcional a quanto você ganha porque existe esse teto. O teto salarial é quanto os aposentados irão receber do governo quando estiverem inativos (aposentados). Então, quando o trabalhador aposentar, ele vai receber no máximo o teto salarial: R$ 5.839,00. Em suma, a previdência social no Brasil funciona da seguinte maneira8: Considerando um trabalhador que: . trabalhou ativamente por 35 anos: dos 25 aos 60 anos de idade; . viverá até os 77 anos (expectativa de vida no Brasil); . obteve um salário de R$ 10.000,00 ao longo da sua vida; . ele contribuiu com R$ 682,55/mês por 35 anos = R$ 286.440,009 . ele recebeu do governo, após sua aposentadoria, R$ 5.839,00/mês por 17 anos = R$ 1.191.156,00 Procure entender se essa conta fecha. Ele contribuiu com apenas R$ 286.440,00 e recebeu R$ 1.191,156,00. De onde veio essa diferença de R$ 904.716,00? Da base da pirâmide: das contribuições das pessoas que ainda estão na ativa. Como que um sistema desse pode ser sustentável se cada ano que passa existem mais inativos do que ativos? Esse é o resumo bem enxuto da previdência social no Brasil. O exemplo acima foi para um trabalhador que viva até os 77 anos de idade. Se ele por um acaso viver até os 90 (13 anos a mais), essa diferença seria absurdamente maior. É por isso, que você - meu caro leitor - vai construir o pensamento de nunca depender do governo, nunca se preocupar com aposentadoria, com previdência social e qualquer outro conceitorelacionado a isso que apareça para você ao longo da sua vida. 8 Referência: Dezembro 2019 9 Os cálculos aqui estão brutos. Esses valores não estão sendo considerados taxa de juros, inflação e correção monetária. Essa aproximação não influencia no entendimento da pirâmide financeira. O seu foco será no seu trabalho, para você ganhar dinheiro, poupar e construir sua própria riqueza. Será que diante do que foi apresentado neste capítulo você conseguiria responder a seguinte pergunta: Por que poupar? Se ainda não tem condições de respondê-la, vamos expandir nosso conhecimento sobre esse assunto no próximo capítulo. CAPÍTULO III – POR QUE POUPAR? “É fundamental que seja desenvolvida a percepção de que o dinheiro é uma consequência direta do trabalho, e o trabalho, por sua vez, uma consequência quase direta dos estudos.” Equipe Organizze Para explicar o assunto desse capítulo, que fala sobre a importância de poupar parte da sua renda mensal, eu irei recorrer ao seguinte artigo: FINANCIAL ADVICE FOR MY DAUGHTER 10 , do escritor Morgan Housel, colaborador do Collaborative Fund. Escrito em 04 de junho de 2019. Esse artigo foi traduzido do inglês para o português por mim em Setembro de 2019. Ao final, vou tecer alguns comentários sobre o tópico abordado. 10 O vídeo sobre esse artigo está disponível em: https://youtu.be/711iyzLsiRE https://www.youtube.com/watch?v=711iyzLsiRE CONSELHO FINANCEIRO PARA MINHA FILHA “Eu e minha esposa demos boas-vindas a minha filha ao mundo, ontem. Seu único trabalho, agora, é comer e dormir. Mas, um dia, quando ela precisar de conselho sobre finanças.....é isso que eu irei dizer a ela. É fácil de pensar que riqueza e pobreza é causada por escolhas que nós fazemos. Mas é mais fácil ainda subestimar o papel do acaso na nossa vida. A vida de todo mundo é o reflexo das experiências vividas e das pessoas que conheceram, que na sua maioria está fora do seu controle e são movidas pelo acaso. Nascer em famílias diferentes, com valores diferentes, em países diferentes, em gerações diferentes, e a sorte de quem você conhece ao longo do caminho tem um papel maior nos resultados do que as pessoas gostam de admitir. Eu quero que você acredite nos valores e nas recompensas do trabalho árduo. Mas que saiba que o sucesso não é somente por causa de muito trabalho, e nem toda pobreza é causada por preguiça. Tenha isso em mente quando for julgar alguém, incluindo você. O dividendo11 mais alto que se paga é fornecer a habilidade de controlar seu tempo. Ser capaz de fazer o que você quiser, quando você quiser, onde você quiser, com quem você quiser, pelo período que quiser. Isso gera um nível de felicidade maior do que qualquer coisa chique pode jamais oferecer. A excitação de ter alguma coisa chique passa rapidamente. Mas uma carreira com horas flexíveis e com trabalho perto da sua casa nunca vai ficar ultrapassado. Ter dinheiro guardado para te dar tempo e opções durante emergências nunca vai ficar ultrapassado. Poder se aposentar quando você estiver pronto nunca vai ficar ultrapassado. O objetivo final é independência. Mas independência não é preto no branco, tudo ou nada. Cada real que você poupa é como ter um pedaço do seu futuro; caso contrário esse pedaço será administrado por outra pessoa, independente das prioridades dessa pessoa. Seus pais vão trabalhar duro para te sustentar e abrir portas para você. Mas nós não vamos te mimar. Nós não estamos tentando ser maus. Mas ninguém pode aprender o valor de R$ 1 sem ter experimentado o poder de sua escassez. Aprender que você não pode ter tudo que você deseja é a única maneira de entender a diferença entre uma necessidade e um desejo. Isso vai te ensinar a fazer orçamento, a poupar e como dar valor ao que você já tem. Aprender a ser frugal12 com dignidade é uma habilidade de vida essencial que vai ser muito importante durante os inevitáveis sobe/desce da vida. Napoleão deu uma definição para o que seria um militar gênio. É uma pessoa que consegue fazer as coisas medianas, quando todo mundo ao seu redor está perdendo a cabeça. Gerenciar dinheiro é a mesma coisa. Você não precisa fazer coisas incríveis para conseguir coisas boas ao longo do tempo. Você só precisa constantemente não fazer besteira por longos períodos. Evitar erros catastróficos; o maior deles seria afundar-se em dívidas. Esse conselho é mais poderoso do que qualquer dica chique sobre finanças. Aprender a viver com menos é uma das alavancas financeiras mais poderosas, porque você tem mais controle sobre isso, em comparação com coisas como a sua renda ou a rentabilidade de seus investimentos. A pessoa que ganha R$ 50 mil, mas só precisa de R$ 40 mil para ser feliz é mais rico que a pessoa que ganha R$ 150 mil, mas precisa de R$ 150 mil para ser feliz. E o investidor que consegue 5% de rentabilidade, mas possui poucas despesas provavelmente estará melhor do que o investidor que consegue 7% de rentabilidade e precisa de cada centavo dela. 11 Dividendo: lucro de algum investimento. Imagine que você abriu uma padaria, juntamente com seu irmão. Cada um colocou 50% do capital inicial: você colocou R$ 100 mil e seu irmão, o mesmo montante. Todo mês a padaria dá um lucro líquido de R$ 2 mil. Então, R$ 1 mil vai para você e R$ 1 mil para seu irmão. 12 Verificar a nota de rodapé 18 no Capítulo IV. O quanto você ganha não determina o quanto você tem. E o quanto você tem não determina o quanto você precisa. Não tem problema você mudar de ideia. Quase ninguém tem a vida decidida aos 18 anos. Então, é tranquilo você se formar na faculdade e acabar não gostando do trabalho, ou que aquela graduação não era sua paixão. Está tudo bem se você iniciar em uma carreira e depois decidir que quer fazer outra coisa. E é natural admitir que seus valores e seus objetivos evoluíram. Perdoar você mesmo por mudar de ideia é um superpoder, especialmente quando você é novo. Tudo tem um preço. E eu não estou falando de preço financeiro, em dinheiro. O preço de uma carreira ocupada é tempo longe da família e de amigos. O preço de um retorno de mercado no longo prazo é incerteza e volatilidade. O preço de mimar crianças é a vida protegida delas. Tudo que vale a pena tem um preço, e a maioria desses preços está escondida. Eles geralmente valem a pena pagar, mas nunca ignore que eles são custos verdadeiros. Quando você aceitar isso, você vai ver que coisas como tempo, relacionamento, autonomia e criatividade são moedas tão valiosas como dinheiro. O verdadeiro sucesso é quando as pessoas que vc deseja que te amem, realmente te amem. E amor vem exageradamente de como você trata as pessoas, mais do que o nível de riqueza. O conselho sobre finanças mais importante que eu posso dar é que dinheiro não vai te dar o que você quer e o que todos querem. Nenhuma quantia de dinheiro pode compensar uma falta de caráter, honestidade e afeto verdadeiro perante os outros. O seu mundo será diferente que o meu, assim como o meu mundo é diferente do dos meus pais. Então, tudo bem se você rejeitar esse conselho. Todo mundo é diferente, e ninguém tem todas as respostas certas. Nunca pegue o conselho de alguém sem contextualiza-lo com seus próprios valores, objetivos e circunstâncias. Seu pais te amam. Seja bem vinda ao mundo. Por favor, nos deixe dormir!” Dinheiro não é tudo. Nunca torne-se escravo do dinheiro ou você nunca irá conquistar as coisas boas da vida. O dinheiro em si é apenas um meio para que a gente consiga controlar nosso tempo, independente de ninguém. É um meio para que a gente cuide da nossa família e consiga manter aqueles que a gente ama ao nosso redor. O dinheiro é um meio para conseguir liberdade. Liberdade de fazer o que quiser na hora que quiser, sempre respeitando o próximo. O dinheiro é um meio para conseguir tranquilidade na vida. Alcançar a paz. Poupehoje para não depender de ninguém, amanhã. CAPÍTULO IV – AS DIMENSÕES DO DINHEIRO “Se o dinheiro é o seu Deus, sua vida será um inferno.” Bastter Como as pessoas enxergam o dinheiro? Dinheiro é a coisa mais importante da vida? As pessoas que são ricas são mais felizes? As pessoas que são pobres são tristes? Será que o dinheiro compra felicidade? Não, dinheiro não compra felicidade; mas ele pode comprar tranquilidade, pode comprar paz. Porém, só se consegue comprar tranquilidade se você souber que esse é o objetivo do dinheiro e nada mais. O dinheiro em si não tem importância, a sua paz, sim. Pessoas que são obcecadas por dinheiro perdem o foco das coisas boas da vida: construir uma família, ter amigos verdadeiros, praticar esportes, manter-se saudável e viver em harmonia com as pessoas ao seu redor. A obsessão ao dinheiro desperta o lado ruim do ser humano: a arrogância, o desrespeito, a indisciplina, o interesse aos bens materiais de outras pessoas, a inveja. Mas o que seria essa paz que o dinheiro pode comprar? Paz é conseguir realizar compras online sem se preocupar com taxa de entrega; é evitar filas imensas em postos de gasolina que vendem combustível mais barato; é pagar o estacionamento coberto do shopping, sem cerimônia; é arcar com prejuízo de uma batida de um motoqueiro no seu carro, mesmo que tenha sido culpa dele, para evitar dor de cabeça. Muitas vezes a paz pode ser confundida com conforto. Mas o conforto possui níveis de luxo. Neste livro, iremos eliminar esses níveis. Não importa qual classe social você enquadre-se. Uma pessoa que tem um salário de R$ 2.000,00 pode ter paz da mesma forma que uma pessoa que ganha R$ 20.000,00, porém com confortos diferentes. Sendo assim, não estaremos discutindo aqui a classe social de cada um. Vamos apenas dividir as pessoas em dois tipos: a) aquelas que poupam, ou seja, gastam menos do que recebem; b) aquelas que não poupam. Em seguida, veremos a diferença entre riqueza e ostentação. Afinal de contas, quando alguém compra um carro luxuoso é porque essa pessoa gosta de carro e do conforto que ele proporciona ou é para mostrar para o próximo que ela é rica e possui muito dinheiro? Quando as pessoas postam foto no instagram de uma viagem em Paris é porque querem mostrar uma bela paisagem ou para que as outras pessoas saibam que ela tem dinheiro e condições de viajar para Europa? Por que, então, ela não posta foto quando vai para o interior do Ceará ou de Minas Gerais visitar um parente? É importante ser rico ou ostentar? Nenhuma dessas opções. O importante é ter PAZ. Então, agora reflita, como você enxerga o dinheiro? RIQUEZA X OSTENTAÇÃO “Quem tem 100 e deve 100, nada tem.” A imagem de uma pessoa rica é aquela que possui muitos bens materiais. Mora em uma casa grande (luxuosa), possui vários carros luxuosos, realiza bastantes viagens. Definitivamente, uma pessoa que possui essas condições deve ser rica. Porém, não é possível saber disso sem ter conhecimento da situação financeira daquela pessoa. Ela pode ter adquirido todos esses bens através de dívidas, o que a levaria a possuir um passivo enorme junto aos bancos e financeiras. Nesse caso, ela não seria rica, mas sim uma pessoa que possui muitos bens materiais a custo de dívidas. Uma pessoa rica é aquela que acumulou patrimônio substancial ao longo da vida. Para ter conseguido acumular esse patrimônio, essa pessoa seguiu a fórmula da riqueza: RIQUEZA = GASTAR MENOS DO QUE RECEBE Os ricos, com patrimônio acumulado, sempre viveram abaixo das suas condições. Eles não anteciparam consumo (contração de dívidas); eles simplesmente gastaram menos do que receberam, e com isso conseguiram acumular patrimônio. Esse patrimônio acumulado irá garantir uma renda no futuro, quando as pessoas estarão menos produtivas no trabalho e, consequentemente, receberão um salário menor. A ideia da tranquilidade financeira é essa: acumular patrimônio suficiente para que este gere uma renda passiva13 (juros, alugueis e dividendos) no futuro e a renda ativa - aquela proveniente do trabalho - não seja mais necessária. Porém, o senso comum não é acumular patrimônio para garantir a segurança da sua família. O que as pessoas gostam é de gastar e mostrar para os outros o quanto de dinheiro elas têm. Qual a graça de ter muito dinheiro se os outros não sabem? As pessoas estão mais acostumadas a preocupar-se com a vida dos outros do que com a sua própria. Elas ficam vendo notícias, fotos de um 13 O conceito de renda passiva será melhor explicado no capítulo VI. artista que comprou o carro do ano; ou está viajando para um local paradisíaco. Esse comportamento fútil cria o conceito da ostentação: “É o ato de, com muito excesso e orgulho, exibir realizações, posses e habilidades de si próprio, normalmente fazendo referência à necessidade de mostrar luxo ou riqueza. O objetivo normalmente é que o alvo sinta uma sensação de satisfação, admiração ou inveja.”14 A mídia gosta de mostrar a riqueza dos famosos; e o cidadão comum gosta de ficar acompanhando isso. Porém, o verdadeiro rico sabe que a riqueza dos outros não acrescenta em nada na vida dele; logo, ele não se preocupa com isso. Ele vai preocupar-se apenas com sua família, com seu trabalho, sua saúde, seu lazer. Veja se os grandes empresários, como Flávio Augusto e Jorge Paulo Lehmann15, ficam ostentando nas redes sociais. Eles não ficam mostrando seus carros, sua viagens, suas mansões. E por que não? Porque eles sabem que a riqueza deles só diz respeito a eles; ficar mostrando isso não irá acrescentar em nada na vida de ninguém. O que eles demonstram é o caminho para atingir sucesso. E tudo resume-se ao investimento na sua educação, capacitação, no seu trabalho e força de vontade. Ficar acompanhando a riqueza dos outros só vai fazer com que você desperte sentimentos ruins como inveja, senso de injustiça, complexo de mediocridade. E isso não vai te levar a lugar algum. Você deve focar no seu trabalho, na sua capacitação para sempre ter melhores condições de trabalho e sempre ganhar mais. Só assim você poderá construir um patrimônio para o futuro. “Pode apostar que muitos dos pais dos seus amigos que moram em bonitos apartamentos e andam em carros luxuosos estão totalmente endividados. Aquilo que eles exibem são bens que pertencem a bancos e financeiras. Os bens financiados produzem uma riqueza aparente que encobre a real situação da pessoa que é o endividamento. Se estas pessoas venderem todas as coisas que possuem, provavelmente, não terão dinheiro suficiente para quitar as dívidas. Isto é o que chamamos de viver de aparência.” 14 Fonte: Wikipedia 15 Flávio Augusto é o fundador da escola de inglês WISE UP, proprietário do time ORLANDO CITY SOCCER CLUB, com uma fortuna avaliada em aproximadamente R$ 1,2 bilhão. Jorge Paulo Lehmann é sócio do 3G Capital, conhecido por ser dono da cervejaria AMBEV entre várias outras empresas. Lehmann possui uma fortuna avaliada em R$ 22 bilhões. Trecho retirado do LIVRO NEGRO DO FINANCIMANETO DE IMÓVEIS, do autor Leandro Ávila (adaptado). DIMENSÃO 01: SALÁRIO (RENDA ATIVA) Vamos considerar que há 03 maneiras de enxergar o dinheiro; ele possui 03 dimensões. E como cada família enxerga o dinheiro irá determinar o estilo de vida que cada uma vai ter. A primeira dimensão é o salário. A partir daqui, você pode ser controlado ou descontrolado. A pessoa controlada irá partir para a dimensão seguinte, que será tratada adiante. O descontrolado está fadado a contrair dívidas a depender do seu nível de ostentação. Como a grande maioria das pessoas só enxerga esta dimensão do dinheiro, elas costumam definir a riqueza dos outros (e a sua) pela ostentação. Porém, enxergando apenas esse lado do dinheiro, você torna-se eternamente dependente do seu salário e/ou do governo (aposentadoria). E o que acontece quando vocênão puder trabalhar mais? Ou se o sistema previdenciário quebrar? Essa dependência traz uma necessidade maior de girar a roda na corrida dos ratos. “Corrida do ratos: termo usado para um exercício sem fim, auto-destrutivo ou inútil. Lembra a imagem dos esforços inúteis de um rato de laboratório tentando escapar correndo em uma roda ou em volta de um labirinto.” No nosso contexto, corrida dos ratos é a situação de um trabalhador que conta as horas para que o dia do pagamento chegue e o salário entre na conta-corrente do banco. Assim, ele pode pagar as despesas mensais e eventuais dívidas. É o trabalhador que não evolui; todo dinheiro que entra, sai. Não possui reservas para possíveis emergências. Se perder o emprego, sua vida vai desmoronar porque não possui nenhuma outra renda. É aquela pessoa totalmente dependente do salário. Sua vida resume-se a: As pessoas acreditam que um alto salário fará com que você nunca tenha problemas financeiros. Porém, tudo vai depender do seu (des-) controle. Se você vive abaixo dos seus meios, e poupa parte do que ganha, então você é capaz de construir uma reserva financeira de emergência. Caso contrário, mesmo que você possua uma casa luxuosa, o carro do ano, mas não poupa nada, você está descoberto. Sem proteção. Qualquer imprevisto financeiro que ocorrer, você não terá dinheiro para honrar e - provavelmente - terá que contrair dívidas para sair daquela situação ou vender algum bem (seu carro, por exemplo). Em suma, a corrida dos ratos não depende diretamente do montante do seu salário. Como cada emprego gera diferentes salários, isso faz com que haja vários modelos de corrida dos ratos. DIMENSÃO 02: CAPACIDADE DE POUPAR A fórmula da riqueza é gastar menos do que recebe; ou seja, poupar parte da sua renda. Quanto? Quanto você puder; quanto mais, melhor. Não há resposta correta para quantos % deve-se poupar mensalmente. O equilíbrio e o bom senso são importantes. A inflação16 não é um bom balizador, pois a inflação oficial brasileira divulgada pelas entidades financeiras muito provavelmente não é a sua realidade. E, na velhice, é natural que os custos com saúde e lazer tornem-se mais elevados. O conforto e a qualidade de vida que você deseja e irá construir ao longo da sua vida será mais elevada que a inflação, sendo assim - quando você não puder mais trabalhar ou estiver menos produtivo - você deverá ter patrimônio acumulado para poder manter esse padrão de vida. O quanto que você poupa hoje vai determinar o seu padrão de vida no futuro: você poderá mantê-lo ou terá que diminuir (abrir mão de conforto)? Sua capacidade de poupar também vai determinar se os juros vão trabalhar para você ou se você pagará juros aos bancos, através de empréstimos e financiamentos. Por algum motivo, as pessoas conseguem pagar um boleto de R$ 1.000,00 durante 48 meses (do financiamento de um carro, por exemplo); mas elas não conseguem depositar R$ 1.000,00 durante 48 meses na poupança, e comprar o carro à vista. Como se isso tivesse alguma diferença. A disciplina é a mesma. Mas as pessoas escolhem não acreditar nisso. Qual a diferença de ter um compromisso com você mesmo ou com o banco? Você cumprindo o compromisso com você, você vai terminar com mais patrimônio porque os juros vão estar a seu favor; se você escolher favorecer o banco, você vai ficar mais pobre; seu dinheiro vai servir para sustentar o banco. Esse é o senso comum. As pessoas passam a vida pagando dívidas, achando ser algo normal, simplesmente porque todo mundo faz. Esse é o primeiro passo para as famílias entrarem na corrida dos ratos: viver dependente do salário para sempre. Para fugir dessa corrida sem fim, há de se partir para a segunda dimensão de como enxergar o dinheiro: a poupança. A única maneira de acumular patrimônio, para gerar renda no futuro, é poupar parte do seu salário, no presente. Tendo isso em mente, você passa a focar nas coisas importantes: seu trabalho, sua educação, sua família, sua saúde. A vontade de mostrar às pessoas que você possui dinheiro, possui bens não vai mais existir. Deixe isso para aquelas pessoas presas na Dimensão 01. São pessoas que acham que o dinheiro é a coisa mais importante do mundo; e vivem para ele. Na verdade, dinheiro é apenas um meio de termos tranquilidade, paz. Para que a gente aproveite a vida com a nossa família com saúde. Essa mudança de foco fará que você organize-se para viver abaixo dos seus meios. Só irá adquirir bens que você consiga pagar à vista. Você não vai sustentar bancos. Os juros sempre estarão 16 Inflação: refere-se a um aumento contínuo e generalizado dos preços em uma economia. trabalhando para você. E com essa mentalidade, entra a importância da educação financeira. Quais serão os investimentos adequados para você? Esse é o assunto da próxima dimensão. DIMENSÃO 03: INVESTIMENTOS Por que estudar Educação Financeira? Dentre outros motivos, para aprender sobre investimentos. Por que investir? Para acumular patrimônio. A maioria responderia essa pergunta dizendo que investimentos é para ganhar dinheiro, para ganhar uma renda extra. Esse pensamento leva as pessoas a focarem em coisas erradas, mas isso será tratado melhor no último capítulo deste livro. Deve-se estudar educação financeira para aprender a escolher ativos de valor, visando o acúmulo de patrimônio. E esse patrimônio acumulado no futuro irá gerar uma renda de forma sustentável. A geração de renda consistente é o que definirá qual padrão de vida você poderá ter no futuro de forma tranquila e, principalmente, de maneira independente. A independência aqui significa que você não precisará de renda ativa (aquela proveniente do seu trabalho) ou de aposentadoria do governo. Para isso, tem-se que enxergar as três dimensões do dinheiro: 1) salário, 2) capacidade de poupar e 3) investimentos. Esse é o conceito de Tranquilidade Financeira. As três dimensões não são excludentes entre si, logo deve-se cuidar delas ao mesmo tempo, sempre. Cada uma que for desconsiderada trará consequências desagradáveis. O homem racional17 e frugal18 cuida da: . dimensão 01: para ter uma vida boa no presente; . dimensão 02 e 03: para não depender sempre da dimensão 01; . dimensão 03: para não depender dos outros (bancos, fundos, gestores financeiros) para administrar seu próprio dinheiro. Se você estudar, ninguém cuidará do seu dinheiro melhor do que você. OBS: @MIDASRJ, usuário da bastter.com, contribuiu para esse capítulo. 17 Homem racional: é o ser que pensa, raciocina segundo a razão. É capaz de refletir, emitir juízos, dominar e modificar a natureza através de suas conquistas técnico-científicas bem como elaborar conceitos e ideias. A posse e o uso da razão o diferencia dos outros animais. 18 Homem frugal: aquele que é comedido, simples e modesto. Alguém que poupa alguma coisa, uma pessoa prudente e econômica no uso dos recursos consumíveis, como, comida, dinheiro, água, luz, evitando o desperdício, o esbanjamento e a extravagância. CAPÍTULO V - AS ARMADILHAS DE CONTRAIR DÍVIDAS “Na prática, dívida significa: antecipar uma compra que você não pode fazer no presente em troca de um empobrecimento no futuro.” Leandro Ávila Premissa: as dívidas tratadas aqui neste capítulo referem-se àquelas contraídas por pessoas físicas, tais como: . financiamento da casa própria (imóveis); . financiamento de carro; . empréstimo bancário para reforma da casa; . empréstimo bancário para viajar de férias; . cheque especial; . rotativo do cartão de crédito; . empréstimos consignados na folha de pagamento; . outros tipos de empréstimo pessoa física. As dívidas tratadas aqui não fazem referência a dívidas de pessoa jurídica (empresas), seja para projeto de expansão do negócio ou empréstimos para abertura de novos negócios. POR QUE AS PESSOAS CONTRAEM DÍVIDAS? Para antecipar consumo.Dívida é simplesmente para você consumir algo que você não tem capacidade de comprar à vista naquele exato momento. E por que todos fazem isso? Porque isso é o senso comum. Tudo está voltado para que você tenha dívidas. Mas por quê? Porque quem ganha com isso são o governo e os bancos. Eles querem que você sustente o sistema: sustente os bancos, além do governo. Mas como assim? Por que eles ganham com essas dívidas contraídas pelas pessoas? Bancos: ganham porque você paga juros e taxas; Governo: ganha porque você paga imposto, assim com os bancos pagam impostos do lucro auferido pelos juros recebidos. Então, o governo e os bancos não têm interesse em difundir Educação Financeira - de verdade - para que você não faça dívidas. Eles não querem difundir Educação Financeira para que você acumule riqueza de forma independente, sem precisar de terceiros. Se eles fizerem algo do tipo, a população passará a deixar de sustentar o sistema. Então, tenha em mente que, se houver alguma campanha de Educação Financeira promovida por bancos ou pelo governo, saiba que - de uma forma ou de outra - eles indicarão algo para você continuar sustentando o sistema, pagando impostos e taxas de forma desnecessária. Vamos ver como tudo está voltado para a contração de dívidas. Quando você for ao banco com seus pais, observe os banners (cartazes), as propagandas que existem ao redor do banco: financiamento da casa própria / as melhores taxas para o seu carro novo / consórcio: o sonho da casa própria / baixa de juros no rotativo do cartão de crédito. São “atrações” para você sustentar o sistema. Se o banco está oferecendo algo a você, então não serve para você; serve para o banco. Vá a algum banco e veja se tem um cartaz assim: APLIQUE APENAS R$1.000,00 NO TESOURO SELIC E COMPRE SEU CARRO À VISTA EM 4 ANOS Por que não existe esse tipo de propaganda? Por dois motivos: a) nessa situação, o banco não ganha nada; b) ninguém quer comprar o carro daqui a 4 anos, as pessoas querem comprar agora. Como isso é algo que todo mundo faz, as pessoas acham normal e não enxergam o quanto a dívida é prejudicial para o seu patrimônio. Elas acham que se a parcela da dívida couber no orçamento, então está tudo bem. Isso é ter uma visão muito falha sobre patrimônio, riqueza, controle de risco e tranquilidade financeira. No momento que eu escrevia esse livro, eu recebi a seguinte mensagem pelo celular, enviada pelo banco em que eu possuo conta: E depois eu percebi que eu recebo essa mensagem todo mês, por volta do dia 08 de cada mês. Mesmo sem NUNCA ter parcelado fatura do cartão de crédito, o banco me envia essa mensagem; querendo que eu parcele. Mas por que o banco quer que eu parcele a fatura do cartão? Que tipo de empresa não gostaria de receber pagamentos à vista? Ter dinheiro disponível de imediato? O único tipo de empresa que gostaria de não receber pagamentos à vista são justamente os bancos. Porque eles ganham dinheiro com os juros do cartão de crédito. Então, é claro, eles vão fazer de tudo para que eu parcele a fatura do cartão, para que eu pague juros: enquanto eu sustento o sistema, eles ficam ricos. Você será bombardeado de todos os lados para que você contraia dívidas: mensagens de sms, WhatsApp, redes sociais, televisão, youtube, rádio. Em todos os lugares, por todas as pessoas e instituições: bancos, financeiras, cooperativas de crédito, agiotas, empresas de fachada, etc. Quando você contrai uma dívida, você paga pelo bem (carro, imóvel, etc) e juros. Porém, o montante que se paga de juros, no geral, é maior do que pelo montante pago pelo bem. É muito normal o bem valer X e você pagar 2X no final, a depender do prazo do financiamento. Bem = X Juros = X TOTAL pago pelo bem = 2X Vamos para um exemplo real de um financiamento de carro: Valor do Carro 0km = R$ 90.000 Valor do Carro dado como entrada (o seu usado) = R$ 40.000 Valor das Parcelas (48x) = R$ 1.391,55 O Custo Efetivo Total (CET)19 do financiamento fica conforme abaixo: 19 Simulação realizada em www.icarros.com.br Ou seja, um bem que vale R$ 90.000,00 estará saindo por R$ 106.794,55. O montante de juros que você está dando ao banco é de R$ 16.794,55. Você estará pagando 18% mais caro por esse carro. As pessoas indisciplinadas financeiramente fazem isso a cada 3, 4 anos. Ficam sustentando bancos, em vez de poupar para comprar os bens à vista, sem pagamento de juros. O prazo desse financiamento foi de apenas 04 anos: é um prazo curto. No Capítulo VII, iremos ver a simulação do financiamento de uma casa, em que as pessoas fazem por 30 anos. Você verá que é muito mais prejudicial por causa do fator mais importante: TEMPO. Quanto maior o prazo do seu financiamento, mais juros você paga. Como você vai acumular patrimônio ao longo da vida se você está pagando muito mais pelos bens que você adquire? Não tem como. Você tem que fugir dos juros. Há algumas situações em que a contração de dívidas é aceitável, possui um sentido. Vamos citá-las em seguida. Porém, independente de qual tipo de dívida você contrair, você fará a mesma coisa: irá antecipar as parcelas da dívida o máximo que você puder. 1 - Casa Própria . é impossível definir o que é melhor: morar de aluguel ou na sua casa própria; como a maioria das pessoas não possui dinheiro para comprar uma casa à vista, então financeiramente falando, morar de aluguel - com certeza - é melhor. Porém, essa decisão de moradia não é apenas financeira. Vários outros fatores entram na conta. Em geral, é inútil ficar discutindo o que é melhor. Mas saiba uma coisa: se sua família decidiu morar na casa própria e - para isso - resolveu fazer um financiamento, então agora uma decisão é muito simples: todo dinheiro que sobrar no mês será para antecipar as parcelas do financiamento20. 2 - Aquisição de Carro para Trabalho . se você precisa de carro para trabalhar, então você não tem escolha, pois o recebimento de renda é o que vai sustentar sua família. Logo, a dívida é aceitável. Ressalta-se que 20 Considera-se que a família já possui uma Reserva de Emergência (RE). Com a RE feita, o resto que for poupado todo mês deve ser designado para a antecipação de parcelas da dívida. RE é um montante guardado para imprevistos que possam ocorrer: batida de carro, cirurgia de última hora, desemprego, etc. A RE deve ser de 6 a 12 vezes a despesa mensal da família. necessidade de carro é se o uso do carro é inerente ao seu trabalho: táxi, motorista de aplicativo, entregador de encomendas, etc. O uso do carro para mero deslocamento por questão de conforto não é justificativa para a contração de dívidas. Nesse caso, você deveria ser capaz de comprar o bem à vista para poder usa-lo apenas por conforto. 3 - Aquisição de Carro por questões de segurança . Sua segurança e da sua família não tem preço. Seu bairro pode ser muito perigoso, transporte público pode não chegar, etc. Porém, avalie a situação de morar em outro lugar. 4 - Questão de vida ou morte . Emergência familiar com saúde. Se você já gastou tudo que você tem, mas ainda precisa de dinheiro para o tratamento de câncer de seu familiar. Infelizmente, diante dessa situação, dívidas terão que ser feitas. Não há absolutamente nenhum outro motivo para a contração de dívidas. E, independente, de qual delas você contraiu, a sua conduta será a mesma: tudo que sobrar no mês será usado para antecipar as últimas parcelas do seu financiamento. Por que os bancos são tão ricos? No nosso exemplo do financiamento do carro, os juros cobrado são de 12,42% a.a. Essa simulação foi feita na época em que a Taxa Selic estava a 4,5% a.a. Ou seja, de uma forma geral, você empresta seu dinheiro ao banco esperando receber 4,5% de juros: isso ocorre quando você faz uma aplicação na poupança do seu banco; enquanto o banco empresta ao compradordo carro esse mesmo dinheiro esperando receber 12,42%. Essa diferença nos juros de 7,92% (12,42% - 4,5%) é o que chamamos de spread bancário. E, aqui no Brasil, esse spread é um dos maiores do mundo. Por isso, que os bancos brasileiros são os mais rentáveis do mundo. O banco pega dinheiro emprestado pagando 4,5% ao credor. O comprador pega dinheiro emprestado pagando 12,42% ao banco. O banco lucra 7,92% em cima desse dinheiro. TIO PATINHAS FEELINGS CAPÍTULO VI - O QUE É INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA “Não é arriscando mais que se ganha mais. Ganhar mais é que permite você arriscar mais.” Bastter A definição mais direta do que seria independência financeira é: fase da sua vida em que você não precisa mais da sua renda ativa21 para viver. Viver aqui inclui arcar com as despesas da sua subsistência, realizar as viagens que você deseja, poder fazer viagens de última hora, trocar de carro com mais frequência (caso você queira), presentear sua esposa e filhos quando quiser e reaplicar ainda parte da sua renda passiva22. Despesas da sua subsistência: comida, saúde (remédios, plano de saúde, dentista), despesas da casa (água, energia, diarista, aluguel, IPTU). Uma das etapas da independência financeira é quando o seu patrimônio acumulado lhe proporcionar uma renda passiva para cobrir essas despesas. Realizar viagens que você deseja: basicamente é a programação de férias. Poder se programar conforme o que você quiser. Escolher um local e a quantidade de dias. Não precisar “economizar” na hospedagem, comida e passeios; poder escolher o hotel que quiser, comer nos restaurantes que achar interessante, realizar os passeios que desejar. Viagens de última hora: coisas de “última hora” encontram dois obstáculos: tempo e dinheiro. A falta de tempo está ligada a compromissos, sejam eles profissionais ou pessoais. Dinheiro está ligado ao custo, propriamente dito. Às vezes você tem a disponibilidade para ir, mas não possui o dinheiro. E vice-versa. A independência financeira vai te permitir ter o tempo, pois você será “o dono do seu próprio nariz” e vai te permitir ter o dinheiro também, já que você também terá liberdade financeira. 21 Renda Ativa: aquela renda proveniente do seu trabalho, seja você um médico, advogado, pedreiro, funcionário público, comerciante, empresário, etc. 22 Renda Passiva: renda proveniente do seu patrimônio, dos seus ativos financeiros. Um imóvel alugado fornecerá a renda do aluguel. Ações na bolsa de valores fornecerão a renda dos dividendos. Títulos de renda fixa fornecerão a renda dos juros. O valor de um ativo é medido pela capacidade dele fornecer renda passiva consistentemente ao longo do tempo. Trocar de carro com mais frequência: a posse de um carro ultrapassa, na maioria das vezes, a mera necessidade de um meio de deslocamento seguro. Ter um carro (luxuoso) é sinal de status social, é uma maneira de mostrar aos outros que você possui dinheiro23. Mas considerando que um prazo razoável de troca de carro seria cinco anos - por causa da depreciação do bem -, pode ocorrer de você não conseguir trocar em 5 anos pelo custo envolvido. E, mesmo querendo trocar em 5 anos, você só consiga em 8 ou 10 anos. A liberdade financeira pode permitir que você troque seu carro em menos tempo. Não que isso seja necessário, mas é apenas um exemplo. Presentear esposa e filhos quando quiser: senso comum é você receber presentes nas datas comemorativas: aniversário, natal, dia dos pais/mães, etc. E presente é algo que custa dinheiro. Às vezes, a pessoa não tem dinheiro para determinado presente, mas não quer criar um clima ruim na família e compra mesmo assim: faz uma dívida, deixa de pagar alguma despesa da casa ou deixa de comprar coisas mais importantes como comida ou remédio. Reaplicar parte da sua renda passiva: esse item é importante para evitar que você gaste toda sua riqueza e acabe sem nada. Se quando você atingir a independência financeira, e suas despesas aumentarem consideravelmente, no sentido de que você gasta toda sua renda passiva, então a chance de você começar a dilapidar seu patrimônio é grande. A reaplicação de parte da renda passiva é importante para manter seu patrimônio intacto. Assim, você, de fato, terá mais chances de ter tranquilidade para o resto da vida. E aí, surge a pergunta que não quer calar: Quando eu vou atingir a independência financeira? E mais……”quanto eu tenho que poupar para eu atingir a independência financeira?”. Essa é a dúvida de todo mundo. E, por muitas vezes, as pessoas apenas vão ao meu curso presencial esperando que eu dê essa resposta. Mas sinto informar que essas perguntas não possuem respostas exatas. Por um motivo muito simples: eu não prevejo o futuro. E, acredito, que nenhum homem tem esse dom. Mas haverá especialistas, youtubers, palestrantes que vão passar a ideia que eles conseguem prever o futuro e que você também consegue. Basta você colocar no youtube ou google algo do tipo: Melhores Investimentos Para 2020 Quais Ações Ter em 2020 23 Esse assunto foi melhor tratado no Capítulo IV – AS DIMENSÕES DO DINHEIRO, no subtópico Riqueza X Ostentação. Ações Pagadoras de Dividendos Para 2020 O Futuro Da Economia Atingindo o Primeiro 1 Milhão Em geral, esses vídeos não agregam em nada, apenas passam ilusões. É pura futurologia. É impossível prever como uma empresa ou ação irá se comportar nos próximos dias, semanas, meses ou anos. Análise de ações para você ser sócio, visando construção de patrimônio no longo prazo, não é feito observando dividendos pagos, seja no passado ou no futuro. Cada vez que você vai estudando e tornando-se mais experiente, naturalmente você perceberá que as notícias - a mídia, em geral - não vão ajuda-lo em nada. Seja em relação aos seu investimentos ou a sua vida profissional. As pessoas gostam de estipular metas ilusórias na vida, tais como: ter R$ 5 milhões quando completar 40 anos. Isso é algo extremamente improdutivo e sem sentido. São tantas variáveis envolvidas no atingimento dessa meta que pensar nisso beira o absurdo. Colocar uma meta desse tipo faz você: 1 - prever nos próximos 15 anos (exemplo): . taxa de juros . inflação . taxa de retorno dos seus investimentos . sua taxa de poupança (seu aporte: o quanto você poupa por mês) 2 - considerar que você não terá nenhum imprevisto ou emergência; 3 - mesmo que você atinja R$ 5 milhões quando completar 40 anos de idade, esse montante pode não ser suficiente. Se você criou um padrão de vida muito alto, pode ser que a renda passiva proveniente desses R$ 5 milhões não sejam suficientes para mantê-lo. E, na verdade, você teria que ter juntado R$ 10 milhões. Ou seja, não adianta focar no resultado, que seriam os R$ 5 milhões do exemplo acima. O foco deve estar no processo de acúmulo de patrimônio, que é algo muito simples: APORTE + TEMPO + VALOR. Poupe o máximo que você puder (APORTE). Permaneça nos investimentos o máximo que você puder (TEMPO). E estude para aprender o que são ativos financeiros de valor. Você fazendo isso, naturalmente, você estará colocando todas as chances ao seu favor para o atingimento da independência financeira. E quando isso vai ocorrer? Impossível dizer. Vamos a leitura do artigo abaixo: PSICOLOGIA DO DINHEIRO24 “Deixe-me contar a história de dois investidores que não se conheciam entre si. Mas seus caminhos se cruzaram de uma maneira interessante. Grace Gorner ficou órfã aos 12 anos. Ela nunca se casou. Ela nunca teve filhos. Ela nunca dirigiu um carro. Ela viveu grande parte da sua vida sozinha em uma casa de 1 quarto e trabalhou sua vida inteira como secretária. Todos a consideravam uma mulher adorável. Mas ela viveu uma vida humilde. O que fez com que os 7 milhões de dólares que ela deixou para caridade quando morreu aos 100 anos de idade ainda mais confuso. Pessoas que a conheciamperguntaram: Onde Grace conseguiu todo esse dinheiro? Mas não havia nenhum segredo. Não havia herança. Grace fazia pequenas poupanças de um escasso salário e aproveitou 80 anos de juros compostos no mercado de ações. Era isso. Semanas depois da morte de Grace, uma outra história não-relacionada sobre investimentos apareceu nos jornais. Richard Fuscone, ex vice-presidente da divisão na América Latina do banco Merril Lynch, decretou falência de sua fortuna pessoal, tendo hipotecas de suas duas casas sendo executadas. Uma delas de quase 20 mil metros quadrados e uma parcela mensal de 66 mil dólares mensais. 24 Escrito por Morgan Housel em 2018. Traduzido por mim em Novembro de 2019. Fuscone era o oposto de Grace Gorner; formado em Harvard e na Universidade de Chicago, ele foi tão bem-sucedido no universo dos investimentos que ele aposentou-se aos 40 anos com a ideia de ter uma “busca pessoal e interesses em fazer trabalhos de caridade”. Mas empréstimos pesados e investimentos sem liquidez o finalizaram. No mesmo ano, Grace Gorner deixou uma verdadeira fortuna para caridade. Richard ficou em frente a um juiz de falência e disse: “Eu fui devastado pela crise financeira. A única fonte de liquidez que tenho são as coisas que minha mulher puder vender em termos de mobília da casa.” O propósito dessas histórias não é dizer que vc deva ser como Grace e evitar ser como Richard. É apenas apontar que não há nenhuma outra área em que essas duas histórias sejam possíveis. Em qual campo, uma pessoa sem formação, sem experiência relevante, sem recursos, e sem conexões consegue superar vastamente alguém que teve o melhor ensino, as mais relevantes experiências, os melhores recursos e as melhores conexões? Nunca haverá uma história de uma Grace Gorner fazendo cirurgia cardíaca melhor que um cardiologista formado em Harvard. Ou fabricando um chip mais rápido que os engenheiros da Apple. Isso é impensável. Mas essas histórias acontecem nos investimentos. Isso acontece porque investir não é estudar finanças. Investir é o estudo de como as pessoas se comportam com dinheiro. E comportamento é difícil de ensinar, mesmo para pessoas muito espertas. Você não pode resumir comportamento com fórmulas para memorizar ou modelos matemáticos para seguir. Comportamento é algo inato, varia de pessoa para pessoa, é difícil mensurar, muda ao longo do tempo, e as pessoas costumam negar sua existência, especialmente quando vão descrever elas mesmas. Grace e Richard mostraram que gerenciar dinheiro não é exatamente sobre o que vc sabe, mas sim como vc se comporta. Mas não é assim que finanças é usualmente ensinada ou discutida. A indústria financeira fala muito sobre o que fazer, e não fala o suficiente sobre o que acontece na sua cabeça quando vc tenta fazer.” Por que eu decidi colocar esse artigo aqui nesse capítulo? Porque ele demonstra que pessoas comuns com baixo salário, baixa escolaridade, podem construir grandes riquezas através do mercado de capitais. E, para isso, você precisa fazer o quê? Poupar. Constantemente…todo mês…você precisa poupar e realizar seu aporte em ações de boas empresas. O artigo ainda demonstra que pessoas com ótima formação acadêmica, muito ricas, podem ir à falência. Tudo está relacionado a como você comporta-se com o dinheiro. Uma das personagens do artigo (Sra. Grace Gorner) não tinha metas de ter tantos dólares no ano 199X. Ela simplesmente foi comprando ações aos poucos. Naturalmente, ela acumulou uma riqueza imensa ao longo da vida. O Morgan Housel fala no artigo: “investir não é estudar finanças . Investir é o estudo de como as pessoas se comportam com dinheiro.” E é exatamente isso. Como as pessoas se comportam com dinheiro? Elas procuram rentabilidade, achando que conseguem prever futuro. Elas procuram exercer lucro, achando que a bolsa de valores foi feita para fazer dinheiro e fogem do plano de acúmulo de patrimônio. Elas ficam procurando ações baratas, na ilusão e na pretensão que conseguem encontrar empresas subvalorizadas. Elas ficam seguindo notícias, achando que os especialistas do mercado vão ajuda-las a ficar rico. Elas acham que bolsa de valores foi criada para sustentar a classe média, fornecendo um salário mensal para os operadores. Esse comportamento das pessoas perante os investimentos é o que faz com que elas nunca cheguem na tranquilidade financeira. Porque ficam se preocupando com coisas que não interessam, que as pessoas não controlam: rentabilidade, lucro e preço. Enquanto a gente precisa focar em aporte, tempo e valor. Coisas que a gente controla. Não é foco desta obra aprofundar-se na filosofia de investimentos. Alguns termos apresentados aqui serão melhor tratados na continuação desse livro, o Volume II. CAPÍTULO VII – INVESTIMENTOS: NOÇÕES BÁSICAS “Investir em conhecimento rende sempre os melhores juros.” Benjamin Franklin Conforme já visto, os investimentos possuem o objetivo de acumular patrimônio. Para isso, deve- se explorar os juros compostos que determinada aplicação proporciona. É o famoso “fazer com que os juros trabalhem para você”. A fórmula dos juros compostos é: JUROS COMPOSTOS = APORTE*(1+TAXA)^tempo A fórmula apresenta que o tempo é exponencial. Ou seja, ele acaba tornando-se o fator mais importante na explosão dos juros compostos. Por isso, o foco para acúmulo de patrimônio deve ser sempre o longo prazo. A explosão dos juros compostos acontece, mas ela demora. Seguem alguns exemplos: ITAÚ → Tempo para explosão: 18 anos AMAZON → Tempo para explosão: 18 anos Os investimentos, em linhas gerais, podem ser divididos em duas categorias: Renda Fixa e Renda Variável. Neste livro, não serão abordados os tipos de cada investimento; porém, serão explicados os conceitos de Renda Fixa e Variável, além dos seus objetivos dentro da filosofia da Tranquilidade Financeira. Vamos aprender porque na Renda Fixa os juros compostos não explodem de forma eficiente. Assim, a bolsa de valores torna-se a ferramenta financeira mais poderosa para o acúmulo do patrimônio. Justamente, porque nela - através dos investimentos em ações - os juros compostos explodem, de verdade. O que é renda fixa? Renda Fixa é você emprestar dinheiro para alguém e esperar receber juros em troca. Você pode emprestar seu dinheiro para: . o Governo Federal, através do Tesouro Direto; . os bancos, através da Poupança, CDB, LCI, LCA e outras aplicações de renda fixa; . as empresas, através das Debêntures. Todas essas aplicações citadas acima possuem algo em comum: você empresta dinheiro a essas entidades e espera receber juros em troca. Para explicar o conceito de Renda Fixa, primeiramente vamos entender o que é a Renda Variável. IMÓVEL → Renda Variável Imagine que você possua um apartamento no valor de R$ 200 mil. E ele está alugado, gerando uma renda anual de R$ 10 mil. Nesse formato, surge a seguinte pergunta: . Em 10 anos, esse apartamento estará valendo quanto? Mais que R$ 200 mil ou menos? Vamos considerar que após 10 anos, ele estará valendo R$ 300 mil. Em seguida, vamos explicar o porquê. . Em 20 anos, esse apartamento estará valendo quanto? Mais que R$ 300 mil ou menos? Vamos considerar que estará valendo R$ 500 mil. Em seguida, vamos explicar o porquê. Em suma, temos a seguinte situação: Historicamente, a tendência é que o valor dos imóveis acompanhem a inflação. Em algum momento, durante alguns anos, pode ocorrer dele valorizar menos que a inflação ou até desvalorizar. Em 10 anos, ele pode estar valendo R$ 150 mil (desvalorização de R$ 50 mil)? Pode. Ao longo dos 10 anos, ele pode chegar a valer R$ 150 mil e depois subir para R$ 300 mil? Pode. Após 10 anos, é mais provável que ele esteja com um valor superior a R$ 200 mil porque a tendência é que o imóvel acompanhe, pelo menos, a inflação. Após
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