Buscar

Aula 02 - Filosofia

Prévia do material em texto

Resumo da aula Filosofia 
Aula02 - A origem da Filosofia Ocidental 
 
➢ O pensamento mítico 
Cosmogonia: tentativa de explicar a realidade através dos mitos (mythos). Narrava a origem 
da natureza por meio de genealogias divinas: as forças e os seres naturais estavam 
personificados e simbolizados pelos deuses, titãs e heróis, cujas relações dava origem às coisas, 
aos homens, às estações do ano, ao dia e à noite, às colheitas, à sociedade, etc. (“pensamento 
mítico”); 
Mythos: tipo especial de discurso fictício ou imaginário, sendo por vezes até uma “mentira” 
(narrativas míticas). 
 
➢ Do pensamento mítico para o filosófico 
• O pensamento mítico é parte de uma tradição cultural (visão de mundo dos indivíduos, 
de um povo); 
• Pressupõe adesão e aceitação, na medida em que constitui formas de experiência do 
real. 
• Não se justifica. Não se fundamenta. Nem sem questiona. 
• Elementos centrais: apelo ao sobrenatural, ao mistério, ao sagrado, à magia. 
• Realidade exterior ao mundo humano e natural. 
• O pensamento filosófico nasce de uma insatisfação com o pensamento mítico. 
• O pensamento filosófico não tem simplesmente a intenção de contrapor os mitos 
gregos, mas sim propor uma explicação racional da realidade; 
• Surge por volta do século VI a. C., nas colônias gregas do Mediterrâneo Oriental, no 
mar Jônico (Ex.: Mileto e Éfeso). 
• Busca um conhecimento racional, lógico e sistemático da realidade natural e humana 
(reflexão sobre a natureza humana); 
• Busca a origem (arqué) e causas do mundo e suas transformações; 
• Busca a origem e causas das ações humanas (comportamento: a Ética); 
• Busca a origem do pensamento. 
 
➢ Os primeiros filósofos: os pré-socráticos 
• Escola jônica: Ligação com a natureza (physis: natureza). Buscam uma explicação do 
mundo natural; 
• A chave de explicação do mundo estaria no próprio mundo; 
• Confiavam em uma interpretação racional e materialista do universo (cosmo); 
• Negavam a cosmogonia (explicação por meio dos mitos) e buscam construir a 
cosmologia (explicação por meio da razão); 
• Buscam o arqué (origem) das coisas; 
• Não é propriamente um pensamento racional- científico. Ainda ligados a mitologia. 
• O mito não desaparece por completo, mas perde sua função básica de explicação da 
realidade. 
• Passa a ser tão somente parte da tradição cultural do povo grego. 
• De qualquer forma, tem início uma progressiva secularização da sociedade grega. 
 
➢ Os primeiros filósofos: os pré-socráticos: Tales de Mileto 
• Tales de Mileto (624-546 a. C.): matemático, engenheiro, astrônomo; 
• Defendia que a origem do universo não possuía causas sobrenaturais, mas causas 
naturais que podem ser encontradas através do estudo racional; 
• Para ele, existe um arché, um elemento essencial a partir do qual a physis (natureza) é 
formada; 
• Esse elemento é a água. Esta permanece basicamente a mesma apesar de assumir 
diferentes estados (“Tudo é água”). 
 
➢ Os primeiros filósofos: os pré-socrático: Anaximandro (610-546 a. C.) 
• Acredita na existência de um elemento básico a partir do qual a physis é constituída; 
• Para ele, o mundo tem origem no apeiron, uma substância indeterminada e infinita, que 
vai se diferenciando progressivamente. 
 
➢ Os primeiros filósofos: os pré-socráticos: Anaxímenes (585-528 a. C.) 
• Assim como os demais filósofos da Escola de Mileto, compreende que existe um 
elemento fundamental através do qual a physis é formada; 
• Para ele, esse elemento que anima todas as coisas é o ar. 
 
➢ Os primeiros filósofos: os pré-socráticos: Heráclito (535-475 a. C.) 
• Inicia o estudo do ser (ontologia); 
• Considera que o elemento essencial da physis é o fogo. 
• Sua principal contribuição é a afirmação de que tudo está em constante movimento 
(“teoria do eterno fluxo”); 
• Para ele, a realidade é um fluxo constante, impulsionado pela luta dos contrários: bem-
mal, belo-feio, alegria-tristeza, justiça-injustiça. 
• “A vida é um rio”: “ninguém entra duas vezes no mesmo rio”. 
 
➢ Os primeiros filósofos: os pré-socráticos: Parmênides (515-445 a. C.) 
• “O ser é o não ser não é”; 
• Rejeita a ideia de movimento constante defendida por Heráclito; 
• Para ele, o “ser” é estático; 
• Considera que a realidade é permanente, pois o “ser” não pode se transformar em um 
“não ser”. 
• “Ser”= Ser; “Não Ser”= “Não Ser”; “Ser” x “Não Ser”. 
• Ideia de não contradição. 
 
➢ Os Sofistas 
• Filósofos? 
• “Sábios” viajantes que cobravam para defender determinadas ideias e ensinar 
determinadas habilidades; 
• Relativismo e subjetivismo: verdade relativa, subjetiva, consensual; 
• Apego pela mera opinião (opinião x verdade); 
• Contemporâneos de Sócrates, que faz oposição aos sofistas; 
• Os sofistas desenvolveram especialmente a retórica, a eloquência e a gramática. 
• Górgias (485-380 a. C.): 
• Ceticismo absoluto: O “ser” não existe. Se existe, não poderia ser conhecido. Se 
conhecido, não poderia ser compartilhado. Dúvida permanente e de tudo. 
• A “verdade” depende da oratória e da argumentação. 
• Protágoras (480-415 a. C.): 
• “O homem é a medida de todas as coisas[...]”: é o homem que diz o que é o que não é. 
Cada um tem sua própria verdade. Por exemplo: noção de temperatura. 
 
➢ Sócrates: vida e “obra” 
• Viveu entre 469-399 a. C.; 
• Presume-se que era filho de Sofroniscus, um escultor e artesão, e de Fainarete, uma 
parteira; 
• Além de Platão, Xenofonte e Aristófanes escreveram a seu respeito; 
• Este último, p.ex., escreveu uma peça de teatro (“As nuvens”) onde compara Sócrates 
aos sofistas e o acusa de exercer “influência nefasta” sobre a sociedade grega. 
 
➢ Sócrates e os sofistas (I) 
• Inaugura a filosofia clássica rompendo com a preocupação quase que exclusivamente 
centrada na formulação de doutrinas sobre a realidade natural que encontramos nos 
filósofos pré-socráticos; 
• Retoma a problemática ético-política na filosofia; 
• Surge em oposição aos sofistas. Critica o relativismo e o subjetivismo destes; 
• Para Sócrates, a verdade existe, ela deve ser conhecida e existe um método para se 
chegar a ela; 
• Sua principal contribuição foi a criação do método dialético (ou socrático), que se 
baseia no diálogo crítico (“método de análise conceitual”: “o que é?”). 
 
➢ Sócrates e os sofistas (II): o “método socrático” 
• O diálogo desenvolve-se em duas fases: (1) a ironia; e (2) maiêutica: 
• Na primeira (“ironia”), o filósofo interroga seus interlocutores, evidencia as 
contradições das ideias preconcebidas e demonstra que nada sabemos (“Só sei que nada 
sei”). Questiona o “senso comum”; 
• Na segunda (maiêutica), interroga seus interlocutores possibilitando a concepção de 
novas ideias por meio da reflexão. A missão do filósofo é “dar à luz” à novas ideias, 
formulando perguntas sem oferecer as respostas. 
 
➢ Sócrates e os sofistas (III) 
• “A vida não pensada não é digna de ser vivida” (O homem é fruto de seu pensamento); 
• “Conhece-te a ti mesmo” (autoria de Sócrates?) 
• Ao contrário dos sofistas, que consideram que a justiça varia de acordo com a 
concepção de quem detém poder, considera que a justiça é um valor absoluto, 
condizendo com a moral. 
 
➢ O julgamento de Sócrates 
• O julgamento foi descrito por Xenofonte e Platão (“Apologia de Sócrates”); 
• Sócrates foi acusado de perverter a juventude grega; 
• Por questionar os valores da sociedade grega; 
• Inserir novos deuses na Cidade; 
• Confrontar o Estado e as práticas políticas e sociais da época; 
• Foi condenado à morte; 
• Foi julgado perante um júri composto por 501 cidadãos; 
• Durante o julgamento, Sócrates apresenta um longo discurso (sua apologia ou defesa) 
em que, longe de se defender das acusações, ironiza seus acusadores, mantendo-se 
coerente com o que ensinava; 
• Foi condenado à morte; 
• Se recusou a fugir para o exílio, preferindo morrer como cidadão ateniense. Fugir 
equivaleria a renegar suas ideias e princípios. 
 
	Resumo da aula FilosofiaAula02 - A origem da Filosofia Ocidental

Continue navegando