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ALBAFETIZAÇÃO E LETRAMENTO: GRAFISMO E ESCRITA UNIDADE I "-#"'&5*;"±°0�&�-&53".&/50�� (3"'*4.0�&�&4$3*5" 2 A IMPORTÂNCIA DO DESENHO NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA Você desenhava quando criança? Aposto que sim. Porque todas as crianças desenham, desde sua pri- meira infância e com qualquer tipo de material, seja lápis e papel, com pedaços de tijolos na parede ou no chão. Geralmente, as crianças imitam os adultos quando escrevem sob algum suporte ou, até mesmo, observando como um irmão mais velho desenha, por exemplo. O processo de desenvolvimento da criança passa necessariamente pela fase dos seus desenhos, sua forma de expressão, junto com a fala, se faz dessa forma. Cada representação da criança é uma forma de expressão de sua realidade ou de como se vê inserida em sua cultura. Palavras do Professor Você pensava que seus desenhos não queriam dizer nada? Ou você achava que não sabia desenhar e assim temia que desenhava apenas emaranhados de linhas e rabiscos? Saiba que a cada representação que a criança inventa, faz parte de sua necessidade de se expressar, desenvolver a aprendizagem e, posteriormente, a aquisição da escrita. Assim, o desenho passa de uma representação mental para uma gráfica. Assim como a escrita, de acordo com o processo de desenvolvimento infantil. Dessa forma é fácil entender que o desenvolvimento da criança está ligado a sua habilidade represen- tativa, seja em desenhos, palavras e/ou imagens. Sendo assim, o desenho infantil pode ser considerado antecessor da escrita, assim o desenho fica diretamente ligado ao desenvolvimento de novas aprendiza- gens. Fique atento! No começo dos desenhos o que vemos é apenas emaranhando de linhas, pontos, círculos, que apenas preenchem todos os espaços do papel. Em seguida o desenho vai ficando mais robusto, ganhando formas e detalhes. Assim o desenho acompanha o desenvolvimento das crianças. A partir dele, entendemos como as crianças se relacionam com a realidade e a sua cultura, sendo traduzidos graficamente. Em seguida, você poderá observar dois desenhos. Onde o primeiro desenho foi feito por uma criança de dois anos de idade. E o segundo desenho, que apresenta um pouco mais de formas e contornos, é um desenho de uma criança de 5 anos de idade. Observem a diferença entre os dois tipos de desenho e veri- fiquem a importância desses no desenvolvimento das crianças. 3 Figura 1: Desenho criança de 2 anos de idade Fonte:http://butterfliesehurricanes.blogspot.com.br/2012/07/o-desenho-e-o-desenvolvimento-infantil.html Figura 2: Desenho criança de 5 anos de idade - Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/ Palavras do Professor E agora, nos perguntamos: qual nosso papel (o de professor) na fase dos desenhos nos nossos alunos? Temos um papel importante nesse momento da criança, devemos atentar para essa capacidade de desen- volvimento, concentração e de prazer das crianças ao desenhar. E assim dá oportunidade para as crianças se expressarem, não as deixando ansiosas para atender às expectativas do professor. A criança, quando estimulada a desenhar, confia mais em si e tende a ser mais livre e criativa em suas formas de expressão. (BRASIL, 1998, p. 91). 4 “O ato de desenhar envolve a atividade criadora; é através de atividades criadoras que a criança desenvolve sua própria liberdade e iniciativa e outros o que permitirá” (Lowernfeld, 1970 p.16) Tornando, assim, os desenhos como se fossem o espelho daquilo que as crianças entendem do que é o mundo. A partir dos desenhos, os adultos passam a observar os significados do mundo da criança. Inte- ressante para várias áreas de estudo, principalmente a psicologia e a educação. Você sabia? Você sabia que o ato de desenhar já foi considerado como mero passatempo (BRASIL, 1998)? Pois é, ainda bem que essa concepção mudou. Hoje, sabemos que atividades lúdicas como desenhar faz parte do processo de aprendizagem das crianças. Visite a Página No seguinte link você encontrará mais informações sobre o assunto, em uma linguagem simples e acessível. Espero que goste. http://revistaescola.abril.com.br Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-/s1600/desenhando.jpg AS FASES DO DESENHO SEGUNDO GEORGES HENRI LUQUET, JEAN PIAGET E LEV VYGOTSKY; Como você pode ter percebido anteriormente, com os desenhos que colocamos no material (Figura 1 e 2), há alterações nos desenhos com a mudança de idade, como se fossem fases (de acordo com o desenvolvimento da criança). O que varia de autor para autor, vamos entender o que Luquet, Piaget e Vygotsky retratam sobre esse assunto, as fases dos desenhos nas crianças. ??? 5 Começando por Luquet (1969), esse autor foi um dos pioneiros nesse estudo, foi tão importante que Piaget retomou os seus estudos. Esse autor acredita que por meio do desenho a criança revela seu conteúdo mental. O que a mesma pensa ou imagens interior que se passam dentro de sua cabeça no momento em que desenha. Ele também acredita que a criança se inspira em algo visualmente para desenhar. Para Luquet (1969, p. 213-214); “o desenho infantil, enquanto manifestação da atividade da criança permite penetrar na sua psicologia e, portanto, determinar em que ponto ela se parece ou não com a do adulto”. Guarde essa ideia! Conforme Luquet (1969), o sentido da palavra realismo (como ele nomeia seus estágios) parte do que a criança desenha, como os motivos, e não como ela desenha. Assim, ele dividiu em quatro estágios (realismos) o desenvolvimento dos desenhos pelas crianças, passando pelo traçado até chegar em desenhos propriamente ditos. Segue: Realismo fortuito: Tem início cerca de dois anos e acaba no estágio denominado rabisco. A criança começa a fazer traçados sem nenhuma representação (geralmente imitando os adultos que escrevem ou as crianças que já desenham) e depois descobre analogia com objetos. Então, esses rabiscos passam a ser nomeados, os seus desenhos; Realismo fracassado: Esse estágio começa por volta dos três a quatro anos de idade. A criança passa a saber o que quer desenhar, tem intenção em fazer algo, mas não consegue, devido a dois entraves: motor e psíquico. Nessa fase de aprendizagem, surgem fracassos e sucessos iniciais. Realismo intelectual: Esse estágio começa aos quatro anos de idade e vai até os 10 anos da criança. Considerado pelo autor, o principal estágio, pois se caracteriza pelos desenhos que as crianças fazem sem necessariamente vê o objeto que estão desenhando, elas conseguem expressar a forma dos objetos como elas pensam que ele é, inclusive ela as coisas que está apenas em sua cabeça. Realismo visual: Acontece na faixa dos doze anos de idade (algumas crianças com mais idade outras com menos) e a criança consegue transcrever para o papel o objeto completo. Mudando de ponto de vista para perspectiva da criança. A própria criança faz críticas do seu trabalho e começa daí o ponto de partida para o desenho do adulto. Palavras do Professor Meu caro (a), tenho certeza que você visualizou alguma criança ao se redor em um desses estágios, ou até mesmo imaginou a si mesmo quando criança e seus desenhos. Agora vamos entender o que Piaget pensa dessas fases e estágios dos desenhos nas crianças. 6 Como já foi dito, e você deve lembrar, Piaget tomou como ponto de partida os estudos de Luquet e assim deu continuidade as pesquisas. Para Piaget (1971) criar e inovar significam construções efetivas e não somente o fato das representações serem fieis da realidade ou não. E assim ele criou suas próprias etapas e assim as classifica: Garatuja: fase que precede o desenho. Aposto que você já tinha ouvido muito falar em garatuja, tornou- se uma expressão conhecida pelo senso comum, as crianças desenham com muito prazer nessa fase. Essa é dividida em duas outras: - Desordenadas: As garatujas são feitas com movimentos amplos e desordenados, como o nome da fase já diz. Sem controle motor e a criança muitas vezes passa dos limites do papel estando sempre em movimento. Aqui surge,de leve, as figuras humanas (cabeça, olhos); - Controladas: Aqui as garatujas já possuem uma certa definição, com movimentos circulares. Com interesse na forma humana. Nesse momento, as garatujas passam a ter nomes e histórias atreladas a elas (as crianças). Uso de cores já começa a existir, mas sem muita relação com a realidade e respeitando os alcances do papel. Pré-Esquematismo: Nessa etapa, a criança passa a atribuir significado ao que desenha, faz rabiscos (horizontal, vertical, espiral e círculos). Usa cores, mas ainda sem relação fiel a realidade. Aos quatro anos, já é possível passar para o papel o que está sentindo e, até os seis anos, passa por um momento criativo e diversificado. Nessa etapa, a criança está descobrindo as relações entre o desenho, o pensa- mento e a realidade. Esquematismo: Essa etapa a criança já tem uma relação mais estreita com a realidade, isso a partir dos sete anos de idade. Já passa a distinguir sexo pelas vestimentas, cores e capaz de entender o ponto de vista dos outros. Pseudonaturalismo: Assim, a partir da idade de 12 anos a criança já tem capacidade de tirar suas pró- prias conclusões, não somente pela “vida real”. Fase divide o fim da arte como espontânea e passa a ter personalidade e uso consciente da cor. E o que Vygotsky acredita dessas fases? Vamos acrescentar o que Vygotsky (1989) traz sobre o desenvol- vimento do desenho nas crianças. Ele retrata, primeiramente, o domínio motor, em que a linguagem verbal é que orienta a linguagem gráfica, pois ela é que dá sentido ao desenho. Para ele, a classificação se dá a partir do desenvolvimento gráfico-plástica, conforme as seguintes etapas: Etapa simbólica: Essa etapa, conforme Vygotsky (1989), as crianças desenham a partir de sua própria memória, não necessariamente fidedignos a realidade. Etapa simbólica-formalista: Essa etapa, os desenhos se aproximam de traços e formas do grafismo infantil. Aqui os desenhos passam a ter formas mais próximas da realidade. 7 Etapa formalista: A partir dessa etapa as representações gráficas, ou desenhos, são fiéis ao máximo da realidade. O aspecto simbólico começa a não existir nessa etapa. Etapa formalista plástica: Essa etapa se caracteriza pelo desenvolvimento das habilidades motoras e os desenhos passam a ser um trabalho criativo e criador. Essa é a etapa quando a criança define se vai gostar de desenhar ou não. Aqui ela diminui o ritmo de desenhar ou aumenta consideravelmente. Fique atento! Interessante é como os adultos e professores observam a passagem por cada uma dessas fases nas crianças. Antes, através do senso comum, e agora, com o olhar das teorias de Luquet, Piaget e Vygotsky. É importante entender e aprender cada estágio que eles estão passando, para que assim possamos desen- volver a capacidade criativa das crianças ou até mesmo deixar que elas sejam livres para dá continuidade ação de desenhar, estimular, incentivar as crianças e assim ela vai desenvolver o processo da escrita. Figura 3: Desenhos em diferentes fases Fonte: http://tempodecreche1.hospedagemdesites.ws/wp-content/uploads/2015/11/desenho-final.jpg Veja o vídeo! Que tal você assistir o vídeo “Pensamento Infantil – o desenho infantil” (duração de 6m05s)? Ele te aju- dará a entender um pouco mais sobre o tema. https://www.youtube.com/watch?v=AFx4ViEFjF8 Vamos lá? 8 A LIGAÇÃO ENTRE O DESENHO E A ESCRITA Então, vamos começar esse capítulo com a visão de Vygotsky sobre a escrita: “A escrita não é simplesmente uma habilidade motora, mas um sistema particular de símbolos e signos cuja dominação prenuncia um ponto crítico em todo o desenvolvimento cultural da criança”. (Vygotsky, 2000). Caro (a) estudante, não pode ser considerado estanque a relação entre o desenhar (fazer) do pensar (desenvolver), essas habilidades estão intimamente ligadas, já que o desenho é dotado de significados, fazendo da educação infantil a primeira etapa da educação básica como local de acesso e apropriação das formas de linguagens e expressões, faz com que os desenhos tenham significados e se desenvolvam para a escrita. Me responda? Quantas vezes você, quando criança, deve ter desenhando e dito para o adulto que era sua assinatura ou até mesmo uma história, pois o desenho e a escrita fazem parte das representações da criança, e a criança inventa a sua forma própria de representar e diferenciar o desenho da escrita. Assim, o desenho pode ser considerado diretamente relacionado ao processo de desenvolvimento da escrita. Para Pillar (1996) o desenho está muito mais próximo dos aspectos figurativos da realidade e do símbolo, enquanto a escrita está próxima dos aspectos operativos – não ligados às configurações dos objetos, mas às suas transformações – e dos signos e sinais que são arbitrários. (PILLAR, 1996, p. 17). Assim, podemos retomar para você que, para Piaget (1971), o desenho é uma apresentação semiótica, no qual se desenvolve paralelamente a outros tipos de manifestações, como por exemplo, o brinquedo e a linguagem verbal. Porém para Vygotsky apud (ALEXANDROFF, 2010, P. 38) “a apropriação de um sistema simbólico de representação da realidade em que os gestos, desenhos, e o brinquedo simbólico contribuem para esta apropriação pelo seu caráter repre- sentativo, isto é, utiliza-se de signos para representar significados”. Dessa forma, temos duas abordagens teóricas que se encontram quando o desenho e a escrita são re- presentações, expressões que tem a grafia como origem. E de tal modo a evolução dos desenhos acom- panham o desenvolvimento da criança e as etapas que ela tem que passar. Assim, a criança transforma rabiscos simbólicos em figuras, que são substituídos por signos e esse processo marca a passagem da escrita pictográfica para a ideográfica (VYGOTSKY, 2000). Em seguida, a criança passa a fonetizar, passa a dá atenção aos sons, as propriedades sonoras. Conse- quentemente, vai evoluindo e passando pelas fases silábica, silábica-alfabética e alfabética, e passa a ??? 9 fazer a ligação entre fonemas e grafemas. E, assim, sendo ela passa a buscar aprender a ortografia, pois passa a entender que escrever como se fala não é o único modo e nem o jeito certo de grafia. Veja o vídeo! Para ajudar a entender essa etapa no processo de desenvolvimento, que tal dá uma espiadinha nesse vídeo da Nova Escola “Construção da Escrita: primeiros passos”, com duração de 08m34s: https://www.youtube.com/watch?v=NCo5ybibn5Q O PROGRESSO EVOLUTIVO DO GRAFISMO DA ESCRITA: Meu caro (a), você já percebeu que mesmo tendo um aumento na escolaridade das crianças, os índices de aprendizagem permanecem baixos? As crianças brasileiras têm apresentado muitas dificuldades em relação à alfabetização, tendo por trás desse problema diversas causas, tais como: o não respeito às ca- racterísticas sociais, psicológicas e de faixa etária das crianças e aos seus conhecimentos prévios. Como uma forma de ampliar as possibilidades de aprendizagem, o Conselho Nacional de Educação jun- tamente com o Ministério da Educação propôs uma mudança quanto ao tempo de escolaridade, em que passou de oito para nove anos. O objetivo dessa mudança é inclusão ao garantir às crianças um tempo mais longo na escola, ampliando o acesso ao conhecimento, ao processo de letramento e a capacidade de expressão usando diversas linguagens, entre elas, o desenho e a escrita. Porém, as escolas priorizam o ensino do código escrito, devido ao letramento, e a grafia, ao usar exer- cícios mecânicos de coordenação motora, sem perceberem a importância do desenho das crianças re- lacionados ao mundo da escrita. Portanto, como existe uma elevada preocupação no ensino do código escrito, perdeu-se a beleza do processo de desenvolvimento dos desenhos e da escrita, característica das crianças nessa faixa etária. Além disso, há uma negação da infância como uma fase na vida da criança, em que nesse momento existe a livre expressão, movimentação corporal, ludicidade, construção da ideiade símbolos e toda a es- pontaneidade que se perde nesse momento, deixando as crianças sentadas por longos períodos, apenas cumprindo tarefas de memorização e coordenação motora. Esse é um modelo muito comum de escolas que valorizam a repetição e não consideram as etapas do desenvolvimento infantil. A família, por sua vez, cria expectativas no processo de alfabetização, esperam rapidamente que a crian- ça comece a ler e escrever, exigindo, assim, atividades de escrita das escolas. Porém, muitas dessas atividades não fazem o menor sentido para as crianças, já que, muitas vezes, são exercícios de cópias e memorização. 10 Dica! Como vimos no capítulo anterior, a criança passa por várias etapas antes de ter acesso à escrita. Para finalizar essa unidade, vamos entender como se dá o progresso evolutivo do grafismo da escrita. O grafis- mo é um dos primeiros sinais de expressão da criança, de como ela vê e entendo o mundo ao seu redor. E assim é um exercício diário de sua atividade imaginária onde ela procurar representa o que conhece e compreende. Os primeiros contatos que a criança tem com o sistema de representação gráfico é conhecido como rabis- cos e grafismo infantil. “O rastro de uma vareta na areia da praia, o risco do caco de tijolo no muro e na calçada, a marca do giz na lousa, os furinhos feitos com o dedo na massinha, a impressão da mão cheia de tinta no papel, a marca da ponta do dedo no vidro embaçado” (DERDYK, 1993, p.56). A criança, quando está na fase do rabisco, passa por três estágios: vegetativo motor, representativo e comunicativo. § Vegetativo motor: em torno dos dezoito meses, a criança começa a rabiscar. Esse está- gio é marcado pelo traço próprio da criança, este é o início do processo; § Representativo: entre dois e três anos de idade, a criança rabisca com formas isoladas, tentativa de reproduzir os objetos no papel; § Comunicativo: entre três e quatro anos de idade, esse estágio se caracteriza pela mu- dança do grafismo infantil para a escrita formal. A criança tenta imitar a escrita do adulto. “A criança escreve tal como acredita que poderia ou deveria escrever certo conjunto de palavras e está oferecendo um valiosíssimo documento que necessita ser interpre- tado para poder ser avaliado. Essas escritas infantis são consideradas como grafismo, puro jogo, o resultado de fazer como se soubesse escrever.” (FERREIRO, 1995, p.16) Agora, vamos refletir: qual a relação entre o grafismo infantil e a língua escrita? A escrita e o desenho foram desenvolvidos pelo homem para transmitir conhecimento. Alguns estudiosos se preocuparam em compreender esse fenômeno e estudaram o desenho infantil, entre eles: Georges Henri Luquet (1969), Analice Pillar (1996), esses estudiosos discutem sobre a importância do desenho no desenvolvimento cognitivo. O desenho da criança passa por fases, evoluindo, e a criança evolui junto com esse movimento, fazendo riscos, rabiscos, e as letras, aos poucos, vão se revelando dentro desse processo. De acordo com FERREIRO (1995, p.55), 11 “desenhar não é reproduzir o que se vê, mas sim o que se sabe. Se este princípio é verdadeiro para o desenho, com mais razão o é para a escrita. Escrever não é transformar o que se ouve em formas gráficas, assim como ler também não equivale a reproduzir com a boca o que o olho reconhece visualmente”. Segundo a autora, a criança, na fase de aprendizagem da leitura e da escrita, passa por níveis de desen- volvimento da escrita: pré-silábico, silábico, silábico alfabético e alfabético. De acordo com FERREIRO (1995, p. 27), esses níveis “marcam a transição entre os esquemas prévios em via de serem abandonado e os esquemas futuros em via de serem construídos. ” Ø Pré-silábico: como já estudado anteriormente, corresponde a fase das garatujas. Nessa fase, a escrita é a imitação de traços e rabiscos. Nesse momento, a criança também passa a produzir signos. Ø Silábico: a criança, agora, fica atenta a sonoridade das palavras e das sílabas. As letras correspondem a sílabas. Ø Silábico alfabético: a criança agora começa a compreender a unidade não como uma sílaba. Começa a entrar no nível alfabético; Ø Alfabético: agora, a criança compreende a unidade como letra. A criança, nessa fase, já compreende a unidade e o todo como a palavra. Logo, como pudemos perceber, a criança precisa passar por todas essas fases, respeitando as etapas de cada processo. É importante compreender que o processo de alfabetização se dá pela interação da criança com diferentes formas de linguagem. E o professor alfabetizador deve entender que não se trata de um processo mecânico, mas espontâneo. Palavras do Professor Bom meu caro (a) aluno (a), espero que tenha gostado de nosso primeiro contato com esta disciplina. Espero que você tenha tirado sua dúvida com seu tutor, caso tenha surgido. Fique atento as indicações deste material e faça pesquisas paralelas, é sempre bom aumentar nosso conhecimento. Nos veremos em breve na segunda unidade e até lá. 12 Referências Bibliográficas ALEXANDROFF, M. C. Os caminhos paralelos do desenvolvimento do desenho e da Escrita. Revista: Cons- trução Psicopedagógica, São Paulo-SP, 2010, Vol. 18, n.17, pg. 20-41 BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curri- cular para a Educação Infantil: Formação Pessoal e Social. Brasília: MEC/SEF, v. 3, 1998. DERDYK, Edith. O desenho da figura humana. São Paulo: Scipione, 1993. FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Ed. Cortez, 1995. LUQUET, G. H. Arte Infantil. Lisboa: Companhia Editora do Minho, 1969. PIAGET, J. A Formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1971. PILLAR, Analice Dutra. Desenho e escrita como sistemas de representação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996ª. VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989. VYGOTSKY, Lev. A pré-história da linguagem escrita in Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
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