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Delírio, Alucinação e Esquizofrenia

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DELIRIUM, DELÍRIO E ALUCINAÇÃO
Delírios são crenças exageradas, irrefutáveis, caracterizando-se como uma importante manifestação de doenças mentais chamadas de psicose, como a esquizofrenia, transtorno bipolar e aquelas relacionadas ao abuso de drogas. O paciente tem certeza de algo, mesmo sem nenhuma evidência real disso de forma que ocorre uma alteração de compreensão da realidade. Os delírios podem ser acompanhados de alucinações. 
Alucinações são manifestações psicopatológicas de esfera sensopercepção definidas como percepções nítidas e objetivas de qualquer modalidade (visual, auditiva, olfativa, táctil, ou um conjunto destas) que habitam espaço externo na ausência de um percepto real. Ou seja, a pessoa que está tendo uma alucinação não é capaz de diferenciar se as imagens e os sons que ela está vendo e ouvindo são reais ou não.
Alguns exemplos de delírio: o paciente acredita que um chip foi instalado em seu cérebro e que está sendo monitorado, mesmo sem nenhuma evidência de que isso tenha acontecido. Ou então imagina que está sendo perseguido pela polícia, mesmo sem nenhuma justificativa para isso. Já no caso da alucinação, ele ouve pessoas falando, mas não há ninguém (alucinações auditivas). Também há alucinações visuais, olfativas e táteis.
O delirium é um estado agudo (início rápido, em poucas horas ou dias) de confusão mental devido a um rebaixamento do nível de consciência. Inclui déficits de atenção e desorganização do comportamento, déficits cognitivos e perceptivos, alterações na excitabilidade (hiperativo, hipoativo ou misto), ciclo alterado de sono-vigília e características psicóticas, como alucinações e delírios. O delirium em si não é uma doença, mas sim um conjunto de sintomas que pode ocorrer em várias doenças. Ele afeta 10-20% de todos os adultos hospitalizados e 30-40% dos idosos hospitalizados, chegando até a 80% dos que estão na UTI.
Esquizofrenia
INTRODUÇÃO 
A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico crônico e, em muitos casos, incapacitante, que se inicia geralmente no jovem, e mesmo em crianças, e caracteriza-se pela multidimensionalidade sintomatológica.
Afeta os pensamentos, as sensações, as percepções e o comportamento geral da pessoa (condutas), ao mesmo tempo em que interfere na filtração dos estímulos ambientais. 
O início do transtorno ocorre tipicamente entre os 16 e 30 anos de idade com sintomas inespecíficos ou com sintomas negativos durante o chamado pródromo da psicose. A prevalência da esquizofrenia é aumentada nos homens, durante a maior parte da fase adulta, mas se iguala à das mulheres por volta dos 50 ou 60 anos de idade. 
ETIOPATOGENIA
Várias linhas de evidência mostram que a esquizofrenia é um transtorno do neurodesenvolvimento cerebral, de forma que pacientes afetados apresentam maior frequência de complicações obstétricas, baixo peso ao nascimento, infecções uterinas, demora no desenvolvimento motor, alterações sociais na infância, comprometimento cognitivo, dilatação do sistema ventricular, redução do córtex cerebral, alterações da substância branca, assim como alterações na girificação cerebral. 
No entanto, várias evidências mostram que a esquizofrenia também é um processo neurodegenerativo progressivo, e estudos longitudinais de acompanhamento de pacientes por meio de neuroimagem estrutural mostram que, quando comparados com controles, pacientes com esquizofrenia apresentam evidências de reduções progressivas dos volumes cerebrais observados longitudinalmente.
FATORES DE RISCO 
Os fatores genéticos exercem clara influência sobre o quadro. O risco de desenvolver esquizofrenia ao longo da vida é de 1% para a população geral, 10% para quem tem um irmão com esquizofrenia, 18% para quem tem um gêmeo dizigótico e quase 50% para quem tem um gêmeo monozigótico ou os dois pais afetados pela esquizofrenia. No entanto, 85% das pessoas com esquizofrenia não têm um parente de primeiro grau com a doença
Há uma série de genes que podem ser responsáveis pela etiologia da esquizofrenia Além da genética, outros fatores de risco podem ter influência no desenvolvimento da esquizofrenia, subdivididos entre os que ocorrem em torno da época do nascimento (precoce) e os que ocorrem depois (tardios). São exemplos:
Fatores de risco precoce
· Complicações obstétricas
· Infecções pré-natais
· Houve aumento de diagnósticos de esquizofrenia após epidemia de gripe asiática em 1957 
Fatores de risco tardios 
· Abuso de substancias (principalmente cannabis)
· Um estudo feito no exército sueco mostrou que indivíduos que usaram maconha mais de 50 vezes tiveram 6 vezes mais chances de desenvolver esquizofrenia quando comparados com os que nunca usaram 
· Migração 
· Observou-se que a população afro-caribenha, em Londres, apresenta risco de desenvolvimento de esquizofrenia muitas vezes maior que a população local. 
Além desses- pode-se citar: desnutrição, deficiência de vitamina D, pais mais velhos, fome pré-natal, retrovírus, uso crônico de anfetaminas, pobreza e outros transtornos psicossociais. 
CLASSIFICAÇÃO 
A esquizofrenia é subdividida em tipos
	Esquizofrenia Paranóide
	Caracteriza-se pela presença de ideias delirantes, frequentemente de perseguição, em geral acompanhadas de alucinações e de perturbações das percepções. Seus portadores são indivíduos tensos, desconfiados, hostis e muito agressivos, podendo cometer atos de violência.
	Esquizofrenia Hebefrênica
	Configura-se pela presença proeminente de uma perturbação dos afetos. Além disso, o pensamento é desorganizado, o discurso incoerente e há uma tendência ao isolamento social.
	Esquizofrenia Catatônica
	Caracterizada por distúrbios psicomotores proeminentes que podem alternar entre extremos tais como hipercinesia e estupor, ou entre a obediência automática e o negativismo
	Esquizofrenia Residual
	Caracteriza-se pela presença persistente de sintomas negativos, como alterações no comportamento, nas emoções e na interação social, embora não com a mesma frequência dos outros tipos de esquizofrenia.
HISTÓRIA NATURAL 
A esquizofrenia é uma doença crônica com períodos de exacerbação e remissão. Inicia-se em geral com sintomas inespecíficos. O transtorno pode ser dividido nas fases pré-mórbida (que antecede o início da doença), prodrômica (anterior ao primeiro surto psicótico), progressiva (após o primeiro episódio psicótico) e crônica (fase de estabilidade, porém sujeita à recaída).
Na fase pré-mórbida são observadas alterações como atrasos no desenvolvimento motor ou retardo na aquisição da fala. Na prodrômica, surgem sintomas como alterações de personalidade, pensamento e do humor, nesta fase pode ocorrer o primeiro episódio de psicose, iniciando-se a fase progressiva do transtorno e evolui para a fase de estabilidade ou crônica, ainda sujeita a recaídas e piora da sintomatologia. 
É importante salientar que os sintomas negativos podem ser detectados desde o início do quadro, já os sintomas positivos ou psicóticos ocorrem durante os episódios de exacerbação (surtos). 
Quando o transtorno se manifesta de forma completa, os sintomas se manifestam em 5 dimensões psicopatológicas: positiva (delírios-alucinações); desorganização do pensamento (desorganização conceitual do pensamento, perda das associações, incoerência, descarrilhamento) ou da conduta (comportamento bizarro, catatonia); negativa (afeto inapropriado ou embotado e déficit volitivo); depressivo-ansiosa (depressão, sentimento de culpa, ansiedade psíquica e autonômica) e cognitiva (perda da capacidade de abstração e insight).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
As características da esquizofrenia incluem sintomas positivos e negativos, que refletem comportamentos anormais. Os sintomas positivos ou psicóticos incluem:
· Fala incompreensível
· Alucinações
· Delírios
· Comportamento manifestamente desorganizado ou catatônico.
As pessoas com esquizofrenia comumente perdem a capacidade de classificar e interpretar os estímulos recebidos, o que compromete a capacidade de responder adequadamente ao ambiente. É muito comum haver intensificação ou embotamento dos sentidos nos estágiosiniciais da esquizofrenia. Os sons podem ser percebidos como mais altos e mais intrusivos; as cores podem parecer mais brilhantes e vivas. Ocorre sobrecarga sensorial em consequência da perda da capacidade de rastrear os estímulos sensoriais externos. Algumas pessoas esquizofrênicas apresentam diminuição da resposta à dor.
	Sintomas positivos
	Padrões da fala
	Descrição
	Neologismos
	Uso de palavras inventadas
	Desassociação
	Associações desconexas
	Tangencialidade
	Incapacidade de se ater ao ponto de origem
	Incoerência
	Perda de conexões lógicas
	“Salada” de palavras
	Grupos de palavras desconexas
As alucinações e delírios são as principais características da esquizofrenia, e podem estar relacionados com a incapacidade de filtrar, interpretar e responder adequadamente aos estímulos. As alucinações auditivas são especialmente comuns. Elas variam desde sons repetitivos simples até muitas vozes que falam ao mesmo tempo. Por vezes, as vozes são agradáveis, mas com frequência acusam e amaldiçoam. As alucinações visuais, quando ocorrem, normalmente são acompanhadas de alucinações auditivas.
Os delírios são ideias falsas, que não podem ser corrigidas pela razão. Eles variam desde simplesmente acreditar que pessoas estão observando o indivíduo (ideias de referência) até acreditar que o indivíduo está sendo punido e/ou manipulado por outras pessoas (delírios paranoicos). Também são comuns os delírios em que o indivíduo é uma figura histórica (p. ex., Jesus Cristo ou o presidente) e estes são denominados delírios de grandeza. Algumas vezes, os delírios incluem a crença de que a pessoa afetada consegue controlar outras pessoas com o pensamento.
Os sintomas negativos da esquizofrenia refletem a ausência de comportamentos sociais e interpessoais normais. Os sintomas negativos são os mais difíceis de tratar e com frequência são graves e persistentes entre os episódios agudos da doença. Outro componente dos sintomas negativos da esquizofrenia é denominado comportamento desorganizado. Além da agitação ou da agressividade.
	Sintomas negativos
	Comportamento
	Descrição
	Alogia
	Tendencia a falar muito pouco
	Avolição
	Ausência de motivação para atividades direcionadas a objetivos
	Apatia
	Ausência de interesse ou preocupação
	Embotamento afetivo
	Ausência de expressão emocional
	Afeto inadequado
	O afeto não corresponde à situação
	Anedonia
	Incapacidade de sentir prazer com as coisas normalmente prazerosas
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS 
O diagnóstico é feito de acordo com os critérios da 10° revisão da Classificação Internacional das Doenças (CID10). 
Os sinais listados devem estar presentes pela maior parte do tempo durante um episódio de doença psicótica que dure pelo menos um mês (ou por algum tempo durante a maioria dos dias): 
1. Pelo menos um dos sintomas a seguir deve estar presente: 
a) Eco do pensamento, inserção ou roubo do pensamento ou irradiação do pensamento
b) Delírios de controle, influência ou passividade, claramente referindo‐se ao corpo ou aos movimentos dos membros ou a pensamentos, ações ou sensações específicos; percepção delirante
c) Vozes alucinatórias comentando o comportamento do paciente ou discutindo entre elas sobre o paciente ou outros tipos de vozes alucinatórias vindas de alguma parte do corpo 
d) Delírios persistentes de outros tipos que sejam culturalmente inapropriados e completamente impossíveis (p. ex., capacidade de controlar o tempo ou estar em comunicação com alienígenas) 
2. Ou pelo menos dois dos sintomas a seguir devem estar presentes: 
a) Alucinações persistentes, de qualquer modalidade, quando ocorrendo todos os dias, por pelo menos um mês, acompanhadas por delírios (os quais podem ser superficiais ou parciais), sem conteúdo afetivo claro, ou por ideias superestimadas persistentes 
b) Neologismos, interceptações ou interpolações no curso do pensamento, resultando em discurso incoerente ou irrelevante
c) Comportamento catatônico, tal como excitação, postura inadequada, flexibilidade cérea, negativismo, mutismo e estupor 
d) Sintomas “negativos”, tais como: apatia marcante, pobreza de discurso, embotamento ou incongruência de respostas emocionais (deve ficar claro que os sintomas não são decorrentes de depressão ou medicação neuroléptica)
TRATAMENTO
Os objetivos do tratamento da esquizofrenia são induzir a remissão, prevenir a recidiva e melhorar as funções comportamental, cognitiva e psicossocial. 
O tratamento farmacológico com antipsicóticos costuma ser útil para os sintomas positivos da esquizofrenia. Tanto os medicamentos antipsicóticos típicos quanto os atípicos têm como alvo esses sintomas positivos. Os sintomas negativos da esquizofrenia respondem de modo mais favorável aos medicamentos antipsicóticos atípicos. Com frequência, os antipsicóticos são combinados com benzodiazepínicos ou agentes antiparkinsonismo durante a fase aguda do tratamento, para reduzir o risco de efeitos extrapiramidais das altas doses de agentes antipsicóticos. Ambas as categorias de medicamentos exercem seus efeitos bloqueando os receptores de dopamina, embora os antipsicóticos atípicos tenham uma ação de bloqueio mais refinada. Os antipsicóticos atípicos também exercem alguns de seus efeitos por meio do bloqueio dos receptores de 5-HT. 
O tratamento com antipsicóticos atípicos ou de segunda geração foi implicado no desenvolvimento de síndrome metabólica. Observa-se com frequência um rápido ganho de peso durante o primeiro ano após o início do tratamento, bem como desenvolvimento de obesidade, resistência à insulina, hipertensão, níveis elevados de triglicerídios e níveis baixos de colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL). Os antipsicóticos de ação prolongada são uma possível opção de tratamento, podendo melhorar a adesão e diminuir a necessidade de novas hospitalizações. A manutenção da farmacoterapia é dificultada pelo custo dos medicamentos, perfil de efeitos colaterais e processo da doença.
Evidências sustentam que as intervenções psicossociais – incluindo instruções para o paciente e a família, apoio domiciliar, reabilitação vocacional, treinamento nas habilidades sociais, intervenções familiares, terapia cognitivo-comportamental e treinamento cognitivo – são eficazes para muitas pessoas esquizofrênicas. As intervenções psicossociais são importantes para ajudá-las a compreender sua doença e a levar uma vida bem-sucedida mesmo tendo esquizofrenia. Os familiares podem precisar de assistência para conhecer a doença, bem como as melhores maneiras de apoiar uns aos outros e seu familiar esquizofrênico.

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