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Introdução ao Estudo do Trânsito Universidade do Sul de Santa Catarina UnisulVirtual Palhoça, 2017 Introdução ao Estudo do Trânsito Universidade Sul de Santa Catarina Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Reitor Mauri Luiz Heerdt Vice-Reitor Lester Marcantonio Camargo Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Inovação Hércules Nunes de Araújo Pró-Reitor de Administração e Operações Heitor Wensing Júnior Assessor de Marketing, Comunicação e Relacionamento Fabiano Ceretta Diretor do Campus Universitário de Tubarão Rafael Ávila Faraco Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Zacaria Alexandre Nassar Diretora do Campus Universitário UnisulVirtual Ana Paula Reusing Pacheco Campus Universitário UnisulVirtual Diretora Ana Paula Reusing Pacheco Gerente de Administração e Serviços Acadêmicos Renato André Luz Gerente de Ensino, Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Inovação Moacir Heerdt Gerente de Relacionamento e Mercado Guilherme Araujo Silva Gerente da Rede de Polos José Gabriel da Silva Livro Didático Professor conteudista Deisi Cristini Schveitzer Designer Instrucional Rafael Araújo Saldanha (1º edição revista) Lis Airê Fogolari (3ª edição) Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro Revisão Ortográfica Diane Dal Mago ISBN 978-85-506-0228-8 e-ISBN 978-85-506-0229-5 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul S42 Schveitzer, Deisi Cristini Introdução ao estudo do trânsito : livro didático / Deisi Cristini Schveitzer ; design instrucional Lis Airê Fogolari. – 3. ed. – Palhoça : UnisulVirtual, 2017. 160 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-506-0228-8 e-ISBN 978-85-506-0229-5 1. Trânsito - Legislação. 2. Trânsito - Infrações. 3. Acidentes de trânsito. I. Saldanha, Rafael Araújo. II. Fogolari, Lis Airê. III. Título. CDD (21. ed.) 341.376 Copyright © UnisulVirtual 2017 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Livro didático UnisulVirtual Palhoça, 2017 Introdução ao Estudo do Trânsito Deisi Cristini Schveitzer Sumário Introdução | 7 Capítulo 1 Noções de trânsito | 9 Capítulo 2 Sistema Nacional do Trânsito | 33 Capítulo 3 Infrações de trânsito | 63 Capítulo 4 Crimes/delitos de trânsito | 91 Capítulo 5 Acidentes de trânsito | 123 Considerações Finais | 159 Sobre o professor conteudista | 160 Introdução É com muito prazer que passo a lhe apresentar este livro didático. Nele, você iniciará o aprendizado das noções introdutórias de trânsito. A importância desta disciplina justifica-se porque todos os dias, ou quase todos, recebemos as mais diversas notícias sobre o trânsito no Brasil. Dessa forma, é importante você conhecer as normas que ordenam este espaço democrático: o trânsito brasileiro. Tenha em mente que a disciplina não objetiva esgotar o conhecimento do tema; pelo contrário, abordará noções gerais sobre ele. Mais: nosso objetivo não é oferecer-lhe somente conhecimento das informações disponíveis nas unidades específicas, e sim dar-lhe oportunidade para uma reflexão, com vistas a desenvolver seu raciocínio crítico. Iniciaremos com as noções introdutórias, avançando para o conhecimento do Sistema Nacional de Trânsito, infrações, crimes e acidentes de trânsito. Bom estudo! Professora Msc. Deisi Cristini Schveitzer 9 Capítulo 1 Noções de trânsito Neste capítulo estudaremos as noções introdutórias do trânsito. E para tanto, faz-se necessário compreender, inicialmente, alguns conceitos fundamentais. Dessa forma, serão apresentadas a você algumas doutrinas correlatas à matéria. Aqui você identificará a territorialidade e analisará as vias que integram o sistema viário. Compreendidos conceito e territorialidade, você conhecerá os princípios norteadores do trânsito. Seção 1 Conceito de Trânsito Você já ouviu falar em trânsito, correto? E, se duvidar, consegue conceituá- lo com muita propriedade, levando em consideração todas as informações divulgadas no nosso dia a dia a respeito dele. Tais informações envolvem a segurança, as infrações, os acidentes, os crimes e, ainda, o problema do congestionamento nos grandes centros urbanos. Essa noção que temos de trânsito faz parte do senso comum, porém, é indispensável para o nosso curso a compreensão e o conhecimento a respeito do tema sob o aspecto científico. Os dicionários de língua portuguesa trazem vários conceitos de trânsito. Para exemplificar, seguem alguns mencionados pelo Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001, p. 2.751): 1. ato de transitar. 2. afluência, circulação de pessoas. 3. movimento de veículos em determinada área, cidade, etc.; tráfego. 4. passagem, acesso. 5. passagem de um lugar a outro. 6. lugar por onde se passa de um lugar a outro. 7. situação passageira em que se encontra o funcionário, civil ou militar, transferido de um 10 Capítulo 1 lugar para o outro, enquanto não atinge o seu destino. 8. influência, boa aceitação em certos meios. 9. passagem de um estado ou situação a outro. 10. morte, falecimento. Há alguns conceitos no exemplo acima não interessam para essa Unidade de Aprendizagem, como veremos a seguir. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), instituído pela Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, em seu art. 1º, § 1º conceitua a palavra trânsito como “a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.”. (BRASIL, 1997). No mesmo sentido, o anexo I do CTB, de forma mais sucinta, conceitua trânsito como a “movimentação e imobilização de veículos, pessoas e animais nas vias terrestres.”. Para Rizzardo (2013, p. 331), o art. 1º do CTB trata de um conceito técnico de trânsito, de ampla significação, abordando, em primeiro lugar: A generalidade dos que utilizam as vias inclui-se no termo trânsito. Todos que se locomovem, seja simplesmente caminhando, seja por meio de veículos ou de animais, e mesmo servindo-se das vias para conduzir animais de um local para outro, estão abrangidos no conteúdo da Lei. Sob esse prisma, ao interpretar o mesmo artigo, Macedo (2009, p. 52) deduz que estão presentes e inclusos no cenário do trânsito tanto pessoas habilitadas quanto as inabilitadas, tanto os veículos em bom estado de conservação quanto os que estão em mau estado, assim como os animais conduzidos e os que se encontram soltos nas vias. Macedo (2009, p. 52) menciona, ainda, passagem propícia à reflexão, afirmando que “o conceito de trânsito não se esgota nos seres envolvidos, porque o dispositivo faz menção à movimentação dos veículos na via: circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.”. Segundo leciona Silva e Boldori (2009, p. 29), o trânsito compreende a movimentação e a imobilização de veículos, pessoas e animais pelas vias terrestres, sendo que as disposições do CTB são aplicáveis a qualquer veículo, nacional ou estrangeiro. Dentro da amplitude do § 1º, do art. 1º, compreende-se no termo trânsito, para efeitos de regulamentação, as movimentações de veículos, animais e pessoas isolados ou em grupos. (RIZZARDO, 2013, p. 32). 11 Introdução ao Estudo do Trânsito Já o Centro de Treinamento e Educação de Trânsito (CETET) trabalha com o conceito diferenciado dos autores acima, tratando o trânsito como sendo “o deslocamento humano dentro de um espaço público. Um espaço de realização da cidadania 1 e que deve ser pensado de forma integrada com as questões relacionadas à inclusão social, ao meio ambiente e à saúde pública, entre outros.”. Centro de Treinamento e Educação de Trânsito - Fundado em 1980, o CETET promove cursos e atividades educativas, dirigidas a escolas, empresas, entidades e profissionais que atuam, direta ou indiretamente, nas áreas de educação, transporte e trânsito, atendendo desde o público da educação infantil atéa terceira idade. As normas de trânsito são de ordem pública, pertencentes ao ramo do Direito Público, mais precisamente dentro do Direito Administrativo e do Penal. (ROSÁRIO, 2010, p. 22). O direito público é aquele que disciplina os interesses gerais da coletividade, compreende os princípios gerais que norteiam a sociedade humana, como a estruturação social e política do Estado, regula seu funcionamento e a interligação entre cada poder público e entre esse e os particulares. O direito administrativo é o ramo do direito público interno que regula a atividade e as relações jurídicas das pessoas públicas e a instituição de meios e órgãos relativos à ação dessas pessoas. O direito penal é o conjunto de leis que definem como infração penal (crime ou delitos e contravenções penais) aquelas condutas que configuram ofensa grave a bens jurídicos relevantes, cominando a respectiva sanção (pena ou medida de segurança) proporcional à gravidade da lesão, em face da relevância do bem jurídico protegido. Gomes (2017) ao tecer seu comentário a respeito do § 1º, do art. 1º, do CTB, menciona a importância de compreender a diferença entre os conceitos de parada e estacionamento. Parada é a imobilização do veículo com a finalidade, e pelo tempo estritamente necessário, para efetuar embarque ou desembarque de passageiros. Estacionamento é a imobilização do veículo por tempo superior ao da parada. 1 “Cidadania é o status de nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, poder participar do processo governamental, sobretudo pelo voto”. (FERREIRA FILHO, 2001, p. 116). 12 Capítulo 1 Seção 2 Via terrestre Via é conceituada pelo anexo I do CTB como a superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, ilha e canteiro central. Pista, calçada, acostamento, ilha e canteiro central são partes integrantes da via. Vejamos os conceitos adotados, de acordo com o anexo I do CTB: • Pista – parte da via normalmente utilizada para a circulação de veículos, identificada por elementos separadores ou por diferença de nível em relação às calçadas, ilhas ou aos canteiros centrais. • Calçada – parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins. • Acostamento – parte da via diferenciada da pista de rolamento destinada à parada ou estacionamento de veículos, em caso de emergência, e à circulação de pedestres e bicicletas, quando não houver local apropriado para esse fim. • Ilha - obstáculo físico, colocado na pista de rolamento, destinado à ordenação dos fluxos de trânsito em uma interseção. • Canteiro central – obstáculo físico construído como separador de duas pistas de rolamento, eventualmente substituído por marcas viárias (canteiro fictício). Pode-se dizer que se submete à incidência das normas do CTB qualquer caminho que permite a passagem ou o trânsito de veículos, porquanto interessam o tráfego em si e o modo como se desenvolve (RIZZARDO, 20138, p. 35). Entre os conceitos de trânsito mencionados, a territorialidade fica estampada no anexo I do CTB, ou seja, a “movimentação e imobilização de veículos, pessoas e animais nas vias terrestres.”. O caput do art. 2º do CTB dispõe o seguinte: São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais. 13 Introdução ao Estudo do Trânsito O parágrafo único do mesmo artigo considera como vias terrestres as praias abertas à circulação pública e as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso coletivo. As vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso coletivo, foram consideradas vias terrestres e acrescentadas no parágrafo único do artigo 2º do CTB, pela Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, que instituiu a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência - Estatuto da Pessoa com Deficiência. Para os efeitos do CTB, são consideradas vias terrestres as praias abertas à circulação pública, vias internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso coletivo. Convém atentar que as praias abertas à circulação pública, quando autorizado o trânsito de veículos, assim como nas vias internas de condomínios constituídos por unidades autônomas, por serem consideradas vias terrestres, sua utilização ao trânsito seguirá todas as regras do CTB, não podendo, por exemplo, dirigir sem habilitação. (GOMES, 2017). Também, faz-se necessário nas vias e áreas de estacionamento de estabelecimentos privados de uso coletivo a necessidade de sinalizar adequadamente, informando sobre a infração do art. 181, XX, inserida pela Lei n° 13.281 de 4 de maio de 2016, que alterou o CTB e a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Vejamos o dispositivo: Art. 181. Estacionar o veículo: [...] XX - nas vagas reservadas às pessoas com deficiência ou idosos, sem credencial que comprove tal condição: Infração - gravíssima; Penalidade - multa; Medida administrativa - remoção do veículo. O alcance das vias terrestres deve ser entendido no contexto das atividades da Administração pública. O CTB não é aplicado em todas as vias terrestres. (MACEDO, 2009, p. 52). No caso da linha férrea, mesmo sendo via terrestre, não se aplica o CTB, pois, além de não ser aberta à circulação, rege-se por legislação própria, pelo Decreto 2.089, de 28 de janeiro de 1963, que aprovou o Regulamento de Segurança, Tráfego e Polícia das Estradas de Ferro. (MACEDO, 2009, p. 52). 14 Capítulo 1 2.1 Classificação das Vias Terrestres O art. 60 do CTB classifica a via terrestre em urbanas e rurais, de acordo com a sua utilização. 2.1.1 Vias urbanas São as ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e similares abertos à circulação pública, situados na área urbana, caracterizados, principalmente, por possuírem imóveis edificados ao longo de sua extensão. (CTB, 1997, anexo I). As ruas são aberturas prolongadas de espaços destinados à passagem de veículos e pessoas. (RIZZARDO, 2008, p. 39). O mesmo autor ensina que no significado clássico e tradicional as ruas constituem os caminhos públicos ladeados de casas ou muros, que se alongam em cidades, povoados, bairros e vilas, entrecortando-se ou cruzando-se, formando a malha viária comum dos conglomerados de prédios. (RIZZARDO, 2013, p. 35). A Lei Complementar n° 434, de 1999, que dispõe sobre o desenvolvimento urbano no Município de Porto Alegre, institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental e Porto Alegre e dá outras providências, conceitua em seu art. 9º o conceito de malha viária como o conjunto de vias do Município, classificadas e hierarquizadas segundo critério funcional. No dicionário Houaiss da língua portuguesa, encontramos, entre outras, duas acepções clássicas do termo rua. A primeira significa via pública urbana ladeada de casas, prédios, de muros ou jardins. Já a segunda diz ser o centro dessa via, onde transitam os veículos. (HOUAISS, 2001, p. 2.479). Via ou rua estreita, travessa ou beco denomina-se viela. Para Rizzardo (2013, p. 35), as avenidas compreendem as vias de maior escoamento do trânsito, mais largas que as outras artérias 2 urbanas e nas quais desembocam as secundárias. Caminhos são qualquer faixa de terreno destinada ao trânsito. Na compreensão do CTB, são passagens para os deslocamentos, às vezes não oficializadas e nem pavimentadas ou asfaltadas. (RIZZARDO, 2013, p. 36). Não menos importante, os logradouros públicos correspondem a espaços abertos para a circulação e movimentação, delivre acesso a todos, como praças, jardins e estacionamentos. 2 Via de comunicação importante por onde circula grande parte do tráfego. (HOUAISS, 2001, p. 307). 15 Introdução ao Estudo do Trânsito O anexo I do CTB conceitua como o espaço livre destinado pela municipalidade à circulação, parada ou estacionamento de veículos, ou à circulação de pedestres, tais como calçada, parques, áreas de lazer, calçadões. O inciso I do artigo 60 do CTB classifica as vias urbanas em via de trânsito rápido, via arterial, via coletora e via local. A velocidade é um dos fatores mais importantes na circulação dos veículos, influindo em muito para a segurança de todos os usuários das vias. O princípio básico que orienta a política no critério de fixação dos limites está em que a velocidade deve ser a adequada para o local. (RIZZARDO, 2013, p. 155). Veremos a seguir a classificação das vias urbanas e a velocidade permitida: A via de trânsito rápido é caracterizada por acessos especiais com trânsito livre, sem interseções em nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros 3 e sem travessia de pedestres em nível. (CTB, 1997, anexo I). A velocidade máxima permitida, se não houver sinalização indicando outra, será de oitenta quilômetros por hora. (art. 61,§ 1°, I, “a”, do CTB). Pode-se dizer que “são vias sem cruzamentos e sem semáforo.”. (MACEDO, 2009, p. 55). Via arterial é caracterizada por interseções em nível, geralmente controlada por semáforo, com acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade. (CTB, 1997, anexo I). De acordo com Rizzardo (2008, p. 161), as vias arteriais constituem-se das antigas preferenciais. Diferente da via de trânsito rápido, e se não houver sinalização regulamentadora indicando a velocidade, será de sessenta quilômetros por hora a máxima permitida. (art. 61,§ 1°, I, “b”, do CTB). Macedo (2009, p. 56) trata a via arterial como sendo via com cruzamento e com semáforo, que possibilita o trânsito pelos bairros da cidade. Exemplo: A Avenida São João é uma importante via arterial do Centro de São Paulo. Conecta-se a ela o Elevado Costa e Silva e, em sua perspectiva, encontra-se o Edifício Altino Arantes (Banespa), importante ponto focal urbano. Em sua área mais central, a avenida é inteiramente pedonal (situação caracterizada como “calçadão”), sendo restrito o tráfego de automóveis. 3 Lote lindeiro - aquele situado ao longo das vias urbanas ou rurais e que com elas se limita. Pode ser um terreno, prédio, casa, sítio, garagem. (anexo I do CTB). 16 Capítulo 1 As vias coletoras são destinadas a coletar e distribuir o trânsito que tenha a necessidade de entrar ou sair das vias de trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito dentro das regiões da cidade. (CTB, 1997, anexo I). As vias coletoras são “as antigas secundárias, pouco extensas e que levam às arteriais”. (RIZZARDO, 2008, p. 161). Para Macedo (2009, p. 56), “são vias com cruzamentos e com semáforo, que possibilitam o trânsito dentro de uma mesma região da cidade”. A velocidade máxima será de quarenta quilômetros por hora, se não existir sinalização regulamentadora indicando-a. (art. 61,§ 1°, I, “c”, do CTB). Via local é caracterizada por interseções em nível não semaforizadas. É destinada, apenas, ao acesso local ou a áreas restritas. (CTB, 1997, anexo I). Trinta quilômetros por hora será a velocidade máxima nas vias locais. E, como as demais vias, terá que ser respeitada, em primeiro lugar, a sinalização regulamentadora no local. (art. 61,§ 1°, I, “d”, do CTB). Macedo (2009, p. 56) alega que “são vias com cruzamentos e sem semáforo, destinadas apenas ao acesso local e áreas restritas, geralmente são as ruas residenciais, de pouco movimento.”. Para Gomes (2017) quando estivermos transitando em vias urbanas, independentemente do veículo que estivermos conduzindo, o limite de velocidade será o mesmo. De forma diferente, quando estivermos trafegando em vias rurais classificadas como rodovias, a velocidade máxima dependerá do tipo de veículo que estivermos conduzindo. Já quando a via rural for classificada como estrada, o limite de velocidade será o mesmo, para todos os tipos de veículos. 2.1.2 Vias rurais Ao contrário das vias urbanas, “são as que, em regra, não possuem imóveis edificados ao longo de sua extensão”. (MACEDO, 2009, p. 55). O inciso II do artigo 60 do CTB classifica as vias rurais em rodovias e estradas. As vias rurais definem-se como as que se alongam fora do perímetro urbano, normalmente se ligando ao interior do município ou a outros municípios. As rodovias são vias pavimentadas e diferem das estradas, que são vias não pavimentadas. Então, o elemento caracterizador das vias rurais é o pavimento (qualquer beneficiamento feito na via, como asfalto, concreto etc. (MACEDO, 2009, p.55). A Lei n° 13.281 de 2016, alterou o inciso II do art. 61 do CTB, passando a ter 17 Introdução ao Estudo do Trânsito diferença a velocidade a ser permitida em rodovias de pista dupla e pista simples sem sinalização regulamentadora de velocidade. A velocidade máxima nas rodovias de pista dupla será de 110 Km/h (cento e dez quilômetros por hora) para automóveis, camionetas e motocicletas. Para os demais veículos, será de 90 Km/h (noventa quilômetros por hora). Nas rodovias de pista simples será de 100 Km/h (cem quilômetros por hora) para automóveis, camionetas e motocicletas. Para os demais veículos, será de 90 Km/h (noventa quilômetros por hora). Já nas estradas, na falta de sinalização regulamentadora, a velocidade permitida será de 60 Km/h (sessenta quilômetros por hora). Gomes (2017) justifica a alteração do inciso II do art. 61 do CTB, pela questão de segurança, a qual é significantemente maior, quando estamos transitando em pista dupla, pois se houver divisor físico entre as pistas, estaremos praticamente livres da colisão frontal, normalmente com efeitos muito danosos, como as mortes e lesões graves no trânsito. Ainda, com relação à velocidade, Rizzardo (2008) argumenta que nas vias rurais, a velocidade máxima admitida é maior do que nas vias urbanas, pois são destinadas a ligar cidades. São vias que possibilitam, por sua própria natureza, uma velocidade mais elevada, oferecendo uma maior segurança, desde que obedecidas às normas de circulação. De acordo com o § 2° do art. 61 do CTB, é possível concluir que no Brasil não há limite máximo de velocidade, pois deixa a cargo do órgão ou entidade executivo de trânsito ou rodoviário com circunscrição sobre a via, a regulamentação de velocidade, a qual poderá ser superior ou inferior às estabelecidas no § 1°. Vejamos o que dispõe o art. 61 do CTB: Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será indicada por meio de sinalização, obedecidas suas características técnicas e as condições de trânsito. § 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima será de: I - nas vias urbanas: a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito rápido: b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais; c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras; d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais; II - nas vias rurais: a) nas rodovias de pista dupla: (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) 1. 110 km/h (cento e dez quilômetros por hora) para automóveis, camionetas e motocicletas; (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) 2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os demais 18 Capítulo 1 veículos; (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) 3. (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) b) nas rodovias de pista simples: (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) 1. 100 km/h (cem quilômetros por hora) para automóveis, camionetas e motocicletas; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) 2. 90 km/h (noventa quilômetrospor hora) para os demais veículos; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) c) nas estradas: 60 km/h (sessenta quilômetros por hora). (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) § 2º O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com circunscrição sobre a via poderá regulamentar, por meio de sinalização, velocidades superiores ou inferiores àquelas estabelecidas no parágrafo anterior. (BRASIL, 1997). 2.2 Usuários das Vias Terrestres Os usuários das vias terrestres são todas as pessoas que utilizam as vias públicas, compreendendo os motoristas, proprietários de prédios existentes junto às vias e os pedestres. Prédio é toda a fração de território, abrangendo as águas, plantações, edifícios e construções de qualquer natureza nela incorporados ou assentes, com caráter de permanência, desde que faça parte do patrimônio de uma pessoa singular ou coletiva e, em circunstâncias normais, tenha valor econômico, bem como as águas, plantações, edifícios ou construções, nas circunstâncias anteriores, dotados de autonomia econômica em relação ao terreno onde se encontrem implantados, embora situados numa fração de território que constitua parte integrante de um patrimônio diverso ou não tenha natureza patrimonial. (Decreto-Lei nº 287 de 12 de novembro de 2003). Rizzardo conceitua usuários das vias terrestres como: Usuários das vias terrestres entendem-se todas as pessoas que possam utilizar as vias públicas: os motoristas, proprietários de prédios existentes junto às vias e os pedestres, que, embora sejam pessoas que andem a pé, podem influir, e muito, no sistema viário, pois além da possibilidade de serem atingidos pelos veículos, como em atropelamentos, também prestam- se a atrapalhar e prejudicar a circulação e causar acidentes. (RIZZARDO, 2008, p. 112). 19 Introdução ao Estudo do Trânsito Tanto os motoristas como os pedestres e proprietários de prédios são responsáveis pelo trânsito, havendo, para todos, normas a serem respeitadas e seguidas. O capítulo III do CTB trata das normas gerais de circulação e conduta e é composto de 41 artigos, “em que dispõe como os motoristas e pedestres devem portar-se para que o trânsito seja o mais seguro para todos e para que haja uma melhor trafegabilidade”. (RIZZARDO, 2008, p. 112). Um condutor e pedestre que conhece as normas gerais de circulação e conduta, sinalização, e, principalmente, os deveres e proibições, será um usuário que terá uma postura mais correta e mais segura de como se comportar no trânsito. É necessário incutir nas pessoas que o conhecimento das leis de trânsito não é somente necessário para os que se interessarem em dirigir veículos (normalmente quando chega a época de “tirar” a CNH); é e será sempre necessário para todos. O art. 26 do CTB preceitua regras de conduta para os usuários não praticarem atos que possam causar transtorno ao uso regular das vias. No inciso I, proíbe a prática de atos que venham perturbar o trânsito. Já, no inciso II, proíbe a prática de atos que impeçam ou causem alguma dificuldade no trânsito. Vejamos o artigo: Art. 26 - Os usuários das vias terrestres devem: I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou privadas; II - abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso, atirando, depositando ou abandonando na via objetos ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo. Como exemplo do inciso I podemos mencionar o ato de estacionar o veículo em cima das calçadas, perturbando o trânsito dos pedestres; e, no II, jogar sacos de lixo na via. A preocupação obrigatória dos usuários deve ser manter a fluidez, a funcionalidade e a segurança do trânsito. (ROSÁRIO, 2010, p. 74). 2.2.1 Condutor A definição de condutor está no art. 1º, v, da Convenção Sobre Trânsito Viário, como sendo “toda pessoa que conduza um veículo automotor ou de outro tipo (incluindo os ciclos), ou que guia por uma via, cabeças de gado isoladas, rebanho, bando, ou manada; ou animais de tiro, carga ou sela.”. 20 Capítulo 1 A partir dessa definição, vamos analisar dois artigos do CTB que interessam para o estudo desta seção. O art. 27 do CTB dispõe que: Antes de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o condutor deverá verificar a existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório, bem como assegurar-se da existência de combustível suficiente para chegar ao local de destino. Para Rizzardo (2013, p. 109), o artigo tem como objetivo “dar maior segurança aos motoristas e, consequentemente, garantir um bom fluxo dos veículos”. O condutor é responsável pelo veículo. Então, antes de colocá-lo em circulação, deve garantir-se de que poderá circular com toda a segurança possível, verificando a existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório. O art. 105 do CTB traz um rol de equipamentos obrigatórios, entre eles, o cinto de segurança, mencionado no inciso I. Além de verificar a existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório, o condutor deve assegurar-se da existência de combustível, de modo a não “[...] correr o risco de ter que interromper o seu trajeto pela falta”. (RIZZARDO, 2013, p. 109). A maioria dos especialistas aconselha a não deixarmos o nível do tanque chegar à reserva, pois, com isso, a sujeira acumulada no tanque vai passar pelos dutos de combustível e pode acumular-se nos bicos, provocando mau funcionamento, ou na bomba elétrica, correndo o risco de travá-la ou queimá-la, trazendo-lhe certo prejuízo financeiro. Sendo o condutor responsável pelo seu veículo, deve “dirigir atentamente, conscientizando-se de todas as precauções possíveis, a fim de evitar acidentes e não obstruir o trânsito”. (RIZZARDO, 2013, p. 110). A obrigatoriedade de o condutor ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção, está inserida no art. 28 do CTB, impondo que “O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito”. (BRASIL, 1997). 21 Introdução ao Estudo do Trânsito Exemplo: O condutor deve evitar distrações, como olhar para pessoas que andam pelas calçadas, fumar ao dirigir, falar ao telefone celular. (RIZZARDO, 2013, p. 110). O estado físico do condutor está inserido entre os cuidados indispensáveis exigidos na norma. “Vê-se que tanto o condutor como o veículo devem estar em bom estado para imprimir segurança ao trânsito”. (RIZZARDO, 2008, p. 116). De acordo com o art. 8º, 3, da Convenção Sobre Trânsito Viário, promulgada pelo Decreto no 86.714, de 10 de dezembro de 1981: todo “condutor deverá possuir as qualidades físicas e psíquicas necessárias e achar-se em bom estado físico e mental para dirigir.” (BRASIL, 1981). Importante destacar a Resolução do Contran nº 471 de 18 de dezembro de 2013 (Res. 471/13), que regulamenta a fiscalização de trânsito por intermédio de videomonitoramento em estradas e rodovias alterada pela Resolução nº 532 de 17 de junho de 2015 (532/15), que regulamentou a fiscalização de trânsito por intermédio de videomonitoramento em estradas, rodovias e vias urbanas, nos termos do § 2° do art. 280 do CTB. Esta ferramenta possibilita a intensificação da fiscalização do trânsito nas vias públicas para inibir a prática de condutas infratoras, por condutores que pensam ter a certeza da impunidade. A Res. 532/15 vai ao encontro do que preconiza a Década Mundial de Ação pela Segurança no Trânsito. Foi lançada em maio de 2011 a Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011- 2020, na qual governos de todo o mundo se comprometem a tomar novas medidas para prevenir os acidentes no trânsito, que matam cerca de 1,3 milhão de pessoas por ano. (ONUBR). O plano nacional de redução de acidentes e segurança viária para a década 2011- 2020 é um conjunto de medidas que visamcontribuir para a redução das taxas de mortalidade e lesões por acidentes de trânsito no país, através da implementação de ações de fiscalização, educação, saúde infraestrutura e segurança veicular, a curto, médio e longo prazo. (DENATRAN). 2.2.1 Pedestres Diferentemente de condutor, não encontramos o conceito de pedestre na Convenção Sobre Trânsito Viário e, tampouco, no CTB. A Associação Brasileira de Pedestres (2000) trouxe um conceito de pedestre relevante para o nosso estudo: http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2011/road_safety_20110506/en/index.html http://www.who.int/roadsafety/decade_of_action/en/index.html http://www.who.int/roadsafety/decade_of_action/en/index.html 22 Capítulo 1 Pedestre somos todos nós que andamos a pé no espaço público. Também é pedestre o portador de deficiência física. Ser pedestre é uma condição natural do ser humano. Com o objetivo de poupar sua energia muscular e de dispor de maior conforto e mobilidade, especialmente em percursos longos, o homem criou e desenvolveu tipos de veículos e de sistemas de tração. A partir daí, surgiram duas novas condições: a de passageiro e a de condutor. Essas últimas, porém, não são naturais, e sim criadas pelo homem. (DAROS, 2000). Nos mesmos moldes, a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte S/A – BHTRANS considera pedestre toda e qualquer pessoa que está ou se desloca a pé. Equipara ao pedestre, também, aquele que se desloca com o auxílio de cadeira de rodas manual ou elétrica, patins, patinetes etc., os quais tenham dimensões e peso compatíveis com o referencial humano e não excedam velocidades de 10 km/h. Esse conceito não considera o pedestre como um grupo homogêneo, mas, sim, com as diversas nuances que o caracterizam. Feitas essas considerações essenciais acerca do conceito de pedestre, serão descritos os artigos 68, 69 e 70 do CTB, relacionados com o pedestre e que são relevantes para o nosso estudo. Art. 68. É assegurada ao pedestre a utilização dos passeios ou passagens apropriadas das vias urbanas e dos das vias rurais para circulação, podendo a autoridade competente permitir a utilização de parte da calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao fluxo de pedestres. (grifo nosso). § 1º. O ciclista desmontado empurrando a bicicleta equipara-se ao pedestre em direitos e deveres. Parte da calçada ou da pista de rolamento, nesse último caso, separada por pintura ou elemento físico separador, livre de interferências, destinada à circulação exclusiva de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas. (CTB, 1997, anexo I). Aqui, importante conceituar também, a passarela, que é “obra de arte destinada à transposição de vias, em desnível aéreo, e ao uso de pedestres”. (GOMES, 2017, p. 64). Segundo Rizzardo (2008, p. 175), “as regras atinentes aos pedestres se aplicam aos que, desmontados, conduzem bicicletas, empurrando-as, devendo utilizar os passeios e as faixas reservadas às travessias das vias”. A Resolução do Contran, nº 550 de 17 de setembro de 2015 estabelece, em caráter experimental, sinalização educativa e de regulamentação para os ciclistas. 23 Introdução ao Estudo do Trânsito § 2º. Nas áreas urbanas, quando não houver passeios ou quando não for possível a utilização destes, a circulação de pedestres na pista de rolamento será feita com prioridade sobre os veículos, pelos bordos da pista, em fila única, exceto em locais proibidos pela sinalização e nas situações em que a segurança ficar comprometida. Nas vias urbanas, permite-se que trafeguem as pessoas, tanto em um lado como em outro da pista. § 3º. Nas vias rurais, quando não houver acostamento ou quando não for possível a utilização dele, a circulação de pedestres, na pista de rolamento, será feita com prioridade sobre os veículos, pelos bordos da pista, em fila única, em sentido contrário ao deslocamento de veículos, exceto em locais proibidos pela sinalização e nas situações em que a segurança ficar comprometida. Diferente das vias urbanas, nas vias rurais, o pedestre transitará pelo lado oposto em que trafegam os veículos. Para Gomes (2017, p. 64) como medida de segurança, convém usar roupas de cores claras, facilitando a visualização pelos condutores de veículos. § 4º. VETADO § 5º. Nos trechos urbanos de vias rurais e nas obras de arte 4 a serem construídas, deverá ser previsto passeio destinado à circulação dos pedestres, que não deverão, nessas condições, usar o acostamento. § 6º. Onde houver obstrução da calçada ou da passagem para pedestres, o órgão ou entidade com circunscrição sobre a via deverá assegurar a devida sinalização e proteção para circulação de pedestres. Nas constantes obras realizadas em vias públicas, os órgãos competentes deverão sinalizar, de modo a prevenir e orientar os pedestres. Quando vai se construir ou reformar uma calçada ou passarela, deverá ser reservado e sinalizado um lugar adequado para a circulação segura dos pedestres. Esta obrigação é do órgão com circunscrição sobre a via. (GOMES, 2017, p. 64). 4 Obras de arte são os viadutos, pontes e túneis. As vias rurais (rodovias e estradas), poderão ter trechos urbanos (delimitados pelo Plano Diretor do Município). Todavia, permanecerão sendo vias rurais, para todos os fins, no § 5º, do art. 68 do CTB há determinação relativa à segurança para os pedestres, nas obras de arte a serem construídas em rodovias, nos trechos urbanos. (GOMES, 2017). 24 Capítulo 1 Nos artigos 69 e 70 do CTB fica nítida a preocupação do legislador com a segurança do pedestre. Vejamos: Art. 69. Para cruzar a pista de rolamento o pedestre tomará precauções de segurança, levando em conta, principalmente, a visibilidade, a distância e a velocidade dos veículos, utilizando sempre as faixas ou passagens a ele destinadas sempre que estas existirem numa distância de até cinquenta metros dele, observadas as seguintes disposições: I - onde não houver faixa ou passagem, o cruzamento da via deverá ser feito em sentido perpendicular ao de seu eixo; II - para atravessar uma passagem sinalizada para pedestres ou delimitada por marcas sobre a pista: a) onde houver foco de pedestres, obedecer às indicações das luzes; b) onde não houver foco de pedestres, aguardar que o semáforo ou o agente de trânsito interrompa o fluxo de veículos; III - nas interseções e em suas proximidades, onde não existam faixas de travessia, os pedestres devem atravessar a via na continuação da calçada, observadas as seguintes normas: a) não deverão adentrar na pista sem antes se certificar de que podem fazê-lo sem obstruir o trânsito de veículos; b) uma vez iniciada a travessia de uma pista, os pedestres não deverão aumentar o seu percurso, demorar-se ou parar sobre ela sem necessidade. O caput do artigo 69 traz a obrigatoriedade do pedestre em utilizar a faixa de segurança para atravessar a pista de rolamento, sempre que ela existir a uma distância de até cinquenta metros. Para Gomes (2017) na prática, esta norma não é observada pela maioria dos pedestres que, atravessam a pista de rolamento ao lado da faixa de segurança. Art. 70. Os pedestres que estiverem atravessando a via sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica, onde deverão ser respeitadas as disposições deste Código. Parágrafo único. Nos locais em que houver sinalização semafórica de controle de passagem será dada preferência aos pedestres que não tenham concluído a travessia, mesmo em caso de mudança do semáforo liberando a passagem dos veículos. Se no local, o sinal encontra-se aberto para a circulação de veículos, o pedestre não deve atravessar e sim, aguardar que o sinal lhe seja favorável. Já, os condutores deverão aguardar a conclusão da travessia dos pedestres, por ocasião da mudança de sinal do semáforo. 25 Introdução ao Estudo do Trânsito Seção 3 Princípios norteadores do trânsito A seguir, serão desenvolvidos os princípios mais apontados peladoutrina de trânsito brasileira. Porém, os princípios enumerados não são exclusivos, podendo existir outros. Para o estudo dos princípios, adotamos a posição de Rosário (2010). 3.1 Princípio da segurança viária Esse princípio trata do trânsito livre de qualquer obstáculo, risco de perigo ou dano. A preocupação com a segurança “deve estar presente nos projetos, construções, passando pela sinalização e, lá na ponta, manutenção e a obrigação de conduzir preventiva e defensivamente”. (ROSÁRIO, 2010, p. 34). Para Gomes (2017) se as pessoas, em qualquer situação possível de ocuparem no trânsito, se abstivessem de atitudes perigosas, adotando um comportamento adequado e educado seria excelente para termos segurança no trânsito. 3.2 Princípio da Fluidez Para tal princípio, é inadmissível qualquer obstáculo ou obstrução em uma via. O artigo 7º da Convenção sobre o Trânsito Viário, celebrada em Viena, em 08 de novembro de 1968, e em vigor no Brasil, desde 1981, pelo Decreto nº 86.714, determina a todo/a usuário/a das vias a obrigação de não obstaculizar, tampouco obstruir a via: 1. Os usuários da via deverão abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito, pôr em perigo pessoas ou causar danos a propriedades públicas ou privadas. 2. Recomenda-se que as legislações nacionais estabeleçam que os usuários da via deverão abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso atirando, depositando ou abandonando na via objetos ou substâncias, ou criando qualquer outro obstáculo na mesma. Os usuários da via, que não tenham podido evitar a criação de um obstáculo ou perigo, deverão adotar as medidas necessárias para fazê-lo desaparecer o mais breve possível e, se não puderem fazê-lo imediatamente, assinalá-lo aos outros usuários. 26 Capítulo 1 Seguindo a recomendação da Convenção, artigo 26 do CTB dita o seguinte: Art. 26 - Os usuários das vias terrestres devem: I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou privadas; II - abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso, atirando, depositando ou abandonando na via objetos ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo. 3.3 Princípio do conforto dos usuários Segundo o princípio do conforto, a via não poderá trazer desconforto para o usuário. De nada adianta um trânsito seguro, se o usuário não está bem acomodado no veículo, se a via traz desconforto, com saídas e entradas diretas ou um túnel sem dispositivos de acomodação visual nas entradas e saídas. (ROSÁRIO, 2010, p. 35). 3.4 Princípio da defesa ao meio ambiente, proteção e preservação da vida Esse princípio está estampado no artigo 1º, § 5º do CTB, priorizando a defesa da vida, incluindo a preservação da saúde e do meio ambiente. § 5º - Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio ambiente. Para Rizzardo (2008, p. 38), as ações de defesa da vida, dirigidas para a humanização do trânsito, abrangendo ações que tendem à preservação da saúde e do meio ambiente, alçam-se em prioridade nas ações do Sistema Nacional de Trânsito (SNT). Exemplo: Ações preventivas, desde a emissão de gases poluentes, até o lançamento ou abandono de dejetos e resíduos inservíveis nas pistas e locais públicos. (RIZZARDO, 2008, p. 38). 27 Introdução ao Estudo do Trânsito 3.5 Princípio da prevenção (educação) Todos os usuários de uma via, ou seja, pedestres, condutores de veículos motorizados ou não, são destinatários desse princípio. O princípio da educação para o trânsito, dada a sua importância, está regulado, entre outras normas, no capítulo VI do CTB, mais precisamente em seis artigos. (art. 74 ao art. 79). “Em matéria de Educação de Trânsito, não há de se falar em idade, sexo, estratificação social ou grau de instrução. Ela deve ser direcionada de forma mais ampla possível”. (ROSÁRIO, 2010, p. 36). Segundo Rizzardo (2008, p. 183), as regras de trânsito devem ser disseminadas e aprendidas nas escolas, eis que, mais cedo ou mais tarde, os alunos, na sua grande maioria, irão conduzir veículos. Ainda, conforme Rizzardo (2008, p. 183), é na infância e na adolescência que se verifica maior aceitação de ensinamentos e de condutas. Vejamos as normas no âmbito nacional que dispõe a respeito da Educação para o Trânsito: • Resolução do Contran nº 30, de 21 de maio de 1998. Dispõe sobre campanhas permanentes de segurança no trânsito a que se refere o art. 75 do Código de Trânsito Brasileiro. • Resolução do Contran nº 265, de 14 de dezembro de 2007. Dispõe sobre a formação teórico-técnica do processo de habilitação de condutores de veículos automotores elétricos como atividade extracurricular no ensino médio e define os procedimentos para implementação nas escolas interessadas. • Resolução do Contran nº 314, de 8 de maio de 2009. Estabelece procedimentos para a execução das campanhas educativas de trânsito a serem promovidas pelos órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito. • Resolução do Contran nº 515, de 18 de dezembro de 2014. Estabelece critérios de padronização para funcionamento das Escolas Públicas de Trânsito. • Portaria do Denatran nº 147, de 3 de junho de 2009. Aprovar as Diretrizes Nacionais da Educação para o Trânsito na Pré-Escola e no Ensino Fundamental. • Lei nº 11.988, de 27 de julho de 2009. Cria a Semana de Educação para a Vida, nas escolas públicas de ensino fundamental e médio de todo o País, e dá outras providências. 28 Capítulo 1 3.6 Princípio da padronização O conceito de padronização relevante para o nosso estudo é o seguinte: “qualquer processo social que resulta na tendência de uniformização de comportamento ou de outros elementos culturais”. (HOUAISS, 2001, p. 2103). De acordo com o princípio da padronização, o Sistema Nacional de Trânsito deve estabelecer normas comuns e padrões no território nacional, dando um único tratamento, sem diferenças de normas nos Estados. O Contran aprovou a Resolução nº 277, de 28 de maio de 2008 (Res. 277/08), alterada pela Resoluções nº 352, de 14 de junho de 2010 e nº 639, de 30 de novembro de 2016 e pela Deliberação nº100, de 6 de setembro de 2010, que prevê a obrigatoriedade do uso de cadeirinha nos carros de passeio, para transportar crianças de até sete anos e seis meses. “Este princípio obriga os órgãos e entidades a um único procedimento. O que deve ser estabelecido por normas de cunho geral, através do órgão máximo normativo e consultivo do Sistema, o Contran”. (ROSÁRIO, 2010, p. 36). 3.7 Princípio da informação integrada Nos diversos órgãos do Sistema Nacional de Trânsito, que estudaremos na próxima unidade, devem existir “canais de comunicação, de modo a coordenar a atividade em conjunto, e não serem emitidas decisões contraditórias, ou não invadir um órgão a competência de outro”. (RIZZARDO, 2008, p. 43). Nas palavras de Rosário (2010, p. 36), “não se pode falar em um sistema se esse não mantiver um fluxo de informações que o integra de forma a efetivar a aplicação das normas pertinentes, fiscalização, notificação, administração e finanças.”. 29 Introdução ao Estudo do Trânsito Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PEDESTRES. Disponível em:< http://www.pedestre. org.br/>. Acesso em 10 abr. 2015. BRASIL. Decreto no 86.714, de 10 de dezembro de 1981. Promulga a Convenção sobre Trânsito Viário. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto/1980-1989/d86714.htm>. Acesso em 22 abr. 2015. _____. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm. Acesso em 06 abr. 2015. _____. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência - Estatuto da Pessoa com Deficiência. 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Dá nova redação ao inciso III do art.7.º da Resolução n.º 277, de 28 de maio http://www.pedestre.org.br/ http://www.pedestre.org.br/ http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC 86.714-1981?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d86714.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/d86714.htm http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei 9.503-1997?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art109 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art109 http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei 9.503-1997?OpenDocument http://www.cetsp.com.br/consultas/educacao/vivencias-de-educacao-de-transito/conheca-o-cetet.aspx http://www.cetsp.com.br/consultas/educacao/vivencias-de-educacao-de-transito/conheca-o-cetet.aspx http://www.denatran.gov.br/RESOLUCOES.HTM 30 Capítulo 1 de 2008, do CONTRAN. 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Disponível em: < https://nacoesunidas.org/campanha/seguranca-transito/>. Acesso em 24 jun. 2017. PORTO ALEGRE. Lei complementar nº 434. Dispõe sobre o desenvolvimento urbano no Município de Porto Alegre, institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre e dá outras providências. Disponível <http:// www.portoalegre.rs.gov.br/planeja/spm/default.htm>. Acesso em 10 abr. 2015RIZZARDO, Arnaldo. Comentários ao código de trânsito brasileiro. 5. ed. São Paulo: RT, 2008. _____. Comentários ao código de trânsito brasileiro. 9. ed. São Paulo: RT, 2013. ROSÁRIO, Idayr Mário do. Legislação de trânsito. Servanda: São Paulo, 2010. SILVA, Ricardo Alves da; BOLDORI, Reinaldo. Tudo o que você precisa saber sobre as infrações de trânsito: doutrinas, jurisprudências e pareceres dos órgãos executivos e normativos de trânsito. 2. ed. São Paulo: Letras Jurídicas, 2009. http://www.portoalegre.rs.gov.br/planeja/spm/default.htm http://www.portoalegre.rs.gov.br/planeja/spm/default.htm 33 Capítulo 2 Sistema Nacional do Trânsito Seção 1 Conceito, finalidades e objetivos do Sistema Nacional de Trânsito Para que possamos compreender o Sistema Nacional do Trânsito (SNT), tido como o conjunto de órgãos e entidades destinado a gerir toda sistemática de trânsito, estudaremos o conceito, as finalidades e os objetivos. Enfatizaremos, ainda, os órgãos e entidades que compõem este sistema, como o DETRAN e o JARI, por exemplo. O conceito do SNT está inserido no início do art. 5º do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, como sendo: [...] o conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades. (BRASIL, 1997). Da leitura do artigo, Rizzardo (2013, p. 37) extrai que o SNT “trata-se do complexo de órgãos, entidades e sistema gestor, programador e diretor do trânsito nacional, visando à administração, à coordenação, à direção no uso de veículos e das vias”. 34 Capítulo 2 É dever dos órgãos e entidades componentes do SNT, no âmbito de suas competências, adotarem as medidas destinadas a assegurar a consecução de um trânsito em condições seguras. (SILVA e BOLDORI, 2009, p. 28). No mesmo art. 5º do CTB, que traz o conceito, encontramos perfeitamente elencadas, as finalidades do SNT: [...] planejamento, administração, normalização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades. (BRASIL, 1997). No exercício de todo este complexo de atividades na área de trânsito, deve-se priorizar a defesa da vida, nela incluída a saúde e o meio ambiente. (MACEDO, 2009, p. 107). Em análise do art. 5º do CTB, pode-se concluir que existe uma atividade integrada entre a União, os Estados, o Distrito Federal e Municípios, mas, em uma escala hierárquica, de modo que sempre prevalecem as normas emanadas da órbita federal. (RIZZARDO, 2008, p. 42). O quadro abaixo facilita o entendimento das competências das atividades para cada ordem 1. Quadro 1 - Competências de cada ordem Ordem Atividades União Legislar e organizar o trânsito em vias federais. Direcionar a política nacional. Instituir condutas-padrão. Impor exigências quanto aos veículos. Estabelecer a velocidade permitida. Dispor sobre a segurança dos veículos. Estados e Distrito Federal Fiscalizar o trânsito. Realizar exames para a habilitação. Registrar e licenciar veículos. Municípios Direcionar o trânsito. Fonte: Elaboração do Autor (2010). 1 Há em nossa Constituição três ordens. Em primeiro lugar, a ordem central – a União. Em segundo lugar, ordens regionais – Os Estados. Em terceiro lugar, ordens locais – os Municípios. (FERREIRA FILHO, 2009, p. 60). 35 Introdução ao Estudo do Trânsito Um exemplo: União – O art. 61 do CTB estipula a velocidade máxima permitida nas vias urbanas e rurais. (BRASIL, 1997). Estado – De acordo com a Lei Estadual n° 4.085, de 10 de março de 2003, art. 1º as pessoas, a partir de 65 anos, estão isentas do pagamento da taxa de renovação da habilitação, no Rio de Janeiro. (RIO DE JANEIRO, 2003). Município – Lei Municipal nº 3.714, de 26 de outubro de 2009 disciplinou o serviço de transporte de escolares no município de Viamão/RS. Essa Superestrutura é para Macedo (2013, p. 33) uma superposição a uma administração já existente, em que se aproveitou uma série de órgãos e entidades, subordinada e vinculada a secretarias e ministérios, e atribui-se a ela pela do CTB outras missões, com o fim de acabar com a excessiva mortandade nas vias do território nacional. Ex.: Polícia Rodoviária Federal (PRF) é um órgão subordinado ao Ministério da Justiça com atividades na área de trânsito. Assim, tudo o que pensarmos em trânsito, quer em relação à pessoa, ao veículo, à fiscalização ou às vias públicas, será planejado, executado ou administrado por um órgão do SNT, em algum de seus três níveis (União, Estados/Distrito Federal e Município). (GOMES, 2017). A seguir, analisaremos os objetivos do SNT segundo os incisos do art. 6º do CTB: I - estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito, com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defesa ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu cumprimento; [...] (BRASIL, 1997). A Resolução nº 514 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de 18 de dezembro de 2014, em conformidade com os objetivos do SNT, dispõe sobre a Política Nacional de Trânsito, seus fins e aplicação. O art. 5º da Resolução nº 514/2014 disciplina as diretrizes da Política Nacional de Trânsito: Art. 5º A Política Nacional de Trânsito é orientada pelas seguintes diretrizes: I - da segurança de trânsito: a) intensificar a fiscalização do trânsito viário, dos veículos e dos condutores; b) fomentar projetos destinados à redução de acidentes de trânsito; c) promover o aperfeiçoamento das condições de segurança veicular; d) incentivar a renovação da frota circulante, com foco no uso de veículos com elevado níveis de segurança passiva e ativa; e) desenvolver e modernizar a gestão da operação e fiscalização do trânsito viário; f) promover a melhoria das condições físicas do sistema viário: sinalização; geometria; 36 Capítulo 2 pavimento; passeios e calçadas de pedestres; g) incentivar o desenvolvimento de pesquisas tecnológicas em gestão e segurança do trânsito; h) padronizar, aperfeiçoar e produzir as informações estatísticas de trânsito; i) estimular a regulamentação municipal de registro, licenciamento e circulação de ciclomotores, bicicletas e veículos de tração animal; II - da educação para a cidadania no trânsito: a) articular e promover a educação para o trânsito no âmbito da educação básica; b) articular e promover a capacitação de professores multiplicadores da educação para o trânsito; c) buscar parcerias com universidades e centros de ensino para promover a educação e capacitação para o trânsito; d) estimular a produção intelectual, tanto de obras científicas como de obras artísticas e culturais voltadas para o trânsito; e) aperfeiçoar e monitorar a formação de condutores; f) promover e monitorar campanhas permanentes de utilidade pública com vistas a difundir princípios de cidadania, valores éticos, conhecimento, habilidades e atitudes favoráveis ao trânsito seguro; III - da garantia de mobilidade, acessibilidade e qualidade ambiental: a) priorizar a mobilidade de pessoas sobre a de veículos, considerando os usuários mais vulneráveis do trânsito como: crianças, idosos, pessoas com deficiência e com mobilidade funcional reduzida; b) estimular a edição de legislações municipais que regulamentem a construção, manutenção e melhoria das calçadas, passeios que garantindo aos pedestres conforto e segurança ao transitar no espaço público, minimizando as inclinações transversais e limitando as longitudinais em rampa; c) incentivar o desenvolvimento de sistemas de transporte coletivo e dosnão motorizados; d) fomentar a construção de ciclovias e ciclo-faixas; e) promover o uso mais eficiente dos meios motorizados de transporte com incentivo a tecnologias ambientalmente mais eficientes e desestímulo aos modos menos sustentáveis; f) promover nos projetos de empreendimentos, em especial naqueles considerados polos geradores de tráfego, a inclusão de medidas de segurança e sinalização de trânsito; g) incentivar que os planos diretores municipais incluam o trânsito como temática estratégica, com vistas a favorecer a fluidez do trânsito; h) estimular a atuação integrada dos órgãos executivos de trânsito com os de planejamento, desenvolvimento urbano e de transporte público; i) incentivar o uso de veículos ambientalmente sustentáveis; IV – do fortalecimento do Sistema Nacional de Trânsito – SNT: a) estimular a integração de municípios ao SNT; b) promover o desenvolvimento dos órgãos e entidades integradas ao SNT; c) priorizar a reestruturação organizacional dos órgãos do SNT; d) contribuir para a capacitação continuada dos profissionais de trânsito; e) estimular o redimensionamento e adequação do quadro de recursos humanos dos órgãos do SNT; f) estimular 37 Introdução ao Estudo do Trânsito a adequação dos recursos patrimoniais e materiais, com investimentos e custeios adequados e modernos, para o melhor desempenho das competências do SNT; g) difundir experiências exitosas entre os órgãos do SNT; h) fomentar a pesquisa e desenvolvimento na área de trânsito; i) integrar planos, projetos e ações dos diferentes órgãos e entidades do SNT, reforçando o caráter de sistema com alcance nacional; j) revisar as normas e procedimentos, com vistas a modernizá-las e acompanhar as melhores práticas nacionais e internacionais; k) disponibilizar os estudos técnicos, estatísticas, normas e legislação de trânsito; V – do planejamento e gestão: a) promover a criação de indicadores que permitam monitorar e avaliar os planos, programas e projetos implementados; b) estimular a criação de ouvidorias e outros canais de comunicação da sociedade com os órgãos do SNT; c) promover a articulação e a integração dos órgãos autuadores e arrecadadores de multas de trânsito; d) padronizar critérios técnicos, financeiros e administrativos das atividades de gestão de trânsito; e) definir estratégias e sistemáticas para a melhoria do controle da arrecadação de multas de trânsito; f) promover a articulação do governo federal com as diversas esferas de governo e sociedade, com vistas a compatibilizar políticas, planos, programas, projetos e ações; g) criar e manter sistemas informatizados integrados que promovam o fluxo de informações entre os diversos órgãos e entidades, a fim de facilitar o processo decisório e a gestão de trânsito; (CONTRAN, 2014). Para Gomes (2017) a Política Nacional de Trânsito, pelos seus instrumentos legais, deverá constituir-se como marco referencial do País para o planejamento, organização, normalização, execução e controle das ações de trânsito em todo território nacional, através dos seguintes instrumentos: programa nacional de trânsito; deliberações do Comitê de Mobilização pela saúde, segurança e paz no trânsito e ações interministeriais integradas voltadas para a segurança viária. E com relação aos objetivos da Política Nacional de Trânsito, o art. 4º da Resolução n° 514/2014 arrola: Art. 4º A Política Nacional de Trânsito tem por objetivos: I - promover a melhoria da segurança viária; II - aprimorar a educação para a cidadania no trânsito; III - garantir a melhoria das condições de mobilidade urbana e viária, a acessibilidade e a qualidade ambiental; IV - fortalecer o Sistema Nacional de Trânsito – SNT; V - incrementar o planejamento e a gestão do trânsito. (CONTRAN, 2014). 38 Capítulo 2 Segundo Macedo (2009, p. 109), o objetivo maior almejado é a diminuição dos gastos sociais com trânsito, em decorrência do elevado índice de acidentes e, consequentemente, um alto número de pensões por morte, invalidez e despesas médico-hospitalares. Outro objetivo está elencado no inciso II do art. 6º do CTB: II - fixar, mediante normas e procedimentos, a padronização de critérios técnicos, financeiros e administrativos para a execução das atividades de trânsito; [...] (BRASIL, 1997). O SNT deve estabelecer normas com o objetivo de padronizar o ordenamento dos Estados. O território do Brasil é muito extenso, existindo, assim, a necessidade de uniformização dos procedimentos, para que tenhamos órgãos de todas as regiões trabalhando da mesma forma, mas respeitadas as peculiaridades regionais. (MACEDO, 2009, p. 108). Ex.: Era frequente, no Código de Trânsito anterior, a vigência de uma restrição em um Estado, enquanto em outro a mesma inexistia, como no caso do cinto de segurança, ou do limite de velocidade em rodovias estaduais. (RIZZARDO, 2013, p. 39). A Resolução do Contran nº 619, de 6 de setembro de 2016 que estabelece “e normatiza os procedimentos para a aplicação das multas por infrações, a arrecadação e o repasse dos valores arrecadados, nos termos do inciso VIII do art. 12 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro – CTB, e dá outras providências”, é uma norma que veio em consonância com os objetivos do SNT mencionados no inciso II do CTB. Por último e não menos importante, o objetivo mencionado no inciso III do art. 6º do CTB dispõe: III - estabelecer a sistemática de fluxos permanentes de informações entre os seus diversos órgãos e entidades, a fim de facilitar o processo decisório e a integração do Sistema. (BRASIL, 1997). Entre os órgãos que compõem o SNT devem existir canais de comunicação. O Renavam Detran é um serviço de consulta a multas que muitos ainda não conhecem. Hoje, com a internet, é possível consultar as multas de seu veículo. Para isso, basta ter em mãos o número de Renavam ou a placa/ chassi do veículo. 39 Introdução ao Estudo do Trânsito Com a finalidade de assessorar o Contran nos objetivos traçados pelo art. 6º do CTB, a Resolução nº142, de 26 de março de 2003, criou o Fórum Consultivo, devendo participar nas diretrizes da política nacional do trânsito, na padronização de critérios técnicos, na execução de atividades de trânsito e no estabelecimento da sistemática de fluxos permanentes de informações. Outra norma em consonância com a sistemática de fluxos permanentes de informações é a Resolução nº 398, de 13 de dezembro de 2011, que estabelece orientações e procedimentos a serem adotados para a comunicação de venda de veículos, no intuito de organizar e manter o Renavam, garantindo a atualização e o fluxo permanente de informações entre os órgãos e entidades do SNT. A Resolução nº 560, de 15 de outubro de 2015, objetiva a integração dos órgãos e entidades executivos de trânsito e rodoviários municipais ao SNT. Todas e quaisquer ações dos órgãos e entidades que compõem o SNT devem ser direcionadas para estes três objetivos. Seção 2 Órgãos e Entidades que compõem o Sistema Nacional de Trânsito O Sistema Nacional de Trânsito (SNT) é composto por um conjunto de órgãos e entidades, com a atribuição de operacionalizar o trânsito do nosso país, em todas as suas ordens. A composição SNT está prevista no art. 7º do Código Trânsito Brasileiro (CTB), Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, revelando “a indicação de todos os órgãos que dirigirão o trânsito, a começar com o de maior importância, até aqueles que se encarregam de setores particularizado.”. (RIZZARDO, 2013, p. 41). De acordo com o quadro a seguir, elaborado pelo Diretor do Denatran Elmer Coelho Vicenzi, compõem o SNT os seguintes órgãos e entidades: 40 Capítulo 2 Quadro 2 – Composição do SNT Instância Órgãos Consultivos Órgãos Executivos Agentes de Fiscalização Órgãos Trânsito Rodoviário JulgadoresTrânsito Rodoviário Federal Contran Denatran DNIT PRF e DNIT Jari Estadual Cetran/ Contrandife Detran DER Polícia Militar, agente do Detrane DER Jari Municipal Órgão Municipal de trânsito e rodoviário Órgão Municipal de trânsito e rodoviário Polícia Militar e agentes dos órgãos municipais de trânsito Jari Fonte: Denatran Veremos, na sequência, algumas peculiaridades de cada um. 2.1 Conselho Nacional de Trânsito (Contran) Esse conselho coordena o SNT e é o órgão máximo normativo e consultivo. O Ministério da Cidade foi designado pelo Decreto 4.711, de 29 de maio de 2003 a assumir a coordenação máxima do SNT e regulamentou a sua composição. A presidência é exercida pelo Diretor do Departamento Nacional do Trânsito (Denatran), posição ocupada por Elmer Coelho Vicenzi 2. O Contran é um órgão colegiado, sendo necessária a confirmação dos atos por todos os membros. Sua composição está no art. 10 do CTB, com as modificações trazidas pelo Decreto 4.711/03, pela Lei n° 11.705 de 19 de julho de 2008, que incluiu um representante do Ministério da Justiça e pela Lei nº 12.865, de 9 de outubro de 2013, que incluiu um representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e um representante da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A sede do Contran é no Distrito Federal, nas dependências do Ministério das Cidades. As funções do Contran estão elencadas no art. 12 do CTB, e são: • estabelecer as normas regulamentares referidas neste Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito; 2 Elmer Coelho Vicenzi, ex-delegado da Polícia Federal e Chefe do Serviço de Repressão a Crimes Cibernéticos da Coordenação-Geral de Polícia Fazendária da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado, foi nomeado, em 11 de julho de 2016, para o cargo de Diretor do órgão máximo de Trânsito do país. (ANPEVI, 2016). 41 Introdução ao Estudo do Trânsito • coordenar os órgãos do SNT, objetivando a integração de suas atividades; • criar Câmaras Temáticas. De acordo com o art. 13 do CTB, as Câmaras Temáticas são órgãos técnicos vinculados ao CONTRAN, integradas por especialistas. Têm como objetivo estudar e oferecer sugestões e embasamento técnico sobre assuntos específicos para decisões daquele colegiado. As Câmaras Temáticas têm seu Regimento Interno definido nas Resoluções nº 586, de 23 de março de 2016 e nº 617, de 06 de setembro de 2016. • estabelecer seu regimento interno e as diretrizes para o funcionamento dos Cetran e Contrandife; • estabelecer as diretrizes do regimento das JARI; • zelar pela uniformidade e cumprimento das normas contidas neste Código e nas resoluções complementares; • estabelecer e normatizar os procedimentos para a aplicação das multas por infrações, a arrecadação e o repasse dos valores arrecadados.; • responder às consultas que lhe forem formuladas, relativas à aplicação da legislação de trânsito; • normatizar os procedimentos sobre a aprendizagem, habilitação, expedição de documentos de condutores e registro e licenciamento de veículos; • aprovar, complementar ou alterar os dispositivos de sinalização e os dispositivos e equipamentos de trânsito; • apreciar os recursos interpostos contra as decisões das instâncias inferiores, na forma deste Código; • avocar, para análise e soluções, processos sobre conflitos de competência ou circunscrição, ou, quando necessário, unificar as decisões administrativas; e • dirimir conflitos sobre circunscrição e competência de trânsito no âmbito da União, dos Estados e do Distrito Federal. • normatizar o processo de formação do candidato à obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, estabelecendo seu conteúdo didático-pedagógico, carga horária, avaliações, exames, execução e fiscalização. 42 Capítulo 2 O art. 12 não é taxativo: outras funções estão espalhadas no ordenamento jurídico brasileiro, em leis e artigos diversos, como o caput do art. 77 do CTB, por exemplo: Art. 77. No âmbito da educação para o trânsito caberá ao Ministério da Saúde, mediante proposta do CONTRAN, estabelecer campanha nacional esclarecendo condutas a serem seguidas nos primeiros socorros em caso de acidente de trânsito. (BRASIL, 1997) 2.2 Conselhos Estaduais de Trânsito – Cetran e o Conselho de Trânsito do Distrito Federal – Contradife O Cetran e o Contrandife são órgãos com mais poderes na esfera estadual. Em cada Estado, há um Cetran e, no Distrito Federal, o Contrandife. São compostos por, no mínimo, um presidente e treze membros, com representantes em igual número da esfera do poder executivo distrital e de entidades representativas da sociedade, ligadas à área de trânsito. A Resolução nº 244, de 22 de junho de 2007, estabelece diretrizes para a elaboração do Regimento Interno dos Conselhos Estaduais de Trânsito – Cetran e do Conselho de Trânsito do Distrito Federal – Contrandife. Além dos representantes mencionados acima, deve haver também um integrante com notório saber na área de trânsito, com nível superior; e três membros, um de cada área específica – medicina, psicologia e meio ambiente –, com conhecimento na área de trânsito, conforme exposto no anexo da Resolução nº 244/2007. As funções dos respectivos órgãos estão elencadas no art. 14 do CTB, e são as seguintes: • cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito das respectivas atribuições; • elaborar normas no âmbito das respectivas competências; • responder a consultas relativas à aplicação da legislação e dos procedimentos normativos de trânsito; • estimular e orientar a execução de campanhas educativas de trânsito; • julgar os recursos interpostos contra decisões das JARI e dos órgãos e entidades executivos estaduais, nos casos de inaptidão permanente constatados nos exames de aptidão física, mental ou psicológica; 43 Introdução ao Estudo do Trânsito • indicar um representante para compor a comissão examinadora de candidatos portadores de deficiência física à habilitação para conduzir veículos automotores; • acompanhar e coordenar as atividades de administração, educação, engenharia, fiscalização, policiamento ostensivo de trânsito, formação de condutores, registro e licenciamento de veículos, articulando os órgãos do Sistema no Estado, reportando-se ao CONTRAN; • dirimir conflitos sobre circunscrição e competência de trânsito no âmbito dos Municípios; • informar o CONTRAN sobre o cumprimento das exigências definidas nos § 1º e §2º do art. 333; • designar, em caso de recursos deferidos e na hipótese de reavaliação dos exames, junta especial de saúde para examinar os candidatos à habilitação para conduzir veículos automotores. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998). Os presidentes e membros do Cetran e do Contrandife são nomeados pelos Governadores dos Estados e do Distrito Federal, respectivamente, para o mandato de dois anos. (art. 15 do CTB e anexo da Resolução nº 244/2007). No item 8.2 do anexo da Resolução nº 244/2007, é previsto que o Conselho poderá deliberar com o mínimo de seis integrantes, cabendo ao presidente o voto de qualidade, em caso de empate. O órgão máximo normativo e consultivo é o Contran. Contudo, aos Cetran e Contrandife, cabe, antes de encaminhar alguma consulta relativa à aplicação da legislação de trânsito ou procedimento administrativo, responder às consultas e elaborar procedimentos, quando de sua competência. (GOMES, 2017). 2.3 JARI – Junta Administrativa de Recurso de Infrações A Resolução nº 357 de agosto de 2010 do Contran conceitua no anexo I que as JARIs são “órgãos colegiados, componentes do SNT, responsáveis pelo julgamento dos recursos interpostos contra penalidades aplicadas pelos órgãos e entidades executivos de trânsito ou rodoviários”. E serão compostas por: • um integrante com conhecimento na área de trânsito com, no mínimo, nível médio de escolaridade; • representante de entidade representativa da sociedade ligada à área de trânsito; 44 Capítulo 2 • é vedado ao integrante das JARIs compor o Conselho Estadual de Trânsito – Cetran ou o Conselho de Trânsito do Distrito
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