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1 Pré-operatório ® Identificação de potenciais riscos para que sejam otimizados e tratados e diminua a morbidade cirúrgica. ® Para cirurgias eletivas! ◊ Em casos de urgência, não é feita avaliação pré-operatória, pois a urgência mata mais do que a cirurgia (ex.: tiro). [ avaliação pré-operatória ] ® Deve ser orientada de acordo com: ◊ Anamnese e exame físico: idade, comorbidades, etc; ◊ Risco do procedimento; ◊ Técnica anestésica: local, geral, etc; ® Os exames complementares são realizados a partir dessa primeira avaliação do paciente. ® Em resumo: Cirurgia de baixo risco <45a 45-54a 55-69a >70a ECG Homens X X Hemograma X X Eletrólitos X Função renal X Glicose X Beta-HCG deve ser realizado de rotina em todas as mulheres em idade fértil (na véspera da cirurgia) ® Classificação ASA (importante!): Estado físico Descrição ASA I Paciente sadio sem alterações orgânicas ASA II Paciente c/ alteração sistêmica leve ou moderada causada pela doença cirúrgica ou sistêmica ASA III Paciente c/ alteração sistêmica grave de qualquer causa c/ limitação funcional ASA IV Paciente c/ alteração sistêmica grave que representa risco de vida ASA V Paciente moribundo que não é esperado sobreviver sem a cirurgia ASA VI Paciente doador de órgãos ◊ É uma classificação da anestesiologia que enquadra o paciente de acordo com as comorbidades e o status no momento. ◊ ASA II: hipertenso, diabético, obeso grau I e II; ◊ ASA III: insuficiência cardíaca compensada, hepatopatia CHILD A; ◊ ASA IV: pacientes descompensados; ◊ ASA V: câncer de pâncreas avançado; ◊ Em casos de emergência, ainda se utiliza a classificação ASA, acrescentando um “E” depois do grau, ex.: ASA III-e. [ avaliação cardiológica ] ® É o sistema mais importante por apresentar maior morbimortalidade. ® Avaliação por critérios de Goldman ou Índice de risco cardíaco revisado. ® Para pacientes com doenças cardíacas estabelecidas, precisa de avaliação feita pelo cardiologista. ® Paciente não tem doença cardíaca, nega IS (hígido) e cirurgia de baixo risco (hérnia umbilical, lipoma, fimose): opera! ® Paciente hígido e cirurgia de alto risco (câncer de estômago): avaliar classe funcional. ◊ METs (avalia classe funcional). | > 10 METs: pode operar (atleta); | 4 – 10 METs: pode operar (sobe ladeira); | < 4 METs: avaliar com testes de estresse farmacológico (não consegue subir uma escada sem cansar, dor torácica, dispneia). p Cintilografia com dobutamina, ergométrico, etc. p Deve prestar atenção ao paciente. p Se durante a avaliação o paciente apresentar alguma anormalidade (principalmente sinais de insuficiência coronariana), deve ser feita Pré e Pós-operatório 2 revascularização e depois faz a cirurgia eletiva. ® Não precisa suspender anti-hipertensivos, mas NÃO PODE suspender BB. ◊ Se tiver que suspender algum, suspende qualquer outro que não o BB. ◊ Se suspender o BB, o paciente vai apresentar hipertensão e pode fazer taquiarritmia rebote. ◊ Só suspende BB se o paciente tiver em choque. [ avaliação pulmonar ] ® O que mais interfere do ponto de vista pulmonar: ◊ Comorbidades prévias (asma principalmente); ◊ Obesidade (é um distúrbio restritivo pulmonar); | Se possível, realizar tratamento antes. ◊ Tabagismo; | Se possível, cessar pelo menos 4 semanas antes da cirurgia. ® Cirurgia torácica ou de abdome superior limitam mais a ventilação, esses pacientes já apresentam indicação para realizar tratamento pulmonar pré- operatório. ® Melhor avaliação: espirometria. ® Se o paciente apresenta fator de risco pulmonar: broncodilatador (em distúrbios obstrutivos), fisioterapia perioperatória (diminuir as chances de atelectasia), corticoide (pode ser indicado para pacientes com hiper-reatividade de via aérea). [ avaliação renal ] ® Avaliar distúrbios hidroeletrolíticos e anemia. ◊ Eritropoetina: estimula a medula a produzir hemácias, patologias renais podem causar distúrbio desse fator e resultar em anemia. ◊ Em alguns casos, a anemia precisa ser tratada no pré-operatório. ® Pacientes renais crônicos: ◊ Acúmulo de potássio, ácido, ureia e volume; ◊ Compensar esses distúrbios; ® Em caso de doença avançada: avaliar hemodiálise pré e/ou pós-operatória. [ avaliação hepática ] ® Adiar cirurgias eletivas em pacientes CHILD C. ◊ Deve fazer o transplante hepático. ® CHILD A ou B: compensação clínica (de preferência, só realizar cirurgias eletivas em CHILD A e se necessário). ◊ Ascite, coagulopatia (tratar bilirrubina) e encefalopatia. ◊ Hipoproteinemia (albumina): evitar cirurgia antes de compensar. [ avaliação endócrina ] ® Diabetes: ◊ Suspende hipoglicemiantes orais 24h antes e reinicia após dieta; ◊ Suspender metformina 48h antes (porque é um sensibilizador periférico da glicose e predispõe à uma acidose lática); ◊ Enquanto o paciente estiver de jejum, não faz insulina rápida; ◊ As insulinas de ação intermediária ou prolongada são feitas com 2/3 da dose na véspera e ½ no dia da cirurgia; | Enquanto essa insulina está sendo feita, infundir soro glicosado (na dieta zero). | O paciente deve ficar com glicemia capilar entre 140 - 180 mg/dl durante o período pré- operatório. | Retorna os medicamentos em doses normais quando iniciar a dieta do paciente. ® Tireoide: ◊ Compensar hipertireoidismo no pré- operatório; | Hipertireoidismo descompensado: p Taquicárdico; p FA de alta resposta; p Olhos protuberantes; p Agitado; p Febre; 3 | Compensar com: propiltiouracil e tapazol. p Mantém! Não suspende medicamentos de tireoide. ◊ Hipotireoidismo: mais prevalente e comum, deve ser considerado em pacientes com evolução lenta no pós-operatório. | Mantém a dose que o paciente usa de reposição do hormônio tireoidiano. | Ex.: paciente no 10º DPO, intestino sem funcionar, sem melhora evidente: avaliar hipotireoidismo descompensado. ® Supressão do eixo hipotálamo-hipofisário- adrenal: ◊ Se o paciente faz uso de corticoide por mais de 3 semanas: fazer dose pré-operatória (maior do que a que fazia uso) e manter por 24-72h. ® Feocromocitoma: ◊ É um tumor produtor de catecolaminas. ◊ O paciente vai estar em um estado adrenérgico intermitente (aumento súbito da PA e FC). ◊ Bloqueio alfa adrenérgico: primeira coisa a ser feita. | Fenoxibenzamina ou Prazosin. ◊ Depois de ter realizado o bloqueio alfa, deve ser feito o bloqueio beta adrenérgico. | Quando o paciente não está mais taquicárdico nem hipertenso. [ avaliação hematológica ] ® Não depende apenas de números, sempre avaliar a clínica do paciente. ◊ Ex.: paciente portador de anemia falciforme, Hb 8, viveu e vida inteira com essa taxa, realiza esportes normalmente = não precisa ser transfundido. ® Paciente hígido + cirurgia e baixo risco: manter Hb em torno de 7. ® Se cardiopata ou alto risco de perda sanguínea: Hb > 10. ® Ex.: mulher, menstrua com alto fluxo todos os meses (+ 3 pacotes de absorvente), Hb=9. Se, por exemplo, essa paciente precisar operar a vesícula, ela vai ser operada sem ser transfundida. ® Coagulopatia: ◊ Tratar coagulopatias pré-existentes; ◊ Suspender cumarínicos (varfarina) 5 dias antes; | Troca por heparina, normalmente, e suspende a heparina 12h antes da cirurgia e reinicia 6h depois. | Depois da cirurgia pode reiniciar o cumarínico. ◊ Antiagregantes: AAS e clopidogrel: | AAS: mantém sempre que possível em doentes de alto risco cardiovascular, o benefício supera o risco da suspensão. | Clopidogrel, ticagrelor: devem ser suspensos 5-7 dias antes da cirurgia. [ profilaxia de tev ] ® Principal causa de óbito evitável intra- hospitalar. ® Tríade de Virchow: estase sanguínea, fatores pro-coagulantes e lesão endotelial ◊ Todo paciente cirúrgico vai ter algum grau de lesão endotelial e de estase sanguínea (decorrente da restrição ao leito).Além de ter um estado pro-trombótico para interromper sangramentos, por isso todo paciente cirúrgico tem risco de TEV. ® Tópico Risco Definição Estratégia Exemplos Baixo Cirurgia pequena, sem fatores de risco Mobilização precoce Deambular, fisioterapia. Motora Moderado 40-60 anos Cirurgia de grande porte Diabético Obeso Profilaxia mecânica ou medicamentosa Meias de compressão OU Enoxaparina 40mg/dia Alto >60 anos e cirurgia de grande porte, obesidade, insuficiência venosa Profilaxia mecânica E medicamentosa Meias de compressão E Enoxaparina 40mg/dia Muito alto TEV prévio, estado de hipercoagula Profilaxia mecânica Avaliar filtro de veia cava. 4 bilidade, grandes cirurgias ortopédicas e oncológicas E medicamentosa, mantida após alta Manter por 1-4 semanas pós- operatório ◊ Cirurgia pequena: apendicectomia; ◊ Profilaxia mecânica: bota pneumática, meias de compressão, etc; ◊ Profilaxia medicamentosa: Enoxaparina, apixaban, heparina não fracionada, etc; ◊ Filtro de veia cana: impede que os coágulos entrem no pulmão, diminuindo as chances de TEP; ◊ Varizes: fator de risco para TEV, deve realizar pelo menos o uso de meias de compressão; ◊ Investigação de trombofilias deve ser feita se paciente já tem histórico de evento tromboembólico prévio; [ avaliação nutricional ] ® Desnutrição é fator de risco para complicações pós-operatórias (deiscência – abertura – das anastomoses da parede abdominal, diminuição do sistema imunológico contra infecções); ® Avaliação subjetiva global: ◊ Perda de peso > 5% em 1 mês ou > 10% em 6 meses = risco nutricional. ® Exames: ◊ Contagem de linfócitos (linfopenia, > 1.200); ◊ Albumina sérica (meia-vida de 3 semanas, “a albumina baixa hoje é a de 3 semanas atrás, então hoje vai estar ainda mais baixa”); ◊ Pré albumina e transferrina: mais sensíveis, mas não fazem parte da rotina no Brasil; ® Terapia de recuperação nutricional: ◊ Da forma mais fisiológica possível: oral ou enteral (se não puder realizar nenhuma dessas, faz parenteral, muitas contraindicações e efeitos colaterais); ◊ Pelo menos 10 dias; ® ERAS: Enhanced Recovery After Surgery ◊ Princípios: | Minimizar período de jejum: p Sólidos: 6-8h; p Líquidos: 2h; p Além disso, 2h antes da cirurgia ainda pode ser feita uma solução rica em carboidratos; p DRGE aumenta o risco de broncoaspiração e o jejum desses pacientes precisa ser prolongado; | Minimizar procedimentos e invasões desnecessárias: p Avaliar necessidade de transfusão, sondas e cateteres; | Procedimento anestésico/cirúrgico que diminua a reação do trauma: p Cirurgia minimamente invasiva; p Bloqueio do neuroeixo com função analgésica (analgesia multimodal); p Evitar preparo de cólon (pois induz a diarreia e consequentemente a desidratação); | Retorno precoce da dieta (não há necessidade de dietas líquidas, causam desnutrição); | Otimizar analgesia e controle de êmese pós- operatórios; Pós-operatório [ febre ] ® Causas: ◊ Primeiras 48h: | Atelectasia: p O paciente vai ter restrição respiratória no pós-operatório, não vai aerar todo o pulmão e resulta em uma área de atelectasia (fechamento do pulmão) p Essa atelectasia causa o acúmulo de secreção, translocação bacteriana e febre; p O tratamento é a fisioterapia respiratória; | Fasceíte necrotizante: p Edema, hiperemia e gás; p É uma infecção polimicrobiana grave dos tecidos celulares subcutâneos; p Tratamento é cirurgia de emergência; | REMIT: 5 p O estado hipermetabólico pode acarretar febre; ◊ Tardia: | Infecções relacionadas a cateteres: p Acesso periférico > 3 dias pode ocasionar flebite; | Infecções de sítio cirúrgico (superficial ou intracavitária); | Parotidite: p Translocação de bactérias gram + a partir da manipulação de peles e partes moles; | Causas não infecciosas: p Exemplo: TEV. ® Hipertermia maligna: ◊ Muito grave; ◊ É uma doença autossômica dominante que gera um estado hipermetabólico muito grave após exposição a agentes inalatórios (anestésicos halogenados) ou bloqueadores neuromusculares; ◊ Manifestações clínicas: | Temperatura elevada; | Taquicardia; | Arritmia; | Acidose; | Hipercapnia (aumento do dióxido de carbono no sangue); | Rabdomiólise; ◊ Pode levar ao óbito; ◊ Patognomônico: espasmo do músculo masseter; ◊ Tratamento: | Descontinuação da droga; | Dantrolene (antídoto); [ vômitos ] ® Pós-anestésico; ® Reintrodução precoce de dieta; ® Íleo metabólico: ◊ Depois de 48-72h; ◊ Distúrbios hidroeletrolíticos: desidratação e hipocalemia; ◊ Infecções intra-abdominais; ◊ Drogas: opioides, psicotrópicos; ◊ Se não apresenta melhoras, solicita exame de imagem para verificar obstrução. ® Obstrução mecânica: ◊ Causa mais comum: aderências, abcesso, deiscência, fístula, etc; ® Tratamento: ◊ Dieta zero; ◊ Antieméticos; ◊ Avaliar sondagem nasogástrica (para evitar broncoaspiração); ◊ Hidratação e correção de distúrbios hidroeletrolíticos (potássio); ◊ Caso persista: exame de imagem (TC); [ hipertensão intra-abdominal e síndrome do compartimento abdominal] ® Síndrome do compartimento abdominal: na hora da cirurgia é utilizado gás para aumentar a pressão intra-abdominal (12-15mmHg) a fim de aumentar o espaço para mover os instrumentos, com isso, o paciente pode apresentar: ◊ Hipotensão (compressão da veia cava pela pressão diminui o retorno venoso); ◊ Hipercapnia (com o aumento da pressão o paciente não vai respirar bem); ◊ Insuficiência renal (compressão dos vasos renais); ◊ Aumento da PIC (em caso de aumento da pressão intratorácica, pode diminuir a drenagem venosa torácica); ® A síndrome do compartimento abdominal ocorre quando existem disfunções orgânicas associadas a hipertensão intra-abdominais (geralmente ocorrem acima de 20mmHg). ® Tratamento: tem como objetivo diminuir a pressão intra-abdominal. ◊ SNG (nasogástrica); ◊ SVD (vesical de demora, serve como diagnóstico também, feita com uma sonda 6 vesical de 3 vias, a terceira via vai ser acoplada em um dispositivo que verifica a pressão intra- vesical); ◊ Avaliar paracentese (drenar ascite); ◊ IOT + BNM; ◊ Laparotomia descompressiva (eletiva ou de urgência). [ deiscências ] ® Abertura de suturas. ◊ Pode ser na parede abdominal, pele, anastomoses etc. ® Fatores de risco: ◊ Desnutrição; ◊ Técnica cirúrgica; | Irrigação (mal vascularizado), tensão (muita pressão afastando os tecidos). ◊ Cirurgia de urgência; ◊ Doenças sistêmicas: do colágeno, DII, lesões actínicas (causadas por radioterapia). ® Prevenção é corrigir os fatores de risco. ® Tratamento: ◊ Tratar sepse (peritonite fecal); ◊ Controle de foco e drenagem adequada (limpeza da cavidade); ◊ Antibióticoterapia; ◊ Cuidados com ferida e parede abdominal; ◊ Avaliar possibilidade de reconstrução; ◊ Se não houver como resolver cirurgicamente ® ostomiza. ® Caso crônico ou orientado: fístula (deiscência tardia). ◊ Não contamina a cavidade abdominal.
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