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FICHAMENTO DE HIST. COMUNICAÇÃO II (UMA CULTURA INTERNACIONAL-POPULAR).

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO
Uma cultura internacional-popular
Por
Monique de Andrade Dantas EC1
Fichamento sobre o texto “Uma cultura internacional popular”, de Renato Ortiz, a ser entregue ao professor Micael Herschman, na disciplina de História da Comunicação, oferecido ao curso de Comunicação Social.
UFRJ
2012/1
FICHAMENTO SOBRE O TEXTO “UMA CULTURA INTERNACIONAL-POPULAR”:
- “Numa civilização na qual a mobilidade é essencial, é necessário que existam balizas, um código de orientação”. (Segundo parágrafo, p.106).
- “A velocidade das técnicas leva a uma unificação do espaço, fazendo com que os lugares se globalizem. Cada local, não importa onde se encontre, revela o mundo, já que pontos desta malha abrangente são susceptíveis de intercomunicação”. (3° parágrafo, p.106).
- “Porém, enquanto pura abstração, racional, categoria social por excelência, não pode existir. Para isso ele deve se “localizar”, preenchendo o vazio de sua existência com a presença de objetos mudializados. O mundo, na sua abstração, torna-se assim reconhecível”. (3° parágrafo, p.106/107).
- “Sem essa modernidade-objeto, que impregna os aeroportos internacionais (são idênticos em todos os lugares), as ruas do comércio (com suas vitrinas e mercadorias em exposição), os móveis de escritórios, os utensílios domésticos, dificilmente uma cultura teria a oportunidade de se mundializar”. (1° parágrafo, p.107).
- “A competição internacional faz com que as grandes empresas tenham interesse em diminuir o custo de seus produtos. A flexibilidade das tecnologias lhes permite descentralizar a produção e acelerar a produtividade”. (2° parágrafo, p.108).
- “A consciência pós-moderna exprime o desenraizamento das formas e dos homens. O espaço, que surgia ainda como uma resistência à mobilidade total, definindo os indivíduos e as formas em relação ao solo, às cidades, aos países, transubstancia-se em elemento abstrato”. (1° parágrafo, p.110).
- “O movimento de desterritorialização não se consubstancia apenas na realização de produtos compostos, ele está na base da formação de uma cultura internacional-popular cujo fulcro é o mercado consumidor. Projetando-se para além das fronteiras nacionais, este tipo de cultura caracteriza uma sociedade global de consumo, modo dominante da modernidade-mundo”. (2° parágrafo, p.110/111).
- “O que esta publicidade faz é capitalizar determinados signos e referências culturais reconhecidos mundialmente. A virilidade, valor universal, é traduzida em termos imagéticos, imediatamente inteligíveis, a despeito das sociedades nas quais o anúncio é veiculado”. (1° parágrafo, p.111).
- “Essa ressemantização dos significados pode ser observado em relação ao western. À primeira vista, todos concordaríamos em dizer: trata-se de um autêntico valor americano. Tal interpretação fez escola entre os críticos cinematográficos. André Bazin o considera como símbolo por excelência do cinema americano. Para ele, o western seria uma epopeia que refletia a essência do mito do Oeste”. (1° parágrafo, p.112).
- “A ideia de falsificação prevalece, mas não consegue explicar como esta distorção é prontamente aceita pelo público”. (1° parágrafo, p. 113/114).
- “Refletir a mundialização da cultura é de alguma maneira de contrapor, mesmo que não seja de forma absoluta, a ideia de cultura nacional. [...] Caberia, pois, unicamente à memória coletiva nacional integrar a diversidade das populações e das classes sociais, definindo desta forma a identidade do grupo como um todo”. (1° parágrafo, p.116/117).
- “Se a autonomia do Estado-Nação encontra-se comprometida com o processo de globalização das sociedades, por que a cultura permaneceria intacta, imune aos humores do sistema mundial? [..] Efetivamente, falar em cultura significa privilegiar uma instância social na qual as identidades são formuladas”. (1° parágrafo, p.117).
- “Uma ética do consumo não deriva apenas de necessidades econômicas. É preciso que ela se ajuste às relações determinadas pela sociedade envolvente e, simultaneamente, seja compartilhada pelos seus membros. Com o advento da sociedade urbano-industrial, a noção de pessoa já não mais se encontra centrada na tradição. [...] No mundo em que o mercado torna-se uma das principais forças reguladoras, a tradição torna-se insuficiente para orientar a conduta”. (1° parágrafo, p.119).
- “Os publicitários, consciente ou inconscientemente, gradualmente reconhecem a complexidade do modo de vida urbano, especializado, independente, que cria um resíduo de necessidades desencontradas”. (p.120).
- “Consumo e nação são faces da mesma moeda. Como a escola, o consumo impele à coesão social. Os publicitários se consideram assim como verdadeiros artífices da identidade nacional”. (1° paragrafo, p.121).
- “A memória nacional, para se constituir, não faz apelo aos elementos da tradição (o folclore dos contos de Grimm na Alemanha, o artesanato na América Latina, ou os costumes ancestrais no Japão), mas à modernidade emergente com o mercado”. (p.122).
- “Memória nacional e consumo se entrelaçam a tal ponto que aparentemente a própria tese da americanização se justifica. De fato, a ilusão do modo de vida americano se fortalece quando comparada com o exterior”. (1° parágrafo, p.123).
- “No entanto, as premissas relativas à sociedade de consumo emergem com a modernidade, eles não reconhecem as fronteiras nacionais”. (1° parágrafo, p.124).
- “A relação entre consumo e americanidade provém desta conjunção histórica fortuita. Sabemos, porém, que as inclinações do mercado não se contentam com os limites nacionais. A modernidade-mundo, consubstanciada no consumo, tem uma dinâmica própria. O processo de globalização das sociedades e de desterritorialização da cultura rompe o vínculo entre a memória nacional e os objetos”. (p.125).
- “Afirmar a existência de uma memória internacional-popular é reconhecer que no interior da sociedade de consumo são forjadas referências culturais mundializadas”. (1° parágrafo, p.126).
- “Um arquivo de lembranças permite que cada “dado” individual seja agenciado em diferentes contextos. Eles são, portanto, em função de seu uso, intercambiáveis, ajustando-se, combinando-se uns com os outros”. (1° parágrafo, p.127).
- “A memória internacional-popular funciona como um sistema de comunicação. Por meio de referências culturais comuns, ela estabelece a conivência entre as pessoas. [...] Da totalidade dos traços-souvernirs aramazenados na memória, os jovens escolhem um subconjunto, marcando desta forma sua idiossincrasia, isto é, suas diferenças em relação aos grupos sociais”. (1° parágrafo, p.129).
- “O prazer está no reconhecimento, na identificação daquilo que se sabe. Prazer sincero, encantando-se com os detalhes nas decorações, do realismo dos bonecos e dos robôs”. (p.131).
- “Os universos simbólicos ordenam a história, localizando os eventos numa sequência que inclui o passado, o presente e o futuro. Em relação ao passado estabelecem uma “memória”, partilhada pelos componentes de uma coletividade; com respeito ao futuro, definem um conjunto de projeções, modelos para as ações individuais. Certamente, os universos simbólicos variam de acordo com os tipos de sociedades que o constituem”. (1° parágrafo, p.132).
- “A desterritorialização prolonga o presente nos espaços mundializados. Ao nos movimentarmos percebemos que nos encontramos no “mesmo lugar”. Neste sentido, a ideia de viagem (saída de um mundo determinado) encontra-se comprometida. [...] A memória coletiva, a cada vez que era invocada, funcionava como alimento na renovação das forças sociais. Nas sociedades atuais, a ritualização deve ser permanente, sem o que o presente se esvairia na sua substancialidade. Os objetos e as imagens têm de ser incessantemente reatualizados, para que o vazio do tempo possa ser preenchido”. (p.133).
- “A modernidade é pluri-religiosa, abrindo espaço para que as mais diversas concepções de mundo, inclusive ideários políticos conflitantes, coabitementre si. Eu diria que a globalização acentua a erosão do monolitismo simbólico. Nem mesmo os ideais nacionalistas possuem mais a dinâmica que os caracterizavam. A coesão nacional, quer se queira, ou não, é de alguma maneira minada pelo avanço da modernidade-mundo”. (1° parágrafo, p.135).
- “O trabalho é considerado uma virtude essencial, seja para o capitalista, que aumenta seus lucros, ou para o operário, que não só melhora suas condições de vida, como se afirma enquanto parte de uma classe social emergente. [...] Neste sentido, a memória internacional-popular cumpre um papel de destaque na constituição e na preservação deste universo, ela se revela como instância de reprodução da ordem social. Sua presença não garante apenas a possibilidade de comunicação entre os espaços planetarizados, ela confirma os mecanismos de autoridade contidos na modernidade-mundo”. (p.136).
- “Todo o empenho da memória coletiva é lutar contra o esquecimento, vivificando as lembranças no momento de sua rememorização. Esquecer fragiliza a solidariedade sedimentada entre as pessoas, contribuindo para o desaparecimento do grupo. Comunidade e memória se entrelaçam”. (1° parágrafo, p.137).
- “Na comunidade, os vínculos pessoais prevalecem e o ato da rememorização reforça a vivência compartilhada por todos. A sociedade-nação quebra esta relação de proximidade entre as pessoas. Os cidadãos participam de uma consciência coletiva, mas já não se situam mais no nível das trocas restritas a um grupo autônomo e de tamanho reduzido”. (2° parágrafo, p.137).
- “A nação, como o indivíduo, é resultado de um longo passado de esforços, de sacrifícios, e de devotamento. O culto dos antepassados é, de todos, os mais legítimo; os antepassados fizeram o que nós somos”. (p.138).
- “A construção da memória nacional se realiza através do esquecimento. Ela é o resultado de uma amnésia seletiva. Esquecer significa confirmar determinadas lembranças, apagando os rastros de outras, mais incomodas e menos consensuais”. (1° parágrafo, p.139).
- “A dimensão global supera o aspecto nacional. Para que os homens se encontrem e se reconheçam no universo da modernidade-mundo é preciso que sejam forjadas outras referências culturais”. (2° parágrafo, p.140).
- “Memória nos revela o caminhar da humanidade, segundo o relato conveniente do esquecimento: a Idade Média, os escritores famosos, e até mesmo a pré-história dos dinossauros”. (1° parágrafo, p.143).
- “A interpretação contém muito de verdade, mas não deixa de ser parcial, pois padece, a meu ver, de um certo economicismo crônico. A cada imagem corresponderia uma empresa, cujo produto estaria à disposição no mercado. [...] Nesse sentido a mídia e as corporações (sobretudo transnacionais) têm um papel que supera a dimensão exclusivamente econômica. Elas se configuram em instâncias de socialização de uma determinada cultura, desempenhando as mesmas funções pedagógicas que a escola possuía no processo de construção nacional”. (1° parágrafo, p. 144).
- “Mídia e empresas são agentes preferenciais na sua constituição; elas fornecem aos homens referências culturais para suas identidades. A solidariedade solitária do consumo pode assim integrar o imaginário coletivo mundial, ordenando os indivíduos e os modos de vida de acordo com uma nova pertinência social”. (1° parágrafo, p.144/145).
COMENTÁRIOS: 
	No texto, são mostrados sobre a identificação das pessoas em relação aos espaços desterritorializados, onde cada parte da cultura de um país estrangeiro parece com a cultura de um país de origem. O autor fala que o espaço é impessoal, na qual o indivíduo se transforma em usuário. A globalização faz com que os espaços fiquem cada vez unificados, com significados comuns e acelerando o processo de mundialização da cultura. 
	E essa mundialização está presente nas corporações transnacionais, onde seus componentes são fabricados em diversos países, é a descentralização da produção capitalista. E para que houvesse a globalização dos espaços, as técnicas começaram a ter uma velocidade bem rápida para transmitir informações e trocar objetos mundializados. Mas sem a ajuda do comércio através de aeroportos, lojas e ruas, esse processo de mundialização não ocorreria de forma tão rápida como foi. 
	Essa competição internacional entre as empresas faz com que elas diminuam o custo de seus produtos e a flexibilização das tecnologias utilizadas descentraliza a produção e aumenta a produtividade dessas empresas. Como foi dito no texto, as grandes empresas fragmentam o processo de produção, fabricando peças em diversos países para serem montadas posteriormente na matriz da indústria (empresa).
	O mercado consumidor torna-se uma cultura internacional-popular, pois o movimento de desterritorialização não fica restrito à realização de produtos compostos. E um dos fatores que provocam a mundialização de produtos das grandes empresas internacionais é o uso da publicidade. Através dela, os signos são capitalizados e suas referências são reconhecidas mundialmente, veiculados principalmente pelos meios de comunicação. A mundialização da cultura se contrapõe à cultura nacional e a cultura privilegia as identidades de cada nação inserida nesse processo de globalização.
	É preciso reconhecer a nação e as identidades são recentes na história dos homens. Há exemplos de grandes empresas como Coca-Cola, Malboro, Pepsi, onde suas marcas criam uma identificação com os indivíduos de várias nacionalidades, e também o cinema, através de histórias do velho Oeste, o western. E o mercado é uma força reguladora que orienta a conduta das pessoas fazendo que a tradição perca espaço nesse aspecto. 
	Segundo Ortiz, consumo e nação são faces da mesma moeda e como a escola, o consumo impele à coesão social. Os publicitários aproveitam isso para criarem verdadeiros artifícios da identidade nacional. Um exemplo claro dessa teoria é a “americanidade”, cujos costumes e produtos se tornaram referências no mundo todo ao longo do século XX. Identificar uma coisa que leve uma pessoa a relembrar fatos do passado, faz com que ela reconheça ícones de sua cultura e nação em lugares fora de seu lugar de origem. E a globalização acentua a erosão do monolitismo simbólico. E a presença da mídia é importante, pois socializam uma determinada cultura, onde também desempenham funções que a escola no processo de construção nacional. Tudo isso parte da cultura internacional-popular.

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