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FACULDADE LEGALE – PÓS GRADUAÇÃO EM LGPD TEMA: Direito Digital e a Responsabilidade do combate às discriminações no ambiente virtual Profa. Dra. Adriana Galvão Moura Abílio - Advogada, Especialista em Direito Empresarial FGV, Mestre em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto e Doutora em Direito pela PUC/SP, Diretora do Núcleo de Responsabilidade Social da CIESP/FIESP, Professora Universitária e de Cursos de Pós-Graduação em Direito, Coordenadora da Pós Graduação em Direitos da Mulher e Advocacia Feminista da Faculdade Legale, Autora de Livros e Artigos Jurídicos. Contato:@adrianagalvaoabilio Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Direito Digital – Conceitos Introdutórios Trata-se do conjunto de normas e conceitos doutrinários destinados ao estudo e normatização de toda e qualquer relação em que a informática seja o fator primário, gerando direitos e deveres secundários. É o estudo abrangente, com o auxílio de todas as normas codificadas de Direito, a regular as relações dos mais diversos meios de comunicação, dentre eles os próprios da informática. O Direito Digital ou Direito Informático é o conjunto de normas e instituições jurídicas que pretendem regular aquele uso dos sistemas de computador - como meio e como fim - que podem incidir nos bens jurídicos dos membros da sociedade; as relações derivadas da criação, uso, modificação, alteração e reprodução do software; o comércio eletrônico e as relações humanas estabelecidas via Internet. Fonte: ALMEIDA FILHO, José Carlos de Araújo. Direito Eletrônico ou Direito da Informática? Informática Pública vol. 7 - Disponível em: http://www.ip.pbh.gov.br/ANO7_N2_PDF/IP7N2_almeida.pdf. Acesso em 22.02.2021. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Direito Digital x Relações Sociais 1- Era digital, o instrumento de poder é a informação: liberdade individual e soberania do Estado (capacidade de acesso a informação – fenômeno da digitalização) 2- Avanços tecnológicos afetam diretamente as relações sociais. 3- Reconfiguração das relações sociais: Os ambientes digitais apresentam características de interação diferenciadas daquelas apresentadas pela sociabilidade convencional - Internet faculta a formação de grupos de interesses comuns, mas sem vínculos territoriais, configurando uma nova forma de organização comunitária, com muitas especificidades “comunidades virtuais”. 4-Dinâmicas da interação em redes sociais poderosa força de agregação social, vinculação desses ambientes com as dinâmicas de sociabilidade. 5- Surgimento de conflitos entre as novas tecnologias e o corpo social. 6- Relações virtuais – Direito como ciência e mecanismo de controle social. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Sociedade da Informação & Direito Sociedade da Informação - Modo de desenvolvimento social e econômico em que a aquisição, armazenamento, processamento, valorização, transmissão, distribuição e disseminação de informação conducente à criação de conhecimento e à satisfação das necessidades dos cidadãos e das empresas, desempenham um papel central na atividade econômica, na criação de riqueza, na definição da qualidade de vida dos cidadãos e das suas práticas culturais. ( (Miguel Pupo Correia - In Sociedade de Informação e Direito). Globalização das fontes e a acessibilidade da informação traduz em “sociedade do conhecimento‟ Direito 1- Estabilidade e segurança às relações jurídicas que se estabelecem através da Internet (transição do ordenamento jurídico aplicável ao mundo digital). 2-Necessidade de um marco jurídico próprio - observar as bases histórico-jurídicas atuais, de modo a conferir segurança jurídica às relações eletrônicas. 3-O direito na sociedade da informação deve compor legislações atualizadas, atentando para os avanços tecnológicos e sociais. Ex. Civil (negócios jurídicos, contratos virtuais e relações econômicas de consumo) e Intelectual (direitos autorais e circulação de cultura). Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Sociedade da Informação & Cidadania Virtual Educar a sociedade para a cidadania!! Educar para a convivência social, para a tomada de consciência coletiva - exercício dos direitos e deveres do cidadão. Educar para a cidadania significa formar indivíduos que conheçam seus direitos fundamentais, suas garantias e obrigações, inclusive no ambiente virtual. Ética e Cidadania no virtual: Afirmação que o ambiente virtual é um exercício de convivência social e respeito às diferenças!!! Cidadania digital (cybercidadania): Direito de acesso democrático, às ferramentas tecnológicas em todas as suas possibilidades, além da prática responsável e consciente de direitos e deveres dos usuários no mundo virtual. Os cidadãos virtuais precisam ser educados sobre o que podem fazer no ambiente online e a agir de forma ética e segura. Obs. Quase 40 milhões de brasileiros não tinham acesso à internet em 2019. O número representa 21,7% da população com idade acima de 10 anos. (Dados do IBGE) Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Declaração Universal dos Direitos do Homem & Era Digital Cidadania Virtual - A DUDH nos lembra que os direitos e liberdades que desfrutamos como seres humanos em nossa cidadania física, e agora digital, não são ilimitados. O artigo 1 da DUDH - Os seres humanos são “dotados de razão e consciência” e devem exercer ambas em relação aos outros “em espírito de fraternidade”. A liberdade e igualdade, dignidade e direitos de uma pessoa são limitados pela liberdade e igualdade, dignidade e direitos do resto da humanidade. O Artigo 7 da DUDH, dá ênfase à proteção dos cidadãos contra a discriminação que decorre de violações de seus direitos humanos básicos. Governança Digital - DUDH como base da governança da Internet, para garantir os direitos e obrigações digitais em um ecossistema global da Internet com integridade. DUDH - como ferramenta de referência universal e confiável para sinalizar direitos e deveres digitais Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Preservação de Direitos Fundamentais e o Constitucionalismo Digital Revolução Digital trouxe consigo a necessidade de proteger os Direitos Fundamentais reconhecimento de novos direitos como universais, fundamentais e prioritários, “proteção de dados pessoais, neutralidade da internet e liberdade de expressão”. Constitucionalismo Digital, que possa englobar as importantes mudanças trazidas por esta revolução, e, assim, resguardar os direitos fundamentais, conduzindo a migração e adaptação desse paradigma constitucional para o âmbito virtual. Declaração de direitos no âmbito digital - inserção ao panorama do constitucionalismo digital em quatro vertentes: 1- Marco Civil da Internet 2-Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR - General Data Protection Regulation)- Regulamento União Europeia. 3-Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), 4- Carta dos Direitos Fundamentais Digitais da União Europeia Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Legislações e o Direito Digital Constituição Federal/88 – Art. 1 , III e IV, Art. 3 I e IV, Art. 4 VI e VII, Art. 5 II, III, IV, V, ART. 6 Caput, Art. 170 a 179, Art. 220 Lei Nº 12.737/2012 (conhecida como Lei Carolina Dieckmann) - Introduziu 03 tipos penais específicos envolvendo crimes informáticos: i) invasão de dispositivo informático alheio (artigo 154-A do Código Penal); ii) interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, informático, telemático ou de informação de utilidade pública (artigo 266, §§ 1º e 2º do Código Penal); e iii) falsificação de cartão de crédito ou débito (artigo 298 do Código Penal); Decreto Nº 7.962/2013 - Regulamentou o Código de Defesa do Consumidor, para dispor sobre a contratação no comércio eletrônico. Traz diversos esclarecimentos sobre atendimento ao consumidor em relação às compras realizadas pela internet, direito de arrependimento em comércio eletrônico, abordando até mesmo o tema das compras coletivas; Lei Nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) - Estabeleceu princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil, tanto paraprovedores de conexão, provedores de aplicação e usuários da Internet. É um marco mundial, no que concerne ao tratamento da Internet sob a ótica do Direito Civil, sendo referenciado por alguns como a "Constituição da Internet", tendo em vista o caráter principiológico da norma. Lei n. 13.105/15 (Novo CPC) Ex. art. 439, estabelece que “a utilização de documentos eletrônicos no processo convencional dependerá de sua conversão à forma impressa e da verificação de sua autenticidade, na forma da lei”. Lei nº 13.709/2018 (LGPD), dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 LEI Nº 14.155 DE 27 DE MAIO DE 2021 • Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para tornar mais graves os crimes de violação de dispositivo informático, furto e estelionato cometidos de forma eletrônica ou pela internet; e o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), para definir a competência em modalidades de estelionato. • Competência territorial do estelionato plurilocal -competência será definida pelo local do domicílio da vítima Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Marco Civil da Internet – Lei 12.965/2014 Pilares sobre os quais se fundamenta a Lei do Marco Civil da Internet: 1- Neutralidade da rede: Isonomia dos pacotes de dados que trafegam na Internet. ( Internet democrática e livre), protegendo principalmente, a liberdade de expressão, a manifestação do pensamento e as escolhas dos usuários na rede. 2- Privacidade: Tratada pela lei como um princípio em seu art. 3º, incisos II e III, ao abranger também a proteção dos dados pessoais. 3- Liberdade de Expressão - Art. 2º da lei: “A disciplina do uso da internet no Brasil tem como fundamento o respeito à liberdade de expressão”. A liberdade de expressão tende a sempre prevalecer, desde que não viole demais direitos de terceiros. Objetivos do Marco Civil da Internet: Estabelecer princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil, bem como regular a atuação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Marco Civil – Lei 12.965/2014 (Direitos e Garantias dos Usuários) DOS DIREITOS E GARANTIAS DOS USUÁRIOS Art. 7º O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são assegurados os seguintes direitos: I - inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; II - inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela internet, salvo por ordem judicial, na forma da lei; III - inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por ordem judicial; Da Proteção aos Registros, aos Dados Pessoais e às Comunicações Privadas Art. 10. A guarda e a disponibilização dos registros de conexão e de acesso a aplicações de internet de que trata esta Lei, bem como de dados pessoais e do conteúdo de comunicações privadas, devem atender à preservação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das partes direta ou indiretamente envolvidas. § 1º O provedor responsável pela guarda somente será obrigado a disponibilizar os registros mencionados no caput, de forma autônoma ou associados a dados pessoais ou a outras informações que possam contribuir para a identificação do usuário ou do terminal, mediante ordem judicial, na forma do disposto na Seção IV deste Capítulo, respeitado o disposto no art. 7º . § 2º O conteúdo das comunicações privadas somente poderá ser disponibilizado mediante ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer, respeitado o disposto nos incisos II e III do art. 7º . Art. 11. Em qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de registros, de dados pessoais ou de comunicações por provedores de conexão e de aplicações de internet em que pelo menos um desses atos ocorra em território nacional, deverão ser obrigatoriamente respeitados a legislação brasileira e os direitos à privacidade, à proteção dos dados pessoais e ao sigilo das comunicações privadas e dos registros. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Da Responsabilidade por Danos Decorrentes de Conteúdo Gerado por Terceiros Art. 18. O provedor de conexão à internet não será responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros. Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário. § 1º A ordem judicial de que trata o caput deverá conter, sob pena de nulidade, identificação clara e específica do conteúdo apontado como infringente, que permita a localização inequívoca do material. § 2º A aplicação do disposto neste artigo para infrações a direitos de autor ou a direitos conexos depende de previsão legal específica, que deverá respeitar a liberdade de expressão e demais garantias previstas no art. 5º da Constituição Federal. § 3º As causas que versem sobre ressarcimento por danos decorrentes de conteúdos disponibilizados na internet relacionados à honra, à reputação ou a direitos de personalidade, bem como sobre a indisponibilização desses conteúdos por provedores de aplicações de internet, poderão ser apresentadas perante os juizados especiais. § 4º O juiz, inclusive no procedimento previsto no § 3º , poderá antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, existindo prova inequívoca do fato e considerado o interesse da coletividade na disponibilização do conteúdo na internet, desde que presentes os requisitos de verossimilhança da alegação do autor e de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Art. 20. Sempre que tiver informações de contato do usuário diretamente responsável pelo conteúdo a que se refere o art. 19, caberá ao provedor de aplicações de internet comunicar-lhe os motivos e informações relativos à indisponibilização de conteúdo, com informações que permitam o contraditório e a ampla defesa em juízo, salvo expressa previsão legal ou expressa determinação judicial fundamentada em contrário. Parágrafo único. Quando solicitado pelo usuário que disponibilizou o conteúdo tornado indisponível, o provedor de aplicações de internet que exerce essa atividade de forma organizada, profissionalmente e com fins econômicos substituirá o conteúdo tornado indisponível pela motivação ou pela ordem judicial que deu fundamento à indisponibilização. Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize conteúdo gerado por terceiros será responsabilizado subsidiariamente pela violação da intimidade decorrente da divulgação, sem autorização de seus participantes, de imagens, de vídeos ou de outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter privado quando, após o recebimento de notificação pelo participante ou seu representante legal, deixar de promover, de forma diligente, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço, a indisponibilização desse conteúdo. Parágrafo único. A notificação prevista no caput deverá conter, sob pena de nulidade, elementos que permitam a identificação específica do material apontado como violador da intimidade do participante e a verificação da legitimidade para apresentação do pedido. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 DA ATUAÇÃO DO PODER PÚBLICO NO DESENVOLVIMENTO DA INTERNET NO BRASIL Art. 24. Constituem diretrizes para a atuação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicípios no desenvolvimento da internet no Brasil. Art. 26. O cumprimento do dever constitucional do Estado na prestação da educação, em todos os níveis de ensino, inclui a capacitação, integrada a outras práticas educacionais, para o uso seguro, consciente e responsável da internet como ferramenta para o exercício da cidadania, a promoção da cultura e o desenvolvimento tecnológico. Art. 27. As iniciativas públicas de fomento à cultura digital e de promoção da internet como ferramenta social devem: I. promover a inclusão digital; II. buscar reduzir as desigualdades, sobretudo entre as diferentes regiões do País, no acesso às tecnologias da informação e comunicação e no seu uso; e III. fomentar a produção e circulação de conteúdo nacional. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Alguns precedentes jurisprudenciais – Marco civil da i nternet No âmbito do direito civil, a Terceira Turma do STJ, estabeleceu que: a) para fatos anteriores à publicação do Marco Civil da Internet, basta a ciência inequívoca do conteúdo ofensivo pelo provedor, sem sua retirada em prazo razoável, para que este se torne responsável e, a) após a entrada em vigor da Lei n. 12.965/2014, o termo inicial da responsabilidade solidária do provedor é o momento da notificação judicial que ordena a retirada do conteúdo da internet. (Precedente - STJ - REsp 1.591.179, relatado pelo ministro Villas Bôas Cueva, (29/05/2017). Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 REPERCUSSÃO GERAL – Plenário STF i. Leading Case: RE 1037396 – Rel. Min. Dias Toffoli (andamento com o Relator - 07/06/2021) Discussão sobre a constitucionalidade do art. 19 da Lei n. 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) que determina a necessidade de prévia e específica ordem judicial de exclusão de conteúdo para a responsabilização civil de provedor de internet, websites e gestores de aplicativos de redes sociais por danos decorrentes de atos ilícitos praticados por terceiros. ii. Leading Case: RE 1057258 – Rel. Min. Luiz Fux (andamento com o Relator – 07/06/2021) Dever de empresa hospedeira de sítio na internet fiscalizar o conteúdo publicado e de retirá-lo do ar quando considerado ofensivo, sem intervenção do Judiciário. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 DIREITO A INDENIZAÇÃO Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Pelo Código Civil: Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187 ), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido. Pelo Código Penal: Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Pacote Anticrime (Lei 13.864/2019) “se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede mundial de computadores, aplica-se em triplo a pena”. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Dano Moral e o Dever de Indenizar “O dano moral encontra fundamento legal nas disposições contidas no art. 5º, V e X, da CF, sendo considerado aquele proveniente da violação dos direitos individuais relativamente à sua intimidade, privacidade, honra e imagem, de natureza íntima e pessoal em que se coloca em risco a própria dignidade da pessoa humana, diante do contexto social em que vive. O artigo 186 do CC consagra a regra de que todo aquele que causa dano a outrem é obrigado a repará-lo” ((TJSP; Apelação 4002256-19.2012.8.26.0100; Relator (a): Mauro Conti Machado; Órgão Julgador: 28ª Câmara Extraordinária de Direito Privado; Foro Central Cível - 23ª Vara Cível; Data do Julgamento: 23/08/2017; Data de Registro: 23/08/2017) No que tange à fixação de indenização por dano moral, deve ser levado em consideração, na apreciação do Magistrado, todos os fatos e circunstâncias presentes no caso, para que assim seja fixado valor suficiente a compensar toda dor e sofrimento causados à vitima e, conjuntamente, preservando o caráter punitivo pedagógico dessa modalidade de indenização, devendo ser analisada as condições econômicas e sociais das partes envolvidas. E dessa forma entende o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo: “A reparação do dano moral tem por finalidade compensar o abalo moral e prevenir novas falhas sem promover enriquecimento indevido[...] o arbitramento há de realizar-se com prudência e moderação, conforme os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, sem ignorar a condição das partes, a natureza da falha e a extensão do dano. O montante não pode ser ínfimo nem excessivo, devendo corresponder à realidade do gravame. (TJ-SP - APL: 00031510720098260568 SP 0003151-07.2009.8.26.0568, Relator: Guilherme Santini Teodoro, Data de Julgamento: 16/04/2013, 2ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 16/04/2013). Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Jurisprudências i) RESPONSABILIDADE CIVIL - Insurgência do autor contra injúrias publicadas pela ré em sítio eletrônico de relacionamento - Prova documental a demonstrar os termos pejorativos e depreciativos utilizados pela ré em referência ao autor - Evidente a intenção de difamar e insultar - Não configurada hipótese de legítima defesa dos interesses dos filhos da ré - Limites da mera crítica extrapolados - Honra e imagem do autor violadas - Dano moral caracterizado - Indenização devida - Cabível, por outro lado, a redução do valor da condenação - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSP; Apelação 1004400-73.2015.8.26.0597; Relator (a): Elcio Trujillo; Órgão Julgador: 10ª Câmara de Direito Privado; Foro de Sertãozinho - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 16/05/2017; Data de Registro: 17/05/2017) ii) Responsabilidade civil – Comentário publicado em rede social, sem conteúdo ofensivo – Dano moral não configurado – Mero aborrecimento não caracteriza dano moral – Recurso improvido. (TJSP; Apelação 1000682-66.2016.8.26.0360; Relator (a): Fábio Quadros; Órgão Julgador: 4ª Câmara de Direito Privado; Foro de Mococa - 1ª Vara; Data do Julgamento: 24/08/2017; Data de Registro: 25/08/2017) iii) Liberdade de manifestação de pensamento não se confunde com ataque gratuito à honra alheia. É justamente por esse motivo que a Constituição Federal nega o anonimato, justamente para que o lesado possa pleitear reparação do ofensor caso se sinta prejudicado.” (TJ/SP, 8ª Câmara de Direito Privado, Apelação Cível n.º 0002885-77.2015.8.26.0481. Rel. Des. PEDRO DE ALCANTARA DA SILVA LEME FILHO. J. 17-02-2016) * Há responsabilidade dos que ‘compartilham’ mensagens e dos que nelas opinam de forma ofensiva, pelos desdobramentos das publicações, devendo ser encarado o uso deste meio de comunicação com mais seriedade e não como caráter informal que como entendem as rés.” (Apelação nº. 4000515-21.2013.8.26.0451, do Tribunal de Justiça de São Paulo) Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 DISCURSOS DE ÓDIO E INTOLERÂNCIA (Hate Speech) Qualquer tipo de comunicação por discurso, texto ou comportamento que ataque ou use linguagem pejorativa ou discriminatória referente a uma pessoa ou grupo baseado em quem eles são ou, em outras palavras, baseado na sua religião, etnia, nacionalidade, raça, cor, descendência, gênero ou outro fator identitário. Isso geralmente está enraizado e gera intolerância e ódio e, em certos contextos, pode ser humilhante e excludente” (ONU.United Nations Strategy and Plan of Action on Hate Speech, p. 2. Maio de 2019. Disponível em: . Acesso em 13/03/2021). Em síntese: O discurso do ódio refere-se a palavras que tendem a insultar, intimidar ou assediar pessoas em virtude de sua raça, cor, etnicidade, nacionalidade, sexo ou religião, ou que têm a capacidade de instigar violência, ódio ou discriminação contra tais pessoas. Características dos discursos de ódio: (I) Insulto e/ou ofensa a uma pessoa, incluindo um grupo socialmente vulnerável ao qual ela pertence; (II) Fala, gesto, expressão que instiga a violência, seja ela explícita ou implícita na fala do agressor. LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989 - Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa. . Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Direitos Humanos Fundamentais Artigo 3º, inciso IV da Constituição Federal: Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Declaração Universal dos Direitos Humanos 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. - Lei 7.716/89 alterações trazidas pela Lei 9.459/97 - Artigo 140, § 3º Código Penal - Injúria Racial - Lei n.º 13.964/2019 (Pacote anticrime) - triplica as penas de crimes contra a honra quando estes forem cometidos ou divulgados nas redes sociais. . Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Enquadramento dos Discursos de Ódio “Princípios de Camden (Campanha Global – ONU 2009 - pela Liberdade de Expressão e Igualdade)”, recomenda a verificação dos seguintes critérios: i. severidade: a ofensa deve ser “a mais severa e profunda forma de opróbrio”. ii. intenção: deve haver a intenção de incitar o ódio. iii. conteúdo ou forma do discurso: devem ser consideradas a forma, estilo e natureza dos argumentos empregados. iv. extensão do discurso: o discurso deve ser dirigido ao público em geral ou à um número de indivíduos em um espaço público. v. probabilidade de ocorrência de dano: o crime de incitação não necessita que o dano ocorra de fato, entretanto é necessária a averiguação de algum nível de risco de que algum dano resulte de tal incitação. vi. iminência: o tempo entre o discurso e a ação (discriminação, hostilidade ou violência) não pode ser demasiado longo de forma que não seja razoável imputar ao emissor do discurso a responsabilidade pelo eventual resultado. vii. contexto: o contexto em que é proferido o discurso é de suma importância para verificar se as declarações têm potencial de incitar ódio e gerar alguma ação (STROPPA; ROTHENBURG, 2015, p. 459) . Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Liberdade de Expressão x Discurso de Ódio Na perspectiva do Direito, um dos principais desafios é o de buscar assegurar um equilíbrio entre o exercício pleno da liberdade de expressão nas suas mais diversas dimensões e a necessária proteção da dignidade da pessoa humana e dos direitos de personalidade dos indivíduos, mas também o de operar como instrumento para a afirmação, do pondo de vista transindividual (e intersubjetivo), de um ambiente com níveis satisfatórios de tolerância e reconhecimento. Sem isso, o próprio Estado Democrático de Direito, necessariamente livre, plural e igualitário, estará em risco. (Ingo Sarlet) Posicionamento dos Tribunais 1) Não se olvida, é claro, que a garantia à livre expressão e manifestação de pensamento – assim como todos os outros direitos fundamentais – não possui caráter absoluto, sendo lhe impostos certos limites morais, de forma que não sejam protegidas manifestações que impliquem na ilicitude penal, tais como, por exemplo, os chamados discursos do ódio. (STF, HC nº 82.424, rel. p/ o acórdão Min. Maurício Corrêa, j. em 17.09.2003) apud (TJ-SC - AI: 40005938820188240000 Concórdia 4000593- 88.2018.8.24.0000, Relator: Luiz Antônio Zanini Fornerolli, Data de Julgamento: 22/01/2018, Câmara Civil Especial, grifou nosso). 2) A manifestação de pensamento, assim como a liberdade de expressão, encontra restrição no tocante à proteção da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, tendo em vista que essa proteção está interligada à dignidade da pessoa humana, que é um dos fundamentos consagrados na Constituição (art. 1º, III). Quando houver colisão de direitos fundamentais, tanto a doutrina quanto a jurisprudência já se posicionaram no sentido de que deve ser aplicada a técnica de ponderação em que, dentre a razoabilidade, adequação e necessidade será verificado qual o direito mais relevante ao caso em concreto. (TJ-SC - AC: 00018761120108240126 Itapoá 0001876-11.2010.8.24.0126, Relator: Rodolfo Cezar Ribeiro Da Silva Tridapalli, Data de Julgamento: 10/08/2017, Quarta Câmara de Direito Civil, grifo nosso). . Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Discurso de Ódio – Homofobia STF enquadra homofobia e transfobia como crimes de racismo ao reconhecer omissão legislativa – ADO 26 e MI 4733 Manifestações homofóbicas na internet, desde 13 de junho de 2019, podem ensejar a responsabilização criminal do agente, em razão de decisão do Supremo Tribunal Federal, que estabeleceu que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero pode ser enquadrada pela Lei de Racismo (Lei nº 7.716/89). Teses aprovadas pelo Plenário – STF 1- Até que o Congresso Nacional edite lei específica, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, se enquadram nos crimes previstos na Lei 7.716/2018 e, no caso de homicídio doloso, constitui circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe. 2- A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe o exercício da liberdade religiosa, desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio. 3- A tese estabelece que o conceito de racismo ultrapassa aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos e alcança a negação da dignidade e da humanidade de grupos vulneráveis. . Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Discurso de Ódio – Estatísticas Mundiais Foram registrados 12.098 crimes de ódio, média de 33 ocorrências por dia, segundo o Mapa do Ódio realizado pela Words Heal the World, ONG que desenvolve estratégias de combate a diferentes tipos de extremismo no Reino Unido, Brasil e América Latina. Entre os crimes de ódio registrados, 1.175 foram homicídios, sendo 1.141 feminicídios, 33 homicídios motivados por preconceito baseado em orientação sexual e um homicídio por preconceito baseado na origem da vítima. Fonte - http://www.generonumero.media/crime-de-odio/ . Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Discurso de Ódio – Estatísticas no Brasil O número total de denúncias de ofensas motivadas por ódio registradas em 2018: • 2,290 (44,94%) denúncias de ofensas motivadas por ódio ao gênero feminino (feminicídios: tentados e consumados); • 1.685 (33,07%) denúncias de ofensas motivadas por ódio à orientação sexual e identidade de gênero (tendo como alvo a comunidade LGBTI); • 615 (12,07%) denúncias de ofensas motivadas por ódio racial; • 506 (9,93%) denúncias de ofensas motivadas por ódio religioso; . Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 CRIME DE PERSEGUIÇÃO (STALKING) . Lei 14.132/2021: institui o crime de perseguição (stalking) – (art. 147-A do Código Penal) O crime de stalking é definido como perseguição reiterada, por qualquer meio, como a internet (cyberstalking),que ameaça a integridade física e psicológica de alguém, interferindo na liberdade e na privacidade da vítima. Art. 147-A CP. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. De acordo com a nova lei, o crime de perseguição terá pena aumentada em 50% quando for praticado contra criança, adolescente, idoso ou contra mulher por razões de gênero. O acréscimo na punição também é previsto no caso do uso de armas ou da participação de duas ou mais pessoas. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 LEI 13.185/2015- Programa de Combate à Intimidação Sistemática - Bullying. O art. 1º - bullying como todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. art. 2º - lista de condutas que podem enquadrar-se na moldura elástica da violência, revelada em atos de intimidação, humilhação ou discriminação, tais como ataques físicos, insultos pessoais, comentários depreciativos sistemáticos, apelidos pejorativos, ameaças, grafites depreciativos, expressões preconceituosas, isolamento social consciente e premeditado e pilhérias. Cyberbullying - intimidação sistemática na rede mundial de computadores, quando neste ambiente e, mediante o uso de recursos que lhe são próprios, o agressor virtual depreciar, incitar violência, adulterar fotos e dados pessoais objetivando o constrangimento psicossocial da vítima. . Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Bullying x Cyberbullying Enquanto o bullying é praticado no ambiente escolar, trabalho, na família, entre outros o cyberbullying ultrapassa qualquer fronteira física, os ataques acontecem o tempo todo por meio, principalmente, das redes sociais e dos aplicativos de mensagens. Ações que podem ser consideradas cyberbullying: •exposição de fotografias ou montagens constrangedoras; •divulgação de fotografias íntimas; •críticas à aparência física, à opinião e ao comportamento social de indivíduos repetitivamente. . Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Dados Estatísticos Pesquisa (Intel Security) realizada com 507 crianças e adolescentes (entre 8 e 16 anos) obteve os seguintes dados sobre cyberbullying no Brasil: • 66% presenciaram casos de agressão na internet; • 21% afirmam ter sofrido cyberbullying; • 24% realizaram atividades consideradas cyberbullying. • 14% admitiram falar mal de uma pessoa para outra; • 13% afirmaram zombar de alguém por sua aparência; • 7% marcaram alguém em fotos vexatórias; • 3% ameaçaram alguém; • 3% zombaram alguém por conta de sua sexualidade; • 2% postaram intencionalmente sobre eventos em que um colega foi excluído para ele ver que foi excluído. Fonte:https://memoria.ebc.com.br/infantil/2015/07/21-das-criancas-ja-foram-vitimas-de-agressoes- online-revela-pesquisa . Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 DADOS ESTÁTISTICOS – DISCURSO DE ÓDIO NA INTERNET file:///C:/Users/Adriana/Documents/CARTILHA-DE-ORIENTACAO-PARA-VITIMAS-DE- DISCURSO-DE-ODIO-FGV-2020.pdf . Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Precedentes Jurisprudenciais Os pais têm responsabilidade sobre ofensas feitas pelos filhos através da internet. Com esse entendimento, a 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul manteve a condenação da mãe de um menor de idade pela prática de cyberbullying. A mãe terá de pagar indenização de R$ 5 mil pelos danos causados ao colega de classe de seu filho. (https://www.conjur.com.br/2010-jul-02/mae- responsabilizada-cyberbullying-praticado-filho) Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 AÇÃO INDENIZATÓRIA. Pretensão em razão de ofensas de cunho sexual perpetradas contra a honra e reputação da vítima divulgadas por meio de aplicativo de mensagens (Whatsapp). Sentença de procedência para condenar o corréu a compensar danos morais no importe de R$ 5.000,00. Apela o autor sustentando necessidade de majoração da condenação. Apela o corréu sucumbente sustentando nulidade da sentença por cerceamento de defesa, ilegitimidade ativa e passiva, inexistência de danos morais e, subsidiariamente, redução do "quantum". Cabimento parcial do recurso do autor e descabimento do reclamo da ré. Preliminar. Cerceamento por ausência de depoimento pessoal do autor e oitiva de testemunhas. Insubsistência. Prova oral incapaz de apresentar novos subsídios para o desate da lide. Preliminar rejeitada. Ilegitimidade ativa. Inadmissibilidade. Fala contida na gravação da qual proveio os ataques deixam evidente a identificação da pessoa insultada. Ilegitimidade passiva por ausência de responsabilidade na gravação objeto da lide. Insubsistência. Temática de natureza meritória. Mérito. Elementos de convicção não impugnados especificamente comprovam o comportamento doloso do autor para a eclosão do evento lesivo. Insultos perpetrados por encomenda do corréu-apelante configuram situação grave e ofendem de forma flagrante a honra e a imagem do autor. Dano moral configurado. Majoração da indenização para R$ 20.000,00. Observância do caráter pedagógico, da necessidade de amenizar o sofrimento da vítima e da ausência de impugnação à alegada capacidade financeira do mandante. Recurso do autor parcialmente provido para majorar a condenação e improvido o do corréu. (TJSP; Apelação Cível 1005838-68.2019.8.26.0024; Relator (a): James Siano; Órgão Julgador: 5ª Câmara de Direito Privado; Foro de Andradina - 2ª Vara; Data do Julgamento: 11/02/2021; Data de Registro: 11/02/2021) Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Distinção Preconceito / Discriminação Preconceito: Discriminação: PRECONCEITO POSTO EM AÇÃO!!! Noção pré-concebida em que as pessoas classificam alguém ou algo antes de conhecer, juizos de valor, pré julgamento Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 PRECONCEITO X DISCRIMINAÇÃO Preconceito: Noção pré-concebida, de pré-julgamento em relação a determinada pessoa ou grupo. (A desvalorização do outro de modo injustificado). Ex: “não temos profissionais com deficiência competentes e com boa formação acadêmica”. Discriminação: Preconceito posto em ação, em prática (cria distinção, exclusão e preferência entre pessoas e grupos). Ex: “contrata-se vendedoras, preferencialmente de 20 a 25 anos. Obs. Discriminação por interseccionalidade: Mulheres negras e pobres – potencial vitíma em razão de seu genêro, de sua raça e de sua classe social. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Discriminação Direta/Indireta 1- DIRETA: Propõe certas normas ou ações tendentes a estigmatizar ou simplesmente excluir o outro de certos direitos. Ex: Proibir pessoas LGBTI, de ingressar em estabelecimentos comerciais. 2-INDIRETA: Consiste na imposição de normas e regras que trazem consequências nefastas e negativas afetando os direitos das pessoas. Práticas indutoras de efeitos discriminatórios, prejudiciais a pessoas ou grupos específicos (critérios aparentemente neutros que geram impactos desproporcionais). Ex. 1. Exigência na contratação de pessoas com força física extrema ou determinada altura e peso. * Forma de discrímen indireto às mulheres e a certos grupos étnicos. Ex. 2. Ao recrutar estagiários, é dado preferência para os alunos da mesma universidade na qual o gerente da área se formou. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 ALGUNS EXEMPLOS DE DISCRIMINAÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Discriminação por Classismo (Classes Sociais) - Discriminação de indivíduos ou grupo de indivíduos com base nasua classe social (Beneficia as classes privilegiadas). Discriminação de gênero (Sexismo) discriminação baseada no gênero de uma pessoa. Discriminação racial - qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência fundada na raça, cor, ascendência na origem nacional ou étnica. Discriminação Etária (Etaísmo) - Discriminação contra pessoas ou grupos de pessoas baseado na idade. Discriminação por orientação sexual/identidade de gênero – Discriminação de pessoas LGBTI (Homofobia/Transfobia). Discriminação Religiosa – Discriminação com base na religão/crença. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Discriminação na Legislação Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 - 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Lei 9.459/97 - Altera os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, e acrescenta parágrafo ao art. 140 do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Lei 9.029/95 Art. 1o É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) Lei 10.741/2003 ( Estatuto do Idoso) – Ex - artigo 96: formas de discriminação contra idoso. Lei 13.146/2015. Estatuto da Pessoa com Deficiência - Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente - Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. Lei Estadual SP 10.948/01 - Dispõe sobre as penalidades a serem aplicadas à prática de discriminação em razão de orientação sexual/ identidade de gênero e dá outras providências. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Algumas convenções internacionais em matéria de Discriminação Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial – Decreto 65.810/69 (Decreto Legislativo 1/21) - Convenção Interamericana Contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância. (18/02/2021) Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, de 1979, e revoga o Decreto no 89.460, de 20 de março de 1984. Decreto nº 6.949, 25/08/2009.- Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Viés Inconsciente Vieses inconscientes são preconceitos incorporados no nosso dia a dia e estão baseados em estereótipos de gênero, raça, classe, orientação sexual, idade etc. Eles afetam nossas ações e julgamentos sem que prestemos atenção Podemos citar os processos de recrutamento e promoção, quando o viés inconsciente pode surgir pelos responsáveis ao distorcer os resultados de testes/entrevistas para justificar sua predileção ou um desagrado por determinado candidato. Situações recorrentes, como no caso de determinado gestor que na hora de recrutar estagiários, dá preferência para os alunos da mesma universidade em que se formou, ou no caso da exclusão de determinada colaborada mulher, que deixou de ser incluída na lista de promovidos, porque o gestor supôs que ela não iria querer assumir mais responsabilidades no trabalho, ao retornar da licença maternidade. Nos casos citados, referidas pessoas foram vítimas de uma tomada de decisão carregada de um preconceito sutil, ou seja, os gestores não quiseram deliberadamente deixá-los de fora de oportunidades, mais foram influenciados por um viés inconsciente, ao serem tendenciosos na tomada de decisão motivadas por experiências próprias. O viés, ou tendência, é um peso desproporcional em favor ou contra uma coisa, pessoa ou grupo, que pode ser considerado injusto quando enseja tratamentos desiguais. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 RACISMO & INJURIA RACIAL Racismo e injúria racial estão situadas nos seguintes moldes “...enquanto a injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem, o crime de racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça.” Para o sistema de justiça o crime de injúria está associado ao uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima, isto é, o emprego de expressões como “macaco(a)” a título de xingamento ofensivo dirigido a uma pessoa negra. Crime de racismo - caracteriza-se de forma mais ampla, vez que a conduta discriminatória deve ser dirigida a um determinado grupo ou coletividade, a título exemplificativo, cita-se o caso do Habeas Corpus 82.4248, impetrado em favor de Siegfried Ellwanger, escritor e editor que fora condenado em instância recursal pelo crime de anti- semitismo e por publicar, vender e distribuir material anti-semita contra a comunidade judaica, afirmando, por exemplo, que o holocausto não teria existido. O caso teve início em 1986 e se estendeu por 18 anos até que o Supremo manteve a condenação por considerar que o crime de racismo imprescritível. Obs. Lei 7.716/89 e art. 5, XLII CF Fonte - Disponível em: https://cnj.jusbrasil.com.br/noticias/195819339/conheca-a-diferenca-entre-racismo-e- injuria-racial Acessado em: 05/04/2021 Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Crime de discriminação racial ambiente virtual - Análise: Casos Concretos 25/10/2015: “Nordestino não precisa de carteira, não tem dinheiro pra nada, a não ser se for o dinheiro do bolsa família! Moeda! Aposto que era moeda de 5 centavo que sobra quando ele compro o passe de ônibus”. 26/02/2016: “Não senhor, vai estudar, tá pensando que aqui é Pernambuco é?!” e “Amaldiçoado seja o povo do Nordeste!!! Culpa de termos esta presidente é toda suas!” Decisão Judicial: “ainda que o sistema normativo não possa tutelar o pensamento das pessoas, a manifestação do pensamento pode ser punida quando, pelo excesso, envolver preconceitos ou discriminações de origem, raça, sexo, cor e idade, dentre outros aspectos da personalidade, mormente pelo fato de que, atualmente, a rápida difusão dessas manifestações é proporcionada pela utilização de meios digitais (redes sociais)”. O réu foi condenado pelo crime de discriminação racial – artigo 20, caput e §2º, da Lei 7.716/1989, com redação dada pela Lei nº 9.459/1997. Fonte: Processo n.º 0002194-24.2018.4.03.6110 – Juíza Federal- Sylvia Marlene de Castro Figueiredo, da 3ª Vara Federal em Sorocaba (SP), - Núcleo de Comunicação Social da Justiça Federal em São Paulo – Acesso 14/04/2021 Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Maria Júlia Coutinho (Maju jornalista Rede Globo) - foi vítima de comentários preconceituosos na página oficial do Jornal Nacional no Facebook. Diversos internautas escreveram mensagens racistas, como: “Só conseguiu emprego no ‘Jornal Nacional’ por causa das cotas, Preta imunda”,“Vá fazer as previsões do tempo na senzala”, Negra desgraçada!!!, Raça maldita que estraga a tv globo!!! Morte dos negros!!!” “Quem deixou essa preta sair da gaiola?” Em 9 de março de 2020, a 5ª Vara Criminal da Comarca de São Paulo – o magistrado afirmou que "os réus, deveras, incitaram e induziram a discriminação e o preconceito de raça e cor” – Condenados - Rogério Wagner (vulgo Irene Acácio ou Ariel Vieira) e Erico Monteiro dos Santos (vulgo Erico Abelhão, Jaaziel Sousa da Silva, Thiago San Monteiro ou Conan Trindade) foram condenados a pelo menos cinco anos de reclusão em regime semiabertoe multa. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO Discriminação via internet configura crime de racismo Incitar a prática de discriminação racial e etnológica conscientemente na internet não deve ser tipificado como injúria preconceituosa, mas sim como racismo. O entendimento é da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná, que manteve a condenação contra R.M.R., que se autodenominava “Satan”, e A.N.M., que adotava a alcunha de “chefia”, pela prática de racismo via internet. De acordo com os autos, ambos criaram uma página na Internet, denominada “amônia 88”, para estimular a discriminação e o preconceito em relação a judeus e à raça negra. A página era alimentada com artigos, fotos e chats de conteúdo racista. Para o relator da apelação, desembargador Luiz Osório Moraes Panza, os acusados incitaram a prática de discriminação racial e etnológica de forma livre e consciente por meio da internet, que se caracteriza como um meio de comunicação ilimitado, alcançando um número irrestrito de pessoas. "A conduta dos apelantes colide com preceitos fundamentais elencados na Constituição Federal, uma vez que atinge a coletividade e constitui crime tipificado em lei.“ "ao veicular mensagens de conteúdo discriminatório, este atingiu não somente um indivíduo, mas a coletividade, ou seja, um grupo indeterminado de pessoas" Fonte - Apelação 664486-6 - 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná – Rel. Des. Luiz Osório Moraes Panza 15/04/2011. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Indenização por danos morais e providencias legais. Caso a vítima de discriminação racial ou injúria qualificada considere que sofreu algum tipo de prejuízo (seja ele financeiro, psicológico ou de outra ordem), ela pode entrar com a ação de indenização por danos morais, prevista no artigo 159 do Código Civil brasileiro. Os danos morais são aqueles que abalam a honra, a boa-fé e/ou a dignidade da pessoa. É preciso provar a existência de uma ligação entre a discriminação sofrida e os danos à sua moral. Isso porque a indenização tem como função reparar a dor e a exposição indevidas sofridas pela vítima, além de tentar desestimular o ofensor a praticar novamente a conduta que gerou o dano. Como agir em casos de discriminação? Se você foi vítima de qualquer tipo de preconceito ou discriminação, é muito importante que denuncie, pois a denúncia visa combater a prática desse crime, punir o agente e garantir o direito à igualdade. Ex. DECRADI/SP – Delegacia Especializada em Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. Delegacia Especializadas em Crimes Cibernéticos – Estado de SP Ex. Estado de São Paulo: Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER) - 18/12/2020 1ª Delegacia sobre Fraudes contra Instituições Financeiras praticadas por meios eletrônicos; 2ª Delegacia sobre Fraudes contra Instituições de Comércio Eletrônico; 3ª Delegacia sobre Violação de Dispositivos Eletrônicos e Redes de Dados; 4ª Delegacia de Lavagem e Ocultação de Ativos Ilícitos por meios eletrônicos. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 PRESERVAÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS TITULARES DE DADOS - LGPD O titular dos dados é a pessoa natural a quem se referem os dados pessoais que são objeto de tratamento. Tratamento, de acordo com a LGPD, é toda operação realizada, no âmbito do Direito Privado ou Público, com dados pessoais. Aquele que, pessoa natural ou jurídica, realiza as decisões em relação ao tratamento é denominado controlador. 1- informações claras e completas sobre o tratamento e proteção de seus dados pessoais, que, de acordo com o Marco Civil (art. 7º, inciso VIII Marco Civil), 2- a autodeterminação informativa, isto é, acesso e conhecimento de quais são os dados que foram coletados (art. 7º, inciso VII, do Marco Civil) 3- correção de dados incompletos, inexatos ou desatualizados ( art. 18, inciso III da LGPD) 4- anonimização, bloqueio ou eliminação definitiva de dados desnecessários, excessivos ou tratados em desconformidade com o disposto em lei (art. 7º, inciso X, do Marco Civil, art. 18, inciso IV da LGPD); 5-portabilidade dos dados a outro fornecedor de serviço ou produto, bem como revogação do consentimento (art. 18, incisos V, IX, da LGPD); 6- Explicação e revisão das escolhas individuais automatizadas (art.20 da LGPD). *Titular dos dados pessoais tem o direito à transparência, à proteção contra vigilância ilegal, arbitrária e não verificada. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Dados Sensíveis • LGPD criou regras específicas para o tratamento de dados que frequentemente são utilizados para discriminação, os chamados dados pessoais sensíveis, como os que tratam sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual e dado genético ou biométrico. (digitais) • Ex- nome, RG, CPF, gênero, data e local de nascimento, telefone, endereço residencial, fotografia, prontuário de saúde, etc. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Direitos dos Titulares de Dados - LGPD Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Princípios da LGPD – Tratamento de Dados Pessoais Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Medida Provisória MP 954/2020 & Ação Direta de Inconstitucionalidade 6387 DF MP n. 954/2020 autorizava o “compartilhamento de dados por empresas de telecomunicações prestadoras de serviço telefônico fixo e móvel pessoal com a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE” (art.1º). Essas empresas disponibilizariam “a relação dos nomes, dos números de telefone e dos endereços de seus consumidores, pessoas físicas ou jurídicas” (art.2º §1º), que são configurados como dados pessoais, pois permitem a identificação do usuário, estes seriam utilizados “direta e exclusivamente pela Fundação IBGE para a produção estatística oficial, com o objetivo de realizar entrevistas em caráter não presencial no âmbito de pesquisas domiciliares.”(art. 2º § 2º), durante o período da pandemia. MP contém vícios de inconstitucionalidade material ao “argumento principal de violação das regras constitucionais da dignidade da pessoa humana, da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, do sigilo dos dados e da autodeterminação informativa” 24/04/2020 - STF – Min. Rosa Weber foi coerente com a teoria constitucionalista digital, uma vez que reconheceu a inconstitucionalidade na falta de transparência quanto ao uso e à finalidade de dados pessoais da medida provisória n.954/2020. Dessa forma, também demonstra a importância do debate relacionado aos direitos fundamentais na Era Digital, e, além disso, reconhece o Marco Civil da Internet e a Lei Geral da Proteção de Dados como norteadores desse debate. Fonte: Ação Direta de Inconstitucionalidade 6.387 Distrito Federal. Disponível em http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADI6387MC.pdf acesso em 20 de abr de 2021. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 LGPD & COMBATE A DISCRIMINAÇÃO Lei Geral de Proteção de Dados é um marco legal para a proteção de dados no País, tanto no âmbito público quanto no privado, a fim de tutelar a proteção de direitos constitucionais e infraconstitucionais de pessoas físicas, inclusive em ambientes virtuais. Assim, a LGPD classifica como dado pessoal sensível aquele que verse sobre a origem racial ou étnica, a convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, saúde ou vida sexual, genética ou biometria do titular do dado. Essa classificação se deu com o intuito de conferir especial tratamento aos dados sensíveis, evitando que referidas informações pessoais possam ser utilizadas como forma de discriminação do titular por quem tiver acesso aos seus dados. Ex. situação prática, fica vedado às operadoras de planos privados de assistência à saúde utilizar-se do tratamento de dados sensíveis para selecionar os riscos na contratação, ou para exclusão ou mesmorecusa de beneficiários. A implementação de garantias legais especiais que visem abolir as práticas discriminatórias tem um papel fundamental na mudança de hábitos de violação aos direitos fundamentais. “Para a melhor tutela dos direitos fundamentais, há que se definir quando, onde, como e para que fins poderão ser colhidos informações pessoais, restringindo-se o seu tratamento como ativo comercial ou expressão de poder político do Estado“. Assim, a privacidade da pessoa física se concentra no seu consentimento, podendo controlar o fluxo e a finalidade de seus dados Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 LGPD E A RESPONSABILIADE CIVIL A responsabilidade surge do exercício da atividade de proteção de dados que viole a “legislação de proteção de dados”. Por essa expressão, o legislador reconhece que a proteção de dados é um microssistema, com normas previstas em diversas leis, sendo a LGPD a sua base estrutural. Identificar duas situações de responsabilidade civil na LGPD: a) violação de normas jurídicas, do microssistema de proteção de dados; b) violação de normas técnicas, voltadas à segurança e proteção de dados pessoais. Art. 944 do Código Civil dispõe que “A indenização mede-se pela extensão do dano”. E a extensão de um dano relativo à proteção de dados poderá levar em consideração os seguintes critérios: a) a quantidade de dados pessoais afetados; b) a natureza dos dados pessoais afetados: o vazamento de dados pessoais sensíveis; c) a reincidência da conduta; d) a omissão em tomar medidas de segurança e técnicas para minorar o dano ou em colaborar com a Autoridade Nacional de Proteção de Dados; e) a ausência de notificação dos usuários da ocorrência do incidente23; f) a comprovada utilização dos dados pessoais vazados de titulares por terceiros. Obs. REsp 1.245.550/MG 2015, no voto do ministro relator Luís Felipe Salomão, se afirmou que" A dignidade humana pode ser considerada, assim, um direito constitucional subjetivo - essência de todos os direitos personalíssimos -, e é o ataque a esse direito o que se convencionou chamar dano moral. " Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 PL 2630/2020 - Institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. PL 2630/2020: Institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, apresenta normas e instrumentos de transparência a serem seguidos por provedores de redes sociais e serviços de mensageria privada, além de impor regras de conduta ao comportamento dos agentes políticos no meio digital, com o objetivo de "garantir segurança e ampla liberdade de expressão, comunicação e manifestação do pensamento". É certo que medidas legislativas, por si só, não são capazes de controlar, por completo, o fenômeno extremamente complexo da desinformação, entretanto, a conjunção do Projeto de Lei nº 2630/2020 e a LGPD representam passos importantes para o enfrentamento da questão. Tramitação: Apresentação do Projeto de Lei n. 2630/2020 em 03/07/2020 - "Institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, aguardando constituição de comissão temporária - 15/07/2021. Aguardando Despacho do Presidente da Câmara dos Deputados - https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2256735. Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Sugestão de Filmes/Documentários sobre a temática 1- Intolerância. Doc ( Produção - Susana Lira) 2- A Onda ( Produção - Dennis Gensei) 3- A outra história americana ( Produção - Tony Kaye) 4- Infriltado na Klan (Produção - Spike Lee) 5- Rede de Ódio ( Produção - Jan Komasa) Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Bibliografia CORREA, Gustavo testa. Aspectos Jurídicos da Internet. São Paulo: Saraiva, 2010. Educação Digital. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/educacao/educacao-digital.htm. Acesso em 23/06/2019 DONEDA, Danilo. Da privacidade à proteção de dados pessoais. Rio de Janeiro: Renovar, 2016. GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro: Responsabilidade Civil. 7ªEd, São Paulo, p.315 LIMA, Glaydson de Faria. Manual de Direito Digital. São Paulo: Appris 2016 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 9. Ed., rev. Atual. São Paulo: Saraiva, 2014 PINHEIRO, Patricia Peck. Direito Digital. 8ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2017. ROCHA, Andreia. Direito Judicial e modernização do judiciário. São Paulo: LTR editora, 2015 TAKAHASHI, Tadao (Org.). Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000 VIEIRA, Alexandre. Direito autoral na Sociedade Digital. São Paulo: Editora EWL, 2012. https://politics.org.br/edicoes/declara%C3%A7%C3%A3o-universal-dos-direitos-humanos-na-era-digital. https://wearesocial.com/blog/2019/01/digital-2019-global-internet-use-accelerates Clara Amédée Péret Motta - 14413498631 Artigos Jurídicos Complementares https://politics.org.br/edicoes/declara%C3%A7%C3%A3o-universal-dos-direitos-humanos-na-era-digital http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/RIMA/article/view/3972 https://www.conjur.com.br/2020-fev-19/ellen-gracie-constitucionalidade-marco-civil-internet https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/29938 https://www.conjur.com.br/2011-abr-15/incitar-discriminacao-internet-tipificado-racismo Clara Amédée Péret Motta - 14413498631