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Sífilis Congênita 1 Profa.Ms. Simone Paes de Melo 2 A espécie humana é a única hospedeira? Quais as formas de transmissão? Existe risco de contaminação no parto? Apresenta sintomas ao nascer ? Também existem fases no recém nascido e na criança ? 3 Questionamentos... 4 Ações Estratégicas para Redução da Sífilis no Brasil • O Ministério da Saúde (MS) lançou, em 1993, um projeto de eliminação da sífilis congênita em consonância com a proposta formulada pela Organização Pan- Americana de Saúde (OPAS) e Organização Mundial de Saúde (OMS), que definia como meta a redução na incidência da doença a valores menores ou iguais a um caso por mil nascidos vivos (NV)) • 2016-2017: objetivo reduzir a sífilis congênita, ações e atividades, alinhadas com o Plano de Ação para a Prevenção e o Controle do HIV e de IST (2016-2021) (OPAS, 2016) • 2018-2019: incorporação do projeto de Resposta Rápida à Sífilis nas Redes de Atenção (“Sífilis Não”) para reduzir a sífilis adquirida e a sífilis em gestantes, além da eliminação da sífilis congênita • 2020-2021: inclusão de instituições de ensino superior e pesquisa do país. Atualizar as prioridades estabelecidas anteriormente e agregar novas atividades que estimulem o envolvimento de novos atores e da sociedade brasileira como um todo 5 No Brasil, em 2019, do total de 24.253 casos, houve 23.864 (98,4%) casos de sífilis congênita em neonatos (até 28 dias de vida). Destes 23.396 (96,5%) foram diagnosticados na primeira semana de vida. Aumento do percentual de casos de sífilis em gestantes diagnosticados no primeiro trimestre de gestação em todas as regiões. Entre 2014 e 2018: Norte passa de 17,2% para 28,3%, Nordeste de 19,3% para 25,9%, Sudeste de 34,1% para 44,7%, Sul de 32,8% para 50,2% e Centro-Oeste de 26,9% para 36,9%. Os estados com taxas maiores que a média nacional são Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Tocantins, Pernambuco, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Ceará e Distrito Federal. No Ceará, de 2011 a setembro de 2020, foram notificados 11.843 casos em crianças menores de um ano de idade. a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Fortaleza registrou 13,1 casos por mil nascidos vivos, no mesmo ano. A taxa está acima da média estadual em toda a série histórica avaliada. O Ceará enfrenta aumento significativo na taxa de incidência de sífilis congênita. O indicador usado para detectar a sífilis congênita é o número de notificações em gestantes. ( Ceara.gov.br/2021) Epidemiologia 7 Prevenção Prevenção 10 A Sífilis congênita acontece quando a bactéria, Treponema pallidum, passa da mãe para o feto de forma hematogênica e atravessa a barreira placentária ou, no momento do parto, caso a mulher tenha lesões na região genitália. A transmissão da gestante para o concepto pode acontecer em qualquer momento da gestação, em mulheres não tratadas ou inadequadamente tratada. Quando infectada na fase 1ª ou fase 2ª, tem risco de transmitir de 70% a 100% ao feto. Na fase latente e fase 3ª o risco é de 30%na gestação. Aumenta quanto mais cedo a gestante tiver adquirido a doença e na 2ª metade da gestação a probabilidade aumenta. 11 Como acontece a transmissão Diagnóstico de Sífilis Congênita no Brasil 12 O Ministério da Saúde (BRASIL, 2011) recomenda o emprego de metodologias não treponêmicas e treponêmicas para a confirmação diagnóstica sorológica da sífilis na gestação. O VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) e o RPR (Rapid Plasma Reagin) são classificados como não treponêmicos, são exames quantitativos, de baixo custo, tornam-se reagentes entre a segunda e quarta semanas após o aparecimento do cancro de inoculação e apresentam títulos mais elevados nas formas secundárias, recente e tardia Classificação da Sífilis Congênita 13 Sífilis congênita precoce: avaliação clínica; microscopia em câmara escura das lesões e placenta ou cordão umbilical; testes séricos da mãe e neonato; possivel análise do líquor Sífilis congênita tardia: avaliação clínica, testes sorológicos da mãe e do recém nascido Tratamento 14 Classificação por FASES 16 Notificação de Casos Erupções vesiculobolhosas características ou exantema macular com coloração cúprica nas palmas das mãos e nas solas dos pés, lesões papulares ao redor do nariz, da boca e das áreas das fraldas e, ainda, lesões petequiais. Linfadenopatia generalizada e hepatoesplenomegalia ocorrem com frequência. O lactente não ganha peso e apresenta secreção nasal mucopurulenta ou sanguinolenta causando fungação. O recém nato pode cursar com rinite, anemia hemolítica, icterícia e pseudoparalisia, como a imobilidade de uma ou mais extremidades, devido a osteocondrite dolorosa . 17 Manifestações Clínicas: SC Precoce Após o 2º ano de vida e causa úlcera gomosa, com tendência ao envolvimento de nariz, septo e palato duro, e lesões periostais provocam a chamada tíbia em lâmina de sabre e bossa nos ossos parietais e frontal A lesão ocular mais comum é a queratite intersticial e ocorre, com frequência, como resultado da cicatrização da córnea. Os Dentes incisivos de Hutchinson, molares “em amora”, fissuras periorais (rágades) e desenvolvimento anormal da maxila.. Pode ocorrer atrofia óptica, que, algumas vezes, leva a cegueira. A surdez sensorineural é geralmente progressiva e pode surgir em qualquer idade. . 18 Manifestações Clínicas: SC Tardia https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-oftalmol%C3%B3gicos/doen%C3%A7as-da-c%C3%B3rnea/ceratite-intersticial 19 Esquema de Tratamento 20 Esquema de Tratamento (A1) se houver alterações clínicas e/ou sorológicas e/ou radiológicas e/ou hematológicas: penicilina G cristalina, 50.000 UI/kg/dose, EV, de 12/12 h (nos primeiros sete dias de vida) e de 8/8 h (após sete dias de vida), durante 10 dias; ou penicilina G procaína 50.000 UI/kg/dia, intramuscular, durante 10 dias; (A2) se houver alteração liquórica (neurossífilis): penicilina G cristalina, 50.000 UI/kg/dose, EV, de 12/12 hs (nos primeiros sete dias de vida) e de 8/8 h (após sete dias de vida), durante 10 dias; (A3) se não houver alterações clínicas, radiológicas, hematológicas e/ou liquóricas e a sorologia for negativa no recém- nascido e garantia de acompanhamento da criança: penicilina G benzatina por via intramuscular na dose única de 50.000 UI/kg. Na impossibilidade em garantir o acompanhamento, o recém-nascido deverá ser tratado com o esquema A1. B - RN de mães adequadamente tratadas: realizar o VDRL em amostra de sangue periférico do recém-nascido; se este for reagente com titulação maior do que a materna, e/ou na presença de alterações clínicas, realizar hemograma, radiografia de ossos longos e análise do líquido cefalorraquidiano: B 1 - se houver alterações clínicas e/ou radiológicas, e/ou hematológica sem alterações liquóricas, o tratamento deverá ser feito como em A1; B 2 - se houver alteração liquórica, o tratamento deverá ser feito como em A2; C - Recém-nascido de mães adequadamente tratadas: realizar o VDRL em amostra de sangue periférico do recém-nascido C 1 - se for assintomático e o VDRL não reagente, proceder apenas ao seguimento clínico-laboratorial. Na impossibilidade de garantir o seguimento deve-se proceder ao tratamento com penicilina G benzatina, intramuscular, na dose única de 50.000 UI/kg. C 2 - se for assintomático e tiver o VDRL reagente, com título igual ou menor que o materno acompanhar clinicamente. Na impossibilidade do seguimento clínico, investigar e tratar como A1(sem alterações liquóricas) ou A2 (se houver alterações liquóricas). Questões para orientar a discussão 21 1. Qual a hipótese diagnóstica esperada para o caso? 2. O recém-nascido pode vir a nascer sem sintomas? 3. Quais exames pedir quando há suspeita desse diagnóstico? 4. Qual a classificação da doença para esse quadro e quais os possíveis sintomas? Recém-nascido, sexo masculino, parto normal, com idade gestacionalde trinta e nove semanas e oito dias, pesando 2,875 kg, apgar 8/9. A mãe apresentou VDRL positivo no primeiro mês de gestação, com valor de 1/64. No quarto mês esse resultado passou para 1/16 e no sétimo mês para 1/8. A mãe relata tratamento com três doses de penicilina benzatina e informa que seu parceiro foi medicado com uma dose. O recém-nascido foi admitido ao alojamento conjunto em estado geral regular, recebendo aleitamento materno exclusivo e com suas funções fisiológicas preservadas. Exames Laboratoriais e Rx de ossos longos do RN 22 Tratamento 23 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_sifilis_bolso.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_sifilis_bolso.pdf Tratamento 24 25 Importante !!! 26