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1 2 Título Original: Feminina e Poderosa - Conquiste o que (e quem) você quiser com o poder da sua feminilidade Copyright© 2020 por Jaqueline Barbosa e Emerson Viegas Todos os direitos reservados. Vedada a produção, distribuição, comercialização, ou cessão sem autorização prévia dos autores. Texto: Jaqueline Barbosa Revisão: Lara Souto Santana Emerson Viegas Projeto Gráfico e Diagramação: Rafael Gatuzzo Capa: Emerson Viegas 2020 3 Para minha mãe Lucia, o portal feminino da minha chegada aqui na Terra. 4 “ Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.” - Cecília Meireles - 5 Índice • Prefácio _______________________________07 • Capítulo 1______________________________10 A primeira noite depois do fim • Capítulo 2______________________________36 O que é ser mulhernos tempos modernos • Capítulo 3______________________________47 As diferenças nos cérebros masculinos e femininos • Capítulo 4______________________________52 A essência da energia masculina e feminina • Capítulo 5______________________________68 A importância de se reconectar com seu feminino • Capítulo 6______________________________97 Ciclo menstrual: o que ele tem a ver com feminilidade • Capítulo 7_____________________________117 Como a relação com seus pais está ligada a sua feminilidade • Capítulo 8_____________________________125 Criando relacionamentos felizes • Capítulo 9_____________________________133 Polaridade Sexual: o segredo da chama acesa • Capítulo 10____________________________144 Como encontrar (e ser) alguém interessante • Capítulo 11____________________________155 Como transformar rolo em namoro • Capítulo 12____________________________168 Vulnerabilidade: o ingrediente secreto • Capítulo 13____________________________174 Como se manter mais atraente • Capítulo 14____________________________183 Como fazer as relações durarem • Capítulo 15____________________________200 O fenômeno das mulheres que se tornaram mães de seus parceiros 6 • Capítulo 16_____________________________222 Como superar um término • Capítulo 17_____________________________230 O empoderamento da mulher precisa passar pela sexualidade • Capítulo 18_____________________________253 Lixo emocional: como ele afeta sua feminilidade e seus relacionamentos • Capítulo 19_____________________________265 Hipnoterapia guiada para resgate da sua feminilidade • Capítulo 20_____________________________268 Palavras Finais • Para aprender mais ______________________272 • Bibliografia_____________________________273 7 Prefácio Este não é um livro comum. Ele é um portal para uma nova percepção de você, dos seus relacionamentos e do mundo. Este livro foi escrito de forma que somente as mulheres que estejam preparadas cheguem a ele e consigam finalizar a leitura e fazer a terapia guiada que o acompanha. (É muito importante que você faça a leitura, entenda os conceitos explicados aqui e, só então depois disso, faça a terapia a qual você vai ter acesso no final deste livro.) Aliás, esse é mais um motivo pelo qual este livro é especial. É um livro feito para te transformar, porque ele vem não somente com a teoria, mas com uma ferramenta terapêutica feita a partir das mais modernas técnicas de hipnoterapia existentes hoje em dia para te ajudar a, de fato, experienciar as transformaçõesas quais você vai ser apresentada durante a leitura. O objetivo deste livro é te ajudar a se reconectar com a força da sua feminilidade que talvez ande adormecida devido às experiências da sua vida e à sociedade patriarcal na qual vivemos. Talvez você ainda não entenda de verdade do que se trata esse resgatedo feminino. Talvez você ache que seja alguma coisa mística; talvez tudo o que você tenha pesquisado hoje em dia sobre este tema tenha a ver com roda de mulheres, ou com “plantar a lua”. Mas eu possote garantir que esse resgate não tem nada de místico e que ele vai muito além disso. As transformações que você vai experienciar na sua vida prática serão muito maiores do que você possa imaginar hoje. 8 Este também é um livro feito para te ajudar a resgatara sua autoestima, que é uma consequência natural quando você se reconecta com a sua fontedo feminino. Simplesmente não existe uma mulher que seja conectada verdadeiramente com a sua essência feminina e que tenha baixa autoestima. São duascoisas completamente contraditórias e antagônicas. Eu quero dizer que você não chegou aqui por acaso. O inesperado exige uma grande preparação. Muitas sementes foram plantadas na sua vida para que você pudesse estar preparada para entrar no portal que será aberto com este livro. Tenho certeza de que entender a importância do que é o resgate do feminino na sua essência vai ser um divisor de águas na sua vida como foi na minha. Quero, de saída, deixar bem claro que esse livro foi feito para pessoas que já atingiram o nível de compreensão para respeitar diferenças de gênero e preferências sexuais, e que consideram que homens e mulheres devem ter direitos iguais no sentido social, econômico e político. A ideia aqui é ir além, baseado nesse respeito mútuo e igualdade de direitos, mas celebrando e reconhecendo as diferenças existentes nas polaridades masculinas e femininas, e criando assim relacionamentos mais felizes e com mais conexão. Todos temos energia masculina e feminina dentrode nós, e precisamos usá-las com equilíbrioem diferentes momentos da vida. Hoje em dia, comoo planeta inteiro está numa energia predominantemente masculina, inclusive nós mulheres, o trabalho queeu tenho feito 9 com mulheres é ajudá-las a se reconectar com o feminino, energia que está mais em falta atualmente. Este é um livro feito para ser lido com calma e provavelmente relido algumas vezes. Talvez seja a primeira vez que você entre em contato com alguns conteúdos que serão abordados aqui, e pode ser que leve algum tempo para que você realmente consiga internalizá-los. Então passe pelos capítulos com calma, dando tempo para que você possa absorver esses novos conhecimentos. Eu ofereço este livro a você como se fosse minha irmãou uma amiga querida. Mesmo que não nos conheçamos pessoalmente, eu quero te dar a oportunidade de sentir o seu coração por meio da abertura do meu coração. Meu desejo é que você se conheça mais,se acolha mais, e consiga se conectar mais com a sua essência feminina. Seguimos juntas. 10 Capítulo 1 A primeira noite depois do fim 11 “E chegou o dia em que o risco de continuar espremida dentro do botão era mais doloroso que o de desabrochar.” Anaïs Nin Duas horas da manhã. Acordo sobressaltada na cama. Coração acelerado. Olho para o quarto onde estou e desejo que aquilo tivesse sido somente um sonho ruim. Mas era a vida real. Essa era a primeira noite depois da minha separação com o meu parceiro de 9 anos, o Emerson. Nove anos de relacionamento estável, seguro, pacífico. Agora eu me via ali, sozinha, dormindo num quarto na casa da minha irmã, sem ele, sem a nossa cachorrinha Manchinha, sem casa, sem minhas coisas. Combinamos que eu sairia de casa e que ele ficaria. Eu senti que ficar no lugar onde vivemos juntos por tantos anos dificultaria mais o meu processo de luto. E agora eu estava ali, sem minhas bases, somente com um vazio gigante no peito, um nó na garganta, um coração partido e uma tristeza que parecia irremediável. Achei que fosse morrer de dor. Eu preferia passar por qualquer tipo de dor física, àquela dor emocional. Aquela, definitivamente, estava sendo a pior noite da minha vida. Virei para o lado e vi a cama grande, sem ele. A sua falta me cortava a carne. Era como se cada célula do meu corpo chorasse. 12 Um misto de desespero e ansiedade tomou conta de mim. O que seria da minha vida a partir dali? Como superar tudo o que vivemos? Tantos planos, tantos sonhos, tanta história...Uma separação aos 30 anos, quando todas as minhas amigas estavam se casandoe tendo filhos? Será que algum dia eu seria feliz novamente? Eu, intuitivamente, sabia que, naquele momento da minha vida, precisava seguir em frente, tomar caminhos diferentes, mas eu não entendia porquê. Eu não queria acreditar que aquilo estava acontecendo comigo. Minha razão me falava para parar com aquela brincadeira, voltar correndo para os braços dele, para minha casa, para minha vida, mas uma força gigantesca dentro de mim me dizia que eu não tinha opção; que eu tinha uma missão, um chamado, e que eu precisava seguir em frente. Talvez uma das maiores maldições do ser humano é que, quanto mais amamos intensamente, mais estamos sujeitos a sofrer intensamente. Por isso falam que amar é para os corajosos. Quando nos fechamos para a dor, nos fechamos também para o amor. Se nos abrirmos para um relacionamento de amor intenso, automaticamente estamos sujeitos a uma intensa dor quando ele terminar. Nós amamos o prazer e odiamos a dor, mas um parece não existir sem o outro. Faz parte do contrato da vida. Nunca uma noite passou tão devagar. Olhei o relógio: 3h22. O tempo passa numa velocidade diferente quando sentimos dor. Eu tinha vontade 13 de sair correndo, de voltar para casa, de pedir colo. Mas sabia que não era possível. Nenhum colo naquele momento poderia resolver minha dor. Era eu comigo. Terminar qualquer relação é difícil, mas terminar quando você ainda ama a outra pessoa absurdamente, é uma tortura. Terminamos, não por falta de amor, mas porque o verdadeiro amor, às vezes, se mede na renúncia e em o quanto estamos dispostos a abrir mão da pessoa em nome da felicidade dela. Terminamos, dentre outras coisas, por um impasse muito comum nos dias de hoje: eu queria filhos, ele não. Eu não quis filhos durante muitos anos, mas quando parei de tomar a pílula anticoncepcional e entrei nesse processo do resgate da minha feminilidade, veio junto uma vontade grande de ser mãe. Não agora, mas eu passei a sentir uma certeza de que essa seria uma experiência que faria parte da minha existência aqui nesta vida nos próximos anos. Achamos que seria injusto que qualquer um de nós abríssemos mão dessa escolha, porque era algo grande demais. Eu não queria forçá-lo a ter filhos. Ele não queria me forçar a não os ter. Nos amávamos demais para exigir isso um do outro. Então nos liberamos para que cada um pudesse buscar o seu caminho de acordo com o chamado do seu coração. 3h45. Meu coração parecia que iria sair pela boca. Levantei, fui até a cozinha, tomei um copo d’água, sentei e chorei. Vi um floral em cima da mesa que minha irmã havia comprado para tentar me acalmar. No rótulo estava escrito: “superar perdas: tomar 3 gotas diluídas em água.” Coloquei 30 gotas num copo em uma tentativa 14 vã e desesperada de que aquelas gotas me ajudassem a superar a perda do amor da minha vida. Não adiantou. Voltei para o quarto. Sentia uma mistura de dor, de raiva, de medo, de ansiedade, de solidão. Chorei abraçada no travesseiro como as cenas de filme. Talvez o choro mais doído da minha vida. Não segurei. Já tinha aprendido que quanto mais resistimos às emoções, mais elas crescem dentro da gente, ao passo que se nos permitirmos senti-las e deixá-las fluir, elas simplesmente passam e não fixam ali a sua morada. Eu também já tinha aprendido que tristeza foi feita para ritualizar. A tristeza abre algumas portas profundas dentro da gente quando não fugimos dela. Eu pensei: “Venha tristeza, eu não vou fugir de você. Pode me engolir.” Senti uma onda dilacerante de dor invadir meu peito, como se estivesse abrindo um corte profundo no meu coração. Solucei num choro profundo pelo que eu acredito ter durado pelo menos uma hora. A exaustão do choro me fez fechar os olhos e me entregar num estado de relaxamento. De repente, alguma porta se abriu dentro de mim. Sem querer, entrei num estado de meditação profunda. Era como se eu tivesse atravessado um túnel para o meu interior e como o se o mundo externo não existisse mais. Era como se eu tivesse ultrapassado meu lado racional, como se a dor tivesse aberto a porta do meu subconsciente. 15 Com os olhos físicos fechados, mas com minha visão interna completamente alerta, me vi caminhando em um lugar que parecia ser uma floresta, cercada de grandes árvores e cortada por um imenso rio. Eu parecia estar conectada com todos aqueles seres: os insetos, as árvores, a terra, a água, o vento. Apesar de não saber para onde estava indo, caminhava e sentia um profundo conforto, uma sensação de segurança, de que tudo ficaria bem, de que tudo estava bem, de que eu precisava somente seguir o fluxo da vida e que tudo daria certo se eu confiasse e entregasse. De repente, eu vejo uma mulher vindo na minha direção. Ela tinha cabelos longos, cacheados, um vestido comprido, um sorriso largo. Ela foi se aproximando e eu percebi com surpresa que aquela mulher era eu. Minha versão mais velha e mais sábia. Ela chegou perto de mim e me deu um abraço. Senti uma paz como há tempos não sentia. Senti a confiança de que tudo estava bem. Senti o conforto, a sabedoria e a leveza que ela me passava. Ela não falou nenhuma palavra, mas era como estivéssemos nos comunicando por telepatia. Aquela era a personificação do que eu enxergo como uma energia feminina poderosa. Ela era forte e, ao mesmo tempo, suave. Tinha uma leveza no sorriso de quem sabe que a vida não deve ser levada tão à sério, e uma profundidade no olhar que atravessa a sua alma e consegue acessar seus lugares mais profundos. Sua presença abria meu coração. Era impossível estar perto dela e não ser impactada. 16 Perto dela, eu sentia que tudo ficaria bem. Ela me passava uma tranquilidade que me fazia confiar na vida, e uma força que me lembrava o quão forte eu era. Ela tinha a fluidez de um rio; a firmeza e uma montanha; a leveza de uma brisa no fim de tarde; e a vivacidade de uma labareda. Ela trazia todos os elementos da natureza dentro dela. Ela me abraçou por um tempo que eu não sei mais dizer quanto foi. A eternidade morava naquele abraço. Ali, eu me sentia acolhida, segura, protegida, forte, intuitiva, sábia. Ela me passou a mensagem de que eu sobreviveria. Que aquele processo que eu estava vivendo era uma preparação para algo maior. Que a semente precisa passar por um processo de dor quando vai sair da sua casca. Que algum dia eu entenderia porque aquilo estava acontecendo, mas agora eu precisava somente confiar. Que eu era mais forte do que eu imaginava. Que eu era capaz. Que ela tinha orgulho de mim. Ela se despediu com mais um forte abraço e eu senti uma paz de quem descansa no colo de alguém que ama e confia muito. Sem abrir os olhos, ainda mergulhada no êxtase daquela experiência intensa dentro de mim, eu percebi que meu coração já não batia tão acelerado. Minha respiração estava mais serena, alternada ainda por alguns soluços que restaram do choro. Mas meu coração estava em paz. Eu sabia que superar aquele término seria uma das coisas mais difíceis que eu precisaria fazer na vida. Sabia que ainda teria muitos dias sofridos pela frente, que eu teria que passar por muitos desafios. Mas agora, 17 pela primeira vez desde que eu tinha saído de casa, eu conseguia enxergar uma luz no fim do túnel. Eu entendi que tudo iria terminar bem se eu nunca me perdesse daquela fonte sábia que morava dentro de mim e que estava sempre pronta para me acolher diante de qualquer desafio da vida. Mergulhada na serenidade daquela experiência e exausta pelo cansaço de tanto chorar, finalmente peguei no sono. Como este livro nasceu. Chegar até a decisão de que aquele relacionamento precisava terminar foi um longo processo. Na verdade, essa mudança na minha vida veio junto com uma vivência de autoconhecimento, de cura das minhas feridas internas através da hipnoterapia (ferramenta à qual você vai ter acesso com este livro), e do resgate do meu feminino. Nos últimos anos, eu estavasentindo o peso de me desconectar da minha essência verdadeira. Eu vinha me sentindo cansada, sem energia, desmotivada, sobrecarregada. Eu sentia como se eu tivesse me desconectado do fluxo natural da vida, como um rio que teve sua água represada. Tudo pesava demais e parecia ter perdido o sentido. Eu tinha me perdido de mim. Eu não sei como você chegou a este livro. Talvez você já acompanhe meu trabalho no CSV (antigo Casal Sem Vergonha, o primeiro e maior blog brasileiro focado 18 em relacionamentos e sexualidade) ou talvez você nunca tenha ouvido falar no meu trabalho. De qualquer forma, acho bom começar me apresentando. Eu me chamo Jaqueline Barbosa, hoje tenho 30 anos, sou nômade digital e hoje vivo na praia ou em qualquer lugar do mundo que eu quiser, já que posso levar meu trabalho comigo no computador. Essa liberdade não surgiu do nada. Há aproximadamente dez anos, eu e o Emerson, meu atual sócio e ex-companheiro, nos aventuramos no mercado de conteúdo para internet e criamos alguns dos maiores projetos de conteúdo online da época - o Casal Sem Vergonha (sucesso absoluto de audiência e que ajudou uma geração a se descobrir sexualmente e a ter relacionamentos mais felizes. Até hoje, mulheres me param na rua me agradecendo por tê-las ensinado a chegar ao orgasmo, a sair de um relacionamento abusivo ou a melhorar sua autoestima); o Hypeness, um site com notícias inspiradoras sobre criatividade e inovação - que também foi sucesso absoluto de audiência e ajudou a transformar a vida de muitas pessoas (e que há alguns anos foi vendido para uma multinacional francesa); e o Nômades Digitais, o primeiro veículo brasileiro a falar sobre a possibilidade de trabalhar remotamente, de qualquer lugar do mundo, ganhando bem e tendo liberdade, e também o primeiro canal a lançar um curso online completo ensinando pessoas a serem nômades digitais que teve mais de 2.000 alunos inscritos. Como você pode imaginar, foi uma jornada de muito trabalho e muitas conquistas, que nos trouxe muitas coisas boas e da qual eu me orgulho muito, mas que teve 19 um efeito colateral: fez com que eu me desconectasse muito da minha energia feminina. Hoje eu entendo que não foi o fato de eu precisar trabalhar muito que me desconectou da minha energia feminina. Foi o fato de eu não me conhecer, e de eu me permitir me afastar da minha essência que fez com que eu chegasse num estado de exaustão interna. Não quero dizer aqui que toda mulher que trabalha e tem sucesso se desconecta automaticamente da sua energia feminina. Mas arrisco dizer que toda mulher que trabalha muito e alcança sucesso, sem entender sobre energia feminina e suas polaridades e impactos na nossa vida, corre um grande risco de se desconectar da sua verdadeira essência. Nessa época, eu não tinha ideia do que era energia feminina. Aliás, eu enxergava tudo o que fosse relacionado ao feminino como fraqueza, inferioridade. Eu queria ser como os homens, poder conquistar tudo o que eles conquistam, poder ser mais como eles. Eu não sabia que essa forma de pensar era um condicionamento social. Vivemos numa sociedade patriarcal, que quer produtividade, foco, resultados. Que enxerga as pessoas como peças substituíveis. Que não quer saber se você está sangrando e não está no melhor dia para fazer aquela apresentação de uma nova ideia para potenciais investidores ou para correr 5km e depois ir para o treino de crossfit. Sente dor? Incômodo? Tristeza? Exaustão? Tome um remédio para solucionar esses sintomas e volte para linha de produção, antes que alguém tome seu lugar. Chegou aos 30 sem uma carreira de sucesso? Você é uma vergonha para 20 a sociedade e está desmerecendo a luta das mulheres que vieram antes de você e que lutaram para que você pudesse trabalhar e fazer tudo o que você quiser. Só não nos avisaram que fazer TUDO nos deixaria completamente exaustas, frustradas e nos faria desenvolver todas aquelas características que dizemos detestar nos homens. Ao querer fazer tudo, eu achava que estava conquistando uma igualdade com os homens. Mas eu não entendia uma coisa: os homens têm o direito de fazer tudo e inclusive de continuar na essência natural deles que é, predominantemente, a masculina. Nós, mulheres, conquistamos o direito de fazer tudo mas, para isso, tivemos que nos desconectar demais da nossa energia natural que é, predominantemente, feminina (vou explicar em detalhes sobre isso nos próximos capítulos, pois sei que os termos “masculino e feminino” podem gerar muitos mal-entendidos). Então não existe igualdade aí. Eu entrei para a estatística. Me tornei uma mulher bem-sucedida, independente, bem-resolvida, mas totalmente masculina. Tive impactos profundos na minha vida, na minha saúde e nas minhas relações pessoais por causa disso. Apesar de eu estar muito desconectada da minha essência feminina nos últimos anos, minha intuição ainda continuava existindo. Ela soprava baixinho, mas estava lá. A natureza da mulher selvagem nunca se apaga. Ela adormece. Mas fica sempre esperando, na espreita, uma oportunidade de voltar, uma 21 oportunidade de se manifestar novamente. Ela espera a hora certa, o exato momento em que as condições estarão propícias para ela se libertar do cativeiro em que ela se encontra. Um dia, essa voz interna me soprou uma informação: pare de tomar pílula anticoncepcional. De repente, os conteúdos sobre esse tema começaram a chegar para mim. Comecei a pesquisar sobre isso, ler relatos de mulheres, entender mais o que é de fato a pílula anticoncepcional e os efeitos dela no nosso corpo, e comecei a dar atenção para esse chamado interno que eu ouvia. Eu tomei contraceptivos hormonais por mais de 10 anos e adorava porque a pílula me deixava completamente estável, sem variações. Eu ouvia as mulheres falando sobre oscilação de humor, sobre TPM, sobre estar conectada com as estações da lua e eu achava tudo aquilo uma grande besteira. Eu não tinha essas variações. Eu não tinha tempo para isso. Eu era sempre a mesma. Linear. Estável. Racional. Masculina. Eu não percebia, mas todos esses anosde contracepção hormonal haviam contribuído muito para eu me desconectar da minha essência feminina. Como eu não ovulava mais, eu perdi minha característica cíclica natural da essência de qualquer mulher. Por um lado, isso é bom: ficamos mais práticas, mais focadas, mais racionais. Só que por outro lado, desconectadas da nossa força interna, da nossa sabedoria, da nossa intuição, da nossa natureza mais selvagem - no melhor sentido da palavra. 22 Resolvi escutar aquela voz interna que me dizia para procurar outras alternativas de contracepção que não fossem hormonais e decidi parar com a pílula. Eu nem imaginava que aquela decisão causaria um furacão na minha vida. No primeiro mês após a interrupção da pílula anticoncepcional, eu comecei a sentir sintomas físicos, como queda de cabelo, mudança no tamanho dos seios (que sempre eram estáveis, e hoje tem um tamanho diferente em cada semana do mês, de acordo com o momento do meu ciclo), mudança na pele, volta de uma lubrificação natural que eu já nem lembrava que existia, aumento da libido, dentre outras coisas. Mas essas mudanças externas não eram nada comparadas com as mudanças internas que estavam prestes a acontecer. Eu comecei a sentir uma força gigantesca brotando de dentro de mim, como um rio que se enche depois de uma grande chuva e transborda, expandindo suas margens e levando tudo o que está ao seu redor junto. Era como se eu tivesse represado toda aquela água durante anos e anos e, assim que eu a libertei, ela veio com toda força, com toda intensidade, sem me dar chances de querer voltar atrás. Era como se eu tivesse acordado de um sono profundo. (Uma coisa importante que eu preciso dizer: para mim, esse resgate da energia feminina foi potencializado pela interrupção da pílula anticoncepcional, mas não necessariamente precisaser assim. Isso significa que eu não estou recomendando que você pare de tomar pílula anticoncepcional, porque somente um médico pode te orientar quanto 23 a isso - falaremos mais sobre isso nos próximos capítulos - mas estou compartilhando com você como foi a minha jornada.) A energia feminina é como a energia das águas - forte, selvagem, fluida, intensa, e ao mesmo tempo suave, porque ela contorna, não bate de frente. Ela limpa, purifica, renova. Ela pode ser calma, suave, delicada, mas também pode ser extremamente intensa, profunda, revolta e agressiva, quando deve ser. Eu, há muitos anos tinha perdido o contato com essa energia feminina e me assustei quando ela se manifestou porque ela veio com toda a intensidade. Como Clarissa Pinkola Estés exemplifica muito bem em seu livro “Mulheres que Correm com Lobos”, a mulher que se reconecta com a sua energia feminina selvagem é como uma loba que estava presa em cativeiro durante anos; quando ela encontra uma chance de escapar, ela vai correr em disparada sem olhar para trás. “É então que saltamos floresta adentro, em meio ao deserto ou à neve, e corremos muito, com nossos olhos varrendo o solo, nossos ouvidos em fina sintonia, procurando em cima e embaixo, em busca de uma pista, um resquício, um sinal de que ela ainda está viva, de que não perdemos a nossa oportunidade. E, quando farejamos seu rastro, é natural que corramos muito para alcançá-la, que nos livremos da mesa de trabalho, dos relacionamentos, que esvaziemos nossa mente, viremos uma nova página, insistamos numa ruptura, desobedeçamos às regras, paremos o mundo, porque não vamos mais prosseguir sem ela.” 24 A partir do momento em que uma mulher se reconecta com a energia feminina, nada será morno. Tudo será intenso. Talvez relacionamentos terminem; talvez ela troque de trabalho, mude de cidade; se liberte de tudo que de alguma forma estava contribuindo para que ela se mantivesse em cativeiro. Ela não pode ser parada. E ela faz isso porque sabe que, sem essa força do feminino, sua vida perde todo o sentido. Seus relacionamentos adoecem; ela fica desmotivada no trabalho; ela perde a capacidade de ser uma visionária, intuitiva, curadora, apaziguadora, sábia, cuidadora e protetora do seu clã. Uma mulher que recupera a conexão com sua energia feminina não vai se permitir voltar para o cativeiro. Ela prefere a morte, porque ela sabe que viver desconectada dessa força é como se sua alma estivesse, de fato, morta. Ela é apenas um corpo vagando, sem brilho, seca, árida, sem visão, sem intuição. Toda essa energia tomou conta de mim de uma forma que meu lado racional não pôde controlar. Meu lado racional se tornou uma parte quase insignificante diante do tamanho da energia intuitiva que eu estava sentindo brotar dentro de mim. Eu vivia um conflito dentro de mim - meu lado racional me pedindo para ser responsável e voltar para a vida perfeita e estável que eu tinha construído, e minha intuição me empurrando para um caminho que eu não tinha ideia de onde iria dar. Eu me assustei, mas eu não tinha opção senão seguir minha intuição, se não ir para os caminhos que ela estava me mostrando, mesmo sem entender, mesmo sem concordar, mesmo com medo, mesmo sem saber para onde essa energia estava me levando, porque era uma energia muito forte que eu não conseguia conter. 25 Resistir a essa energia seria como tentar segurar um animal selvagem que se libertou de um cativeiro. Eu não tinha a menor chance. E como explicar isso para as pessoas? Como explicar isso para mim mesma? Como explicar que eu estava sentindo uma força descomunal surgindo dentro de mim, me fazendo ser levada para caminhos para os quais eu não fazia ideia de onde me levariam, mas que eu sabia que eu precisava seguir? Como explicar que eu teria de deixar relacionamentos para trás, amizades, trocar de rumo no trabalho, sendo que de fora, todo mundo achava que eu tinha uma vida perfeita? Como explicar que se eu não seguisse aquele chamado, eu morreria, entraria em depressão, não conseguiria mais levantar da cama, talvez precisaria começar a me medicar para conseguir viver já que eu teria me desconectado totalmente da minha essência, da minha força? Foi uma das épocas mais difíceis da minha vida. Foi um momento em que eu tive que confiar plenamente na minha intuição, mesmo sem entender o que estava acontecendo. E hoje, algum tempo depois, eu consigo entender muito melhor o que aconteceu. Para onde essa força estava me levando. Este livro que você está lendo, por exemplo, nasceu desse processo.Como o meu mergulho no resgate da minha natureza feminina foi (e continua sendo) um processo muito intenso, selvagem, e confuso, eu acabei mergulhando nessa jornada e me apaixonei por ela. Daí surgiu a motivação de ser uma referência para mulheres que estão neste mesmo processo. Ainda não sei muitas coisas e ainda 26 não consegui entender tudo completamente, mas hoje não tenho mais a menor dúvida de que eu não teria outra opção senão seguir aquela missão, aquele chamado. Hoje eu entendo que eu tinha me desconectado da minha energia feminina e que estava vivendo predominantemente numa energia masculina. Isso foi muito bom em vários aspectos: minha vida decolou profissionalmente, consegui atingir minha independência financeira antes dos 30 anos, mas eu me desconectei da minha essência. Eu não entendia os efeitos devastadores que isso geraria em mim. . Uma das maiores mudanças dessa transição da minha vida foi o término do meu relacionamento de 9 anos com o Emerson, meu parceiro e sócio em vários projetos de trabalho e vida, inclusive o CSV - antigo Casal Sem Vergonha, que foi a história que abriu este livro. Mas não foi a única. Eu vivi na pele a sensação de me perder e, para me reencontrar, mergulhei profundamente nesse chamado do feminino. Li muitos livros sobre o tema, fiz muitas pesquisas, participei de cursos, conversei com pessoas, me conectei com outras mulheres, passei por muitas sessões de hipnoterapia, fiz muitas sessões para outras pessoas, fiquei em contato muito próximo com a natureza e assim consegui fazer um mergulho profundo dentro de mim e ouvir as vozes da minha intuição. Esse chamado me abriu muitas portas. Muitas delas foram difíceis, mas todas valeram a pena. Hoje, algum tempo depois desde o início desse processo de volta para casa, escrevo os primeiros capítulos deste 27 livro sentada na beira de um rio, numa cidade de montanhas na Serra Catarinense, cercada de araucárias. Curiosamente, um cenário muito parecido com o daquela viagem interna que eu havia feito naquela noite após o término quando um portal se abriu para mim. Ao meu redor, somente o barulho da natureza. Relembro minha trajetória. Tudo o que passei para chegar até aqui nessa jornada de resgate da minha força feminina. Quantas construções. Quantas desconstruções . Quantas camadas precisaram ser removidas. Hoje posso dizer: eu sobrevivi. E tenho muito orgulho da mulher que me tornei. Sei que a caminhada continua; esse processo de empoderamento através da feminilidade é uma jornada de vida. Sempre temos coisas novas para aprender, mas hoje, com tudo o que vivi, sinto que estou pronta para ajudar mulheres que querem dar início a essa jornada também - e por isso este livro nasceu. Talvez hoje você ainda não entenda ao que eu estou me referindo quando falo de resgate do feminino. Mas se você chegou a este livro é porque, dentro de você, sua força feminina está viva. Ela está tentando te mostrar o caminho. Ela não vai desistir. De alguma forma ela conseguiu te fazer chegar até aqui, até o conhecimento que você vai ter neste livro. Então 28 eu preciso te dizer que você, hoje, não tem como saber as transformações que vão surgir na sua vida agora que abriu esse portal. Eu só posso garantir que você jamais será a mesma. Talvez essas palavras acelerem seu coração, deem um frio na sua barriga. Talvezseus pelos estejam arrepiados. É a sua mulher selvagem se manifestando. Sua essência feminina te tocando. Ela ficou presa durante muitos anos e agora mal pode conter a empolgação ao saber que ela está próxima de poder sair do cativeiro. Ciente disso, você tem duas opções: fechar este livro agora, e voltar para a sua vida normal como se nada tivesse acontecido. Essa é uma opção, mas preciso te avisar que a mulher selvagem dentro de você não vai desistir. Ela vai continuar voltando, voltando. Te mandando vários sinais. Esse assunto vai ser cada vez mais recorrente na sua vida. Você vai estar numa roda de conversas e, de repente, alguém vai começar a falar sobre esse assunto. Você vai estar numa livraria e um livro sobre feminino vai aparecer bem na sua frente, se destacando dos outros. Você vai descobrir uma música nova que vai tocar sua alma, e você vai sentir a força e a beleza dela querendo se manifestar, e você vai chorar sem saber o porquê. A segunda opção é ouvir esse chamado agora, porque você sabe que não pode mais escapar dele. O portal foi aberto. É preciso coragem. Mas você não estará sozinha. Você estará acompanhada de uma força interna sábia, intuitiva, forte, suave, bela, sedutora, cuidadora, leal, que vive dentro de você. 29 Ela vai te mostrar o caminho. Eu também posso garantir que se você tem sofrido na área dos relacionamentos, se seus relacionamentos não duram, se você sente que sempre acaba virando mais amiga do que amante dos seus parceiros, se você nunca conseguem achar um homem legal e quando acha eles não querem nada mais do que algumas noites de sexo, eu posso te garantir que suas relações não estão indo para frente porque você está desconectada da sua energia feminina. Eu já estive no seu lugar e já acompanhei centenas de mulheres que relataram não aguentar mais serem rejeitadas ou se decepcionaram, relacionamento após relacionamento. Mulheres que estavam desistindo de se relacionar, apesar de, no fundo, desejar profundamente encontrar o parceiro com quem pudessem compartilhar uma vida feliz. Eu ajudei essas mulheres a parar de olhar para o externo, parar de focar no que os homens estavam fazendo, e olhar para qual tipo de energia elas estavam emanando. Essa situação lhe soa familiar? Então você está no lugar certo. Eu quero que você se prepare para se sentir desconfortável. O que eu vou te ensinar neste livro provavelmente é diferente de tudo o que você aprendeu sobre autoestima, amor, relacionamentos. Mas eu posso te garantir que se você se abrir para o novo, o empoderamento através da feminilidade vai mudar a sua vida. Junto com esse livro, eu criei também uma hipnoterapia poderosa focada em te ajudar no resgate do seu feminino, direto na raiz: na sua mente 30 subconsciente. Essa soma de teoria e prática podem causar uma revolução muito positiva na sua vida, se você se permitir. (Aqui no livro, vamos usar bastante o termo “subconsciente”. Algumas linhas terapêuticas ou filosóficas podem usar outros termos, como “inconsciente”, por exemplo. Isso é apenas uma questão de nomenclatura, e não significa que um está mais certo do que o outro, são apenas linhas de estudo diferentes.) Este livro é um guia para uma nova mulher moderna. Uma mulher que entendeu que não existe nada de fraqueza em ser feminina - pelo contrário, ela entendeu que existe muito poder na feminilidade. Essa mulher é intuitiva, sábia, criativa, sensual, leve, vibrante, poderosa. Ela tem uma percepção aguçada do mundo e das pessoas, tem grande poder de resistência e força, tem um espírito jovem - independente da idade - e é dotada de extrema coragem. Ela é extremamente conectada com a sua sexualidade e com seus ciclos de criatividade, trabalho e descanso. Ela sabe quando é hora de se mover, e quando é hora de descansar. Ela sabe trazer para o peito e acolher, mas sabe rosnar quando é preciso. Ela é conectada com as marés que sobem e descem no seu tempo certo e como os rios que correm de forma selvagem e chegam longe sem bater de frente, mas sim contornando todo os obstáculos. Ela entende que a vida é fluxo e segue os chamados da vida sem resistir. Ela se entrega e confia na infinita fonte da transformação. Sua razão trabalha a favor do seu coração. Ela vive as quatro estações do ano num único mês. Ela sabe ouvir, sabe aconselhar. Sua presença é fonte 31 de inspiração para as pessoas. Ela tem brilho nos olhos. Ela não tem medo de mergulhar profundo: ela tem medo de uma vida rasa. Sua religião é o amor. Não importa quantas vezes ela teve seu coração partido, ela continua se abrindo, se expandindo, ao invés de se fechar. Seu coração tem muitas rachaduras, é exatamente por elas que a luz entra. Esse novo tipo de mulher sabe que pode ser tudo o que ela quiser - mas ela escolhe não precisar ser tudo sozinha. Ela sabe dar espaço para que outras pessoas também possam ser. Ela não é aquele tipo de mulher à moda antiga que era totalmente submissa, sem voz, presa às tarefas do lar, infantilizada e tratada como propriedade. Ela também não é aquela mulher que quer fazer tudo sozinha, que tem raiva dos homens e quer ocupar o lugar deles sendo competitiva e agressiva. Essa mulher não tem que provar nada para ninguém. Ela simplesmente vive alinhada e em conexão profunda com sua essência. Ela tem coragem de ser autêntica e oferecer seus dons para o mundo. Ela ocupa o seu corpo com segurança e orgulho. Ela não se deixa ser diminuída por ninguém - ela sabe que não é superior e nem inferior a ninguém. Ela sabe falar e agir em defesa própria, sabe a hora de chegar e a hora de se retirar. Esse tipo de mulher exerce um magnetismo profundo no masculino saudável. Quando uma mulher com essa energia entra num ambiente, automaticamente os homens de masculinidade saudável se sentem atraídos por ela. Esse magnetismo tem menos a ver com a sua aparência externa e muito mais a ver com 32 a energia que ela emana de dentro para fora. Se você perguntar para um homem porque ele se sentiu atraído por ela, ele provavelmente vai dizer algo como “não sei, ela tem uma coisa diferente…”. Se o essencial é invisível aos olhos, essa mulher carrega o essencial dentro dela como um tesouro que ela só oferece para aqueles que valem a pena. (um adendo: aqui no livro vou usar bastante os termos “homem” e “mulher”, mas faço isso para simplificar a escrita. Quando falo “homem”, me ref i ro àquelas pessoas com energ ia predominantemente masculina; e quando falo “mulher”, me refiro àquelas pessoas com energia predominantemente feminina.”) Essa energia feminina selvagem presente em todas as mulheres é a que traz a coragem para que possamos ouvir nosso coração, intuição e percepção. Uma mulher que deixa essa energia aflorar sabe gritar quando precisa e também domina o silêncio. Ela reconhece seu limite e suas sombras. Essa mulher caminha nos vales escuros de si com os olhos abertos para a verdade e não se intimida com suas feridas. A vida dessa mulher selvagem nem sempre vai ser acompanhada de ervas, chás, saias rodadas e aromas agradáveis. Essa mulher traz consigo a luz e a sombra. Ela sabe ser leve, intuitiva, brincalhona, mas também indomável, rebelde e incorrigível quando precisa ser. Ela encara, cura e carrega consigo as cicatrizes da vida e, assim, segue orgulhosa da mulher que é. Essa natureza feminina da mulher selvagem vive dentro de cada uma de nós. Ela é a voz que vive dentro de todas nós e sabe seguir seu caminho quando tudo 33 à sua volta estremece, quando tudo oscila, quando o chão parece ter sumido dos seus pés, porque ela sabe a sua verdade e se mantém fiel a ela. Ela é a voz que nos guia para longe do perigo, que nos mostra o caminho e que nos ajuda a curar as nossas feridas. Ela sabe o momento de deixar nascer e de deixar morrer, nos guiando pelos ciclos naturais da vida. Ela é a natureza instintiva, o maior conhecimento da natureza sábia que habita em cada umade nós. Infelizmente, a maioria das mulheres na sociedade de hoje não estão conectadas a essa natureza feminina instintiva, e isso faz com que se sintam muitas vezes deprimidas, apáticas, e sem inspiração; facilmente controladas e manipuladas pela sociedade, e não raramente se veem presas em relacionamentos infelizes, trabalhos que escravizam sua alma ou presas às funções do lar. O objetivo deste livro não é te ensinar a desenvolver a sua feminilidade, porque ela já existe dentro de você. O objetivo deste livro é te ajudar a retirar as camadas que foram colocadas por cima dela para que ela possa voltar a florescer. Deixo com você um texto que simboliza a entrada nessa jornada: “Coragem. A semente não pode saber o que lhe vai acontecer, a semente jamais conheceu a flor. E a semente não pode nem mesmo acreditar que traga 34 em si a potencialidade para transformar-se em uma bela flor. Longa é a jornada, e sempre será mais seguro não entrar nessa jornada, porque o percurso é desconhecido, e nada é garantido. Nada pode ser garantido. Mil e uma são as incertezas, os imprevistos – e a semente sente-se em segurança, escondida no interior de um caroço resistente. Ainda assim ela arrisca, esforça-se; desfaz-se da carapaça dura que é sua segurança, e começa a mover-se. A luta começa no mesmo momento: a batalha com o solo, com as pedras, com a rocha. A semente era muito resistente, mas a plantinha será muito, muito delicada e os perigos serão muitos. Não havia perigo para a semente, a semente poderia ter sobrevivido por milênios, mas para a plantinha os perigos são muitos. O brotinho lança-se porém ao desconhecido, em direção ao sol, em direção a fonte de luz, sem saber para onde, sem saber porquê. Enorme é a cruz a ser carregada, mas a semente está tomada por um sonho e segue em frente. Semelhante é o caminho do homem. É árduo. Muita coragem será necessária.” - Cartas de Osho - 35 Para que uma semente atinja sua maior expressão, ela precisa ser completamente desfeita. A casca racha seu interior sai e tudo muda. Para alguém que não entende o processo de crescimento, isso pode parecer uma completa destruição, mas é somente o início do processo de desabrochar. Seja corajosa o bastante para transformar-se na árvore majestosa e única que você foi feita para ser. 36 Capítulo 2 O que é ser mulher nos tempos modernos 37 “Mulheres que querem ser iguais aos homens carecem de ambição.” - Marilyn Monroe - 38 Até pouco tempo atrás, os papéis dos homens e mulheres eram bem definidos na sociedade, com pouco espaço para escolhas fora do padrão imposto. Homens deveriam ganhar dinheiro e mulheres deveriam cuidar da casa e dos filhos. Os homens detinham o poder sob as mulheres através da força física e do monopólio do dinheiro. Os estereótipos que mais definiam essa divisão era o homem machão e a mulher submissa. Essa sociedade patriarcal limitou muito a natureza feminina e a colocou num cativeiro quando determinou que o papel exclusivo da mulher era ficar na cozinha, produzir o maior número possível de bebês e satisfazer sexualmente o seu marido. Mas, principalmente a partir dos anos 60 do século XX, muitas coisas foram mudando nesses aspectos. Homens e mulheres passaram a equilibrar mais suas energias. Os homens foram aprendendo a sair somente do racional e também seguir suas emoções. Eles aprenderam a beleza de seguir mais com o fluxo, ao invés de manter sempre a postura rígida e radical de antes. Enquanto isso, as mulheres foram fazendo o oposto, e começaram a aumentar a sua energia masculina. Elas correram atrás e ganharam independência política e financeira. Elas puderam focar nas suas carreiras, estudar o que quisessem, conquistaram muitos direitos e recuperaram a sua voz que esteve perdida durante muitos anos. 39 Sim, ainda existem conquistas que precisam ser atingidas, mas os avanços conquistados pelas mulheres ao longo das últimas décadas foram impressionantes. Nunca houve um tempo na história em que as mulheres tiveram mais direitos, mais possibilidades e mais oportunidades do que hoje. Hoje temos oportunidades que as nossas avós e bisavós jamais poderiam imaginar. Na nossa geração, homens e mulheres também se tornaram menos dependentes uns dos outros. As mulheres se tornaram capazes de se sustentarem e trocarem pneus de carros; e os homens se tornaram capazes de cuidar de casa e criar um filho sozinho, se assim desejarem. Esse maior equilíbrio trouxe muitos benefícios para todos. A luta das mulheres ao longo dos anos, sem dúvida, trouxe o tipo de prosperidade e liberdade de escolha que muitas mulheres, inclusive eu, estão desfrutando. Amo minha vida e, graças a essas mulheres que lutaram por essa igualdade nos setores social, político e econômico, posso viver minha vida da maneira que achar melhor. Só que essa luta pelos direitos de igualdade das mulheres trouxe consigo alguns efeitos colaterais. No âmbito pessoal, um dos maiores efeitos colaterais desses novos tempos é que as mulheres acabaram se vendo forçadas a entrar demais na energia masculina para alcançar seu espaço e se desconectaram da sua essência feminina. Isso resultou numa legião de mulheres bem-sucedidas, independentes, donas de si, mas extremamente cansadas, sobrecarregadas, e com dificuldades para sustentarem relacionamentos 40 pessoais por acharem que precisam dar conta de tudo sozinhas. Em termos de relacionamentos, começamos a ver uma grande quantidade de relacionamentos baseados no 50% - 50% (formado por duas pessoas de energias no espectro “neutro”) que, como você vai entender mais para frente neste livro, traz equilíbrio na relação, mas baixa conexão sexual entre os parceiros. Por isso vemos muitos casos de casais que conseguiram se estabelecer financeiramente e socialmente, mas que não sabem mais o que fazer para acender a chama no relacionamento. Esse foi o caso de uma cliente que atendi na clinica de hipnoterapia há algum tempo atrás. Ela havia se separado recentemente de um relacionamento de 7 anos. O grande sonho do casal era comprar uma casa na montanha com vista para o mar, onde pudessem criar seus filhos com tranquilidade, e abrir ali uma clínica para atendimentos terapêuticos. Ambos trabalharam muito para isso. Eles tiveram um filho, compraram o terreno, construíram a casa e, um mês depois de pegar a chave e finalizar a mudança, eles decidiram se separar. Segundo ela, a relação deles vinha esfriando gradativamente com o tempo, até chegar num nível onde eles praticamente não faziam mais sexo. Eles se tornaram ótimos amigos e parceiros de trabalho, mas a falta de conexão sexual destruiu o relacionamento. Vemos também muitos relacionamentos com a chamada “polaridade invertida”, no qual a mulher assume uma energia masculina dominante na maior parte do tempo, e o homem acaba indo para uma polaridade feminina 41 para gerar equilíbrio na relação. Por algum tempo, esse esquema pode funcionar bem. Mas o mais comum é que, com o passar dos anos, a mulher vá ficando com energia a masculina cada vez mais forte e se desconectando da energia feminina; ao passo que o homem vai entrando cada vez mais na energia feminina e se desconectando do seu masculino. O resultado dessa dinâmica é que a mulher vai perdendo admiração e respeito pelo homem; e o homem vai perdendo atração e desejo pela mulher, culminando no fim do relacionamento ou num relacionamento cheio de brigas e com pouca admiração mútua. Nessa busca de equilíbrio, o que vemos são homens e mulheres perdidos em seus papéis. E o amor anda perdendo essa batalha. No meu consultório de hipnoterapia e no trabalho no CSV, o que eu mais vejo são reclamações de mulheres dizendo que os homens de hoje estão todos sem atitude e parecem buscar uma mãe em vez de uma parceira. E homens reclamando que as mulheres se tornaram “duras” demais, com a sensação de que eles não tem uma parceira em casa,e sim uma “chefe.” Será que realmente é esse tipo de dinâmica que queremos viver? Nós mulheres saímos de um extremo, em que a feminilidade era vista como sinônimo de submissão, e fomos para outro extremo no qual praticamente extinguimos a nossa feminilidade para nos encaixarmos no modelo de sociedade atual focada em resultado e competitividade. Esquecemo-nos 42 de que, sim, podemos e devemos lutar por direitos iguais, mas não somos iguais aos homens. Somos seres diferentes, e isso precisa ser respeitado. Muitas mulheres no mundo ocidental, em geral, aprenderam que os traços femininos são inferiores aos traços masculinos (ativo é sempre melhor que passivo, assertivo é sempre melhor que submisso, enquanto a verdade é que se trata de uma combinação energética complementar, não existe um bom ou mau inerente neles). Isso nos leva a alguns questionamentos: se não podemos nos sentir confortáveis em nossa própria pele feminina e secretamente desejamos que fôssemos um homem, como um homem pode se sentir confortável em estar conosco? Se os homens conseguem exercer o seu direito de continuar na sua natureza masculina, por que nós mulheres temos que negar a nossa natureza feminina? Será que isso é realmente igualdade, ou continuamos em desvantagem - talvez uma desvantagem ainda maior? Nos falaram que poderíamos ter e fazer tudo, mas depois de quase meio século lutando por isso, será que conseguimos? Como podemos ser tudo o que quisermos, se estamos operando imitando os homens e longe da nossa essência feminina? Se você é mulher e vive nos tempos atuais, existe uma grande chance de você se identificar com a palavra “cansada”. Como o papel masculino não é natural para nós, não estamos vivendo em um lugar de autenticidade. Como resultado, acumulamos estresse que tem um efeito devastador na nossa saúde física e mental. Nossos corpos protestam, se tornam tensos e rígidos, porque nos desconectamos da nossa natureza. Quando a mulher passa muito tempo desconectada da sua 43 essência verdadeira, ela começa a se sentir cansada, desestimulada, árida, sempre culpada, com dificuldade de decidir o rumo da sua vida, desconectada de seus próprios ciclos, entediada, sem brilho nos olhos, sem força vital. Ela fica sempre a beira de um burnout. Talvez você sinta que começa todos os dias com o seu despertador tocando, já atrasada, sentindo que você está perdendo a corrida novamente, apenas para se apressar para um dia que esgota sua energia, com pessoas que não respeitam seus limites. Você termina o dia tentando escapar suas emoções, sentindo-se insatisfeita, como se nunca conseguisse fazer o suficiente. Você é boa em fazer as coisas que outras pessoas pediram para você fazer, mas quando se trata de suas próprias coisas, sempre deixa para depois e acaba não fazendo aquilo que realmente importa. Talvez você se sinta desconectada do seu corpo e sempre que se olha no espelho se cobre por não ter resistido àquela pizza e agora estar com aquela barriguinha te lembrando de que você não é boa o suficiente nem para manter seu corpo em forma. Seu ciclo menstrual talvez seja para você um incômodo que a impede de ser mais produtiva e mais prática. Talvez você sinta que está sempre numa luta constante; que precisa provar o seu valor para uma sociedade que só te desmerece. Ouvimos o tempo todo que, só de sermos mulheres, já estamos em desvantagem. Que precisamos viver constantemente em modo “luta”. Que precisamos “revidar”. Isso coloca uma grande pressão na gente. Parece que viver “correndo” virou o novo normal. Temos 44 que ser supermulheres. Estamos exaustas e correndo sem nos perguntar se realmente é essa jornada que queremos trilhar. Queremos abraçar o mundo inteiro e acabamos caindo num modelo que seria o equivalente a um “homem de saia”. Provavelmente você tem a sensação de que por mais que faça, nunca é o bastante. Parece que você nunca consegue ter tempo para as coisas que te fazem feliz. Você se sente o tempo todo culpada por alguma coisa. Talvez você se pergunte se existe algo errado. Mas eu preciso te dizer que não. Existe uma coisa errada com o sistema. O sistema em que vivemos está fora de equilíbrio, e como você está dentro dele, você também fica desequilibrada. Se pensarmos na sociedade ocidental em que vivemos hoje, as características predominantes são violência ao invés de amor; competitividade ao invés de colaboração; pressão por resultado ao invés de tempo para viver a vida. Ou seja, mesmo com tanta luta e tantos avanços nos direitos das mulheres, continuamos vivendo numa sociedade com polaridade totalmente masculina. Uma sociedade que diz que se a mulher quer ser bem-sucedida, ela precisa fazer isso da forma masculina. A energia masculina em excesso nos cobra, nos faz sentir culpadas por não conseguirmos ser as melhores em tudo o que fazemos. Como resultado, temos essa sociedade que incentiva pessoas a trabalharem 12 horas por dia, e que não conseguem se desconectar da pressão e das metas quando chegam em casa. E então vemos as pessoas buscando alternativas 45 como yoga, meditação, etc, não para relaxarem e se conhecerem melhor, mas sim para terem mais foco e conseguirem ser mais produtivas. Esse é um dos motivos que podem causar a epidemia de pessoas com problemas de saúde mental. Esses efeitos colaterais atingem tanto homens quanto mulheres; mas para as mulheres, o peso parece ser maior, porque estamos atuando o tempo inteiro longe da nossa essência, e muitas vezes fazemos jornadas duplas ou triplas de trabalho. As mulheres conquistaram seus direitos, porém abrem mão da energia feminina, já que muitas “características femininas” não são aceitas na sociedade de hoje, por serem vistas como inferiores. Essa situação de desequilíbrio não pode durar para sempre. Nossos corações, nossas mentes, nossos corpos já não aguentam mais viver com tanta pressão. Nem o planeta consegue mais funcionar neste modo em que só queremos extrair, utilizar recursos, crescer cada vez mais. O resgate do feminino é essencial para a nossa saúde mental, para nossos relacionamentos e para o planeta. Só para ficar claro: não há dúvida de que você é capaz de fazer, alcançar e ter o que quiser. Não há dúvida de que você pode fazer tudo e qualquer coisa que um homem pode fazer. Não há dúvida de que você pode “ter tudo”. Mas quando falo com mulheres que têm tudo, que conseguem ser supermulheres, é alarmante ouvir que elas relatam nunca sentir que fizeram o bastante ou que sejam boas o bastante, elas não conseguem realmente apreciar, agradecer e honrar quem são e o que criaram. Por trás da vontade de nos 46 tornarmos supermulheres, que podem fazer tudo e fazem tudo melhor do que todos, existe na verdade um sentimento de medo e inadequação disfarçado. Por isso, este livro é um convite para um movimento de um novo empoderamen to fem in ino. Um empoderamento no qual podemos estar centradas na nossa essência feminina verdadeira, que não é submissa e nem fragilizada, como a de muitas das nossas antepassadas, nem estressada e controladora, como a de muitas mulheres dos dias de hoje. Quando aprendemos a repousar na nossa essência verdadeira, podemos conquistar tudo o que quisermos, sem cairmos num processo de exaustão. Uma mulher pode conquistar absolutamente tudo o que ela quiser, se estiver centrada na sua energia natural. Para entender melhor os efeitos de nos desconectarmos da nossa energia feminina, precisamos primeiro entender direito o que é isso. Parece surreal que tenhamos nos desconectado tanto da nossa feminilidade, que nem sabemos mais identificá-la. Mas sempre é tempo de retornar para ela, afinal, a energia feminina, por mais que seja reprimida, sempre permanece viva, esperando uma oportunidade de ressurgir. Essa pode ser a sua. Mas antes de entrarmos em detalhes sobre as diferenças da energia masculina e feminina, precisamos entender que homens emulheres são seres diferentes, e que não há nenhum problema nisso. Por isso, no próximo capítulo, vou falar um pouco sobre as diferenças entre homens e mulheres de acordo com a ciência. 47 Capítulo 3 As diferenças nos cérebros masculinos e femininos 48 Vivemos um período em que se tornou muito delicado falar sobre diferença entre homens e mulheres sem que algo nessa fala não seja visto como “machismo”. Eu entendo que nós mulheres viemos de um período em que fomos muito prejudicadas por sermos mulheres e isso nos fez manter a guarda alta para qualquer tipo de comportamento que pudesse ser machista. E isso está correto. Mas precisamos entender que dizer que homens e mulheres são diferentes, biologicamente falando, não tem a ver com machismo ou estereótipos de gênero, e sim com uma condição natural de nós seres humanos. Apesar de vivermos num mundo moderno e urbano, nós ainda possuímos corpos que foram feitos para viver na natureza, e cada cérebro masculino e feminino ainda carrega dentro dele características específicas usadas para o sucesso genético de nossa espécie. Entender que temos instintos biológicos que vieram muito antes das construções sociais que conhecemos hoje, nos ajuda a entender que somos diferentes uns dos outros e, sabendo desse fato, escolher se queremos agir de acordo ou contra nossa natureza. Hoje, a ciência mostra que mais de 99% do código genético dos homens e mulheres é o mesmo, mas esse 1% de diferença influencia em muitas coisas no nosso corpo - alterando a forma como sentimos prazer, dor, como percebemos o mundo, como pensamos, sentimos e como nossas emoções se manifestam. Segundo a médica neuropsiquiatra e pesquisadora de Harvard e da Universidade da California (UCSF), Dra. Louann Brizendine, autora dos Bestsellers 49 “O cérebro feminino” e “O cérebro masculino”, “nas últimas décadas, cientistas documentaram uma grande variedade de diferenças estruturais, químicas, genéticas, hormonais e funcionais entre os cérebros de homens e mulheres. Aprendemos que homens e mulheres lidam com estresse e conflitos de diversas formas no cérebro para lidar com estresse e conflitos. Eles usam diferentes áreas do cérebro para resolver problemas, processar linguagem, experimentar e arquivar emoções fortes. Mulheres podem se lembrar dos mínimos detalhes do seu primeiro encontro, detalhes das brigas, enquanto seus maridos mal se lembram de que essas coisas aconteceram. A estrutura e a química do cérebro de homens e mulheres explicam isso.” Ainda nas palavras da Dra. Louann Brizendine, “se analisarmos num microscópio, ou em uma ressonância magnética, as diferenças entre os cérebros de mulheres e homens provam ser complexas. Na parte do cérebro relacionada à linguagem e escuta, por exemplo, mulheres têm 11% mais neurônios do que homens. A principal parte do cérebro responsável por emoções e formação de memória - o hipocampo - também é maior no cérebro feminino, assim como o circuito de linguagem e a parte responsável por observar emoções nas outras pessoas. Isso significa que mulheres são, em geral, melhores em expressar emoções e se lembrar detalhes de eventos emocionais. Os homens, por outro lado, têm um espaço no cérebro devotado ao desejo sexual 2.5 vezes maior do que o das mulheres, assim como centros maiores dedicados a capacidade de ação e agressão. Pensamentos sexuais podem passar pelo cérebro de um homem muitas vezes por dia, ao passo que uma mulher tende a ter 50 esse tipo de pensamento uma vez por dia, ou quem sabe 3 ou 4 vezes nos seus dias mais “quentes”. Os homens usam circuitos cerebrais diferentes para processar informações espaciais e resolver problemas emocionais. Seus circuitos cerebrais e seu sistema nervoso estão conectados aos seus músculos de forma diferente. O cérebro feminino e o masculino escutam, enxergam, intuem e captam o que os outros estão sentindo de formas especiais. Isso faz com que homens e mulheres possam alcançar as mesmas coisas, e fazer as mesmas tarefas, mas usando circuitos cerebrais diferentes. A Dra. Louann Brizendine conta em seu livro “O cérebro feminino”, que tinha uma paciente com uma filha de três anos e meio. Ela decidiu dar para ela vários tipos de brinquedos “unisex”, inclusive um caminhão de bombeiro. Um dia, ela entrou no quarto da sua filha e a viu enrolando o caminhão num cobertor, colocando ele para dormir, e “ninando” ele enquanto dizia: “Tudo bem, caminhãozinho, tudo vai ficar bem”. Nas palavras da autora: “Isso não é uma construção social. Essa menininha não estava “ninando” o seu caminhãozinho porque o ambiente moldou seu cérebro “unisex”. Não existe um cérebro “unisex”. Ela nasceu com um cérebro feminino, que veio completo com seus impulsos. Meninas nascem com cérebros de meninas e meninos nascem com cérebros de meninos. Os cérebros são diferentes desde o momento em que nascemos, e cada cérebro vai ditar impulsos, valores, e sua realidade.” 51 É claro que a biologia representa nossas tendências comportamentais, mas ela não nos obriga a viver uma realidade fixa. Nós também somos influenciados pelo ambiente em que vivemos e pela nossa cultura. A ciência também tem feito novas descobertas a cada ano mostrando as habilidades de plasticidade e mudança do nosso cérebro; nosso cérebro é uma “máquina” com uma capacidade de aprendizado e adaptação absurdas. Mas entender que biologicamente homens e mulheres são diferentes, nos ajuda a aceitar as diferenças e criar relacionamentos mais harmoniosos. Se entendermos que temos cérebros que guiam nossos impulsos, podemos escolher como agir, ou não agir, em vez de somente seguirmos nossos impulsos mas, ainda assim, respeitando nossa natureza. 52 Capítulo 4 A essência da energia masculina e feminina 53 No passado, os papéis de gênero em nossa sociedade ocidental eram extremos e um tanto quando caricaturais. O homem “masculino” de verdade tinha de ser um tirano ou um ogro, e uma mulher “feminina” deveria estar feliz em ser uma serva submissa. A essência feminina era vista como fraca e, portanto, inferior, e a essência masculina como forte, dominadora e, portanto, superior. Essa não é a verdadeira essência dos princípios masculinos e femininos. Mais tarde, muitas das nossas ideias sobre o significado desses conceitos foram contaminadas pelas empresas de propaganda. De repente, masculinidade passou a significar cerveja, carros, futebol e relógios caros. E feminilidade significava ter uma barriga chapada, assar bolos e correr alegremente em um vestido curto, porque você acabou de comprar uma nova marca de absorventes internos. É claro que mais uma vez, muitas dessas coisas estão relacionadas aos princípios energéticos da feminilidade e masculinidade, mas são caricaturas que se assemelham a uma verdade mais geral das quais nos esquecemos e nos desconectamos ao longo do tempo. Falar de energia masculina e feminina não tem nada a ver com esses estereótipos, e também não tem nada de místico nem esotérico. É um fenômeno natural que existe em tudo o que é vivo. Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço, foi um dos primeiros pesquisadores a observar que a natureza humana é composta de dois princípios psicológicos: o masculino e o feminino. 54 O masculino e o feminino são dois opostos no mesmo espectro. São energias complementares. Assim como as trevas e a luz, Ying e Yang, sol e lua - elas representam duas energias opostas que, em contato uma com a outra, criam atração e polaridade. Todos nós temos energia feminina e masculina. As energias masculina e feminina são energias universais. Você as encontrará não somente nos seres humanos, mas também em lugares, cidades, animais e objetos. Pense na cidade de São Paulo. A energia principal ali é produtividade, foco, realização. Todos em São Paulo parece estar caminhando para alguma missão. Em São Paulo, mesmo se você não estiver com pressa, você se pega caminhandorapidamente como se estivesse querendo alcançar algo e já estivesse atrasado, como se tivesse algo muito importante para fazer. Você fica focado na sua missão e não interage muito com estranhos. São Paulo é uma cidade com energia predominantemente masculina. Nessa cidade, tudo se direciona para cima: grandes prédios, edifícios, arranha-céus, elevadores. A energia masculina aponta para cima. Por isso homens, ou pessoas que estejam mais na energia masculina, vão ser mais racionais, vão estar mais focados na sua mente do que em suas emoções. Agora pense na cidade de Caraíva, na Bahia, com suas ruas de areia, suas casinhas coloridas e os coqueiros balançando com a brisa calma. Ali, homens e mulheres relaxam nas águas do rio e do mar. Eles deitam na rede e se entregam ao calor da areia. A água 55 do mar é quentinha e acolhedora. Lá, dá uma vontade natural de sorrir para estranhos, de falar bom dia, de observar a natureza, de aplaudir o pôr do sol, aproveitar a vida. Ali você deixa de ficar focado no futuro e vive o presente. Você se permite se soltar, relaxar. Ali você se lembra do que realmente é importante na vida: estar perto na natureza, viver sem pressa, passar tempo com quem ama, comer bem, respirar bem, dormir bem. Caraíva é uma cidade com energia predominantemente feminina. Reforço novamente que neste livro eu vou falar bastante sobre homens e mulheres, mas mais importantes do que isso é a “energia sexual” de uma pessoa. Em geral, os homens têm uma “energia sexual predominantemente masculina”, as mulheres têm uma “energia sexual predominantemente feminina”. Mas não sempre. A “energia sexual” de uma pessoa é mais uma qualidade psicológica interior ou essência de caráter. Isso vale tanto para pessoas heterossexuais como homossexuais. Para os propósitos deste livro, usarei os termos mais genéricos: em vez de dizer sempre “aqueles com uma energia sexual masculina”, vou usar o termo menos preciso: “homens”. E em vez de dizer sempre “aqueles com uma energia sexual feminina”, vou usar a palavra “mulheres”. Essa linguagem é usada puramente para simplificar a escrita deste livro. Quando falamos em energia masculina e feminina, é possível observar que a maioria dos homens tem como essência, uma predominância da energia masculina, e que a maioria das mulheres tem como essência, uma predominância de energia feminina. Apesar disso, todos nós temos habilidade de transitar 56 entre energia masculina e feminina durante o dia e diferentes momentos da nossa vida; aliás, todos nós devemos aprender como ativar essas duas energias dentro de nós, porque elas são úteis para diferentes situações. Um exemplo: Quando você está dançando uma música de que gosta, você é polarizada ao seu lado feminino. Quando você está ouvindo atentamente à música, isso é sua energia masculina. Quando você está fazendo uma reunião e fluindo livremente com idéias criativas, está usando energia feminina. Quando você olha para essas ideias, faz um plano concreto para realizá-las, você está no seu masculino. Para realizar um objetivo e cumprir uma meta, precisamos ativar a energia masculina dentro de nós, porque a energia masculina é aquela mais racional, que traz foco, direcionamento, objetividade. Tanto homens quanto mulheres precisam ativar essa energia em momentos nos quais precisam ser produtivos e realizar objetivos, porque se eles estiverem com uma energia predominantemente feminina, eles vão se perder com prazos, vão ter dificuldade de focar somente num objetivo, vão deixar as emoções atrapalhar o processo envolvido para realizar aquela meta. Veja bem, eu não estou falando aqui que mulheres têm naturalmente dificuldade em realizar objetivos; estou dizendo que a energia que precisa ser ativada nesses casos é a energia masculina, tanto para homens quanto para mulheres. Quando estamos, por exemplo, fazendo um bebê dormir, tanto o homem quanto a mulher precisam ativar 57 a energia feminina, aquela que acolhe, dá colo, nutre, cuida, encanta, suaviza, acalma, traz leveza e brilho. Se a energia masculina for usada neste momento, as chances do bebê dormir serão raras - a energia masculina vai agitar o bebê e querer que ele durma logo, o que vai gerar o efeito oposto. Mais uma vez, não estou dizendo que os homens não têm habilidade em fazer bebês dormirem. Estou dizendo que quando estamos com essa missão, tanto homens quanto mulheres precisam ativar dentro de si a energia feminina. Podemos alternar de energia sempre que for preciso, mas conseguimos “relaxar e descansar” melhor quando estamos na nossa energia essencial predominante. Ou seja, mulheres, em sua maioria, possuem predominância de energia feminina, portanto, relaxam melhor quando estão na polaridade feminina. Homens, em sua maioria, têm mais predominância de energia masculina, por isso, relaxam mais na energia masculina. Isso quer dizer que podemos brincar e alternar a nossa presença nas duas energias mas, no fim do dia, ou depois que um objetivo foi cumprido, é preciso que voltemos para a nossa energia de base para recarregarmos nossa bateria. Aliás, esse é um bom exemplo: quando estamos em uma energia oposta a nossa predominante, ou seja, quando uma mulher está usando a energia masculina, ela está gastando bateria. Quando ela retorna para a energia feminina, ela carrega a bateria. O homem, quando está na energia feminina, gasta bateria. Quando volta para a energia masculina, recarrega a bateria. O que acontece se ficamos tempo demais numa polaridade que não é a nossa, sem voltar para a nossa 58 essência para recarregar a nossa bateria? Sentimo-nos exaustos, cansados, estressados, sem energia. É como se passássemos a funcionar o tempo todo no “vermelho”. Entramos em desequilíbrio ou quando operamos tempo demais numa essência que não é a nossa “natural” (por exemplo: uma mulher que fica a maior parte do tempo operando na energia masculina); ou quando vamos para o extremo da energia masculina ou feminina, entrando no âmbito tóxico dessas energias (por exemplo: um homem que fica no extremo da energia masculina, e que não consegue incorporar parte da energia feminina, entrando num âmbito tóxico). Aqui em baixo, listei algumas características do feminino saudável em oposição ao feminino ferido; e do masculino saudável, em oposição ao masculino ferido: FEMININO SAUDÁVEL: • É receptivo; • Tem limites fortes; • É gracioso em sua força; • É amoroso, empático, compassivo e solidário; • Sabe como pedir o que precisa e se abre para receber; • É vulnerável; • É autêntico; • Não tem medo de abrir seu coração e faz isso sem vergonha; 59 • Flui na vida com leveza, sem querer controlar ou se agarrar a algo que precisa fluir; • Sabe ser aberto e confiante; • É naturalmente intuitivo e ouve mais seu coração do que sua mente; • Manifesta e cria com liberdade; • É confiante em seu corpo e em sua feminilidade; • Exala energia de beleza e sensualidade e atrai naturalmente por ser quem é; FEMININO TÓXICO • É inseguro e procura validação externa para tudo; • É extremamente crítico com seus entes queridos que sentem que nunca fazem nada certo, porque tem sempre algo a criticar; • É carente em seus relacionamentos; • Nunca consegue controlar suas emoções e transita de crise emocional em crise emocional; • Tende a ser manipulador; • Tem medo da perda e se sente desesperado por amor; • Se sente uma vítima; • Se sacrifica e prioriza os outros às suas custas, ou o oposto: • Só quer receber e não quer assumir responsabilidades; • Não se permite ser autêntico e vive sempre seguindo padrões externos; 60 MASCULINO SAUDÁVEL • Está profundamente presente e ouve sem se distrair; • Cria um ambiente seguro para aqueles que ama; • É uma força orientadora, solidária e encorajadora; • Tem disciplina e sabe quando se concentrar; • Mantém sua palavra acima de tudo; • Tem integridade como um dos valores principais;• Oferece seus dons ao mundo; • Sabe se manter firme diante das tempestades; • É racional e analítico; • É autoconfiante; • Tem coragem para correr riscos; MASCULINO TÓXICO • É competitivo e sempre quer vencer; • Tende a evitar a conexão e pode ser frio e distante; • Leva tudo para o pessoal; • Precisa estar sempre certo; • Foge do amor, se retira, cria separação; • Tende a ser agressivo; • Critica excesivamente; • Não sabe ouvir os outros; • Fica preso na sua mente e não consegue acessar suas emoções; • Pode ter vícios no trabalho, drogas, sexo, etc. 61 A energia masculina saudável tem como característica principal o foco na direção da vida. Veja bem, aqui estou falando de energia masculina, não estou falando que somente homens têm a habilidade de ter foco e direção na vida; como homens e mulheres têm tanto energia masculina quanto feminina, quando a mulher quer decidir qual direção tomar na vida, ela precisa ativar dentro dela a sua energia masculina, pois ela é responsável por essa função. Por isso é importante também que a mulher saiba entrar e atuar na energia masculina, para que ela tenha uma clara visão de onde quer chegar e para onde quer levar sua vida. Uma mulher sem energia masculina fica perdida, sem rumo, com dificuldades profissionais, problemas para alcançar objetivos, sem saber para onde levar o barco. Ela se perde demais nos aspectos dos relacionamentos e entra num buraco emocional. Ela tende a se deixar levar por qualquer emoção, qualquer pessoa que surja, qualquer promessa. Outra forma de visualizar a diferença dessas energias é pensar que a energia feminina é o oceano e a energia masculina é um navio no oceano. O masculino navega de um ponto até o outro, com um objetivo final traçado. Ele sabe onde quer chegar. A força do feminino é quem oferece espaço para que ele navegue e ela poderia fazer ele afundar o navio a qualquer momento. Mas com habilidade, sabendo lidar com a energia feminina, o homem pode aproveitar e fazer uma fantástica viagem, usando o poder da energia do mar para alcançar a sua meta. O oceano é movimento, é energia, mas não vai para nenhum lugar específico. A imensidão da energia feminina junto com a direção e foco 62 da energia masculina tornam realidades possíveis de uma forma fantástica. É geralmente aí que nascem as maiores duplas evolutivas. Para um homem estar relaxado na sua essência, ele precisa estar predominantemente na energia masculina. Mas os homens também precisam aprender a transitar pela energia feminina. Os homens que não conseguem nunca entrar na energia feminina se tornam muito rígidos, fechados, autocentrados. Eles podem ficar obcecados demais com uma meta. Vemos isso claramente na política, nas guerras, quando a energia masculina domina, sem dar espaço para a energia feminina suavizar a tensão. Num relacionamento, um homem ou uma mulher que estejam com polaridade masculina muito acentuada, vão focar demais nos objetivos de vida do futuro, e não vão conseguir se conectar com o presente; vão ter dificuldade de valorizar seu parceiro(a), de curtir momentos de lazer em família, de apreciar um bom jantar com calma ou de passar um dia deitado na praia simplesmente contemplando a vida. A essência da energia feminina inclui a habilidade de dar amor, de nutrir, de trazer brilho para a vida, algo que cria um magnetismo em todo mundo que está por perto. Todos querem ficar perto e se contagiar com a energia feminina. Quanto mais a mulher tem essas características, mais atraente ela será para outros homens. Os homens se atraem por mulheres com esse brilho. E isso não tem necessariamente a ver com aparência. Esse brilho vem de dentro. Vem de quando a mulher está feliz. É o brilho do amor próprio transbordando. 63 A energia feminina também não é sempre doce e meiga como muitas pessoas podem achar. Ela tem uma energia vital selvagem, livre, intuitiva, imprevisível e protetora. Gosto do exemplo do livro “Mulheres Que Correm com Lobos”, no qual a autora Clarissa Pinkola Estés, compara a mulher conectada na sua essência feminina como uma loba: selvagem, forte, robusta, dona de uma sensibilidade aguçada, espírito bem humorado, uma grande capacidade de devoção, de resistência e força, uma devota cuidadora do seu clã e daqueles que ama. Uma loba selvagem não tem nada de submissa nem frágil. Assim é a energia feminina. Nas palavras da autora: “o termo selvagem, nesse contexto não é usado em seu atual sentido pejorativo de algo fora de controle, mas em seu sentido original de viver uma vida natural, uma vida em que a criatura tenha uma integridade inata e limites saudáveis. Essas palavras, mulher e selvagem, fazem as mulheres se lembrarem de quem são e do que representam. Elas criam uma imagem para descrever a força que sustenta toda as fêmeas. Elas encarnam uma força sem a qual as mulheres não conseguem viver.” Tanto nas mulheres quanto nos homens, a energia masculina sempre vai priorizar trabalho diante da intimidade, ao passo que a energia feminina vai priorizar intimidade em vez de trabalho. Qual energia você quer alimentar mais é sua escolha, não existe nada de errado nisso. Inclusive, é muito normal que em momentos diferentes da vida priorizemos a energia masculina ou feminina. Energia masculina em excesso leva para abuso de outras pessoas e do mundo; energia feminina 64 em excesso leva para a autodestruição. Entre o extremo masculino e o extremo feminino, existe um amplo espectro de possibilidades de ser. Quando um homem restabelece sua força masculina, ele se transforma um mestre de visão e de direção na vida. Quando a mulher restabelece sua força feminina, ela se transforma em uma deusa de amor e sabedoria, que irradia amor em sua vida e na vida de todos que passam por seu caminho. Energia feminina é poder. A essência feminina é o fluxo. É plenitude. É esplendor e é a própria força da vida. É uma natureza selvagem instintiva que todas as mulheres possuem. É o conhecimento inexplicável. Como o oceano, é vasto, preenche espaços vazios, purifica a escuridão, é o lar de uma diversidade de vida. Como as ondas, está em constante dança consigo e sobe e desce o tempo todo. O estado feminino quer dançar em êxtase e quer se permitir ser levado pela energia masculina. Energia masculina também é poder. A essência masculina é presença. É a direção. O masculino não está sendo, está fazendo. É como uma montanha alta, forte e inabalável. Você pode se render a essa energia, pode gritar, espernear, chorar e saber que ela permanecerá inabalável. O masculino está sempre em missão. A principal busca do masculino é a liberdade. É esse alívio final depois de uma batalha (seja uma batalha real ou em algum esporte), depois do sexo ou depois de alcançar um grande objetivo. O masculino prospera quando vive no limite, está sendo constantemente desafiado. 65 Uma mulher feliz é uma mulher relaxada em seu corpo e na sua essência: poderosa, forte, imprevisível, profunda, potencialmente selvagem e destrutiva quando precisa ser, ou calma e serena quando precisa ser, mas sempre cheia de vida, é movida pela grande força de seu coração e da sua intuição. Um homem que não entende isso, vai ficar sempre querendo levar a mulher para entender, racionalizar as suas emoções. Nós não funcionamos dessa forma. Nossa essência é sentimento. Quando um homem pede para uma mulher parar de ser emocional, ele limita e poda a essência feminina. É como represar um oceano numa piscina. Muitos homens transformam suas parceiras em “piscinas” por quererem represar a força delas, por não saberem como lidar com sua natureza selvagem, como se pudessem consertá-las de sua essência natural. Assim, a mulher morre por dentro. Um homem com masculino equilibrado vai entender isso, vai se beneficiar de toda essa experiência de navegar nesse mar profundo e fluir com a vida, e vai conseguir se manter forte e estável quando as tempestades
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