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Demarcação de terras e impactos na cultura indígena brasileira

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Demarcação de terras e impactos na cultura indígena brasileira 
 Pero Vaz de Caminha, ao redigir o primeiro documento feito em território brasileiro, escreveu sobre a sua impressão a respeito dos 
indígenas e, com isso, caracterizou-os como um grupo de pessoas que necessitava de civilização, catequização e ensinamentos 
europeus. Com essa abordagem, pode-se afirmar que, mesmo após séculos, tal ponto de vista perdura, haja vista que a cultura 
indígena continua sendo desvalorizada e esse povo sofre, imensamente, por não ter garantido o direito da demarcação de suas terras. 
Dessa forma, cabe pontuar a negligência estatal na garantia desse direito e os impactos da demarcação de terras para o povo indígena. 
 Nesse contexto, é válido ressaltar que o Estado é ineficiente e age de forma despreocupada com os povos originários brasileiros, o 
que, por conseguinte, ameaça a integridade desse grupo. Criada em 1967, pela Lei nº 5.371, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) tem 
como objetivo propiciar a integração dos indígenas na sociedade brasileira, de modo a proteger e promover os direitos desses no 
Brasil. Entretanto, tendo em vista a atual situação desse povo no país, marcada pela constante luta pela demarcação de suas terras, é 
perceptível que esses direitos não são assegurados, uma vez que esses povos não possuem posse plena de suas terras, são vítimas de 
etnocídios e, mais ainda, sofrem com a baixa escolaridade e com o preconceito étnico-racial. Logo, é evidente que o desinteresse dos 
órgãos federais em relação às pautas, lutas e aos movimentos indígenas contribuem para a invasão e a ocupação das terras dos índios 
por terceiros. 
 Além disso, é preciso salientar os impactos da garantia de terras demarcadas na cultura indígena, entre eles o reconhecimento de 
seus direitos territoriais e o fortalecimento da sua cultura. Jorge Ben Jor retrata, em sua música “Curumim Chama Cunhatã Que Vou 
Contar”, a beleza da identidade indígena e, também, o seu lamento pela perda dos valores culturais e da ancestralidade desse grupo. 
De maneira análoga, sabe-se que, infelizmente, diferente do cenário abordado na música, grande parcela do corpo social não auxilia na 
luta e, nem mesmo, na propagação e visibilidade das manifestações indígenas, fato que, possivelmente, seria modificado com a 
demarcação de terras, já que essa ofereceria o necessário apoio e iria garantir os direitos estabelecidos constitucionalmente para essa 
parte da nação, o que, de maneira positiva e significativa, impactaria na ampliação das suas necessidades, tradições, da sua cultura, dos 
seus costumes e na valorização dos seus territórios. Assim, é nítida a urgência de uma forma para ampliar o debate sobre esse povo e a 
demarcação territorial. 
 Sendo assim, é incontestável que a indiligência do Estado contribui para a não garantia dos direitos dos povos originários e para a 
ausência de impactos territoriais positivos em suas vidas. Portanto, a fim de romper com as questões negativas que envolvem essa 
problemática e ampliar a garantia de direitos desse grupo, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública, em ação conjunta com a 
FUNAI e a Secretaria Especial da Cultura, deve, por meio de verbas governamentais, preservar os territórios indígenas, direcionar a esse 
povo um auxílio mensal – alimentício e de renda – e fiscalizar se as suas terras estão sendo demarcadas de maneira sensata e justa. 
Concomitante, com o intuito de ampliar o debate no tocante a luta dos índios, faz-se necessário que o Ministério da Educação, a partir 
da contratação de professores e profissionais especializados na área e dos Parâmetros Curriculares Nacionais, promova o letramento 
étnico-racial, politico e social dos alunos das redes de ensino públicas e privadas. Somente assim, a demarcação de terras indígenas 
será conquistada, esse povo será impactado positivamente e os direitos assegurados pela FUNAI serão garantidos na prática. 
 
Redação escrita por Maria Cecília Ricardo Ramalho Nunes

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