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SOI V – APG Duda Campos DEFINIÇÃO DE CRISE EPILÉPTICA • Ocorrência de sinais e/ou sintomas transitórios, decorrentes da atividade neuronal anormal excessiva ou síncrona no cérebro DEFINIÇÃO DE EPILEPSIA • Distúrbio neurológico crônico e, em alguns casos, progressivo com relação aos distúrbios cognitivos, frequência e gravidade dos eventos críticos • Predisposição persistente do cérebro para gerar crises epilépticas e pelas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais dessa condição A ocorrência de uma única crise epiléptica é suficiente para o diagnóstico de epilepsia desde que seja demonstrada predisposição à sua recorrência, como alterações epileptiformes no eletroencefalograma (EEG) ou lesão em estudos de neuroimagem • A epilepsia advém de várias condições diferentes que ocasionam disfunção cerebral • Condição caracterizada pro crises epilépticas recorrentes (duas ou mais), não provocadas por qualquer causa imediata • A epilepsia é considerada resolvida quando um paciente com uma síndrome de epilepsia dependente da idade é mais velho do que a idade em que essa síndrome estava ativa ou quando um paciente está sem convulsões há 10 anos ou mais e está sem todos os medicamentos antiepilépticos há 5 anos ou mais NÃO É UMA DOENÇA • Não é uma doença ou síndrome única, mas o sintoma de um grupo de condições neurológicas diversas que têm como característica comum a presença de crises epilépticas recorrentes, na ausência de fatores desencadeantes como condições tóxicas, metabólicas ou febre Doenças do SNC que atingem a substância branca ou cinzenta podem causar crises epilépticas CAUSAS DA EPILEPSIA Fatores envolvidos: • Predisposição individual • Presença de lesão estrutural cerebral • Alterações bioquímicas ou elétricas cerebrais DIAGNÓSTICO • Fundamentalmente clínico • Essencial que os pacientes sejam acompanhados por uma testemunha que possa descrever os episódios em detalhes • Suporte no diagnóstico: EEG – importante na caracterização do tipo de epilepsia • TC e RM de crânio são importantes na determinação do tipo da lesão epileptogênica • TC com emissão de pósitrons podem ser utilizados na definição da zona epileptogênica, ou seja, a região geradora das crises epilépticas SÍNDROME EPILÉPTICA • Distúrbio epiléptico caracterizado pela presença de sinais e sintomas complexos que definem uma condição epiléptica única • Os sinais e sintomas podem ser clínicos (história, idade de início, tipos de crises e modo de aparecimento destas, natureza progressiva ou não, achados neurológicos e neuropsicológicos), achados de exames Crises epilépticas e Epilepsia SOI V – APG Duda Campos complementares como EEG e estudos de neuroimagem, mecanismos patofisiológicos e bases genéticas EPIDEMIOLOGIA • A prevalência é maior em países em desenvolvimento • Nos países desenvolvidos, tem prevalência mais elevada nas fases extremas da vida • Nos países em desenvolvimento, a prevalência é maior entre 15 e 40 anos • Fatores específicos de risco em países tropicais em desenvolvimento: doenças infecciosas e parasitárias e traumatismo de crânio CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES EPILÉPTICAS Crises focais ou parciais • Descargas neuronais excessivas e síncronas que ocorrem apenas em uma parte de um hemisfério cerebral • Com a propagação de descargas, podem transformar-se em crises secundariamente generalizadas Crises generalizadas: • Quando as descargas se originam em uma área mais extensa envolvendo os dois hemisférios cerebrais CRISES FOCAIS OU PARCIAIS • Se originam dento de uma rede neuronal limitada a um hemisfério que pode ser discretamente localizada ou mais amplamente distribuída • Ver se evolui para uma crise tônico-clônica bilateral – não se usa mais o termo de crise tônico-clônica generalizada secundária • Essas crises tônico-clônicas bilaterais começam em uma área do cérebro, é focal, mas depois se espalham para ambos os lados do cérebro • Sobre a consciência durante a crise: A pessoa consegue saber quem ela é e o que está acontecendo ao seu redor durante a convulsão; não se refere à consciência da ocorrência da convulsão • A consciência é diferente da capacidade de resposta • Se a consciência for prejudicada em qualquer parte da convulsão, ela será classificada como uma crise focal com consciência prejudicada CRISES FOCAIS PERCEPTIVAS • Não houve comprometimento da consciência CRISES DISPERCEPTIVAS • Houve comprometimento da consciência • As crises generalizadas sempre são disperceptivas, não tem crise generalizada sem comprometimento da consciência CRISES MOTORAS FOCAIS Manifestações de início motor • Automatismos – atividades motoras repetitivas, coordenadas e sem propósito, que podem parecer normais em outras circunstâncias; ex: automatismos orais, como estalar os lábios e automatismos manuais, como “tapinhas” • Espasmos epilépticos • Convulsões atônicas, clônicas, hipercinéticas, mioclônicas ou tônicas CRISES FOCAIS ATÔNICAS • Perda de tônus em uma parte do corpo CRISES FOCAIS CLÔNICAS • Movimentos espasmódicos estereotipados repetidos e regularmente espaçados CRISES FOCAIS HIPERCINÉTICAS • Movimento muscular excessivo CRISES FOCAIS MIOCLÔNICAS • Tem espasmos, mas a diferença da clônica é que os solavancos são irregulares e não rítmicos CRISES FOCAIS TÔNICAS • Convulsões motoras com aumento do tônus ou enrijecimento do membro ou pescoço CRISES FOCAIS COM SINTOMAS NÃO MOTORES • Crises autonômicas • Parada comportamental • Cognitivas • Emocionais • Sensoriais CRISES FOCAIS AUTONÔMICAS • Alterações na frequência cardíaca, pressão arterial, sudorese, cor da pele, piloereção ou sensações gastrointestinais CRISES FOCAIS COMPORTAMENTAIS SOI V – APG Duda Campos • Cessação do movimento, que deve ser a característica dominante durante toda a crise e não apenas em uma breve parte dela • Olhar vazio • A pessoa para de falar ou se mover CRISES FOCAIS COGNITIVAS NÃO MOTORAS • Mudanças na função de linguagem, pensamento ou funções corticais superiores associadas • Dèjà vu, jamais vu (um sentimento de estranheza) ou alucinações CRISES FOCAIS EMOCIONAIS • Mudanças emocionais claras, como pavor, medo, ansiedade ou prazer • Classificadas de acordo com as mudanças nos fenômenos sensoriais, como paladar, olfato, audição, visão, dor, dormência ou formigamento CRISES SENSORIAIS FOCAIS • Classificadas de acordo com as mudanças nos fenômenos sensoriais, como paladar, olfato, audição, visão, dor, dormência ou formigamento CRISES GENERALIZADAS • Se originam em algum ponto dentro do cérebro e rapidamente envolvem redes distribuídas bilaterais *se o início da convulsão não for percebido ou não for claro, o início da convulsão é desconhecido CRISES GENERALIZADAS MOTORAS • Espasmos tônicos-clônicos • Clônicos • Tônicos • Mioclônicos • Mioclônicos-tônicos-clônicos • Mioclônicos-atônicos • Atônicos • Epilépticos CRISES TÔNICO-CLÔNICAS As crises tônico-clônicas generalizadas geralmente duram de 1 a 3 minutos e resultam em perda imediata de atenção ou consciência Fase tônica: • A fase tônica inicial é um enrijecimento de todos os membros • O paciente pode gemer ou chorar no início, à medida que o ar é forçado a passar pelas cordas vocais • A língua também pode ser mordida durante essa fase Fase clônica: • Ocorre após a fase tônica • Espasmos rítmicos sustentados dos membros • Se a pessoa tiver dificuldade para respirar, ela pode parecer escura • A incontinência da bexiga ou intestino ocorre quando o corpo relaxa CRISES CLÔNICAS GENERALIZADAS • Espasmos rítmicos sustentados e bilateraisCRISES TÔNICAS GENERALIZADAS • Enrijecimento de todos os membros CRISES MIOCLÔNICAS GENERALIZADAS • Associadas a espasmos bilaterais irregulares e não necessariamente sincrônicos de membros, face, olhos ou pálpebras CRISES MIOCLÔNICO-TÔNICO-CLÔNICAS GENERALIZADAS • Espasmos irregulares em ambos os lados, seguido por uma convulsão tônico-clônica • Comuns na epilepsia mioclônica juvenil CRISES MIOCLÔNICO-ATÔNICAS GENERALIZADAS • Espasmo inicial irregular seguido por perda de tônus em ambos os lados • Comuns na epilepsia com convulsões mioclônico-atônicas – síndrome de Doose CRISES ATÔNICAS GENERALIZADAS • São breves • Ocorrem quando há perda bilateral de tônus • Os músculos tornam-se flácidos • Se a pessoa estiver de pé quando a convulsão ocorrer, ela cairá, resultando frequentemente em ferimentos ESPASMOS EPILÉPTICOS • São breves e geralmente ocorrem em grupos com flexão do tronco e flexão ou extensão dos membros • Assim como acontece com os espasmos epilépticos focais, um EEG pode ser necessário para distinguir se a convulsão é generalizada CRISES GENERALIZADAS NÃO-MOTORAS SOI V – APG Duda Campos • Mioclonia típica • Atípica • Mioclônica ou da pálpebra CRISES DE AUSÊNCIA TÍPICA • Interrupção repentina da atividade • Às vezes com agitação dos olhos, aceno de cabeça ou outros automatismos seguidos por uma recuperação imediata • O EEG sempre revela atividade generalizada de onda espinhosa durante a convulsão CRISES DE AUSÊNCIA ATÍPICA • São semelhantes às crises de ausência, mas têm outras características, como início mais lento, recuperação prolongada e mudanças mais pronunciadas de tônus CRISES DE AUSÊNCIA MIOCLÔNICAS • Começa com alguns espasmos irregulares seguidos por uma crise de ausência • A mioclonia palpebral é definida por movimentos bruscos das pálpebras e desvio para cima dos olhos • A luz e o fechamento dos olhos podem precipitar essas convulsões generalizadas • Mioclonia palpebral com crises de ausência é observada na síndrome de Jeavons A diferença de crise disperceptiva focal para a crise generalizada de ausência é que na disperceptiva tem que ter algum sintoma motor, sensitivo TIPOS DE EPILEPSIA • A epilepsia é diagnosticada quando um indivíduo tinha pelo menos duas crises não provocadas ou reflexas com mais de 24h de intervalo • Ou quando uma pessoa tem uma convulsão não provocada ou reflexa e tiver uma probabilidade de pelo menos 60% de ter outra convulsão nos próximos 10 anos EPILEPSIAS GENERALIZADAS • O paciente tem um ou mais dos tipos de crises generalizadas, e seus EEGs geralmente exibem atividade de onda de pico generalizada • Para indivíduos com tipos de crises generalizadas e um EEG normal, outros dados são necessários para determinar se a epilepsia é generalizada • Ter espasmos mioclônicos ou uma história familiar pertinente apoia o diagnóstico de um tipo de epilepsia generalizada EPILEPSIAS FOCAIS • Podem ser unifocais ou multifocais • Nem sempre são observados achados no EEG EPILEPSIA COMBINADA GENERALIZADA E FOCAL • Pacientes com crises focais e generalizadas • O EEG pode revelar achados eletrográficos focais e generalizados • Síndrome de Dravet e síndrome de Lennox- Gastaut EPILEPSIA DESCONHECIDA • Podem ou não ter um EEG compatível ou pode ter um EEG indeterminado • Às vezes, RM e história familiar não esclarecem a classificação da epilepsia SÍNDROME EPILÉPTICA • Conjunto que incorpora tipos de crise, EEG e imagens que tendem a ocorrer juntos • Hoje entende-que que qualquer epilepsia pode ter efeitos sociais e pode estar associada a outras comorbidades, como distúrbios de aprendizagem ou condições psiquiátricas SÍNDROME EPILÉPTICA GENERALIZADA IDIOPÁTICA OU GENÉTICA • Epilepsia de ausência infantil • Epilepsia de ausência juvenil • Epilepsia mioclônica juvenil • Crises tônico-clônicas generalizadas isoladas EPILEPSIA DE AUSÊNCIA INFANTIL • Ausência ou tônico-clônica generalizada (raro) • Início de 4 a 10 anos • Autolimitada • Remissão geralmente ocorre na adolescência EPILEPSIA DE AUSÊNCIA JUVENIL • Ausência • Tônico-clônica generalizada ou mioclônica • Início da adolescência para o início da idade adulta • Não é autolimitada SOI V – APG Duda Campos EPILEPSIA MIOCLÔNICA JUVENIL • Mioclônica ou tônico-clônica generalizada ou de ausência (raro) • Início de 10 anos de idade a meados dos 20 • Não é autolimitada • A maioria dos pacientes não apresenta remissão espontânea e requer tratamento vitalício com medicação antiepiléptica CRISES TÔNICO-CLÔNICAS GENERALIZADAS ISOLADAS • Tônico-clônicas generalizadas • Início da infância para a meia-idade • Não é autolimitada • Normalmente é necessário o tratamento com medicamentos antiepilépticos por toda a vida SÍNDROMES DE EPILEPSIA REFLEXA • Epilepsias nas quais os ataques são provocados por um estímulo específico • As crises tipicamente são tônico-clônicas generalizadas mas podem ocorrer outros tipos de crise • Raramente, as crises focais podem se apresentar como epilepsia reflexa • A mais comum é a epilepsia fotossensível • Outros tipos: epilepsia de leitura e a epilepsia de susto SÍNDROMES DE EPILEPSIA FOCAL • Epilepsia infantil com pontas centrotemporais e síndrome de Panayiotopoulos • A epilepsia infantil com picos centrotemporais é uma epilepsia autolimitada que se apresenta nos anos escolares com convulsões hemifaciais motoras focais breves e convulsões motoras focais noturnas evoluindo para crises tônicoclônicas bilaterais • A síndrome de Panayiotopoulos também é uma epilepsia autolimitada caracterizada por apresentar convulsões autonômicas focais, muitas vezes prolongadas, e picos ativados pelo sono de alta amplitude occipital focal observados no EEG. • Os possíveis sintomas autonômicos incluem vômitos, palidez, midríase, cardiorrespiratória, gastrointestinal ETIOLOGIA DA EPILEPSIA • Estrutural • Genética • Infecciosa • Metabólica • Imunológica • Desconhecida ESTRUTURAL • Quando uma anormalidade estrutural é observada na neuroimagem e quando os sinais e sintomas das convulsões, em combinação com os dados do EEG, sugerem que essa anormalidade é a causa provável das convulsões • As anormalidades podem ser genéticas, adquiridas ou ambas • AVE, trauma, tumor, malformações do desenvolvimento cortical e infecção ETIOLOGIAS GENÉTICAS • Se houver mutação genética conhecida ou presumida em que as convulsões sejam um sintoma central do distúrbio • Mutação conhecida, apresentação clínica com dados de suporte e história familiar • Síndrome com evidências de estudos de pesquisa que sugerem uma etiologia genética • Genético nem sempre significa herdado • Muitas epilepsias podem ocorrer por conta de uma nova mutação no indivíduo afetado ETIOLOGIAS INFECCIOSAS • Mais comum em todo o mundo • Neurocisticercose, HIV, citomegalovírus e toxoplasmose cerebral, meningite, encefalite ETIOLOGIAS METABÓLICAS • Ocorrem secundariamente a um distúrbio metabólico conhecido ou presumido, no qual as convulsões são um sintoma central do distúrbio • Pode ocorrer sobreposição a uma etiologia genética ETIOLOGIAS IMUNOLÓGICAS • Anti-N-metilo-D-encefalite do receptor de aspartato e anti-leucinerich ETIOLOGIA DAS CRISES EPILÉPTICAS As crises epilépticas resultam de um desvio no equilíbrio normal entre excitação e inibição no SNC Fatores associados à epileptogênese: • Traumatismos • Lesão cerebral traumática grave • AVE • Infecções e anormalidades do desenvolvimento do SNC SOI V – APG Duda Campos Fatores desencadeantes ou precipitantes de crises epilépticas: • Estresse psicológico ou físico • Privação do sono • Alterações hormonais• Exposição a substâncias tóxicas e certos fármacos *muitas causas de crises epilépticas resultam de uma interação dinâmica entre fatores endógenos, fatores epileptogênicos e fatores desencadeantes CAUSAS RELACIONADAS À IDADE Período neonatal e início da lactância: • Encefalopatia hipóxico-isquêmica • Traumatismo • Infecção do NSC • Anormalidades congênitas do SNC • Distúrbios metabólicos • Recém-nascidos de mães que utilizaram drogas neurotóxicas como cocaína, heroína ou etanol • Hipoglicemia • Hipocalcemia • Deficiência de piridoxina Final da lactância e início da segunda infância: • Crises febris – ocorrem entre 3 meses a 5 anos de idade, com um pico entre 18 e 24 meses • Distúrbios genéticos • Infecção do NSC • Distúrbios do desenvolvimento • Traumatismos Adolescentes – 12 a 18 anos • Traumatismos • Distúrbios genéticos • Infecção • Uso de drogas ilícitas • Tumor cerebral Adultos jovens – 18 a 35 anos • Traumatismos • Abstinência de álcool • Uso de drogas ilícitas • Autoanticorpos Adultos mais velhos – mais de 35 anos • Doença vascular cerebral • Tumor cerebral • Abstinência de álcool • Distúrbios metabólicos – uremia, insuficiência hepática, anormalidades eletrolíticas, hipoglicemia, hiperglicemia • Doença de Alzheimer e outras doenças degenerativas do SNC FISIOPATOLOGIA • A atividade epiléptica pode começar em uma região bem definida do córtex e depois invadir as regiões vizinhas MECANISMO DE INÍCIO E PROPAGAÇÃO DA CRISE EPILÉPTICA • “ponta” eletrográfica no EEG devido a disparos intensos quase simultâneos de um grande número de neurônios excitatórios locais, resultando em uma hipersincronização aparente dos disparos excitatórios em uma região cortical relativamente grande • A atividade paroxística em neurônios individuais é causada pela despolarização de duração relativamente longa da membrana neuronal decorrente do influxo de cálcio extracelular, o qual leva à abertura dos canais de sódio, influxo de Na+ e geração de potenciais de ação repetitivos • Isso é seguido de um pós-potencial hiperpolarizante mediado pelos receptores de GABA ou canais de potássio Mecanismos que alteram a propensão do neurônio a apresentar atividade paroxística: Mecanismos intrínsecos: • Alterações na condutância dos canais iônicos • Características de resposta dos receptores da membrana • Tamponamento citoplasmático • Sistemas de segundo mensageiro • Expressão de proteínas determinada pela transcrição, tradução e modificação pós- tradução dos genes Mecanismos extrínsecos: • Modificação na quantidade ou no tipo de neurotransmissores presentes na sinapse • Modulação de receptores por íons extracelulares e outras moléculas e propriedades temporais espaciais dos impulsos aferentes sinápticos e não sinápticos *Origem das descargas em ponta-onda generalizadas das crises de ausência; SOI V – APG Duda Campos • Relação com ritmos oscilatórios normalmente gerados durante o sono por circuitos que conectam o tálamo e o córtex • Interação entre receptores GABAb, canais de cálcio do tipo T e canais de potássio localizados dentro do tálamo MECANISMOS DA EPILEPTOGÊNESE Epileptogênese é a transformação da rede neuronal normal em uma rede que é cronicamente hiperexcitável. • Pode haver um atraso de meses a anos entre a lesão inicial do SNC, como traumatismo, AVE ou infecção e a primeira crise epiléptica • A lesão parece desencadear um processo que gradualmente diminui o limiar para crise epiléptica na região afetada, até que ocorre uma crise espontânea • Alterações estruturais nas redes neuronais ABORDAGEM AO PACIENTE • Atenção aos sinais vitais • Suporte respiratório e cardiovascular • Tratamento das crises epilépticas • Pesquisa na história de crises epilépticas prévias • Definir se o episódio é crise epiléptica ou outro evento paroxístico • Determinar a causa da crise epiléptica pela identificação e fatores de risco e eventos desencadeantes • Decidir se é necessário instituir terapia anticonvulsivante além do tratamento da doença subjacente • Nos pacientes com crises prévias ou história conhecida de epilepsia, a avaliação é dirigida para identificação da causa subjacente e fatores precipitantes e determinação da adequação da terapia atual do paciente ANAMNESE • Perguntar sobre os sintomas que ocorreram antes, durante e após o episódio • Concentrar nos fatores de risco e eventos predisponentes • História de crises febris, auras ou crises epilépticas breves anteriores não reconhecidas • História familiar de crises epilépticas • Traumatismo craniano anterior, AVE, tumor ou infecção do SNC • Identificar fatores desencadeantes como privação do sono, doenças sistêmicas, desequilíbrios eletrolíticos ou metabólicos, infecção aguda, fármacos que reduzem o limiar para crises epilépticas ou uso de álcool ou drogas ilícitas EXAME FÍSICO • Pesquisa de sinais de infecção ou enfermidade sistêmica • Exame cuidadoso da pele pode revelar sinais de distúrbios neurocutâneos ou de doenças renais e hepáticas • Procurar assimetria de membros, sinais de traumatismo craniano e uso de álcool e drogas ilícitas • Ausculta cardíaca e das artérias carótidas pode evidenciar uma anormalidade que predisponha a doença vascular cerebral • Pesquisa de sinais de doença hemisférica cerebral • Avaliação do estado mental – memória, função da linguagem e pensamento abstrato • Testes dos campos visuais • Rastreamento da função motora EXAMES LABORATORIIAS • Identificar causas metabólicas, como anormalidades nos eletrólitos, glicose, cálcio ou magnésio e doenças hepáticas ou renais • Rastreamento para toxinas no sangue e urina • Punção lombar no caso de suspeita de meningite ou encefalite – obrigatória em todos os pacientes infectados pelo HIV EXAMES ELETROFISIOLÓGICOS • Eletroencefalograma • Avaliar a presença de atividade epiléptica eletrográfica – atividade rítmica repetitiva anormal • A ausência de atividade epiléptica eletrográfica não exclui um distúrbio epiléptico porque as crises focais podem originar-se de uma região do córtex que não pode ser detectada por eletrodos no couro cabeludo • Telemetria com vídeo-EEG pode ser utilizada • O EEG também é usado para classificar os distúrbios epilépticos e ajudar na seleção de fármacos anticonvulsivantes • Magnetoencefalografia – modo não invasivo de avaliar a atividade cortical – mede os pequenos campos magnéticos EXAMES DE IMAGEM CEREBRAL • Para determinar se tem alguma anormalidade estrutural responsável eplas crises • A RM é superior à TC na detecção de lesões cerebrais associadas à epilepsia SOI V – APG Duda Campos • Explicação das crises epilépticas e apontam para a necessidade de terapia farmacológica antiepiléptica crônica ou possível ressecção cirúrgica • TC por emissão de pósitrons e TC por emissão de fótons únicos também são usados para avaliar determinados pacientes com crises epilépticas refratárias ao tratamento clínico DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL SÍNCOPE Diferenciar crises epilépticas de síncope: Crise epiléptica • Geralmente sem fator desencadeante • Presença de aura, cianose, inconsciência, manifestações motoras durante mais de 15 segundos, desorientação pós-ictal, dores musculares e sonolência • Cefaleia ou incontinência geral – mas ás vezes pode acontecer na síncope também • A transição da consciência para a inconsciência é imediata • A inconsciência dura minutos • A duração dos movimentos tônicos ou clônicos dura de 30 a 60 segundos • Face cianótica, espuma na boca • Desorientação e sonolência após o evento duram de minutos a horas • Geralmente mialgia após o evento • Mordedura da língua só às vezesSíncope • Transição da consciência para a inconsciência é gradual, com cansaço, sudorese, náusea e visão em túnel • Perda breve da consciência • Breve período, de 1 a 10 segundos de atividade motora convulsiva pode ser observado • Raramente induz uma crise tônico-clônica • Fatores desencadeantes como estresse emocional, manobra de Valsalva, hipotensão ortostática, etiologias cardíacas • A inconsciência dura segundos • A duração de movimentos tônicos ou clônicos jamais passa de 15 segundos • Face pálida • Desorientação e sonolência após o evento duram menos de 5 minutos • Raramente mordedura da língua • Cefaleia raramente CRISES PSICOGÊNICAS • Crises ou ataques que podem ser confundidos com epilepsia • Alterações e sinais sensórios, autonômicos e/ou cognitivos • Não são causadas por atividade epileptiforme ictal • Possuem causas e bases psicológicas • Reação de conversão precipitada por sofrimento psicológico subjacente • Muitas vezes duram mais do que as crises epilépticas e podem ir e vir durante minutos a horas *a distinção pode ser difícil com base apenas no exame clínico Os movimentos a seguir estão mais associados a crises psicogênicas do que a crises epilépticas: • Movimentos de virar a cabeça de um lado para o outro • Movimentos de abalos assimétricos e de grande amplitude dos membros • Abalos dos quatro membros sem perda de consciência e impulsos pélvicos *O vídeo-EEG pode ser útil quando as observações clínicas não permitem o diagnóstico *O diagnóstico de crises psicogênicas não exclui um diagnóstico concomitante de epilepsia, pois os dois muitas vezes coexistem O que mais sugere crise psicogênica: • Longa duração • Curso flutuante • Movimentos dessincronizados • Ictal crying – vocalização tônica expiratória prolongada da laringe ou vocalização clônica gutural profunda TRATAMENTO • Multimodal • Envolve o tratamento das afecções subjacentes que causem ou contribuam para as crises epilépticas • Exclusão de fatores precipitantes • Supressão das crises recorrentes por terapia profilática com antiepilépticos ou cirurgia • Discussão de diversas questões psicológicas e sociais • Planos terapêuticos devem ser individualizados TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS SUBJACENTES • Reverter os problemas metabólicos e prevenir a recorrência deles SOI V – APG Duda Campos • Evitar as substâncias que causaram as crises • As crises causadas por lesões estruturais do SNC podem não recorrer após o tratamento apropriado da lesão subjacente FATORES DESENCADEANTES • Evitar a privação de sono • Modificar hábitos de consumo de álcool • Redução do estresse • Práticas de exercícios físicos para diminuir o estresse TERAPIA FARMACOLÓGICA ANTIEPILÉPTICA • Prevenir completamente as crises QUANDO INICIAR A FARMACOTERAPIA? • Em todos os pacientes com crises recorrentes de etiologia desconhecida ou com uma causa conhecida irreversível Fatores de risco associados à recorrência das crises: 1) Exame neurológico anormal 2) Crises que se manifestam como estado de mal epiléptico 3) Paralisia de Todd pós-ictal 4) História familiar significativa de crises epilépticas 5) EEG anormal *a maioria dos pacientes com um ou mais desses fatores deve ser tratada SELEÇÃO DE FÁRMACOS ANTIEPILÉPTICOS TÔNICO-CLÔNICA DE INÍCIO GENERALIZADO Primeira linha: • Lamotrigina • Ácido valproico Alternativas: • Zonisamida • Fenitoína • Carbamazepina • Oxcarbazepina • Topiramato • Fenobarbital • Primidona • Felbamato FOCAL Primeira linha: • Lamotrigina • Carbamazepina • Oxcarbazepina • Fenitoína • Levetiracetam Alternativas: • Topiramato • Zonisamida • Ácido valproico • Tiagabina • Gabapentina • Lacosamida • Exogabina • Fenobarbital • Primidona • Felbamato AUSÊNCIA TÍPICA Primeira linha: • Ácido valproico • Etossuximida • Lamotrigina Alternativas: • Lamotrigina • Clonazepam AUSÊNCIA ATÍPICA, MIOCLÔNICA, ATÔNICA Primeira linha: • Ácido valproico • Lamotrigina • Topiramato Alternativas: • Clonazepam • Felbamato • Clobazam • Rufinamida Além da eficácia, a conveniência da posologia e os efeitos colaterais influenciam na escolha de uma medicação inicial. QUANDO SUSPENDER O TRATAMENTO • Controle clínico completo das crises por 1 a 5 anos SOI V – APG Duda Campos • Um único tipo de crise, seja focal ou generalizado • Exame neurológico normal • EEG normal *redução da dose de modo gradual TRATAMENTO DA EPILEPSIA REFRATÁRIA • Combinação de fármacos para controlar as crises • Monitoramento da resposta terapêutica, toxicidade e níveis séricos (tanto na monoterapia quando na combinada) deve ser feito TRATAMENTO CIRÚRGICO DA EPILEPSIA REFRATÁRIA • Mesmo com a combinação de medicamentos, alguns pacientes continuam com crises • Ressecção do lobo ou uma remoção limitada do hipocampo e da amígdala • Remoção das lesões • Transecção para interromper as conexões intracorticais • Hemisferectomia ou ressecção multilobar • Monitoramento por vídeo-EEG é usado para definir a localização anatômica do foco epiléptico • Os exames de imagem funcionais podem ajudar • Uso de procedimentos para mapeamento funcional para diminuir as sequelas neurológicas decorrentes da remoção ou secção do tecido cerebral OUTRAS CONSIDERAÇÕES TERAPÊUTICAS COMPORTAMENTE INTERICTAL • Podem ter um déficit de memória, problemas psiquiátricos, como depressão, ansiedade e psicose • A pessoa pode ter delirium pós-ictal MORTALIDADE DA EPILEPSIA • Um número significativo de pacientes morre devido a acidentes, estado de mal epiléptico e morte inesperada súbita em pacientes epilépticos, que em geral acomete pessoas jovens com crises epilépticas motoras e tende a ocorrer à noite QUESTÕES PSICOSSOCIAIS • Os pacientes possuem temores de apresentar deficiência intelectual ou morrer durante uma crise • Estigmas culturais EMPREGO, CONDUÇÃO DE VEÍCULOS E OUTRAS ATIVIDADES • Alertar o paciente contra o risco que impõe a si mesmo e as outros ao dirigir se as crises não estiverem controlaras • Cuidado ao trabalhar em locais altos ou com maquinaria ou ter alguém por perto durante atividades como banho de banheira e prática de natação MULHERES E EPILEPSIA EPILEPSIA CATAMENIAL • Aumento acentuado na frequência de crises durante a época da menstruação • Efeitos do estrogênio e da progesterona sobre a excitabilidade neuronal • Alterações dos níveis dos antiepilépticos em consequência de uma alteração na sua ligação às proteínas ou no metabolismo GESTAÇÃO • As crises epilépticas na gestação podem aumentar, diminuir ou não se alterar • Pode alterar o metabolismo dos medicamentos • Alguns medicamentos causam defeitos da coagulação dependentes da vitamina K em metade dos recém-nascidos – a mãe e o bebê devem ser tratados com vitamina K CONTRACEPÇÃO • Cuidado ao prescrever anticonvulsivantes às mulheres que usam ACO – alguns podem diminuir a eficácia dos ACO • Aconselhar formas alternativas de contracepção AMAMENTAÇÃO • Os antiepilépticos são excretados, em graus variáveis, no leite materno • Ausência de evidências de efeitos deletérios a longo prazo no lactente exposto a antiepilépticos – podem ser incentivadas a amamentar, mas deve ficar de olho com efeitos do fármaco na criança, como letargia ou recusa alimentar. OBSERVAÇÃO: MAL EPILÉPTICO SOI V – APG Duda Campos MAL EPILÉPTICO • Crises epilépticas contínuas ou crises distintas repetitivas com perda da consciência no período interictal • Tem inúmeros tipos, incluindo o estado de mal epiléptico convulsivo generalizado e estado de mal epiléptico não convulsivo • 15 a 30 minutos de atividade epiléptica Mal epilépticoconvulsivo generalizado • Emergência • Deve ser tratado imediatamente • Podem surgir disfunção cardiorrespiratória, hipertermia e desequilíbrios metabólicos como consequências de crises prolongadas- podem levar a lesão neuronal irreversível • Pode ocorrer lesão do SNC • Os pacientes podem apresentar movimentos clônicos discretos apenas dos dedos ou movimentos finos e rápidos dos olhos • Pode haver episódios paroxísticos de taquicardia, hipertensão e midríase • O EGG pode ser a única maneira de estabelecer o diagnóstico Causas mais comuns: • Suspensão dos anticonvulsivantes ou baixa adesão à terapia • Distúrbios metabólicos • Toxicidade medicamentosa • Infecção do SNC • Tumores do SNC • Epilepsia refratária • Traumatismo craniano Tratamento • Ficar atento para qualquer problema cardiorrespiratório agudo ou hipertermia • Realizar um exame clínico e neurológico sucinto • Obter acesso venoso e identificar anormalidades metabólicas por meio de exames laboratoriais • Terapia anticonvulsivante
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