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NORMAS ESPECIAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Distinguir entre extinção e exclusão do crédito tributário. > Explicar as hipóteses de extinção do crédito tributário. > Comparar a prescrição e a decadência no direito tributário. Introdução Neste capítulo, você vai estudar as causas de extinção do crédito tributário, com destaque para as normas aplicáveis a pagamento, remissão e compensação. Serão apresentadas a prescrição e a decadência, que se referem à perda do direito sub- jetivo sobre algo, respaldando o provérbio jurídico de que o direito não socorre os que dormem. Para o direito tributário, a decadência se dá com a perda do direito ao crédito tributário em si mesmo, e a prescrição é perda do direito de ação, ou seja, o direito de ir ao Judiciário e cobrar a satisfação do crédito tributário. Por fim, você vai estudar a anistia e a isenção, formas de exclusão do crédito tributário. A isenção se volta à liberação do sujeito passivo ao pagamento do próprio tributo, e a anistia o exonera do pagamento das penalidades. Extinção do crédito tributário: hipóteses A extinção do crédito tributário, como o próprio nome sugere, é o ato que faz desaparecer o crédito na medida em que este é satisfeito. De acordo com o Código Tributário Nacional (CTN), em seu art. 156, o crédito pode ser extinto nas seguintes possibilidades (BRASIL, 1966, documento on-line): Extinção e exclusão do crédito tributário Anna Carolina Gomes dos Reis I – o pagamento; II – a compensação; III – a transação; IV – a remissão; V – a prescrição e a decadência; VI – a conversão de depósito em renda; VII – o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no art. 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII – a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do art. 164; IX – a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X – a decisão judicial passada em julgado; XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. Há muitas divergências sobre ser esse rol taxativo ou exemplificativo. Para Alexandre (2020, p. 514), a interpretação do art. 141 do CTN nos leva à conclusão de que a lista é taxativa, uma vez que afirma expressamente que “[…] o crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei”. Na prática forense tributária, é possível encontrar argumentos para o lado que for mais conveniente. Em provas de concurso, no caso das objetivas, mais acertado é tender para a taxatividade; nas questões dissertativas, sugere-se que se transcorram as duas possibilidades (rol taxativo e rol exemplificativo). Passemos à análise das principais formas de extinção, com exceção da prescrição e da decadência que, dada a amplitude, serão abordadas em tópico dedicado exclusivo. Pagamento O pagamento é a forma mais comum de extinção do crédito tributário. Consti- tui-se no ato em que o sujeito passivo ou seu representante entrega ao sujeito ativo a quantia devida. Segundo o art. 157 do CTN, a imposição de penalidade não suprime o pagamento integral do crédito tributário. Dessa forma, a multa sempre será cumulativa e, sob nenhuma hipótese, substitui o pagamento do tributo. Por isso, ainda que o valor da multa supere extraordinariamente o valor do tributo, todos deverão ser pagos cumulativamente. Outro aspecto do pagamento previsto no CTN é a presunção. O Código Civil, em seu art. 322, assim dispõe: “Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de es- tarem solvidas as anteriores” (BRASIL, 2002, documento on-line). No entanto, o legislador tributário deixou claro no art. 158 do CTN que a regra do direito civil não se aplica no regime tributário (BRASIL, 1966, documento on-line): Extinção e exclusão do crédito tributário2 O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento: I – quando parcial, das prestações em que se decomponha; II – quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos. Para que você entenda melhor o art. 158, basta pensar no contribuinte que optou pelo parcelamento do IPVA em quatro prestações. Pagou a pri- meira, não pagou a segunda e a terceira, mas quitou a quarta parcela. No Direito Civil, presume-se relativamente que, uma vez paga a última prestação, adimpliu todas as anteriores. No direito tributário, não há essa presunção em favor do contribuinte; ele deve fazer prova de pagamento de cada uma das prestações sob pena de considerar não pagas as parcelas em aberto. Por isso a importância de manter guardado o comprovante de pagamento de todos os tributos pagos enquanto não transcorrido o prazo prescricional para cobrança. Já o item II do art. 158 do CTN reflete o caso do contribuinte que paga o IPVA relativo ao exercício do ano 2019, mas não adimpliu o mesmo tributo relativo ao ano de 2018. Igualmente ao caso anterior, o débito referente a 2018 continua em aberto. Sobre o local e o prazo para pagamento, o CTN traz regras que serão aplicadas apenas se as normas relativas ao tributo não vierem a disciplinar tal assunto. Nesse caso, o pagamento é efetuado na repartição competente do domicílio do sujeito passivo, e o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lança- mento. Atualmente, a regra do local de pagamento tem pouca relevância, pois as legislações preveem pagamento em rede bancária, e o tributo pode ser pago em qualquer local que tenha instituição bancária, aplicativos, entre outros. A regra do prazo não é aplicada no lançamento por homologação, pois, nesse caso, o próprio sujeito passivo calcula o tributo, antecipa o pagamento e aguarda a homologação da autoridade administrativa competente. Se o sujeito passivo não efetuar o pagamento no valor, no prazo e no lugar determinado em lei, estará em mora, cujos efeitos são os juros e a multa, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas na lei tributária. O termo inicial da fluência dos juros e da multa de mora, de modo geral, acontece do seguinte modo: os juros incidem no primeiro dia do mês seguinte ao vencimento; já a multa tem início no dia seguinte ao vencimento. Sobre a forma de pagamento, o CTN determina que o tributo seja Extinção e exclusão do crédito tributário 3 pago em moeda corrente, cheque ou vale postal e, nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico. Registra-se que, se o crédito for pago por cheque, somente se considera extinto com o resgate deste pelo sacado. Imputação de pagamento A imputação do pagamento ocorre quando o mesmo sujeito passivo tem, simultaneamente, dois ou mais débitos vencidos com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenien- tes de penalidade pecuniária ou juros de mora (AMARO, 2017). Nesse caso, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras elencadas no art. 163 do CTN, a saber: “I – Em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária”. Se não resolvido quando aplicado o critério acima, aplica-se o critério de retributi- vidade (BRASIL, 1966, documento on-line): II – primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e, por fim, aos impostos; III – na ordem crescente dos prazos de prescrição; IV – na ordem decrescente dos montantes O item IV se refere ao crédito do valor mais elevado para o menos elevado. Para concluir em relação ao pagamento como forma de extinção do crédito tributário, o CTN, em seu art. 164, autoriza a consignação judicialdo pagamento pelo sujeito passivo, que versará sobre o crédito que este se propõe a pagar. Entretanto, tal hipótese de pagamento só poderá ser usada nos seguintes casos (BRASIL, 1966, documento on-line): I – de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória; II – de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal; III – de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador. Extinção e exclusão do crédito tributário4 Se a consignação em pagamento for julgada procedente, o pagamento se reputa efetuado, e a importância consignada é convertida em renda. Se julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis. Compensação A compensação acontece quando duas pessoas forem, ao mesmo tempo, credora e devedora uma da outra. A consequência é a extinção da obrigação até quando se compensarem. Na seara tributária, a compensação sempre decorrerá de lei. Esta, de modo direto ou indireto (quando a lei delegar a concessão à autoridade administrativa), deverá estipular as condições e garantias da compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. O CTN estabelece que se o crédito do sujeito passivo for vincendo, a apura- ção do seu montante não pode cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Para efeito de compensação, o CTN, em seu art. 170-A veda o uso da compensação se for de tributo que seja objeto de ação judicial ajuizada pelo sujeito passivo e ainda não ocorrido o trânsito em julgado da decisão judicial proferida na respectiva ação. Remissão A remissão é a dispensa gratuita da dívida feita pelo credor ao devedor. No direito tributário, a regra é a indisponibilidade do patrimônio público. Mesmo assim, é possível que a lei autorize a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário em decorrência de situações definidas pelo art. 172 do CTN, a seguir (BRASIL, 1966, documento on-line): I – à situação econômica do sujeito passivo; II – ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato; III – à diminuta importância do crédito tributário; IV – a considerações de equidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso; V – a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante. O despacho administrativo não gera direito adquirido e pode ser revo- gado sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora. Extinção e exclusão do crédito tributário 5 Extinção do crédito tributário: prescrição e decadência Neste tópico, vamos examinar os institutos da prescrição e da decadência em matéria tributária. O fato gerador faz nascer a obrigação tributária e, na sequência, deve a administração fiscal proceder o seu respectivo lançamento. Lançada a obrigação, surge o crédito tributário, e o fisco notifica o sujeito passivo para que pague o tributo devido. A inércia do devedor, seja para pagar no prazo estipulado seja para impugná-lo, permite que a Fazenda execute judicialmente o crédito. Tanto para proceder o lançamento quanto para cobrar judicialmente o crédito, o fisco deve cumprir certos prazos impostos pelo CTN, e é justamente por isso que nasce a importância de saber os conceitos e as implicações jurídicas da decadência e da prescrição, como você vai conferir a seguir. Decadência A decadência é um conceito bastante estudado no Direito Civil e, de forma obje- tiva, é conceituada como a perda do direito material. Na seara tributária, diz-se que ocorre a decadência quando a Fazenda, por meio de autoridade competente, perde o prazo para efetuar o lançamento e constituir o crédito tributário. O CTN determina que a Fazenda Pública perde o direito de constituir o crédito tributário após cinco anos. Como regra geral, o termo inicial desse prazo é contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lan- çamento poderia ter sido efetuado. Por exemplo, se o fato gerador ocorreu em novembro de 2018, o prazo para lançamento teria iniciado em 1 de janeiro de 2019. Logo, em 1 de janeiro de 2024, consuma-se a decadência, e a Fazenda perde o direito de lançamento do crédito. Uma segunda regra aplicável para verificar a decadência é a chamada regra da antecipação de contagem. Nesse caso, o prazo para contagem da decadência começa desde a iniciação da constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória in- dispensável ao lançamento. Para exemplificar esse caso, temos o seguinte exemplo. Ocorrido o fato gerado em 10 de janeiro de 2018, a Fazenda Pública inicia a fiscalização em 5 de julho de 2018, mediante notificação, nessa data, do sujeito passivo de tal procedimento. Pela regra de antecipação, o prazo para efetuar o lançamento obrigatoriamente começa a correr a partir de 5 de julho e se consumará em 5 de julho de 2023. Após essa data, extingue-se o crédito tributário. Extinção e exclusão do crédito tributário6 Por fim, temos a regra da anulação de lançamento por vício formal. O prazo inicial para que a Fazenda proceda o lançamento é a data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Veja num exemplo como ficaria. O fato gerado ocorre em 1 de setembro de 2018 e efetua-se o lançamento em 1 de setembro de 2019, mas o sujeito passivo recorre sob alegação de que o agente fiscal que lançou o crédito era incompetente. Em 15 de julho de 2020, publica-se a deci- são e anula-se o lançamento por vício formal (incompetência da autoridade administrativa). O termo inicial da decadência, então, passa a ser o dia 15 de julho de 2020, e a decadência se consumará no dia 15 de julho de 2025. Em todos os casos, consumado o prazo para que o Fisco proceda o lança- mento, extingue-se o crédito tributário, desparecendo a obrigação do sujeito passivo de pagar o tributo devido. A despeito de o CTN incluir a decadência no rol de extinção do crédito tributário, nota-se que tal inclusão é tecnicamente inapropriada, pois o tributo sequer chegou a ser lançado. Se não há crédito, como seria possível extinguir algo que nunca existiu? De toda forma, em provas de concurso, por exemplo, segue a literalidade da lei e permanece a decadência como forma de extinção do crédito tributário. Prescrição A prescrição é a perda do direito de ajuizar a ação para cobrança do crédito. Nos termos do art. 174, a ação para cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. O CTN afirma que, para contagem do prazo prescricional de cinco anos, o crédito deve estar definitivamente constituído. Dessa forma, quando o crédito é lançado e o sujeito passivo é notificado para pagamento, concede-se a este o prazo para que pague ou impugne a cobrança do tributo. Se nesse interregno o sujeito passivo nada fizer, podemos dizer que o crédito está definitivamente constituído, nascendo a pretensão do sujeito ativo em efetuar a cobrança judicial para satisfação do crédito. De acordo com a súmula 622 do Superior Tribunal de Justiça (BRASIL, 2021, documento on-line): Extinção e exclusão do crédito tributário 7 A notificação do auto de infração faz cessar a contagem da decadência para a constituição do crédito tributário; exaurida a instância administrativa com o decurso do prazo para a impugnação ou com a notificação de seu julgamento definitivo e esgotadoo prazo concedido pela Administração para o pagamento voluntário, inicia-se o prazo prescricional para a cobrança judicial. Notificado o sujeito passivo para pagar tributo, não se fala mais em deca- dência, mas exclusivamente em prescrição. Por fim, há os casos de interrupção da prescrição previstos no art. 174 do CTN (BRASIL, 1966, documento on-line): I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal- a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência (súmula 622, STJ); II – pelo protesto judicial; III – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV – por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reco- nhecimento do débito pelo devedor. A incidência de quaisquer dessas causas de interrupção faz cessar a contagem do prazo. Ao prazo da prescrição, é integralmente devolvido a quem pode ser prejudicado. De modo geral, o prejudicado é o sujeito ativo que deseja receber o crédito. Exclusão do crédito tributário A exclusão do crédito tributário reflete casos definidos no CTN como aptos a impedirem a constituição do crédito e que permitem ao contribuinte não pagar o tributo devido, desde que cumpridas as condições previstas em lei. As causas de exclusão são duas: anistia e isenção. Enquanto na isenção há a dispensa legal do pagamento do tributo, na anistia há a dispensa legal do pagamento das penalidades pecuniárias. Todavia, a exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito for excluído, ou dela consequente. Por exemplo, suponha que o sujeito passivo não entregou a declaração de imposto de renda no prazo determinado, incidindo, portanto, a multa por atraso. A concessão de anistia, nesse caso, implica no não pagamento da multa, mas mantém o dever de fazer a entrega da declaração (ALEXANDRE, 2020). Vejamos, agora, cada um desses institutos. Extinção e exclusão do crédito tributário8 Isenção A isenção é ato legal consistente em dispensar o pagamento do tributo. Nesse caso, há a ocorrência do fato gerador e a respectiva obrigação tributária, mas o lançamento e o consequente crédito tributário são excluídos. A isenção sempre decorre de lei, ainda quando prevista em contrato. Essa lei, segundo o art. 176 do CTN, deve especificar (BRASIL, 1966, documento on-line): I – as condições e os requisitos exigidos para a sua concessão; II – os tributos a que se aplica e; III – sendo caso, o prazo de sua duração. A isenção pode ser restrita à determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. A regra geral é que a isenção não se estenda às taxas e às contribuições de melhoria e aos tribu- tos instituídos posteriormente à sua concessão. Para que isso ocorra, a lei deve conter previsão expressa nesse sentido. Se a isenção for concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei a qualquer tempo. Quando atinge sujeitos passivos, pode ser concedida em caráter geral; quando atinge sujeitos passivos que comprovem determinadas caracterís- ticas previstas em lei, pode ser concedida em caráter individual. Em caráter individual, deverá ser feito um requerimento em que o interessado comprove o preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão. A efetivação da isenção será realizada por meio de despacho da autoridade administrativa. Além disso (BRASIL, 1966, documento on-line): § 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho re- ferido neste artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da isenção. A isenção de caráter individual concedida por despacho administrativo não gera direito adquirido. Anistia A anistia é o perdão legal de determinadas penalidades e abrange, exclusiva- mente, as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede. Aos moldes do art. 180 do CTN, a anistia não se aplica às seguintes situações (BRASIL, 1966, documento on-line): Extinção e exclusão do crédito tributário 9 I – aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele; II – salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas. Em relação ao item II, observe que é possível, mas desde que haja dis- posição em lei expressa. A anistia pode ser integral ou parcial, desde que atinja infrações tributárias cometidas antes da vigência da lei que concedeu o respectivo benefício, nas seguintes hipóteses (BRASIL, 1966, documento on-line): a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo; b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza; c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de con- dições a ela peculiares; d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa. A anistia em caráter individual é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa. No termos do art. 182 do CTN, o interessado deverá, mediante requerimento, comprovar que preenche as condições e os requisitos previstos em lei para sua concessão. Tal como a isenção, o des- pacho administrativo que concede a anistia em caráter individual também não gera direito adquirido. Referências ALEXANDRE, R. Direito tributário. 15. ed. Salvador: JusPODIVM, 2020. AMARO, L. Direito tributário brasileiro. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília, DF: Presidência da República, 1966. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm. Acesso em: 4 maio 2021. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidência da República, 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 4 maio 2021. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmulas do STJ. Brasília, DF: STJ, 2021. Disponível em: https://scon.stj.jus.br/SCON/sumstj. Acesso em: 4 maio 2021. Extinção e exclusão do crédito tributário10 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Extinção e exclusão do crédito tributário 11
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