Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ELETROTÉCNICA E ELETRÔNICA Professor Me. Fábio Augusto Gentilin GRADUAÇÃO Unicesumar Acesse o seu livro também disponível na versão digital. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; GENTILIN, Fábio Augusto. Eletrotécnica e Eletrônica. Fábio Augusto Gentilin. Maringá-Pr.: Unicesumar, 2019. Reimpressão 2020. 290 p. “Graduação - EaD”. 1. Eletrotécnica. 2. Eletrônica. 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1782-3 CDD - 22 ed. 607.12 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo Coordenador de Conteúdo Crislaine Rodrigues Galan Designer Educacional Crislaine Rodrigues Galan Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Robson Yuiti Saito Qualidade Textual Ariane Andrade Fabreti Ilustração Marta Sayuri Kakitani Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian- do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi- ca e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complemen- tando sua formação profissional, desenvolvendo com- petências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe- cimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fó- runs e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra dis- ponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO R Professor Me. Fábio Augusto Gentilin Fábio Augusto Gentilin é Mestre em Engenharia Elétrica (MEEL - UEL, 2012), Especialista em Automação de Processos Industriais (Cesumar, 2008), Engenheiro de Controle e Automação (UniCesumar, 2015), Tecnólogo em Automação Industrial (Cesumar, 2006) e Técnico em Eletrônica (Colégio Graham Bell, 1999). É coordenador dos cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia de Controle e Automação - Mecatrônica e Engenharia Mecânica da UniCesumar - Centro Universitário de Maringá EAD. Coordena os cursos de especialização em Engenharia Mecatrônica e especialização em Sistemas Elétricos de Potência. Foi professor dos cursos de graduação em Engenharia Elétrica, Engenharia de controle e automação e Tecnologia em Automação Industrial, além de ministrar aulas também em cursos de especialização e extensão nas áreas de Eletrônica Embarcada e Informática Industrial. Atuou na indústria eletrônica no segmento de energia em telecomunicações na divisão de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) de 2001 a 2009 e atua como docente do ensino superior desde 2007, além de ter ministrado aulas também em cursos técnicos. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8899424045058024 SEJA BEM-VINDO(A)! Caro(a) acadêmico(a), este livro de Eletrotécnica e Eletrônica foi desenvolvido para aten- der ao estudante de Engenharia de Produção, atendendo aos pré-requisitos de forma- ção e vocação do curso. O enfoque deste livro levou em consideração o perfil de Engenharia de Produção que utiliza os recursos tecnológicos para orientar suas metas e decisões estratégicas, explo- rando ao máximo detalhes que vão estimular o estudante a imersão no mundo da tec- nologia Eletrotécnica e dos recursos oferecidos pela Eletrônica, cada vez mais presente nos processos produtivos. O livro é dividido em 5 unidades, onde os assuntos têm início na Eletrotécnica, passando por assuntos intermediários como Instalações elétricas, Acionamentos Elétricos e a Ele- trônica em suas formas analógica e digital, para finalmente demonstrar suas aplicações em Eletrônica aplicada, que se dá na última unidade. Na unidade I, o estudante terá contato com a Introdução à Eletrotécnica e os Conceitos básicos de eletricidade, além de conhecer os Materiais isolantes, condutores e semicon- dutores e os efeitos da corrente elétrica, produzindo as Grandezas elétricas fundamen- tais. Já na unidade II, os estudos apontam para as Instalações elétricas, suas Normas regula- mentadoras e as definições de Sistemas Elétricos de Potência (SEP), com relação a Ge- ração, Transmissão e distribuição de energia elétrica, além de permear o ambiente de Noções de Luminotécnica. Ao estudar a unidade III deste livro, o aluno de Engenharia de Produção deve aprender os conceitos demáquinas elétricas e seus principais tipos, além de ter contato com uma introdução aos acionamentos elétricos. Este tema remete a uma importante denomina- ção, atualmente, utilizada com frequência e abordada nessa unidade: a eficiência ener- gética. Com os conhecimentos da unidade IV, o aluno terá noções de Eletrônica, em termos de Componentes eletrônicos, seus circuitos, Eletrônica Digital, sinais digitais, assim como os Circuitos digitais combinacionais e sequenciais, além da Eletrônica Analógica, os si- nais analógicos e seus respectivos circuitos. Por fim, na unidade V o estudante terá contato com as aplicações da Eletrônica e sua sinergia, mesclando a Eletrônica Analógica com a Digital e demonstrando aplicações de Eletrônica de Potência, instrumentação, controle, comunicação e instrumentação in- dustrial. Este livro foi escrito com base em tecnologias, atuais apontando para situações onde o Engenheiro de Produção possa contribuir com o aumento da produtividade de um processo, utilizando o melhor dos recursos tecnológicos de eletrônica e eletrotécnica. Bons Estudos! APRESENTAÇÃO ELETROTÉCNICA E ELETRÔNICA SUMÁRIO 09 UNIDADE I ELETROTÉCNICA 15 Introdução 16 Introdução à Eletrotécnica 17 Materiais Isolantes, Condutores e Semicondutores 31 Grandezas Elétricas Fundamentais 61 Considerações Finais 66 Referências 67 Gabarito UNIDADE II INSTALAÇÕES ELÉTRICAS 73 Introdução 74 Instalações Elétricas 88 Sistemas Elétricos de Potência (SEP) 93 Noções de Luminotécnica 103 Considerações Finais 109 Referências 110 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III MÁQUINAS ELÉTRICAS E ACIONAMENTOS 115 Introdução 116 Tipos de Máquinas Elétricas 130 Introdução aos Acionamentos Elétricos 143 Eficiência Energética 150 Considerações Finais 156 Referências 157 Gabarito UNIDADE IV ELETRÔNICA 161 Introdução 162 Introdução à Eletrônica 204 Eletrônica Digital 210 Eletrônica Analógica 222 Considerações Finais 229 Referências 231 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V ELETRÔNICA APLICADA 235 Introdução 236 Eletrônica Aplicada 247 Eletrônica de Potência 254 Instrumentação Industrial 278 Considerações Finais 287 Referências 288 Gabarito 289 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professor Me. Fábio Augusto Gentilin ELETROTÉCNICA Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar os conceitos relacionados à Eletrotécnica e as características elétricas dos materiais, alinhado com as principais grandezas elétricas. ■ Conhecer a natureza dos principais tipos de materiais utilizados na fabricação dos elementos de eletricidade e eletrônica. ■ Entender as principais grandezas elétricas, os fundamentos de corrente, tensão, resistência e potência e calcular parâmetros de consumo de energia elétrica. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Introdução à Eletrotécnica ■ Materiais isolantes, condutores e semicondutores ■ Grandezas elétricas fundamentais INTRODUÇÃO A Eletrotécnica está presente em todas as áreas onde há o consumo de energia elétrica e se refere aos processos envolvidos desde a geração desta grandeza até a entrega e o uso nas instalações do consumidor final. Os profissionais atuantes na área de Eletrotécnica precisam ter qualificação técnica e extremo alinhamento com normas técnicas e de segurança para atuar nos diferentes ambientes onde a eletricidade está presente e representando um perigo invisível. Quando nos referimos à eletricidade, é bastante comum nos lembrarmos de fios e cabos, postes, torres de transmissão e todos aqueles equipamentos que conduzem a eletricidade até os nossos lares e também para as indústrias e demais empresas, além de alimentar a iluminação das cidades e vias. É comum também relacionarmos ao fator consumo, que se refere ao quanto teremos de pagar pelo uso da eletricidade. A relação entre o uso da eletricidade e o investimento realizado na sua manutenção está diretamente relacionada à área de atuação da Eletrotécnica, que será abordada nesta unidade de acordo com a área de atuação do profissio- nal Engenheiro de Produção. Também serão abordados temas relacionados às características elétricas dos dispositivos para fazer menções às análises necessárias ao entendimento dos conceitos fundamentais, além de abordar a área de geração, transmissão e dis- tribuição de energia elétrica, que são os pilares da Eletrotécnica e dos sistemas elétricos de potência (SEP). Para finalizar esta unidade, será abordado também o tema Luminotécnica, que se refere à esfera da iluminação e das suas características sob o ponto de vista operacional e mantenedor, uma vez que o custo relacionado à demanda de energia para a iluminação é de importante relevância. Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 INTRODUÇÃO À ELETROTÉCNICA Nesta unidade, estudaremos um pouco a respeito da Eletrotécnica e de suas principais características sob a ótica de um Engenheiro de Produção, uma vez que, sob o ponto de vista do gestor do fluxo de materiais, a contratação de demanda de energia elé- trica representa um custo significativo e que deve ser utilizado com responsabilidade. Primeiramente, vamos incluir você, estudante, no universo da Eletrotécnica, conceituando alguns pontos estruturais elementares que se fazem necessários para o entendimento do estudo até o final da unidade. CONCEITOS BÁSICOS DE ELETRICIDADE Quando nos referimos à eletricidade, nos deparamos com várias definições que se referem ao movimento de elétrons em materiais condutores ou à presença de características elétricas de um material em específico. Nesta unidade, abor- daremos a eletricidade no âmbito prático, pressupondo o campo de atuação do engenheiro de produção, mas sem deixar de lado os conceitos fundamentais. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 Materiais Isolantes, Condutores e Semicondutores Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 Ao observarmos a natureza, notamos que nos dias mais secos (com baixa umidade relativa do ar) é comum presenciarmos pessoas levando choques elétri- cos ao descer de seus carros ou ao tocar a maçaneta de uma porta. É interessante também notar a atração ou a repulsão que um copo plástico descartável sofre quando aproximamos as mãos dele depois de uma longa caminhada. Estes e muitos outros efeitos naturais estão relacionados à eletricidade e fazem parte do nosso dia a dia (COTRIM, 2003). Basicamente, a Eletrostática e a Eletrodinâmica explicam claramente cada um dos fenômenos citados, o que não é o objetivo deste livro, mas que precisam ser citados para o entendimento dos conceitos futuros. MATERIAIS ISOLANTES, CONDUTORES E SEMICONDUTORES A maioria (senão todos) os materiais na natureza manifestam características elé- tricas de acordo com a natureza de sua composição. Sabemos que cada material é composto de moléculas e que cada molécula, por sua vez, é formada pela ligação entre áto- mos com as suas próprias características eletrônicas, por exemplo, o número de elétrons na sua camada de valência (órbita ou camada mais distante do núcleo). Esta característica define a capacidade de condução de corrente elétrica que um determinado material possui. A Figura 1 apresenta uma representação genérica de um átomo de Berílio (Be). Veja que a última órbita mais distante do centro (núcleo do átomo) é a camada de valência (LOURENÇO; CRUZ; JÚNIOR,1996). Figura 1 - Átomo de Berílio (Be). Apenas um elétron da camada de valência: condutor. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 Antes de entrarmos no assunto dos materiais, façamosuma analogia que nos permita entender melhor a função de cada estrutura. Por exemplo, quando falamos de corrente elétrica, nos referimos ao movimento dos elétrons livres em um condutor, “pulando” de átomo em átomo vizinho, de modo a configurar um movimento orientado pela polaridade do gerador ou fonte. Imagine se o condutor elétrico fosse um tubo, e dentro desse tubo introdu- zíssemos bolas de gude de modo a preencher todo o seu volume interno. Este seria nosso condutor elétrico em repouso. Se em uma das extremidades desse tubo, conseguíssemos inserir uma bola de gude a mais, o resultado seria que, neste momento, a bola de gude da outra extremidade seria empurrada pelas demais e sairia do tubo, pois cada uma das bolas intermediárias empurram umas às outras, de modo a promover esta transferência de energia mecânica. Caso pudéssemos introduzir bolas de gude ininterruptamente na entrada do tubo, teríamos, da mesma maneira, bolas na mesma proporção saindo do outro lado do tubo, conforme mostrado na Figura 2. Tubo com bolas de gude em repouso Tubo com bolas de gude em movimento Uma bola empurra a outra Força de entrada Movimento resultante Figura 2 - Corrente elétrica: analogia com um tubo e bolas de gude Fonte: o autor. Isto seria uma movimentação de bolas de gude dentro de um tubo e, portanto, uma “corrente de bolas de gude”. Na eletricidade, as bolas de gude podem ser relacionadas com os elétrons e, nesta analogia simples, o condutor seria o tubo, e a força que insere as bolas de um lado do tubo seria como a diferença de poten- cial entre os polos da pilha. Na Figura 3, observamos um circuito elétrico composto de uma fonte de ener- gia elétrica (pilha), condutores de cobre, um interruptor e uma lâmpada. A pilha é o agente propulsor da corrente elétrica, esta que só pode ocorrer se um caminho fechado existir. Este caminho fechado é o que denominamos de “circuito elétrico”. Materiais Isolantes, Condutores e Semicondutores Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 Pilha Fio Lâmpada Chave Figura 3 - Circuito elétrico simples. Quando a pilha está carregada, afirmamos que há uma diferença de potencial elétrico entre os polos positivo e negativo da pilha. Isto significa que há mais elétrons em um extremo da pilha (polo negativo) do que no outro (polo posi- tivo), então há uma constante insistência desses elétrons presentes no polo negativo em se recombinar com o polo positivo, pois na natureza há uma cons- tante necessidade de equilíbrio, que atua no sentido de manter para cada carga positiva, uma negativa. Quando há um caminho para que esses elétrons possam sair do polo negativo e chegar até o polo positivo, então há um circuito fechado, ou circuito elétrico, assim como em uma corrida de carros, os quais percorrem uma pista fechada. Da mesma forma, os elétrons se locomovem no condutor de cobre. Uma vez estabelecido o circuito, os elétrons iniciam um movimento por meio desse caminho impulsionados pela diferença de potencial da pilha, força esta que é tão intensa quanto maior for a diferença de concentração de elétrons entre o polo positivo e o polo negativo. A Figura 4, a seguir, mostra uma representação de um condutor elétrico sendo percorrido pela corrente elétrica. Note que os elétrons “livres” são aqueles que se deslocam de átomo a átomo no condutor. Para que esses elétrons pos- sam ser livres, ou seja, para que possam se “libertar” de seus átomos originais e “saltar” para o próximo átomo, é necessário que seja introduzida energia que, neste caso, se dá por conta da diferença de potencial entre os polos positivo e negativo da pilha. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 Elétrons livres Átomos dos elementos metálicos Prótons Nêutrons Figura 4 - Fluxo de corrente elétrica em um condutor metálico. Perceba que, quando todas as cargas positivas do polo positivo receberem uma carga negativa, podemos dizer que o sistema está em equilíbrio e, neste caso, a pilha está descarregada. Para facilitar o entendimento do estudo da corrente elétrica, imagine que o átomo, provido basicamente de elétrons, prótons e nêutrons, possui elétrons mais fortemente unidos ao núcleo. Esses elétrons apresentam maior dificuldade em se libertar do núcleo do átomo e, por sua vez, ocupam órbitas mais próximas do núcleo, já os elétrons mais distantes do núcleo estão fracamente ligados ao núcleo, assim, se aplicarmos energia nesse átomo, por exemplo, energia potencial elétrica, esses elétrons posicionados na camada de valência podem ser estimulados a se des- prender da órbita de seu átomo original e migrar para a órbita do átomo vizinho (como as esferas do tubo que assumem a posição das outras, quando empurradas). No momento em que os elétrons de um átomo entram em movimento de átomo em átomo, temos o que conhecemos como corrente de elétrons, ou “cor- rente elétrica”. É importante salientar que um átomo com um elétron em sua camada de valência apresenta maior facilidade em fornecê-lo para o processo descrito do que um átomo que tem mais de um elétron em sua última órbita. A facilidade com que os elétrons se movimentam em um dado condu- tor depende das características de cada material que o compõe. Este é um dos aspectos que classifica um material como condutor, semicondutor ou isolante. Materiais Isolantes, Condutores e Semicondutores Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 MATERIAIS CONDUTORES Normalmente, consideramos um material como condutor quando ele apresenta, em sua camada de valência, um elétron (por exemplo, o cobre). A Figura 5 mos- tra a configuração de um átomo de cobre, onde fica visível o único elétron em sua camada de valência. Embora haja cobre em abun- dância na natureza, este material, quando processado na forma de condutores elétricos, é de valor ele- vado e, muitas vezes, é misturado a outros tipos de materiais para conferir a resistência mecânica necessária, assim, dificilmente, encontraremos condutores comer- ciais compostos de cobre puro. Outros materiais que possuem a mesma característica do cobre em conduzir corrente elétrica são, Massa atômica: 63.546 Con�guração eletrônica: 2, 8, 18, 1 Cobre Figura 5 - Átomo de Cobre (Cu): um elétron na camada de valência. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 por exemplo, o ouro e a prata, porém, estes materiais são de valor extremamente elevado, o que não justificaria o uso em condutores elétricos de uso comum, sendo ambos utilizados na fabricação de componentes eletrônicos específicos e em aplicações, onde outras características exigem que os materiais em questão sejam utilizados. A Figura 6 mostra a configuração eletrônica do ouro e da prata. Ouro Prata Massa atômica: 196.96 Con�guração eletrônica: 2, 8, 18, 32, 18, 1 Massa atômica: 107.86 Con�guração eletrônica: 2, 8, 18, 18, 1 Figura 6 - Configuração eletrônica do ouro e da prata: (a) ouro e (b) prata. Um elétron na camada de valência. MATERIAIS SEMICONDUTORES Materiais Isolantes, Condutores e Semicondutores Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 Materiais classificados como semicondutores simples apresentam, em sua com- posição, átomos de um mesmo material com quatro elétrons em sua camada de valência (tetravalentes), como é o caso do silício (Si) e do germânio (Ge). Silício Germânio Massa atômica: 28.085 Con�guração eletrônica: 2, 8, 4 Massa atômica: 72.63 Con�guração eletrônica: 2, 8, 18, 4 Figura 7 - Átomos de semicondutores: (a) silício e (b) germânio. Quatro elétrons na camada de valência. O Silícioé encontrado em abundância na crosta terrestre e o seu processamento produz inúmeras aplicações como matéria-prima para a fabricação de diversas áreas, desde pequenos componentes eletrônicos até painéis fotovoltaicos, utili- zados para a conversão de energia solar em energia elétrica. Quando um material é composto puramente de átomos de Silício (por exem- plo), temos a representação dada na Figura 8. Note que para cada elétron de um átomo, há outro correspondente no átomo adjacente, assim, não há predo- minância negativa ou positiva, pois, neste caso, temos uma pastilha composta puramente por um único tipo de átomo. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 Átomo de Silício e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si Figura 8 - Ligação covalente de átomos de semicondutor (Si) Fonte: o autor. FORMAÇÃO DE SEMICONDUTORES TIPO P E TIPO N Há derivações dos semicondutores que são necessárias para a fabricação de com- ponentes eletrônicos que, por sua vez, dependem da mistura de átomos de outros materiais com mais ou com menos elétrons em suas camadas de valência, junto de uma estrutura-base constituída de átomos semicondutores. Este processo é denominado dopagem e tem como objetivo atribuir ao material características elétricas predominantemente positivas (P) ou negativas (N). Na fabricação de componentes eletrônicos como diodos, transistores e Materiais Isolantes, Condutores e Semicondutores Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 circuitos integrados, é necessário produzir semicondutores do tipo P e do tipo N (Figura 9). Nos materiais do tipo P há maior concentração de portadores posi- tivos denominados de “lacunas”, e nos materiais semicondutores do tipo N há a predominância de portadores de cargas negativas, que são os elétrons. O processo de dopagem do semicondutor silício, para se obter um material do tipo P, consiste em adicionar pequenas quantidades de átomos trivalentes, ou seja, com três elétrons em sua camada de valência, como é caso do alumínio, do gálio, do índio e do boro. Neste caso, a pastilha de material do tipo P terá muitos átomos tetravalentes de silício e alguns átomos trivalentes de boro, por exemplo, e com isto, haverá sempre a falta de um elétron (o átomo de boro tem apenas três em sua camada de valência) para se recombinar com o elétron do átomo de silício e, com isto, há o surgimento de uma estrutura denominada de “lacuna”. As lacunas são classificadas como os portadores positivos do semicondu- tor. Quando há predominância de lacunas em uma porção de material semicondutor, afirmamos que este material possui portadores majori- tários do tipo P (Figura 10). Figura 9 - Semicondutores integrados: funções computacionais embarcadas. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 Átomo de Silício (tetravalente) Átomo de Boro (trivalente) e e ee Si e ee B e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e eB e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si Lacuna Figura 10 - Formação do semicondutor do tipo P: dopagem com elemento trivalente Fonte: o autor. Quando se deseja produzir materiais semicondutores com portadores majo- ritários do tipo N (mais eletronegativos), utiliza-se o processo de dopagem do semicondutor com elementos pentavalentes, assim, haverá mais elétrons sem recombinação no material. Alguns exemplos de materiais pentavalentes utili- zados na dopagem de semicondutores são: o antimônio, o arsênio e o fósforo, conforme Figura 11. Perceba que, neste caso, o átomo de arsênio apresenta cinco elétrons, por- tanto, pentavalente. Quando este átomo é combinado com átomos de silício, há “sobra” de elétrons, pois o silício só pode se recombinar com quatro elétrons (tetravalente), então, o material composto da dopagem de semicondutor puro (Si ou Ge) com elemento pentavalente (As) produz portadores majoritários negativos, e esta porção de material é denominada de semicondutor do tipo N. Materiais Isolantes, Condutores e Semicondutores Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 Átomo de Silício (tetravalente) Átomo de Arsênio (pentavalente) e e ee Si e ee e e As e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e e ee As e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si e e ee Si elétron “sobrando” Figura 11 - Formação do semicondutor do tipo N: dopagem com elemento pentavalente Fonte: o autor. Praticamente todos os dispositivos eletrônicos utilizam semicondutores que são responsáveis pelas telecomunicações modernas, tendo larga utilização na fabrica- ção de componentes eletrônicos e optoeletrônicos utilizados em computadores, aparelhos de TV, smartphones etc. O LED (light-emitting diode), ou Diodo Emissor de Luz é um tipo de semi- condutor que emite luz quando percorrido pela corrente elétrica. A sua cor é determinada pela sua dopagem, ou seja, pela mistura de átomos de dife- rentes naturezas configurações eletrônicas ao semicondutor para produzir o efeito luminoso desejado. A emissão de luz se dá no momento em que ocorre a corrente elétrica, por meio da junção semicondutora e o elétron salta de um nível de energia mais alto para um nível de energia mais baixo, emitindo luz neste processo, diferentemente dos diodos comuns, em que essa energia é dissipada na forma de calor. Fonte: o autor. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 MATERIAIS ISOLANTES É comum remeter a materiais como a borra- cha, o plástico e o vidro quando nos referimos a materiais isolantes, pois estes materiais, normal- mente, são utilizados quando o efeito de isolação é desejado. Mas, afinal, isolação em relação a quê? Quando nos referimos a materiais isolantes, é preciso lembrar que o termo isolante pode- ria se referir, por exemplo, à isolação acústica ou à isolação térmica, mas não é este o contexto desta unidade, pois este tópico se refere à isola- ção elétrica. Se é isolação elétrica, devemos isolar o que se refere ao elétron em movimento, ok? Nesta linha de pensamento, devemos nos recordar do que foi apresentado nos assuntos anteriores com uma breve ideia do que seria a corrente elétrica, que é a movimentação dos elétrons em um meio condutor. Esses elétrons que se movem devem estar em algum lugar para que possam sair se deslocando. Nós vimos que eles fazem parte de um determinado átomo e, normalmente, são elétrons livres, pois são fracamente presos ao núcleo e ficam posicionados na camada de valência. O que ocorre é que, na maioria dos materiais isolantes, o número de elétrons presentes na camada de valência é de oito elétrons ou mais e, com isto, dificilmente seria possível fazer com que estes portadores de cargas negativas entrassem em movi- mento, ou seja, promover a corrente elétrica em um material composto de átomos com oito elétrons na camada de valência seria praticamente inviável, mas há limites! Como devemos imaginar, na natureza, não encontramos todos os materiais compostos apenas por um único tipo de elemento, ou seja, há combinações de impurezas com elementos-base em maior quantidade e outros que conferem atri- butos desejados, como resistência à tração, pressão, temperatura etc. Impureza é toda a substância diferente do material mais predominante na amostra, exemplo: boroé a impureza adicionada ao silício para promover a dopagem e a formação do material semicondutor do tipo P . Materiais Isolantes, Condutores e Semicondutores Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 Contemplando essas características, observamos que alguns materiais possuem a capacidade de isolar eletricamente superfícies dentro de limites significativos, mas até quanto posso considerar segura essa isolação? Vamos entender os limites. Considere o circuito da Figura 12. A fonte de tensão V é a responsável por “impulsionar” os elétrons a passarem pelo caminho sinuoso do resistor R , logo a cor- rente elétrica I depende da intensidade de força aplicada para ser maior ou menor. I V R Figura 12 - Primeira lei de Ohm: corrente elétrica Fonte: o autor. A equação que define o funcionamento desse circuito é descrita pela primeira lei de Ohm: I V R A= = [ ] Equação 1: Primeira Lei de Ohm. Mais adiante, abordaremos com detalhes cada elemento relacionado à corrente elétrica. Neste momento, observe apenas a relação entre as grandezas: A intensidade de corrente I (medida em Ampère) é diretamente propor- cional à tensão V (medida em Volt). Isto significa que quanto maior a tensão V maior a corrente I . Em termos de elétrons, significa mais elétrons passando pelo condutor por intervalo de tempo. Mas o que isto tem a ver com os mate- riais isolantes? Sim! Os isolantes! Estes materiais têm a ver com o denominador dessa Equação 1, a parte chamada de resistência R (medida em Ohm - símbolo Ω). É este o ponto. Imagine que o valor do resistor R da Equação 1 seja de 1.000.000 W . Se a tensão V for de 12 V , qual será o valor da corrente I no circuito? Utilizando ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 a Equação 1 e substituindo os valores, fica: I V R A A= = = −12 1 000 000 1 2 10 125 . . , . ou µ Se alterarmos o valor de R , diminuindo-o pela metade (para 500 000. W ), automaticamente o valor da corrente dobraria, logo conclui-se que a corrente é inversamente proporcional à resistência, e quanto maior o valor da resistên- cia, menor a corrente. Os materiais isolantes são aqueles que apresentam valor de resistência elevada, logo, a corrente que pode circular por meio deles é muito baixa ou insignificante. Então, todo material ou meio que apresente oposição à circulação de corrente pode assumir características isolantes? Na verdade, não, mas os materiais iso- lantes aplicados a pequenas diferenças de potencial (Volts) não permitem fluxos de correntes, ou são tão pequenas que chegam a ser desprezíveis. Normalmente, para isolar a corrente elétrica, utiliza-se materiais como o plás- tico, a borracha, a cerâmica, o fenolite, a fibra de vidro, o vidro, entre outros, mas lembre-se: a capacidade de isolar a diferença de potencial que um dado mate- rial ou meio possui está relacionada a mais do que o próprio material. Tem a ver com as condições climáticas (umidade relativa do ar), distância entre os elemen- tos, frequência dos sinais etc. Há, no Brasil, normas que regulamentam as atividades profissionais e que, nor- malmente, fazem referência à ABNT e, para o caso em questão, no que tange às instalações elétricas, temos a norma ABNT NBR 5410, que se refere a insta- lações elétricas de baixa tensão. Na NBR 5410, estão definidas as regras para instalações elétricas e aterramen- to, uso de materiais isolantes, cuidados com a proteção e demais regras a se- rem seguidas pelo profissional que atua em eletricidade na área de instalações elétricas. Já a norma que se refere à segurança em serviços com eletricidade é a norma NR-10, que trata de procedimentos de segurança individuais e co- letivas. Fonte: o autor. Figura 13 - Condutores elétricos isolados: a capa plástica isola os materiais condutores de potenciais. Materiais Isolantes, Condutores e Semicondutores Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 Para uma última análise sobre este assunto, podemos nos referir aos materiais isolantes quando olhamos para uma placa de circuito impresso de um equipa- mento eletrônico, cujos componentes estão isolados pelo material da placa que, normalmente, é de fibra de vidro, fenolite ou cerâmica, para um poste onde os condutores estão afastados por espaçadores ou isoladores, ou ainda, agru- pados, mas com capas de plástico capazes de isolar milhares de Volts (Figura 13). Em nossas casas, é comum observarmos as tomadas e os plugues que interli- gam os eletrodomésticos à rede elétrica, todos revestidos de plástico, mas, por dentro, possuem terminais com potenciais elétricos de elevado valor e, portanto, devem ser protegidos do contato direto ou acidental. A Figura 14 mostra um exemplo comum do uso de tomadas elétricas em uma régua. Este caso é bastante crítico e oculta um perigo silencioso que pode originar incêndios e catástrofes, dependendo da situação. O corpo humano não é um organismo elétrico e, no entanto, todas as suas células recebem estímulos elétricos por meio de membranas. Este potencial elétrico é produzido por um gra- diente eletroquímico que, por meio do sistema nervoso central, atua nos tecidos dos músculos e resulta nos movimentos. O que ocorre é que o poten- cial elétrico enviado aos tecidos para promover um movimento é muito pequeno, da ordem de Figura 14 - Régua de tomadas: sobrecarga silenciosa. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 milivolts 1 0 001 10 3 mV V ou, V . Quando recebemos um choque elétrico, o potencial normalmente é da ordem de Volts (ou de centena de Volts), e o impacto que nosso organismo recebe é semelhante ao de realizar um esforço descomu- nal (COTRIM, 2003). O impacto desta exposição a um potencial muito elevado resulta em contrações musculares de mesma proporção, ou seja, de milhares de vezes a intensidade normalmente recebida pelo organismo. Embora um homem adulto tenha 65% de seu corpo constituído por água, temos outros tecidos e demais elementos que constituem ossos e órgãos e que juntos apresentam dada resistência à circulação dos elétrons da ordem de 500 a 500 000. W , dependendo da parte do corpo e de cada indivíduo. Desta forma, podemos estimar o valor da corrente elétrica que um choque elétrico pode pro- mover por meio dos tecidos do corpo humano (COTRIM, 2003). GRANDEZAS ELÉTRICAS FUNDAMENTAIS Na natureza, há diversas variáveis que foram nomeadas para que possamos interagir e estudar os fenômenos que nos cercam. Estes nomes, muitas vezes, remetem ao sobrenome do pesquisador que descobriu o efeito, como a grandeza temperatura que, na maioria dos países, é medida em Celsius em homenagem ao astrônomo sueco Anders Celsius (1701-1744), ou a grandeza potência que é medida em Watts em homenagem às descobertas realizadas por James Watt (1736-1819). Além destes exemplos, há muitos casos onde grandezas importantes e fre- quentes em nosso meio se manifestam e recebem denominações relacionadas aos seus respectivos pesquisadores. Nesta seção, serão abordadas as principais grandezas elétricas mais utiliza- das e as suas características. Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 TENSÃO, CORRENTE E RESISTÊNCIA ELÉTRICA As três primeiras grandezas estudadas na maioria dos cursos que envolvem a eletricidade, definitivamente, são essas: a resistência, a tensão e a corrente. Para explicar cada uma delas, devemos retornar o nosso olhar para as seções ante- riores, onde falamos a respeito da Primeira Lei de Ohm (Figura 12 e Equação 1) (SADIKU; ALEXANDER, 2013). Tensãoelétrica A tensão elétrica é a força que impulsiona os elétrons, é o agente motivador, que faz com que os elétrons entrem em movimento. É comum associar a tensão elé- trica com a força eletromotriz, que é um tipo de tensão proveniente da conversão eletromecânica de energia (LOURENÇO; CRUZ; JÚNIOR,1996). Normalmente, já temos o contato com a tensão elétrica logo cedo, quando ainda somos crianças e ganhamos um brinquedo eletrônico que precisa de pilhas para funcionar. Se você pegar a sua pilha e olhar nas inscrições laterais, deverá ver algo em torno de 1 5, V . Este é o valor da tensão da pilha. É o valor da capa- cidade que a pilha tem em “empurrar” os elétrons por meio dos condutores em um circuito fechado. Quanto maior a tensão, maior a corrente elétrica. As pilhas e as baterias são classificadas como acumuladores ou fontes de tensão. Há diferentes tipos de acumuladores, sendo recarregáveis ou não, e possuem dife- rentes tensões disponíveis, como: 1 2 1 5 3 6 9 12 24, ; , ; ; ; ; ; V V V V V V V etc. (Figura 15). ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 Os acumuladores recarregáveis podem ter valo- res diferenciados, de acordo com o seu projeto, por exemplo, 4 7, V , encontrado em baterias de apare- lhos celulares ou em células de baterias de laptops. A tensão elétrica é medida em Volt ( V ) e representada pela letra u , fazendo menção ao físico italiano Alessandro Volta (1745-1827), desenvolvedor da pilha elétrica em 1799. A tensão é aquela grandeza que se relaciona com a dife- rença de potencial (também dada em Volt), que se refere à comparação entre dois pontos com cargas. Quando há diferença de concentração de cargas, então podemos dizer que a diferença de potencial (d.d.p.) é diferente de zero, e podemos, com isso, promover o fenômeno da corrente elétrica. O instrumento utilizado para medir a tensão elétrica é o voltímetro (Figura 16) e normalmente se encontra nos formatos digital e analógico. (a) (b) Figura 16 - Voltímetros (a) analógico e (b) digital (uma das funções do multímetro). A medição de tensão pode ocorrer a partir de uma bateria, pilha ou fonte de alimentação, que são exemplos de fontes de tensão. A Figura 17 mostra um exemplo de medição de tensão elé- trica em uma fonte de alimentação de bancada: Figura 15 - Diferentes modelos de acumuladores: pilhas e baterias. Figura 17 - Medição de tensão elétrica em fonte de alimentação ajustável Fonte: o autor. Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 A Figura 17 apresenta, à esquerda, a fonte de alimentação de bancada, que pode ser ajustada para fornecer valores de tensão possíveis entre os limites de 0 a 30 V e, à direita, o multímetro digital, instrumento multimedidas, com a escala de tensão selecionada. Na Figura 18, o diagrama elétrico representa os instrumentos conforme a Figura 17 (fonte de tensão e voltímetro). vFonte de tensão + - Voltímetro Figura 18 - Diagrama elétrico de medição de tensão: fonte de tensão e voltímetro Fonte: o autor. A tensão pode ser contínua (Vcc) ou alternada (Vca). Vcc e Vca significam tensão em corrente contínua e tensão em corrente alternada, respectivamente, devido ao seu comportamento no domínio do tempo. A tensão contínua é aquela que encontramos nos terminais de uma pilha ou de uma bateria e tem polaridade constante no tempo, ou seja, uma vez que tenhamos uma diferença de potencial, esta será entre dois terminais fixos positivo (+) e negativo (-). A Figura 19 mostra uma bateria e o exemplo dos polos positivo e negativo distintos (LOURENÇO; CRUZ; JÚNIOR,1996). Para realizar a medição da tensão elétrica, utiliza-se o voltímetro associado em paralelo com a fonte de tensão, posicionando os terminais do instrumento com a polaridade de acordo com a do instrumento (positivo do voltímetro no polo positivo da bateria, ou gerador e negativo do voltímetro no polo ne- gativo da bateria ou no gerador). A polaridade invertida pode ser visualizada com o sinal de negativo (-) na tela do voltímetro digital, mas pode representar a colisão da agulha do voltímetro analógico, causando avarias. Logo, se faz importante identificar a polaridade antes de utilizar instrumentos analógicos. Fonte: o autor. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 (a) bateria (b) pilha Figura 19 – Bateria (a) e pilha (b): identificação dos polos positivo e negativo. O sinal de tensão sempre corresponde a uma referência que chamamos de poten- cial zero ou “negativo”, assim, a diferença de potencial ocorre entre o terminal negativo até o terminal positivo. Se o valor da tensão for de 1 3, V , significa que há potencial de 1 3, V entre o terminal negativo e o terminal positivo. A tensão contínua Vcc� � é contínua no domínio do tempo. No entanto, esta denominação permite haver a variação do valor da tensão dentro dos limites fixados entre os terminais positivo e negativo. Vejamos o exemplo dado na Figura 20. No tempo t1, a tensão era de 12 7, Vcc, e no tempo t2, a tensão passou a ser 11 8, Vcc. Perceba que mesmo o valor da ten- são sofrendo variação, a tensão permanece contínua, pois se refere a uma variação com referência ao terminal negativo (zero) e que permaneceu dentro do quadrante, sem alternância para nível inferior à referência. A tecnologia desenvolvida até o nosso tempo aprendeu a armazenar ener- gia de diversas maneiras, seja na contenção de águas para acionar turbinas em um a hidrelétrica ou na compressão de molas para realizar esforço e, além disso, há a possibilidade de armazenar energia elétrica (em corrente contínua) por meio do uso de baterias, que recebem este nome pelo fato de poderem ser recarregadas. Fonte: o autor. Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 U (V) 12,7 11,8 0 t1 t2 t(min) Voltímetro Polo negativo Polo positivo BATERIA Figura 20 - Tensão de descarga da bateria: valor contínuo variável Fonte: o autor. Caso a tensão tenha um comportamento variável de um valor máximo positivo até um valor máximo negativo, passando pela referência zero, podemos classi- ficar esse sinal de tensão como de tensão alternada, assim denominado Vca. Normalmente, a tensão alternada tem este comportamento devido à forma com que foi produzida: em uma máquina rotativa conhecida como alternador. Figura 21 - Alternador utilizado em geradores de energia elétrica: tensão alternada. Essa máquina faz parte do que conhecemos como gerador que, acionado por uma força externa (queda d’água de uma represa em uma hidrelétrica, motor a combustão interna de um gerador estacionário etc.), produz a tensão alternada de acordo com a velocidade de rotação do eixo e o seu movimento circular. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 Se nos recordarmos da trigonometria, podemos pensar em termos de fun- ções e, assim, explicar melhor o que ocorre. Veja na Figura 22, que a partir de 0° para a direita da interseção dos eixos x e y, podemos ver o avanço do sinal, aumentando seu valor de 0 até 1 em y, atingindo o ponto p 2 90� � . Depois deste momento, o sinal diminui de 1 até zero em y no ponto onde o eixo x é igual a p � �180 . y=seno(x) Figura 22 - Função seno: comportamento que descreve a tensão alternada. Note que, deste ponto em diante, o sinal inicia uma jornada que se dá abaixo do eixo" "x , produzindo valores negativos de " "y . Quando isto ocorre, dizemos que o sinal tende a −1 e atinge esse valor em 3 2 270p � � . Logo após esse ponto, o sinal retorna ao ponto zero em 2 360 0p � � � � , fina-lizando o seu ciclo de trabalho ou operação, definindo o seu período. Deste momento em diante, o sinal começa um novo ciclo idêntico ao anterior. Este processo ocorre igualzinho no gerador de tensão alternada. Cada giro com- pleto do eixo da turbina ou da máquina síncrona é um período completo, de 0 a 360° e, por convenção, deve ter esse comportamento cíclico 60 vezes por segundo, caracterizando, assim, a frequência de 60 Hz da rede elétrica que temos no Brasil. Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 Para entender um pouco da geração de tensão alternada, convenhamos que quando o eixo de um alternador está em repouso, este está no referencial zero. Quando o seu eixo inicia o seu movimento, os seus terminais iniciam a conversão de ener- gia mecânica aplicada no eixo em energia elétrica, comportando-se de acordo com a função seno já recapitulada anteriormente (KAGAN; OLIVEIRA; BORBA, 2005). Figura 23 - Gerador de uma fase: sinal alternado de tensão (Vca) (ID:148942673) Agora, o estudante pode entender de maneira mais clara como ocorre a forma- ção do sinal de tensão alternada. Converta apenas as coordenadas dadas entre as Figura 22 e Figura 23, entendendo que onde chamamos de “ y ” na Figura 22, é amplitude de tensão na Figura 23, e o que é “ x ” na Figura 22, é ângulo em graus na Figura 23. Você já pensou sobre armazenar energia elétrica em corrente alternada? Como seria o equipamento capaz de armazenar tensão elétrica alternada? Quais seriam as vantagens em se investir em um projeto que faça isto? ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E40 Veja, na Figura 23, que em 0° , a amplitude de tensão é igual a zero. Na medida em que o eixo inicia o seu movimento (semiciclo positivo) variando de 0° até 90° , a amplitude aumenta até o seu valor máximo, que poderia ser 127 V , 220 V , dependendo da capacidade do alternador. Quando o movimento ultra- passa os 90° , a amplitude diminui até novamente encontrar o ponto “ 0 ”, onde o ângulo é de 180° . Deste ponto em diante, tem início o semiciclo negativo e a alternância de positivo para o negativo (por este motivo é que se denomina alternada a amplitude de tensão). Partindo dos 180° para os 270° , o sinal alternado de tensão diminui até atingir o seu valor extremo negativo, que seria −127 V , −220 V , dependendo do gerador, pois a polaridade do sinal (-) indica que o valor da tensão é negativo em relação à referência zero. Após este ponto, o sinal aumenta novamente e chega até os 360° com zero de amplitude ( 0 V ). É neste momento que se inicia um novo período. O sistema de geração mostrado representa a geração monofásica de tensão alternada. A Figura 24 mostra como são os sinais provenientes de um gerador trifásico, onde cada fase produz tensão com frequência de 60 Hz , mas com defasagem de 120° entre si. Figura 24 - Alternador de um gerador trifásico: fases defasadas em 120° (ID: 512760046) Este tipo de gerador (trifásico) é útil em instalações industriais onde há máqui- nas acionadas mecanicamente por motores elétricos. Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 Corrente elétrica A corrente elétrica é a grandeza que só existe se houver um caminho fechado para sua circulação, conforme a Figura 25. Este conceito geralmente é aplicado a circui- tos elétricos com condutores metálicos, mas também sabemos que há circula- ção de corrente elétrica por outros meios, como gases, líquidos e materiais sólidos não metálicos, dependendo da tensão e da frequência aplicadas. A Figura 26 mostra um instrumento conhecido como amperímetro, utilizado para medir a intensidade de corrente elé- trica em um circuito. A Figura 27 apresenta um exemplo de medição de corrente, onde a fonte de tensão impulsiona os elétrons a circula- rem pelo circuito e pela carga alimentada (resistor). Na Figura 28 é exibido o diagrama elétrico da medição de corrente elétrica. Observe que o amperímetro deve ser asso- ciado em série com a carga alimentada. Caso a ligação do instrumento não seja em série, pode haver avarias no amperímetro e, por este motivo, alguns instrumentos modernos (multímetros) são protegidos internamente por fusíveis. Figura 26 – Amperímetro: instrumento utilizado para medir corrente elétrica I V R Figura 25 - Corrente elétrica: dependência de um caminho fechado para fluir Fonte: o autor. Figura 27 - Medição de corrente elétrica: circuito em corrente contínua Fonte: o autor. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E42 I i Fonte de tensão Amperímetro Carga alimentada Figura 28 - Diagrama elétrico da medição de corrente: amperímetro associado em série com a carga Fonte: o autor. A corrente elétrica é medida em Ampère (A) em homenagem ao físico francês André-Marie Ampère (1775-1836) e representada pela letra i. Esta grandeza é a consequência de uma cadeia de eventos anteriores. Costuma-se dizer que a ten- são é a causa, e a corrente é a consequência, pois se não há força (diferença de potencial) para impulsionar os elétrons de um condutor a saírem de seus áto- mos e saltarem em direção ao próximo adjacente, então, não haverá corrente (BALBINOT; BRUSAMARELLO, 2011). Veja a representação na Figura 29. Figura 29 - Corrente de descarga de uma bateria: diminui a sua amplitude na mesma proporção que a tensão Fonte: o autor. Perceba que à medida que a bateria descarrega por meio da resistência R, o valor da corrente em t1 diminui de 250 mA para 200 mA em t2 . Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 A corrente elétrica é definida como a variação de cargas elétricas Q em um inter- valo de tempo t, assim, a corrente elétrica pode ser equacionada como a Equação 2: i Q t A= =D D [ ] Equação 2: corrente elétrica. Normalmente, relacionamos a corrente elétrica a variáveis que podemos mensu- rar mais facilmente, como a tensão e a resistência, logo, nos referimos à corrente elétrica como a Primeira Lei de Ohm, onde a corrente é diretamente proporcio- nal à tensão e inversamente proporcional à resistência. Da mesma forma que a tensão, a corrente, consequentemente, pode assumir características contínuas e alternadas, ou seja, se a sua amplitude no tempo varia de sua referência até um valor máximo, sem alternar de quadrante (ou inver- ter o seu sinal), podemos afirmar que se trata de corrente contínua ou “ CC ”, normalmente, encontrada em pilhas, baterias, saída de fontes de alimentação de computadores ou carregadores de celular. Já lhe ocorreu que, em dias secos, após uma caminhada ao ar livre, quando você se aproximou de alguém ou de um objeto e estendeu a sua mão, antes mesmo de tocá-lo, houve um choque elétrico? Uma faísca? Este fenômeno só ocorre quando há diferença de potencial entre os corpos que se aproximam até uma distância suficiente para, desta forma, a isolação do ar não ser o bas- tante para impedir que os elétrons do corpo mais eletronegativo migrem ao outro corpo, a fim de se recombinar com as outras cargas de potencial posi- tivo. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E44 Se o sinal de corrente, porém, alternar entre os quadrantes (havendo alteração de polaridade), esta é denominada corrente alternada, ou “CA ”, normalmente, encontrada na rede elétrica disponibilizada pela concessionária local ou por geradores estacionários. O que o estudante deve sempre se lembrar em relação à corrente elétricaé que ela é a consequência de um conjunto de fatores, ou seja, da existência de uma diferença de potencial e de um circuito fechado que interliga a fonte de diferença de potencial até uma carga que, em nossas representações, foram ado- tadas como resistores. Quando existe corrente elétrica circulando por um circuito, há diversos efei- tos que passam a surgir em função do movimento dos elétrons, como o efeito Joule, que se manifesta, dissipando energia em forma de calor, ou o próprio campo magnético que surge em torno do condutor percorrido pela corrente, que depende diretamente de sua amplitude. A corrente alternada tem uma característica oscilatória que depende do com- portamento da fonte de tensão geradora, ou seja, sabemos que para haver corrente, é necessário que haja tensão, logo, se a tensão for contínua, na maioria dos casos, a corrente terá comportamento contínuo, porém, se a fonte de tensão for alter- nada, a corrente terá as mesmas características, pois a corrente é função da tensão. A Figura 30 mostra um exemplo de sistema trifásico (três fases com corrente alternada). Perceba que quando a corrente de qualquer uma das fases está com a sua amplitude máxima, 120° depois, outra fase também está com o seu máximo potencial. Na mesma Figura, observe como exemplo quando a fase “ B ” está em 90° , a sua amplitude é máxima, e quando o ângulo é igual a 210° , a fase “ A ” é a que apresenta o seu potencial máximo. O comportamento senoidal é dado em fun- ção da tensão alternada, que ocorre na mesma forma e no mesmo ângulo. Este efeito se repete com a fase “C ” e continuará assim enquanto fluir corrente pelo circuito. Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 Figura 30 - Corrente alternada em sistema trifásico: defasadas em 120° Fonte: o autor. A corrente elétrica é responsável por determinar as dimensões dos condutores, sendo que há várias regras normatizadas a serem respeitadas, incluindo fatores de correção por temperatura e agrupamento dos condutores. A regra gira em torno de um número que se define para o cobre como 3 A por mm² de área de seção transversal do condutor, ou seja, um cabo de 1 mm�2 pode conduzir uma corrente de até 3 A (sem levar em consideração fatores de correção por agru- pamento ou temperatura, apenas para uma referência) (COTRIM, 2003). Resistência elétrica A maioria das literaturas da área define a resistência elétrica como “a propriedade de um material em se opor à circulação de corrente elétrica”, mas esta mesma resis- tência, ao definir o valor da corrente elétrica, influencia diretamente em seu valor e, consequentemente, no diâmetro dos condutores, além de determinar a capaci- dade de fornecimento de energia que uma fonte de alimentação deve apresentar. A composição físico-química de um condutor define como os elétrons do material formado podem ser mais ou menos “livres” para circular. Desta forma, quando se deseja limitar a corrente em um circuito, manipula-se o tipo de material que constitui a resistência elétrica de modo a obter um componente denominado “resistor”, ou “resistência”, que é comercializado para atender às necessidades de cada caso. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E46 Na indústria, pode-se verificar resis- tores de tamanhos que variam desde milímetros (utilizados em circuitos ele- trônicos), como resistências tubulares de centímetros ou metros de comprimento, fabricadas em espiral para atender a necessidades específicas, por exemplo, fornos de altas temperaturas, prontos para suportar potências de milhares de Watts (isto será abordado mais adiante). A Figura 31 mostra um exemplo de resistência de aquecimento utilizada em fornos elétricos domésticos. Este tipo de elemento resistivo é fabricado para aten- der a aplicações de potências elevadas e de baixa precisão. Os pequenos resistores, aqueles utilizados em circuitos eletrônicos, pos- suem encapsulamentos padronizados que podem suportar de miliWatts até alguns Watts de potência, pois são fabricados para atender a aplicações de precisão (Figura 32). Figura 31 - Resistência de aquecimento de um forno elétrico: potência elevada e baixo valor de resistência. Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 Figura 32 - Resistores aplicados em circuito eletrônicos Quando procuramos uma empresa de Engenharia Elétrica para contratar um ser- viço de instalação elétrica, é muito comum a equipe de projeto perguntar qual é a carga instalada (que depende muito dos tipos de cargas: podem ser indutivas, capacitivas e resistivas), pois dadas as características da carga é que os conduto- res e conexões serão dimensionados. É válido lembrar que, na maioria das casas, há dispositivos que operam como resistências, como é o caso do chuveiro elétrico, do secador de cabelos, do forno elétrico, do ferro de passar etc. Todos estes exemplos apontam para um mesmo efeito: aquecimento, ou em outras palavras, o Efeito Joule. A resistência elétrica é definida pelas Leis de Ohm e é representada pela letra “ R ”. Recebe a sua unidade Ohm (W) em homenagem ao físico alemão Georg Simon Ohm (1789-1854). A Primeira Lei de Ohm (já mencionada) se refere à interação entre a ten- são e a corrente e é dada pela Equação 1. Isolando-se a resistência na Equação 1, fica a Equação 3: R V I = = [ ]W Equação 3: equação da resistência elétrica. Leve sempre em consideração que todo condutor apresenta uma dada resistência, principalmente, o cobre, a qual pode variar de acordo com a temperatura. Para ilustrar esta propriedade, há um coeficiente de resistividade ρ de acordo com a Segunda Lei de Ohm, em que a resistência elétrica é diretamente proporcional à resistividade do material (ρ) e o seu comprimento (L), porém, inversamente, proporcional à sua área de seção transversal (A) (Equação 4): ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E48 R L A � � �r [ ]W Equação 4: Segunda Lei de Ohm. A resistividade do material (r) é dada em Wm e sofre variação de acordo com a temperatura. O Quadro 1 apresenta a resistividade elétrica de alguns materiais para a temperatura de 20 °C . Quadro 1 - Resistividade elétrica dos materiais Classificação Material Resistividade (Wm ) Metais Prata 1 6 10 8, � � Cobre 1 7 10 8, � � Alumínio 2 8 10 8, � � Tungstênio 5 10 8� � Platina 10 8 10 8, � � Ferro 12 0 10 8, � � Ligas Latão 8 0 10 8, � � Constantã 50 0 10 8, � � Níquel-Cromo 110 0 10 8, � � Mineral Grafite 4000 10 8� � a 8000 10 8� � Isolantes Água Pura 2 5 103, × Vidro 1010 a 1013 Porcelana 3 0 1012, × Mica 1013 a 1015 Baquelite 2 0 1014, × Borrachav 1015 a 1016 Âmbar 1016 a 1017 Fonte: adaptado de Lourenço, Cruz e Júnior (1996). Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 Para temperaturas diferentes desse valor, deve-se calcular o novo valor de resistividade, utilizando a Equação 5: r r a� � � �� �0 1 DT Equação 5: influência da temperatura sobre a resistividade. Onde: r= Resistividade do material à temperatura T [Wm ]. r0 = Resistividade do material à temperatura T0 [Wm ]. DT T T� � 0 = variação de temperatura [ °C ]. a = Coeficiente de temperatura do material [� �C 1 ]. O Quadro 2 apresenta o coeficiente de temperatura de alguns materiais: Quadro 2 - Coeficiente de temperatura Classificação Material a [� �C 1 ] Metais Prata 0 0038, Alumínio 0 0039, Platina 0 0039, Cobre 0 0040, Tungstênio 0 0048, Ligas Níquel-Cromo 0 00017, Niquelina 0 00023, Latão 0 0015,Mineral Grafite − −0 0002 0 0008, , a Fonte: adaptado de Lourenço, Cruz e Júnior (1996). O instrumento utilizado para medir a resistência elétrica é denominado Ohmímetro, também em homenagem ao inventor Georg Simon Ohm. O ins- trumento dispõe de terminais que se conectam ao resistor e faz com que uma corrente circule por este, conforme indicado na Figura 33. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E50 I Resistor sob teste Ohmímetro Ω Figura 33 - Medição de resistência elétrica Fonte: o autor. É em função da oposição à corrente que for apresentada pelo resistor sob teste que o instrumento indica o seu valor, pois é de acordo com a queda de tensão sobre o resistor em teste que é calculado e indicado o valor de sua resistência, podendo ocorrer em um visor analógico por meio de um ponteiro em uma escala graduada ou em um instrumento digital, com display de cristal líquido. A Figura 34 apresenta dois tipos de instrumentos que podem ser utilizados, o analógico (a) e o digital (b). É necessário considerar que o instrumento analó- gico apresenta a sua escala crescente de resistência invertida em relação à escala de tensão, sendo que o menor valor de fundo de escala de tensão é o maior valor de resistência do fundo de escala do instrumento. Com o aquecimento dos cabos, a resistência tende a aumentar e, com isso, surge um efeito denominado “queda de tensão”, pois como o condutor re- presenta uma resistência que varia conforme a temperatura sofre alterações, este condutor, percorrido pela corrente elétrica, passa a dissipar potência e, com isto, parte da energia que deveria ser transferida para a carga alimenta- da é perdida “pelo caminho” nos condutores. O comprimento dos condutores influencia muito no efeito da resistência do condutor e, assim, quanto maior a distância entre a instalação da fonte de energia, mais energia é perdida ao longo dos condutores. Fonte: o autor. Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 (a) (b) Figura 34 – Ohmímetro: (a) analógico e (b) digital. É importante ressaltar que para medir uma resistência, é necessário que ela esteja livre de potencial, ou seja, desconectada do circuito, pois qualquer corrente que circule pelo elemento em teste durante a leitura de resistência pode interferir no valor ou até danificar o instrumento de medição. A medição de resistência vista a partir de um instrumento real é dada na Figura 35: (a) (b) Figura 35 - Medição de resistência elétrica: resistor com código de cores, ou seja, (a) medição e (b) resistor fixo às garras (tipo jacaré) Fonte: o autor. Os resistores possuem um código de cores para definir o seu valor ôhmico, res- peitando a sequência de cores e o padrão utilizado para a sua fabricação (SEDRA; KENNETH, 2012). Assim, apenas combinando as cores de um resistor é possível ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E52 determinar o valor de sua resistência e a sua tolerância. A Figura 36 apresenta uma tabela de cores para resistores: 4 Faixas Cor Preto Marrom Vermelho Laranja Amarelo Verde Azul Violeta Cinza Branco Ouro Código de Cores de Resistores Prata Multipli- cador Tolerância 1º Dígito 2º Dígito Figura 36 - Tabela de cores para resistores. Todas as variáveis mencionadas, até aqui, podem ser medidas, utilizando um único instrumento moderno denominado “multímetro” ou “multiteste”, que reúne, no mesmo instrumento, as funções de amperímetro, voltímetro e ohmímetro, e em modelos mais equipados, há funções como frequencímetro, capacímetro, indutímetro e até funções gráficas que permitem acompanhar um sinal e o seu comportamento. A Figura 37 apresenta alguns modelos de mão utilizados com frequência no dia a dia do profissional atuante em indústrias e em bancadas de manutenção. Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 53 Figura 37 – Multímetro: reúne em um único instrumento várias funções Fonte: o autor. Para ilustrar os conceitos vistos até aqui, vamos realizar a solução de alguns exer- cícios contemplando a tensão, a corrente e a resistência. Exercícios resolvidos Exercício 1: um dado condutor de cobre de seção cilíndrica apresenta diâmetro de 6 0, mm e comprimento de 1 5, m e está sendo aplicado para alimentar um equipamento com tensão de 220 V e corrente de 20 A . A resistividade deste material (à temperatura de 20 °C ) é de 1 7 10 8, � � Wm. Calcule: a) O valor da resistividade do material para a temperatura de 50 °C . b) O novo valor de resistência do condutor para a nova temperatura de 50 °C . ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E54 Solução: a. Levando-se em conta que o material que compõe o condutor é o cobre (resistividade = 1 7 10 8, � � Wm @20 °C ) e que o seu diâmetro de 6 0, mm ( 6 0 10 3, � � m) com comprimento de 1 5, m , fica: 1º passo: determinação da resistência “ R0 ”: Primeiramente, precisamos calcular a área para substituir na variável A . Como o condutor apresenta seção cilíndrica, calcula-se a área onde temos a variável A na Equação 4, assim: R L A A r r D R L r 0 2 0 2 2 � � � � � � � � � r p r p fazendo , e sabendo que fica: RR L D R 0 2 0 8 2 1 7 10 � �� � � � � � � � � r p substituindo os valores, fica: , �� � � � �� � � �� � � � � 1 5 6 0 10 2 9 0 10 3 2 0 4 , , . , p R W b. Aplicamos a nova temperatura para calcular o valor da resistividade do material para a temperatura de 50 °C . Por tabela, sabemos que r0 81 7 10 cobre m� �, . W e α = −0 0040 1, C : Substituindo os valores na Equação 5, fica: r r a r � � � �� � � � � �� 0 8 1 1 7 10 1 ∆T substituindo os valores, temos: , [ 00 0040 150 20 2 58 10 8 , ] , � �� � � � �r mΩ Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 55 Com esta informação (r � � �2 58 10 8, mW ), podemos calcular o valor da resistência oferecida pelo condutor a 50 °C (desconsiderando os efeitos da dila- tação do material): R L A R R C C C 50 50 8 3 2 50 2 58 10 1 5 6 0 10 2 1 � � � � � � � � � � � �� � � �� � r p , . , , . ,, ,368 10 1 3683� � ou mW W Respostas: a. O valor da resistividade do cobre para a temperatura de 50 °C é r � � �2 58 10 8, .mW . b. A resistência do condutor sob a temperatura de 50 °C será de 1 368 10 3, � � W . Exercício 2: Um chuveiro elétrico alimentado com 127 V consome cor- rente de 43 3, A na posição inverno. Já na posição verão, o chuveiro passa a consumir a corrente de 23 62, A . Calcule: ■ O valor da resistência quando o chuveiro estiver na posição inverno. ■ O valor da resistência quando o chuveiro estiver na posição verão. Solução: a. Na posição inverno, a corrente é de 43 30, A , e a tensão é de 127 V , logo, temos pela Equação 3: R V I = = = 127 43 3 2 93 , , W ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E56 b. Na posição verão, a corrente é de 23 62, A , e a tensão é de 127 V , logo, temos pela Equação 3: R V I = = = 127 23 62 5 37 , , W Potência elétrica Quando o assunto é energia, todos nós lembramos da conta de luz. Isto é fato! Principalmente, em tempos, em que só se fala em alternativas para economizar recur- sos e tornar mais eficiente aquele equipamento ou processo. Vivemos em uma fase de desenvolvimento constante das soluções energéticas para todos os fins, sejamcorporativos ou domésticos, sem- pre apontando para soluções do tipo “onde custaria menos para fazer mais”, ou “em busca da bateria que podemos recarregar em um segundo e a sua carga teria a duração de um mês”. Somos dependentes das tecnologias que consumimos, e para aproveitar as suas van- tagens, precisamos conhecer os seus limites. A resistência tende a aumentar quando há o aumento de temperatura no condutor. Esta propriedade é mais pronunciada nos metais puros, que são classificados como materiais com coeficiente positivo de temperatura. Já nos gases ionizados e no grafite, a resistência diminui com o aumento de temperatura, sendo assim, classificados como materiais com coeficiente negativo de temperatura. Fonte: Lourenço, Cruz e Júnior (1996). Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 57 Esta seção tem como objetivo contemplar uma das mais importantes partes do estudo da eletricidade, a potência elétrica. Potência esta que não existe ape- nas na eletricidade, mas será abordada de maneira complementar ao que já foi estudado em relação à tensão, à corrente e à resistência. Iniciaremos o estudo da potência elétrica, partindo da tensão (que produz o movimento dos elétrons) e da corrente (que faz com que seja produzido calor). Adotemos uma analogia com a mecânica, imaginando quando uma força apli- cada a um corpo produz movimento e, portanto, realiza trabalho, convertendo a energia potencial em energia cinética. Associamos esse fato à fonte de tensão, que nada mais é do que a fonte de energia potencial disponível, na forma de terminais positivo (+) e negativo (-). Quando essa fonte é associada a uma determinada carga (pode ser um resistor), surge o que chamamos de corrente elétrica (que é a movimentação dos elétrons, logo, a energia potencial da fonte de tensão convertida em energia cinética). Como a fonte de tensão produz movimento dos elétrons livres e estes coli- dem uns com os outros de modo a produzir calor (mais pronunciadamente em materiais com características resistivas), há o surgimento da dissipação de calor. Como acontece na superfície de um ferro de passar ou dentro de um forno elétrico. Em eletricidade, a velocidade com que a tensão realiza o trabalho (repre- sentado pela letra “t” – medido em Joules) para que um elétron possa entrar em movimento, saindo de uma posição inicial e chegando a uma posição final, é chamada de potência elétrica, e a letra que simboliza esta variável é P . Logo, a unidade de medida de potência elétrica é Joule por segundo ( J s ), mas con- vencionado como Watt, ou simplesmente W , em homenagem a James Watt (1736-1819), que idealizou e desenvolveu vários estudos e descobertas relacio- nadas à potência. Devemos considerar que se a energia (representada pela letra E ) é a capa- cidade de realizar trabalho, associando a energia E à potência P , podemos afirmar que a Equação 6: P t E t J s W= = = = t D D [ ] [ ] ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E58 Equação 6: potência e energia. Onde a potência elétrica é igual ao trabalho realizado pelo elétron ao se deslo- car de um ponto “ A ” até um ponto “ B ” durante um intervalo de tempo Dt ou potência elétrica é a energia E consumida em um intervalo de tempo Dt . De maneira mais prática, relembrando dos conceitos de causa-consequên- cia (tensão-corrente), concluímos que o produto da tensão pela corrente define a potência elétrica (Equação 7): P V I W� � � [ ] Equação 7: potência elétrica - relação entre a tensão e a corrente. O instrumento utilizado para medir a potência elétrica é o Wattímetro, que uti- liza a tensão e a corrente para calcular o valor da potência e pode indicar a sua amplitude por meio de uma tela de cristal líquido nos modelos digitais, ou por meio um ponteiro em uma escala graduada nos modelos analógicos. a) b) C) Figura 38 - Alicate Wattímetro: (a) exemplo de uso em CC, (b) exemplo de uso em CA e (c) modelo analógico É muito importante que o estudante entenda a potência sempre relacionada aos eventos naturais à sua volta, não apenas na eletricidade ou eletrotécnica, mas na capacidade de realizar o trabalho que uma força tem dentro de um intervalo de tempo. Por exemplo, quando um motor elétrico aciona um eixo de uma esteira que transporta caixas em um depósito, para realizar o trabalho de deslocar as caixas, que representam carga (peso), esse motor tem a capacidade de deslocar a caixa de A até B em um intervalo de tempo. Se um segundo motor possui a capacidade de transportar a mesma carga em menos tempo, podemos dizer que o segundo motor é mais potente do que o primeiro, pois consegue realizar mais trabalho por intervalo de tempo. Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 59 Energia Não poderíamos deixar de estudar a energia E , já mencionada anteriormente. Neste material, ela assume o papel de Energia Elétrica Consumida por um cir- cuito dentro de um intervalo de tempo. No Brasil, assumimos que essa energia é aquela que contratamos e pagamos todos os meses na tarifa, cujo próprio nome diz: “conta de energia”. A energia consumida relaciona a potência elétrica “P” (medida em kW) con- sumida durante um período que, normalmente, é de um mês, mas a unidade do tempo, neste caso, é a hora (h), então, a energia elétrica é aplicada às instalações elétricas medida em kWh . Logo: E P t kWh� � �D [ ] Equação 8: energia - relação entre a potência consumida em um intervalo de tempo. O instrumento que realiza a medição da energia é o medidor de consumo de energia elétrica, e todos os consumidores das redes concessionárias devem uti- lizá-lo para que seja totalizada a potência consumida ao longo do período. A Figura 39 apresenta dois modelos que descrevem as inovações tecnológicas no desenvolvimento dos instrumentos de medição de consumo de energia elétrica. ATENÇÃO Algumas áreas da ciência ou alguns países podem adotar unidades diferen- tes para as mesmas grandezas e, muitas vezes, nos deparamos com conver- sões entre unidades de potência, quando observamos a medida em CV, W ou HP, porém, o estudante deve sempre se lembrar que seja aplicada na área mecânica ou elétrica, a potência representa o mesmo conceito. Fonte: o autor. ELETROTÉCNICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E60 a) b) Figura 39 - Medidor de consumo de energia elétrica: (a) modelo tradicional eletromecânico e (b) modelo moderno digital. Exemplo 1: Para ilustrar o estudo da energia, adotaremos um caso simples, porém, de uso de todos: o banho. Considerando que uma pessoa utiliza um chuveiro elétrico para tomar banho e este opera com potência de 5800 W (posição inverno) durante um tempo médio de 10 minutos, quanto seria o valor pago pela energia elétrica consumida durante esse banho ao longo de um mês, sabendo- que na localidade o custo do kWh é de R$ , 0 5? Solução: Primeiramente, precisamos entender que o chuveiro fica ligado durante 10 minutos, o que, em horas, equivale a 0 16, h. Aproximando o mês para 30 dias, fica: D Dt t� � � �0 16 30 4 8, , h Consumindo a potência de 5800 5 8 W kW= , , pelo tempo de 4 8, h ao custo de R$ , 0 5 por kWh , fica: E P t kWh� � � � �D 5 8 4 8 27 840, , , Grandezas Elétricas Fundamentais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 61 Precificando, o custo do banho (Cbanho ) fica: Cbanho � � �27 840 0 5 13 92, , ,R$ Logo, se o kWh custar R$ , 0 5 , o preço do banho seria de R$ 13 92, mensais (sem os impostos). Nos casos em que nos referimos à energia
Compartilhar