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Eficácia da Lei Penal no Espaço 1. Princípios Aplicáveis e Territorialidade • Visa apurar as fronteiras de atuação da lei penal nacional • 6 princípios trazem possíveis soluções: → Da territorialidade → Da nacionalidade ou personalidade ativa → Da nacionalidade ou personalidade passiva → Da defesa ou real → Da justiça penal universal ou da justiça cosmopolita → Da representação, do pavilhão, da substituição ou da bandeira Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. • Nosso ordenamento adotou a territorialidade temperada → Aplica-se a lei penal do local do crime → Não importa a nacionalidade do agente, da vítima ou do bem jurídico → No Brasil, comporta exceções previstas em convenções, regras e tratados • Admite-se a intraterritorialidade e extraterritorialidade → Aplicação de lei estrangeira a fato praticado em território brasileiro → Hipóteses em que a lei penal brasileira alcança condutas no estrangeiro (Art. 7º) • Território nacional = Espaço físico/geográfico + Espaço jurídico → Físico: Espaço terrestre, marítimo ou aéreo sujeito à soberania do Estado • Navios ou aeronaves públicas ou a serviço do governo brasileiro → Sempre se aplica a nossa lei, independentemente de onde se encontram • Navios ou aeronaves mercantes ou particulares brasileiras → Se aplica a nossa lei se estiverem em território nacional • Navios ou aeronaves estrangeiras → Somente se aplica a nossa lei se for privada e estiver em território nacional Questão: A embaixada é extensão do território que representa? • Apesar de invioláveis, não são extensão do território do país que representam → Salvo convenção, tratado ou regra de direito internacional → A embaixada norte-americana no Brasil é território brasileiro Questão: Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido a bordo de embarcação privada estrangeira de passagem pelo mar territorial brasileiro? • Não se aplica a lei brasileira, desde que: → O navio privado não tenha pretensão de atracar no nosso território → Realmente esteja havendo apenas a passagem para o real destino do navio → O crime não seja prejudicial à paz, boa ordem ou segurança do Brasil • Lei 8.617/93, Art. 3º Art. 3º É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro. § 1º A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida. § 2º A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que tais procedimentos constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força ou por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave. § 3º Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão sujeitos aos regulamentos estabelecidos pelo Governo brasileiro. 2. Lugar do Crime • Uma infração penal pode se desenvolver em lugares diversos → Então como saberíamos onde, realmente, foi praticado o crime • Existem 3 teorias do lugar do crime: → Teoria da atividade: Onde foi desenvolvida a atividade criminosa → Teoria do resultado: Onde ocorreu o resultado → Teoria da ubiquidade, híbrida ou mista Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. • Adotou-se, quanto ao locus commissi delicti, a teoria da ubiquidade → Sempre que o fato se deva considerar praticado tanto no território brasileiro como no estrangeiro, aplica-se a lei brasileira • Se ocorre no Brasil apenas o planejamento do crime, nosso direito não agirá • Aplica-se este artigo aos crimes à distância e aos crimes em trânsito → À distância: Percorre territórios de dois estados soberanos → Em trânsito: Percorre territórios de mais de dois países soberanos • Não se aplica este artigo aos crimes plurilocais, mas sim o Art. 70 do CPP → Percorre dois ou mais territórios do mesmo país soberano 3. Extraterritorialidade • Nossa lei alcança crimes cometidos exclusivamente no estrangeiro → São casos excepcionais Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. • Não se aplica este princípio às contravenções penais • No crime de genocídio, há competência subsidiária do Tribunal Penal Internacional a. Extraterritorialidade Incondicionada §1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. • A lei brasileira se aplica sem o preenchimento de qualquer requisito • Subordinada somente à condição de que o agente não tenha sido processado no exterior b. Extraterritorialidade Condicionada § 2º Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. • Para aplicar a nossa lei, é necessário que essas condições sejam preenchidas → a: Não é preciso que o agente aqui permaneça → b: Condição objetiva de punibilidade, sua ausência gera improcedência da ação → O ponto “a” é condição de procedibilidade, os demais objetivas de punibilidade c. Extraterritorialidade Hipercondicionada § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. • São necessárias mais essas duas condições para aplicar a lei nacional d. Aplicação • Verificando a necessidade de extraterritorialidade da nossa lei, é preciso: → Apontar o órgão jurisdicional competente para a aplicação da lei penal brasileira → Identificar o território para o processo e julgamento Questão: Caio, brasileiro, autor de homicídio executado em Portugal contra cidadão português, foge e retorna ao território brasileiro antes do fim das investigações. A lei brasileira alcança este fato? • Sim, pois todas as condições foram preenchidas Questão: Caio será processado e julgadono Brasil pela Justiça Federal ou Estadual? • Pelo STJ, compete à Justiça Estadual a aplicação da nossa lei Questão: Qual a comarca competente para o processo e julgamento? • Esta resposta está no Código Processual Penal Art.88 No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República. 4. Pena Cumprida no Estrangeiro Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. • Devem se considerar a quantidade e a qualidade das penas → Mesma qualidade: Da sanção aplicada no Brasil se abate o que foi cumprido fora → Qualidade diversa: O julgador deve atenuar a pena imposta no Brasil - Baseando-se na pena cumprida no exterior • É uma exceção ao princípio do non bis in idem → O país onde se deu o crime condena o agente e o Brasil também condena
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