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Esqui Alpino Paralímpico (Para-alpine Skiing) HISTÓRIA DOS JOGOS PARALÍMPICOS Os jogos paralímpicos tiveram seu início oficial após o período da segunda guerra mundial, por volta de 1960 em Roma, Itália, com atletas exclusivamente com lesão medular até o ano de 1976, onde posteriormente houve inclusões de atletas amputados, cegos, e mais tarde os que possuíam paralisia cerebral. Antes mesmo de se chamarem de jogos paralímpicos, o neurocirurgião alemão Ludwig Guttmann, já fazia a reabilitação médica e social de veteranos de guerra utilizando as modalidades de esportes paralímpicos, que organizava diversas competições para atletas em cadeiras de rodas. Tinham como principal motivação, favorecer e implementar a inclusão social, possibilitando a inserção de desafios, para que os indivíduos que os pratiquem, tenham a necessidade de superação e se sintam capazes e independentes para realizarem suas atividades físicas. (Senatore, 2006). Sua prática visa à prevenção de doenças que podem ser decorrentes de sua enfermidade, ou mediante ao sedentarismo, melhora da coordenação motora, ganho ou ampliação da resistência física e força muscular, equilíbrio e demais outros ganhos. (Lianza, 1985; Rosadas, 1989 e Souza, 1994). Os jogos paralímpicos são definidos por Paciorek em 2004, sendo um tipo modificado de esportes que visam suprir as necessidades do atleta, de maneira em que ela possa se adequar a modalidade em que deseja se inserir, sem interferência de sua deficiência. Com o passar dos anos, os jogos paralímpicos deixaram de ser apenas um evento motivacional, e foi se tornando o maior evento desportivo com fins terapêuticos direcionados para deficientes em âmbito mundial. A prática do exercício físico é de suma importância para manter uma boa saúde na vida das pessoas, principalmente os portadores de algum tipo de deficiência que devem estar preparados para realizar e reaprender movimentos que fora perdidos durante o processo de trauma ou enfermidade. Praticar esportes traz inúmeros benefícios para a saúde mental e física. Pensando desta forma, atualmente, existem muitos esportes adaptados com o intuito de manter e melhorar a auto estima e a vida das pessoas com deficiência, incluindo sua reabilitação, independência e autonomia. ESQUI ALPINO PARALÍMPICO O esqui alpino é um esporte popular de inverno, sendo uma das primeiras modalidades a serem implementadas nas primeiras competições dos jogos paralímpicos de inverno em 1976. O esqui antigamente era usado como apenas um meio de transporte sobre o gelo, e deixou de ter essa única função passando a se tornar parte essencial para a execução do esqui alpino. Além dele, é necessário o auxílio de equipamentos de proteção contra o frio intenso, sendo uma roupa bem acolchoada, e que também ajuda na diminuição do impacto caso houvesse quedas. Para que o atleta se sinta confortável, seguro, e consiga realizar essa modalidade corretamente, é necessário uso de protetores na coluna, um capacete impedindo riscos de traumatismos, óculos especiais, caneleiras, botas projetadas com polímero rígido fixadas sobre o esqui, fazendo com que seus pés e tíbias fiquem alinhados, e bastões que variam de acordo com o tipo de esqui alpino, que irão auxiliar na locomoção do esqui sobre a neve. Abaixo podemos analisar em uma ilustração todos os equipamentos de segurança e os que auxiliam no movimento do atleta para a realização deste esporte. A parte inferior do esqui não difere se o atleta tem ou não deficiência, assim, seguindo a mesma lâmina que é utilizada no esqui alpino normal, apenas possuindo adaptações sobre a mesma. Nas competições, o esqui alpino é disputado por mulheres e homens, separados por categorias e suas classificações. São descritos como classe de pé, sendo amputados, classe de pé mono- esquiadores, para paraplégicos com algum resquício de equilíbrio, e classes de deficiências visuais. Abaixo são detalhadas todas as classificações por categorias. O tipo de esqui utilizado neste esporte varia de acordo com a deficiência do atleta e a classe em que ele se insere, inclusive, ao tentar comprar um desses equipamentos, é necessário informar qual lesão o indivíduo possui, tamanho, peso e altura para que seja confeccionado individualmente. Classe: SIT SKIING (Esquiando sentado) O Sit Skiing é basicamente uma cadeira adaptada que irá auxiliar o atleta trazendo maior segurança, equilíbrio e estabilidade para sua coluna. Possui também lâminas bastante afiadas, fazendo com que o esqui possa deslizar pela neve com maior facilidade, e desempenho. Sua base faz com que o atleta consiga maior velocidade, o que contribui muito nas modalidades de declive com poucos obstáculos. Classe: MONO-SKI (Mono esquiadores) Equipamento utilizado em atletas com paraplegia ou amputados das duas pernas abaixo do joelho. Assim como no sitting skiing, é uma cadeira adaptada com o objetivo de trazer estabilidade para a coluna. Algumas seu encosto para a coluna é maior do que em outras, sendo feito mediante a deficiência do atleta. Classe: DEFICIENTES VISUAIS Com os deficientes visuais são utilizados equipamentos de atletas sem deficiência, porém é necessário auxílio de um atleta-guia, que fará todo o percurso junto do atleta deficiente, e os dois se comunicam através de um aparelho no ouvido via bluetooth, que quando com defeito, o atleta deficiente é ensinado que deve imediatamente deixar o percurso, abandonando a prova, até que seja resolvido o problema técnico, visto que o atleta-guia é os olhos que ele “não possui”, indicando cada obstáculo, cada porta, e cada curva que o mesmo deve fazer enquanto compete. QUANTO A COMPETIÇÃO: A competição é dada com o objetivo do atleta completar a prova em menor tempo em um percurso em declive, íngreme, desviando de obstáculos, conhecidos na modalidade como “portas”, que consistem em placas de diferentes cores, fazendo a marcação do percurso e que ficam no caminho. O atleta deve desviar das mesmas para realizar a prova corretamente. Dentro do esqui alpino, existem cinco modalidades que diferenciam o tamanho do percurso em metros e quilômetros, chamadas de pistas. Todas essas modalidades seguem o mesmo objetivo. O atleta com menor tempo de percurso completado na pista, ganha a medalha de ouro. São caracterizadas por: Downhill (DH) – Entendido como “descida”, de todos é o percurso mais longo, e consequentemente sendo o mais rápido, possui portas muito espaçadas, e o esqui pode chegar até 130km/h, podendo fazer com que o atleta chegue a uma altura de até 60 metros de altura. Slalom (SL) – No Brasil pode ser entendida como “Zigue-zaque”, neste percurso a velocidade em média é de 40 à 50km/h, com portas espaçadas em mais ou menos 13 metros, possuindo intervalos horizontais. É necessário que o atleta tenha bastante técnica e agilidade nessa modalidade para evitar quedas. Slalom gigante (GS) – Como no Slalom, o percurso é em zigue-zague, porém com portas mais espaçadas em 25 metros, permitindo velocidades de 70 à 80km/h. Super-G ou Slalom Super Gigante (SG) – Essa modalidade, é como as demais de Slalom, porém com portas espaçadas em 40 metros, obstáculos fazendo com que o atleta dê saltos e passe por deslizes. Sua velocidade média varia de de 110 à 120 km/h. Super Combinado – Na modalidade de super combinado, o atleta deve realizar dois percursos dentro de um só, sendo de Downhill e Slalon. As pistas: A decisão de qual modalidade do esqui alpino seguir, dependerá das condições de treinamento do atleta. E a classe que o mesmo deverá se encaixar, depende de sua deficiência. Existem fatores que podem limitar o atleta derealizar esse esporte, como sua condição sócio-econômica, visto que o esqui para-alpino é um esporte caro, ele deve desembolsar uma quantia significativa de aproximadamente até $5,799.00 dólares, o equivalente à R$: 28,821.03 reais, de acordo com a cotação atual e dependendo também de qual equipamento será. O apoio familiar, podendo tanto ajudar, quanto impedir que o indivíduo se torne um atleta. A localização e clima, dado que é necessário que tenha neve para a realização deste esporte, e profissionais de saúde capacitados para que possam inserir pessoas que desacreditaram de si mesmos após um trauma, ou uma enfermidade, que possam fazer sua reabilitação e preparar o indivíduo para que tenha autonomia, independência e volte a acreditar em si mesmo, para por fim, se tornar um atleta de paraolimpíada. ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA PARAOLIMPÍADA A prática de esportes de alto rendimento por atletas com deficiência, são atingidos altos níveis de treinamentos e competições e como consequência, levando consigo um número elevado de lesões. O fisioterapeuta, profissional imprescindível no apoio à estes atletas, atua na equipe de apoio médico, reabilitação e na melhora do rendimento esportivo. Apesar do que se pensa de que excesso de treino leva ao aperfeiçoamento, não é bem assim. Os treinos intensos que visam nada menos do que a perfeição no esporte, podem causar as chamadas lesões desportivas, entendidas como de origem musculoesquelética que quando não tratadas, evoluem para doenças crônicas, o que impede o atleta de continuar seguindo sua carreira. De início, o fisioterapeuta, irá atuar na banca de classificação funcional, junto com médicos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e educadores físicos, onde estes irão fazer uma avaliação física e funcional detalhada do atleta para classifica-lo dentro das modalidades, pois antes de participar de qualquer atividade, o atleta paralímpico deve passar obrigatoriamente por essa avaliação. Esta avaliação tem por onde garantir que o indivíduo está dentro da classe correta para que não haja nenhuma vantagem ou desvantagem. Os atletas serão avaliados em grupos de deficientes visuais, deficientes mentais e deficientes funcionais, onde neste último, seria onde o fisioterapeuta atuaria, onde irá avaliar a funcionalidade juntamente com o profissional de educação física. ATUAÇÃO JUNTO AO ATLETA A primeira atuação da fisioterapia relatada nos jogos paraolímpicos foi em Barcelona, Espanha em 1992, onde mesmo com carga de trabalho elevada, os fisioterapeutas não perderam a qualidade de atendimento, utilizando massagem terapêutica antes e após a realização de competições, juntamente com recursos eletrotermofototerapêuticos. Atualmente, a fisioterapia dá destaque para a crioterapia, massagem terapêutica, ultrassom e TENS no pré e pós competições. Um estudo feito por Webborn, Willick e Reeser em 2002, referente a lesões durante os Jogos Paralímpicos de Inverno, foi informado que o esporte com maior índices de lesões traumáticas, sendo entorses e fraturas, são decorrentes do esqui alpino paraolímpico em primeiro lugar. Pensando nisto, a fisioterapia deve agir desde acompanhamento do indivíduo com deficiência física no momento em que o esporte está sendo apresentado para ele, onde o mesmo fará sua avaliação física, ensinará o provável atleta a realizar os movimentos corretos, pensando em possíveis lesões musculoesqueléticas que podem ocorrer durante a prática do esporte, mesmo no início do processo de reabilitação do paciente, e fazendo ainda a parte da classificação funcional. CONCLUSÃO Podemos considerar então, que o fisioterapeuta é fundamental no âmbito de reabilitação e prevenção de lesões, sendo ele também, que irá ver o entendimento dos fatores extrínsecos, como treinamento, tipo de piso, tipos de muletas, e como no esqui alpino, será ele que definirá em qual classe o atleta se encaixará e qual tipo de equipamento deve ser usado. Assim, é o fisioterapeuta que deve estar ao lado do atleta em todos os treinos fazendo seu acompanhamento, e contribuindo para a prevenção de problemas que possam interferir na carreira deste indivíduo, e de certa forma, trazendo um melhor rendimento ao atleta. É importante deixar claro, que o fisioterapeuta não trabalhará sozinho em nenhuma das partes, porém sua vivência ao lado do atleta é imprescindível. REFERÊNCIAS Esqui Alpino. Jornal Globo. 2015. Disponível em: http://globoesporte.globo.com/olimpiadas-de-inverno/esqui-alpino.html Acesso em: 03/06/2020. HOW I ROLL SPORTS. Sit-Skiing, 2020. Disponível em: https://howirollsports.com/product-category/adaptive-sports/sit-ski/. Sem data de acesso. Lianza, S. (1985) Medicina de reabilitação. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan. LIMITE VERTICAL. Esqui Alpino Adaptado. Disponível em: https://issuu.com/claudiabrum4/docs/corpo_revista.docx. Acesso: 18 de agos. 2015. MARQUES, Renato Francisco; DUARTE, Edison; GUTIERREZ, Gustavo Luis; DE ALMEIDA, José Júlio Gavião; MIRANDA, Tatiane Jacusiel. Esporte olímpico e paraolímpico: coincidências, divergências e especifi cidades numa perspectiva contemporânea. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.23, n.4, p.365-77, out./dez. 2009 PACIOREK, M.J. Esportes adaptados. In: WINNICK, J.P. Educação física e esportes adaptados. Barueri: Manole, 2004. p.37-52 Rosadas, S. C. (1986) Educação Física para deficientes . Rio de Janeiro Ateneu, p. 214. SENATORE, V. Paraolímpicos do futuro. In: CONDE, A.J.M.; SOUZA SOBRINHO, P.A.; SENATORE, V. Introdução ao movimento paraolímpico: manual de orientação para professores de Educação Física. Brasília: Comitê Paraolímpico Brasileiro, 2006. Disponível em: http://www.informacao.srv.br/cpb/pdf/introducao.pdf. Acesso em: 15 jun. 2008. SILVA, Andressa; VITAL, Roberto; MELLO, Marco Túlio. ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO ESPORTE PARALÍMPICO, Belo Horizonte - MG, ano 2016, v. 22, n. 2°, 29 fev. 2016. Rev Bras Med Esporte, p. 157-161. SHIMOSAKAI, Ricardo. Alpino Paraolímpico. Inclusão nas neves do esporte de inverno. Turismo Adaptado, 14, mar, 2014. Disponível em: https://ricardoshimosakai.com.br/esqui-alpino-paraolimpico-inclusao-nas-neves- do-esporte-de-inverno/. Acesso em: 08, de Junho de 2020. Souza, P.A. (1994) O esporte na paraplégica e tetraplegia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A . Vanlandewijck Y. Sport science in the paralympic movement. J Rehabil Res Dev. 2006;43(7):17-24. Webborn N, Willick S, Reeser JC. Injuries among disabled athletes during the 2002 Winter Paralympic Games. Med Sci Sports Exerc. 2006;38(5):811-5. http://globoesporte.globo.com/olimpiadas-de-inverno/esqui-alpino.html https://howirollsports.com/product-category/adaptive-sports/sit-ski/ https://issuu.com/claudiabrum4/docs/corpo_revista.docx
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