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1 Histopatologia – UC11/P4 O útero recebe a mórula em processo de desenvolvimento rápido a partir da tuba uterina. Todo o desenvolvimento embrionário e fetal subsequente ocorre no útero, que sofre aumentos drásticos no tamanho e no desenvolvimento. O útero humano é um órgão oco piriforme, que está localizado na pelve entre a bexiga e o reto Na mulher nulípara, pesa 30 a 40 g e mede 7,5 cm de comprimento, 5 cm de largura em sua face superior e 2,5 cm de espessura. O lúmen, que também é achatado, é contínuo com as tubas uterinas e com a vagina. Anatomicamente, o útero é dividido em duas regiões: 1. O corpo é a porção superior grande do útero A superfície anterior é quase plana, enquanto a superfície posterior é convexa. A parte superior arredondada do corpo do útero que se expande acima da fixação das tubas uterinas é denominada fundo do útero. 2. O colo é a parte inferior em formato de barril, separado do corpo pelo istmo O lúmen do colo, o canal do colo do útero, apresenta uma abertura contraída em cada extremidade. O óstio interno do útero comunica-se com a cavidade do útero; o óstio externo, com a vagina. A parede uterina é composta de três camadas. Do lúmen para fora, tais camadas são as seguintes: O endométrio é a mucosa do útero O miométrio é a camada muscular espessa É contínua com a camada muscular da tuba uterina e da vagina. As fibras musculares lisas também se estendem nos ligamentos conectados ao útero. O perimétrio, a camada serosa externa ou revestimento peritoneal visceral do útero, é contínuo com o peritônio pélvico e abdominal e consiste em mesotélio e em uma camada fina de tecido conjuntivo frouxo Abaixo do mesotélio, há uma camada de tecido elástico que costuma ser proeminente. O perimétrio cobre toda a superfície posterior do útero, mas apenas parte da superfície anterior. A parte remanescente da superfície anterior consiste em tecido conjuntivo ou adventícia. Tanto o miométrio quanto o endométrio sofrem alterações cíclicas a cada mês para preparar o útero para a implantação de um embrião Essas alterações constituem o ciclo menstrual. Se houver implantação de um embrião, o ciclo é interrompido, e ambas as camadas sofrem crescimento e diferenciação consideráveis durante a gravidez. valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce 2 Histopatologia – UC11/P4 O miométrio é a camada mais espessa da parede uterina. É composto de três camadas pouco definidas de músculo liso: a. A camada muscular média contém numerosos vasos sanguíneos de grande calibre (plexos venosos) e vasos linfáticos e é denominada estrato vascular Trata-se da camada mais espessa, que apresenta feixes de músculo liso entrelaçados e orientados em um padrão circular ou espiral b. Os feixes de músculo liso nas camadas interna e externa estão predominantemente orientados em paralelo ao eixo longo do útero * Durante a contração do útero, todas as três camadas do miométrio atuam em conjunto como um sincício funcional, expelindo o conteúdo do lúmen por um orifício estreito. No útero não grávido, as células musculares lisas medem cerca de 50 μm de comprimento. Durante a gravidez, o útero sofre aumento extraordinário O crescimento deve-se principalmente à hipertrofia das células musculares lisas existentes, que podem alcançar mais de 500 μm de comprimento, e secundariamente atribuível ao desenvolvimento de novas fibras por meio da divisão das células musculares existentes e da diferenciação de células mesenquimais indiferenciadas. A quantidade de tecido conjuntivo também aumenta. À medida que a gravidez prossegue, a parede uterina torna-se progressivamente mais delgada, em decorrência da distensão promovida pelo crescimento do feto. Depois do parto, o útero reduz seu tamanho para as dimensões anteriores à gravidez Algumas fibras musculares degeneram, mas a maioria retorna a seu tamanho original. O colágeno produzido durante a gravidez para fortalecer o miométrio é então degradado enzimaticamente pelas células que o secretaram. A cavidade uterina permanece maior, e a parede muscular fica mais espessa do que antes da gravidez Em comparação com o corpo do útero, o polo apresenta mais tecido conjuntivo e menos músculo liso. As fibras elásticas são abundantes no colo, mas são encontradas em quantidades apreciáveis apenas na camada externa do miométrio do corpo do útero. Durante toda a vida reprodutiva, o endométrio sofre alterações cíclicas a cada mês, que o preparam para a implantação do embrião e os eventos subsequentes do desenvolvimento embrionário e fetal. As alterações na atividade secretora do endométrio durante o ciclo estão correlacionadas com a maturação dos folículos ovarianos O final de cada ciclo caracteriza-se pela destruição parcial e descamação do endométrio, acompanhadas de sangramento dos vasos mucosos. A descarga de tecido e de sangue pela vagina, que costuma ter duração de 3 a 5 dias, é denominada menstruação ou fluxo menstrual. O ciclo menstrual é definido pelo dia em que começa o fluxo menstrual. Durante a vida reprodutiva, o endométrio consiste em duas camadas ou zonas, que diferem na sua estrutura e função: a. O estrato funcional, ou camada funcional, é a porção espessa do endométrio, que sofre descamação na menstruação b. O estrato basal, ou camada basal, é retido durante a menstruação e atua como fonte para a regeneração do estrato funcional valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce 3 Histopatologia – UC11/P4 Durante as fases do ciclo menstrual, a espessura do endométrio varia de 1 a 6 mm. O endométrio é revestido por epitélio simples colunar que contém células secretoras e ciliadas O epitélio de superfície sofre invaginação na lâmina própria subjacente, o estroma endometrial, formando as glândulas uterinas. Essas glândulas tubulares simples, que contêm menor número de células ciliadas, ramificam-se ocasionalmente na face mais profunda do endométrio. O estroma endometrial, que se assemelha ao mesênquima, é altamente celularizado e apresenta quantidade abundante de matriz extracelular. À semelhança da tuba uterina, não há submucosa separando o endométrio do miométrio O endométrio contém um sistema único de vasos sanguíneos. A artéria uterina dá origem a 6 a 10 artérias arqueadas que se anastomosam no miométrio Os ramos dessas artérias, as artérias radiais, penetram na camada basal do endométrio, onde dão origem a pequenas artérias retas que suprem essa região do endométrio. O ramo principal da artéria radial continua para cima e torna-se altamente espiralado; por esse motivo, é denominado artéria espiralada As artérias espiraladas dão origem a numerosas arteríolas, que frequentemente se anastomosam à medida que suprem um rico leito capilar. Este inclui segmentos dilatados de paredes finas, denominados lacunas, as quais também podem ocorrer no sistema venoso que drena o endométrio. As artérias retas e a parte proximal das artérias espiraladas não se modificam durante o ciclo menstrual. A porção distal das artérias espiraladas, sob a influência dos estrogênios e da progesterona, sofre degeneração e regeneração a cada ciclo menstrual. Durante cada ciclo menstrual, o ovário sofre alterações cíclicas que envolvem duas fases: Fase folicular Fase lútea O ciclo menstrual é um continuum de estágios de desenvolvimentoque ocorre na camada funcional do endométrio. É controlado, em uma última análise, pelas gonadotropinas secretadas pela pars distalis da hipófise que regulam as secreções esteroides do ovário. O ciclo geralmente se repete a cada 28 dias, durante o qual o endométrio passa por uma sequência de alterações morfológicas e funcionais. É conveniente descrever o ciclo em três fases sucessivas: A fase proliferativa ocorre concomitantemente com a maturação folicular e é influenciada pela secreção ovariana de estrogênios Lâmina Superior: Após a descamação do estrato funcional (ef), ocorre regeneração do tecido exposto. A renovação epitelial provém das glândulas que permanecem no estrato basal (EB). O epitélio glandular prolifera e cresce sobre a superfície. Esta figura mostra o endométrio como ele é visto quando a renovação está completa. A área delimitada pelo pequeno retângulo superior é mostrada em maior aumento no detalhe à direita. Observe o epitélio simples (EpS) colunar que recobre a superfície endometrial e sua semelhança com o epitélio glandular (Gl). O endométrio é relativamente delgado nessa fase, e cerca da metade de sua espessura consiste no estrato basal. A área delimitada pelo pequeno retângulo inferior, localizada na região do estrato basal, é mostrada em maior aumento no detalhe da figura a seguir. O epitélio glandular da porção profunda das glândulas assemelha-se àquele da superfície endometrial. Abaixo do endométrio está o miométrio (m), no qual está presente um determinado número de vasos sanguíneos (VS) de grande calibre. Lâmina Inferior: Sob a influência do estrogênio, os vários componentes do endométrio proliferam (fase proliferativa), de modo que a sua espessura total aumenta. Como mostra esta figura, as glândulas (Gl) endometriais tornam-se muito longas e seguem um percurso retilíneo no estrato funcional (ef) até a superfície. O estrato basal (EB) essencialmente não é afetado pelo estrogênio e mantém, em grande parte, a mesma organização vista na figura anterior. Nesta figura, por outro lado, o estrato funcional (ef) é mais espesso e constitui cerca de quatro quintos da espessura endometrial. valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce 4 Histopatologia – UC11/P4 A fase secretora coincide com a atividade funcional do corpo lúteo e é influenciada principalmente pela secreção de progesterona A fase menstrual começa quando a produção de hormônios pelo ovário declina com a degeneração do corpo lúteo Ovários Fase Folicular: • Começa com o desenvolvimento de um pequeno número de folículos primários (10 a 20) sob a influência do FSH e do LH A seleção dos folículos dominantes ocorre em torno dos dias 5 a 7 do ciclo menstrual. Durante os primeiros 8 a 10 dias do ciclo, o FSH é o principal hormônio que influencia o crescimento dos folículos. • O FSH estimula as células da granulosa e as células tecais, que começam a secretar hormônios esteroides, principalmente estrogênios, no lúmen folicular * À medida que a produção de estrogênios pelo folículo dominante aumenta, o FSH é inibido por uma alça de retroalimentação negativa da hipófise. * Os estrogênios continuam a se acumular no lúmen folicular, alcançando finalmente um nível que torna o folículo independente do FSH para a continuação de seu crescimento e desenvolvimento. * Mais tarde, na fase folicular, antes da ovulação, os níveis de progesterona começam a aumentar sob a influência do LH. * A quantidade de estrogênios no sangue circulante inibe a produção adicional de FSH pela adeno-hipófise. • A ovulação é induzida por um surto no nível de LH, que ocorre concomitantemente com uma elevação menor dos níveis de FSH Isso ocorre aproximadamente 34 a 36 horas após o início do surto do LH ou cerca de 10 a 12 horas após o pico do surto de LH. Fase Lútea: • Começa imediatamente depois da ovulação, quando as células da granulosa e as células tecais do folículo roto sofrem rápida diferenciação morfológica para formar o corpo lúteo * O corpo lúteo secreta estrogênios e grandes quantidades de progesterona. • Sob a influência de ambos os hormônios, principalmente da progesterona, o endométrio inicia sua fase secretora, que é essencial para a preparação do útero para a implantação caso o óvulo seja fertilizado * O LH parece ser responsável pelo desenvolvimento e pela manutenção do corpo lúteo durante o ciclo menstrual. Se não houver fertilização, o corpo lúteo degenera em poucos dias, quando os níveis hormonais caem. * Se ocorrer fertilização, o corpo lúteo é mantido e continua secretando progesterona e estrogênios. A hCG, que é inicialmente produzida pelo embrião e, mais tarde, pela placenta, estimula o corpo lúteo e é responsável pela sua manutenção durante a gravidez. Endométrio Fase Proliferativa: No final da fase menstrual, o endométrio consiste em uma delgada faixa de tecido conjuntivo, de cerca de 1 mm de espessura, contendo apenas as porções basais das glândulas uterinas e as porções inferiores das artérias espiraladas. • Essa camada constitui o estrato basal; a camada que foi descamada é o estrato funcional. Sob a influência dos estrogênios, a fase proliferativa é iniciada * A fase proliferativa continua até o primeiro dia depois da ovulação, que ocorre aproximadamente no dia 14 de um ciclo de 28 dias. • No final dessa fase, o endométrio alcançou uma espessura de cerca de 3 mm • As glândulas apresentam lúmen estreito e são relativamente retas, embora exibam aparência ligeiramente ondulada (Fig. A) • Observa-se a existência de acúmulos de glicogênio nas https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527729888/epub/OEBPS/Text/chapter23.html#ch23fig17 valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce 5 Histopatologia – UC11/P4 porções basais das células epiteliais Fase Secretora: * Sob a influência da progesterona, ocorrem alterações pronunciadas no estrato funcional, que começam 1 ou 2 dias depois da ovulação. • O endométrio torna-se edematoso e, por fim, pode alcançar espessura de 5 a 6 mm • As glândulas aumentam de tamanho, tornam-se tortuosas e os lumens são preenchidos por secreção (Fig. B) * O líquido mucoide produzido pelo epitélio glandular é rico em nutrientes (particularmente glicogênio), necessários para manter o desenvolvimento caso ocorra implantação. • Nesse estágio, as mitoses são raras * O crescimento observado nesse estágio resulta de hipertrofia das células epiteliais, aumento da vascularização e edema do endométrio. • As artérias espiraladas, no entanto, aumentam de comprimento e tornam-se mais espiraladas. Estendem-se quase até a superfície do endométrio Fase Menstrual: * O corpo lúteo produz ativamente hormônios durante cerca de 10 dias caso não ocorra fertilização. • À medida que os níveis de hormônios declinam rapidamente, ocorrem alterações do suprimento sanguíneo para o estrato funcional * Inicialmente, as contrações periódicas das paredes das artérias espiraladas, que duram várias horas, causam isquemia do estrato funcional. * As glândulas interrompem a sua secreção, e a altura do endométrio diminui à medida que o estroma se torna menos edemaciado. • Após cerca de 2 dias, períodos extensos de contração arterial, com períodos apenas breves de fluxo sanguíneo, promovem a ruptura do epitélio superficial e dos vasos sanguíneos * Quando as artérias espiraladas se fecham, o sangue flui para dentro do estrato basal, mas não para o estrato funcional. • A descarga vaginal éconstituída por sangue, líquido uterino e células estromais e epiteliais que descamam do estrato funcional • À medida que placas de tecido se separam do endométrio, as extremidades rotas das veias, das artérias e das glândulas ficam expostas (Fig. C) • A descamação do endométrio continua até permanecer apenas o estrato basal O colo uterino ou cérvice, que representa a porção inferior do órgão, tem forma cilíndrica O canal endocervical comunica a cavidade uterina (através do orifício interno) com a luz vaginal (através do orifício externo). Em uma mulher multípara, o orifício externo (OE) é alongado ou em fenda e delimita os chamados lábios cervicais, um anterior e outro posterior; na nulípara, o orifício externo é circular * A mucosa cervical mede em torno de 2 a 3 mm de espessura e difere acentuadamente do restante do endométrio uterino, visto que: a. contém grandes glândulas ramificadas b. carece também de artérias espiraladas c. a mucosa cervical sofre pouca alteração na sua espessura durante o ciclo menstrual e não é descamada durante o período da menstruação * No entanto, durante cada ciclo menstrual, as glândulas cervicais sofrem alterações funcionais importantes, que estão relacionadas com o transporte dos espermatozoides no canal cervical. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527729888/epub/OEBPS/Text/chapter23.html#ch23fig17 valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce 6 Histopatologia – UC11/P4 A quantidade e as propriedades do muco secretado pelas células glandulares variam durante o ciclo menstrual sob a influência dos hormônios ovarianos Na metade do ciclo, a quantidade de muco produzida aumenta em 10 vezes. Esse muco é menos viscoso e parece fornecer ambiente mais favorável para a migração dos espermatozoides. O muco cervical nos outros períodos do ciclo restringe a passagem dos espermatozoides para dentro do útero. Por conseguinte, os mecanismos hormonais asseguram que a ovulação e as alterações no muco cervical sejam coordenadas, aumentando, assim, a possibilidade de ocorrência de fertilização se os espermatozoides recém-ejaculados e o óvulo chegarem simultaneamente ao local de fertilização na tuba uterina. A superfície mucosa cervical voltada para a vagina, externamente ao OE e denominada ectocérvice, é revestida por epitélio estratificado escamoso não ceratinizado A superfície mucosa do canal endocervical, chamada endocérvice, é recoberta por epitélio simples colunar mucossecretor Abaixo deste, existem células de reserva, multipotentes, capazes de se diferenciar tanto em células colunares como em células escamosas. O epitélio colunar endocervical penetra profundamente na lâmina própria e ramifica- se, dando origem às glândulas endocervicais O local de encontro do epitélio colunar com o epitélio escamoso é abrupto e denominado junção escamocolunar A localização da JEC é variável e sofre influência de estímulos hormonais, variando com a idade da mulher e o período do ciclo menstrual. O bloqueio das aberturas das glândulas mucosas resulta em retenção de suas secreções, levando à formação de cistos dilatados no colo do útero, denominado CISTOS DE NABOTH. Estes se desenvolvem com frequência, mas apenas serão clinicamente importantes se houver história de um número grande de cistos que provoquem aumento acentuado do colo do útero. A mucosa que reveste internamente o canal endocervical invagina-se para o cório subjacente, formando as glândulas endocervicais (cabeças de seta). Mais internamente, existe a região ístmica (istmo). Externamente, fora do orifício externo (seta negra), encontra-se a ectocérvice, que se continua com a mucosa vaginal, formando os fundos de saco anterior e posterior (setas amarelas). Invaginação do epitélio, que forma estruturas tubulares ramificadas (“glândulas endocervicais”). No detalhe, epitélio de revestimento do tipo colunar simples, mucossecretor. MUCO valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce 7 Histopatologia – UC11/P4 a. No início (antes da puberdade e depois da menopausa), a JEC localiza-se na região do orifício externo do colo uterino – Fig. A b. Especialmente no período pós-puberal, a mucosa pode sofrer eversão, fenômeno fisiológico em que parte da endocérvice move- se para fora do canal endocervical e adiante do orifício externo, constituindo o chamado ectrópio. Com isso, a JEC localiza-se agora fora do orifício externo – Fig. B Ectrópio é encontrado em cerca de 45% das mulheres entre 1 e 13 anos e é duas vezes mais comum no lábio anterior do que no posterior. O epitélio evertido, mais delgado, é menos resistente às adversidades existentes na luz vaginal, como pH ácido, microbiota residente e traumatismos aos quais o colo fica exposto durante as relações sexuais Colo uterino na junção escamocolunar (JEC). Notar junção abrupta entre o epitélio estratificado escamoso (setas), mais espesso e contendo muitas células com citoplasma amplo e claro (imagem negativa do glicogênio), e o epitélio simples endocervical, repleto de sialomucinas ácidas, cujo citoplasma é fortemente corado em azul (coloração de azul de alcião). Colo uterino com extensa área de ectrópio (cabeças de seta). B. Mesmo caso, após teste de Schiller. A região de ectrópio mostra-se clara (não se cora pelo iodo). valde Realce valde Realce valde Realce 8 Histopatologia – UC11/P4 * Esses fatores são os responsáveis pela ocorrência de um outro fenômeno fisiológico e adaptativo: nas áreas de epitélio evertido, surge metaplasia escamosa, que se caracteriza pela substituição do epitélio colunar endocervical por epitélio escamoso, mais resistente. Ao final do processo, a ectopia cervical é totalmente substituída por esse novo epitélio, que é muito semelhante ao epitélio escamoso primitivo Quando grupos de ramificações endocervicais são obliterados pelo epitélio escamoso metaplásico, que prolifera na superfície e bloqueia o fluxo de muco, os produtos de secreção se acumulam, provocam dilatação das glândulas e formam os cistos de Naboth. A região compreendida entre a JEC original e a nova junção é denominada zona de transformação (ZT), a qual se caracteriza por epitélio escamoso metaplásico * O reconhecimento da ZT tem grande importância no estudo das lesões do colo uterino, já que virtualmente todas as neoplasias cervicais se iniciam na nova JEC e porque a extensão e os limites das lesões precursoras coincidem com os da distribuição da ZT. Ao exame direto com colposcópio, instrumento que permite a visualização da mucosa através de uma lupa, pode-se identificar a ZT, que é conhecida como zona de transformação típica (ZTT) * Quando os mesmos processos irritativos indutores da transformação metaplásica se perpetuam, muitas vezes surgem inflamação crônica ou displasias, as quais resultam em alterações no padrão colposcópico da zona de transformação, que passa a ser denominada zona de transformação atípica (ZTA). Assim, a ZTA representa o marcador colposcópico dos dois processos patológicos cervicais mais prevalentes, as cervicites crônicas e as displasias, muitas vezes concomitantes. valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce 9 Histopatologia – UC11/P4 O carcinoma de células escamosas (CCE), que é a neoplasia do colo uterino mais frequente (85% das neoplasias cervicais), tem enorme impacto na saúde das mulheres,pois, além da sua alta prevalência, acomete predominantemente mulheres jovens, em idade fértil e produtiva. Apesar da sua localização interna, o colo uterino é um órgão de fácil acesso para exame, permitindo manuseio sob observação direta, com a possibilidade de abordagem de lesões suspeitas por meio do estudo de esfregaços de células – teste de Papanicolau (exame citopatológico) – ou biópsias (exame anatomopatológico) dirigidas por colposcopia. * O termo displasia foi introduzido para descrever alterações morfológicas no epitélio escamoso e nas células epiteliais de esfregaços cervicais caracterizadas por: a. distúrbios da polaridade e da diferenciação celulares b. com atipias c. não raramente estendendo-se ao epitélio de superfície glandular, mas sem invasão Segundo essa definição, as displasias poderiam ser graduadas como discreta (leve), moderada ou acentuada, de acordo com o grau de alterações citológicas e arquiteturais do epitélio afetado. A patogenia do carcinoma cervical foi delineada por uma série de estudos epidemiológicos, clinico- patológicos e de genética molecular. Os dados epidemiológicos implicaram há muito tempo um agente sexualmente transmitido, que atualmente é estabelecido como o HPV. Os HPVs são vírus DNA que são tipificados com base em sua sequência de DNA e subagrupados em tipos de alto e baixo risco oncogênico * Os HPVs de alto risco oncogênico atualmente são considerados como o fator isolado mais importante na oncogênese cervical. Os HPVs de alto risco também foram detectados em carcinomas de células escamosas vaginais e em um subgrupo de carcinomas vulvares, penianos, anais, tonsilares e outros carcinomas orofaríngeos. * Como observado anteriormente, os HPVs de baixo risco oncogênico são a causa do condiloma acuminado sexualmente transmitido na região vulvar, perineal e perianal. Existem 15 HPVs de alto risco oncogênico identificados atualmente. Do ponto de vista da patologia cervical, o HPV 16 e o HPV 18 são os mais importantes O HPV 16 isoladamente responde por quase 60% dos casos de câncer cervical, e o HPV 18 responde pelos outros 10% dos casos; outros tipos de HPV contribuem para menos de 5% dos casos individualmente. * Os fatores de risco para câncer cervical estão relacionados a características tanto do hospedeiro quanto do vírus, como exposição ao HPV, oncogenicidade viral, ineficiência da resposta imunológica e presença de cocarcinógenos. Estes incluem: a. Múltiplos parceiros sexuais b. Parceiro do sexo masculino com múltiplas parceiras sexuais prévias ou atuais c. Idade precoce na primeira relação sexual d. Alta paridade e. Infecção persistente por um HPV de alto risco oncogênico, por exemplo, HPV 16 ou HPV18 f. Imunossupressão g. Certos subtipos de HLA h. Uso de contraceptivos orais i. Uso de nicotina O HPV é um vírus DNA da família Papillomaviridae, que atualmente inclui 118 genótipos distintos (com base na sequência do DNA) capazes de infectar a espécie humana. Por meio de estudos de biologia molecular, são conhecidos mais de 40 tipos que infectam células da região anogenital. Todos os HPV são epiteliotróficos (pele e mucosas), podem induzir proliferação epitelial (formação de papilomas) e dependem da célula infectada para sua replicação Considerando-se a população mundial, estima-se em 80% o risco de infecção em pessoas com vida sexual ativa e que 50% dos indivíduos sejam portadores do vírus. Estudos de biologia molecular mostram que o HPV pode ser detectado no colo uterino em 2 a 20% da população feminina mundial. * Os principais elementos que atribuem ao HPV papel etiológico das lesões proliferativas do epitélio escamoso e do carcinoma cervical são: 1. O HPV é comprovadamente um agente transmissível sexualmente (o CCE do colo uterino comporta-se como doença sexualmente transmissível 2. A faixa etária das mulheres que se infectam com o HPV coincide com a época do surgimento das lesões precursoras, anterior ao desenvolvimento do câncer 3. A alta incidência de carcinoma cervical em mulheres cujos parceiros têm história de câncer do pênis ou possuem condilomas penianos 4. Nas lesões malignas, o DNA viral encontra-se integrado ao DNA do hospedeiro 5. A inoculação experimental do vírus em coelhos produz tumores cutâneos valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce 10 Histopatologia – UC11/P4 * O comportamento das lesões induzidas pelo vírus depende de fatores relacionados com o HPV e com o hospedeiro, como o tipo de vírus envolvido, a região geográfica, a carga viral e os fatores relacionados com a imunidade do indivíduo. Os tipos 16, 18, 31, 33, 34, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 66, 68 e 70, ditos HPV de alto risco, estão mais associados a displasia moderada ou acentuada, carcinoma in situ e carcinoma invasor O HPV 16 é o mais prevalente, sendo encontrado em 50 a 60% dos casos de carcinoma cervical, seguido pelo HPV 18, responsável por cerca de 10% dessas lesões. As células infectadas são, em sua maioria, aneuploides e, portanto, com fenótipo neoplásico. Outros tipos, como 6, 11, 42, 43 e 44, considerados HPV de baixo risco, induzem nas células a formação de novas partículas virais; Quando surgem distúrbios da proliferação e diferenciação celulares, estes são geralmente mais discretos, como displasia leve. Nesses casos, as células infectadas são diploides ou poliploides. * O HPV é um vírus de DNA de fita dupla, circular, contendo cerca de 8.000 pares de base, cuja replicação depende da célula do hospedeiro. O genoma viral é dividido em três regiões: a. não codificante (sequência anterior regulatória), com 400 a 1.000 pares de base, referida como longa região controladora (LCR); Esta região contém o promotor P97, ao longo do qual há sequências ativadoras e silenciadoras que regulam a replicação do DNA; b. região precoce (E), com as sequências que codificam as proteínas E1, E2, E4, E5, E6 e E7, envolvidas na replicação viral e na oncogênese; c. região tardia (L), que codifica as proteínas estruturais L1 e L2 do capsídeo viral; Transmissão: • A transmissão do vírus se dá primariamente por contato direto, em geral por atividade sexual, podendo a contaminação ocorrer também pela passagem do concepto pelo canal de parto • Transmissão pode ocorrer também por fomitos, por exposição prolongada a roupas contaminadas e pela via vertical • O risco de contágio aumenta em pessoas com vários parceiros sexuais e quando os parceiros têm múltiplos parceiros * O uso de preservativo pode não prevenir o contágio, já que a transmissão pode se dar por contato com os lábios, o escroto, a mucosa anal e outras superfícies contaminadas. * O HPV é mais comum em mulheres sexualmente ativas entre 18 e 30 anos, com pico de infecção entre 20 e 24 anos e redução marcante da prevalência após 30 anos, podendo haver um pico secundário na perimenopausa. • O câncer é mais comum em mulheres com mais de 35 anos, o que sugere infecção precoce, de progressão lenta * O HPV infecta o epitélio escamoso, particularmente células basais (imaturas e com capacidade replicativa) ou células de metaplasia escamosa; abrasões ou microerosões no epitélio facilitam a infecção das células basais, que são capazes de se replicar e que constituem o reservatório do vírus. O entendimento do ciclo viral e dos padrões de infecção ajuda a compreender os mecanismos envolvidos na patogênese do câncer do colo uterino. Após penetrar na célula por meiode receptor, o vírus pode causar: valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce 11 Histopatologia – UC11/P4 Infecção latente, inativa ou não produtiva Dentro da célula, o DNA viral dirige-se ao núcleo, onde permanece na forma epissomal. O DNA do vírus é replicado como unidade extracromossômica durante a divisão celular, mas não há formação de novas partículas virais (os outros genes virais não são expressos) nem se formam lesões macro ou microscópicas. Infecção ativa ou produtiva O DNA viral integra-se, em pequeno grau, ao genoma da célula e é replicado independentemente do DNA celular. Os genes virais são expressos e proteínas do vírus são sintetizadas, formando-se novas partículas virais, que são liberadas nas camadas superficiais do epitélio. Se a infecção é prolongada (como acontece com os vírus de alto risco) e a carga viral é alta, pode haver integração persistente do DNA viral ao DNA celular. Como a integração bloqueia os genes precoces E6 e E7 do vírus, não há formação de novas partículas virais, enquanto as proteínas E6 e E7 são sintetizadas em grande quantidade. Como E6 e E7 são oncoproteínas, ocorre transformação celular. Morfologicamente, surgem alterações displásicas no epitélio, as quais podem evoluir para carcinoma in situ e, depois, para câncer invasor. Os HPVs de alto risco distinguem-se dos de baixo risco especialmente pelo seu estado físico e pela expressão dos genes E6 e E7: os HPV de alto risco geralmente se integram ao DNA celular, enquanto os HPVs de baixo risco permanecem na forma epissomal A integração do DNA viral ao DNA da célula pode interromper a transcrição ou deletar a sequência E2. Como a proteína E2 inibe a expressão dos genes E6 e E7, a falta de E2 permite a síntese aumentada dessas duas oncoproteínas, responsáveis por lesões precursoras e pelo câncer anogenital Em infecções por HPV de baixo risco (os tipos 6 e 11 são os mais prevalentes), sem integração ao DNA celular, surge o condiloma acuminado, inclusive no períneo e nas regiões anal e perianal. A proteína E6 do HPV liga-se à p53, marcando- a para degradação em proteassomos Como a p53 reduz a progressão do ciclo celular, estimula a apoptose e favorece o reparo do DNA, estas funções ficam abolidas. Com isso, a célula perde o controle indispensável à sua normalidade. Além disso, a E6 aumenta da expressão da telomerase, reduzindo a senescência celular. A proteína E6 dos HPVs de baixo grau não se liga à p53 em níveis detectáveis e não afeta a estabilidade desta em estudos in vitro. A proteína E7 liga-se à forma hipofosforilada da proteína do retinoblastoma (pRB) Tal ligação desfaz o complexo formado entre a pRB e o fator de transcrição E2F; a liberação do E2F estimula a transcrição de genes cujos produtos são necessários para as células entrarem na fase S do ciclo celular. A proteína E7 pode ainda associar-se a outras proteínas celulares envolvidas no ciclo celular, como a ciclina E. O efeito final é o estímulo à síntese de DNA e à proliferação celular. A proteína E7 dos HPV de baixo grau liga-se à pRB com menor afinidade. Em síntese, aumento de E6 e E7 bloqueia a ação de p53 e pRB, o que resulta em instabilidade genômica nas células epiteliais e aumenta a replicação celular Em consequência, a célula acumula mais e mais danos no DNA, que não são reparados. O acúmulo de mutações que surgem ao acaso (evento aditivo) ao longo do tempo contribui para a transformação celular. Morfologia: • Os carcinomas de células escamosas são compostos por ninhos e projeções de epitélio escamoso maligno, queratinizado ou não queratinizado, invadindo o estroma cervical subjacente • Região de transição, mostrando substituição abrupta do epitélio plano normal à E. por carcinoma in situ à D – Fig. A • No epitélio normal as células basais são vistas só na camada mais profunda e as células das outras valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce 12 Histopatologia – UC11/P4 camadas contêm vacúolos de glicogênio. No carcinoma in situ células escuras ocupam toda a espessura do epitélio • O carcinoma in situ corresponde ao grau máximo de displasia (ou seja, é classificado como displasia grave) e à Neoplasia Epitelial Cervical (NIC) III (ou seja, afeta toda a espessura do epitélio) (O NIC I acomete o terço profundo, o NIC II dois terços). As células atípicas não invadem o estroma subjacente, portanto a membrana basal está preservada. Esta é a razão do termo in situ. Contudo, o carcinoma in situ é uma lesão pré- neoplásica, ou seja, se não removida, evoluirá com alta probabilidade para carcinoma epidermoide invasivo. • As células no carcinoma in situ lembram as da camada basal normal pelo seu núcleo ovalado e citoplasma escasso • Porém apresentam desorganização da arquitetura em camadas, atipias nucleares e figuras de mitose em qualquer altura do epitélio • Em alguns núcleos notam-se nucléolos evidentes, um sinal de ativa síntese proteica • O carcinoma in situ recobre extensa área da superfície da endocérvice, substituindo o epitélio normal, que deveria ser cilíndrico simples mucoso, como o das glândulas. Em certos trechos, o epitélio atípico substitui também o epitélio glandular em continuidade * De acordo com a extensão da diferenciação escamosa, o CCE por ser classificado como bem, moderadamente ou pouco diferenciado. • Os tumores bem diferenciados (grau 1) têm abundante produção de ceratina, com frequentes pérolas córneas (Figura B) • Nos tumores moderadamente diferenciados (grau 2), as células são mais pleomórficas, com menor ceratinização individual e pérolas córneas mais escassas • Enquanto nos tumores pouco diferenciados (grau 3) o pleomorfismo celular é acentuado, o índice mitótico é alto e as áreas de necrose são frequentes, sendo difícil identificar ceratinização * Entre as variantes do CCE, a mais importante é o carcinoma basaloide, que é bastante agressivo e tem alto grau de malignidade; o tumor é formado por massas de células imaturas do tipo basal, que formam ninhos geralmente com necrose central. Epitélio Ectocérvice Normal Carcinoma In Situ A valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce 13 Histopatologia – UC11/P4 As displasias cervicais e o CIS não têm sintomatologia própria e são reconhecidos por exame citológico ou colposcopia Nos casos suspeitos, é feita biópsia da lesão. No carcinoma invasor, os sintomas dependem do tamanho do tumor e do estadiamento. a. As lesões pequenas são assintomáticas b. Nas lesões maiores e com extensão extracervical, as pacientes queixam-se de corrimento, sangramento genital e dispareunia; especialmente nos casos avançados, pode ser detectada lesão que deforma ou destrói o colo uterino c. A extensão do tumor ao corpo do útero e aos paramétrios resulta em diminuição da mobilidade do órgão ou provoca aderências a estruturas vizinhas d. A extensão à pelve pode causar dor ciática e, com o acometimento dos linfáticos, linfedema das extremidades e. A infiltração da parede vesical pode provocar hematúria e infecção urinária O carcinoma de células escamosas precoce apresenta-se como área endurecida ou pequena úlcera elevada. No carcinoma avançado, há três padrões de crescimento: 1. exofítico, caracterizado por massa polipoide, verrucosa ou papilífera que se projeta na luz vaginal; é o tipo de melhor prognóstico 2. ulcerado, de pior prognóstico; 3. endofítico, que acomete inicialmente o canalendocervical; pode ser nodular, crescendo na luz do canal endocervical, ou ulcerado, mais agressivo, com infiltração precoce da parede uterina e extensão aos paramétrios, razão pela qual tem pior prognóstico. Nesses casos, o aspecto da ectocérvice pode até ser normal B A, Carcinoma de células escamosas microinvasivo com ninho invasivo abrindo caminho pela membrana basal de HSIL. B, Carcinoma de células escamosas invasivo. valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Sublinhado valde Realce valde Realce 14 Histopatologia – UC11/P4 A classificação de lesões pré-cancerosas cervicais evoluiu ao longo do tempo e os termos de diferentes sistemas de classificação atualmente são usados de modo intercambiável. Portanto, uma breve revisão da terminologia se justifica. O sistema de classificação antigo classificava lesões como apresentando displasia leve em uma extremidade e displasia grave/carcinoma in situ na outra. Isto foi seguido pela classificação de neoplasia intraepitelial cervical (CIN), com a displasia leve chamada de CIN I, a displasia moderada de CIN II, e a displasia grave chamada de CIN III Já que a decisão relativa à conduta para a paciente tem dois níveis (observação versus tratamento cirúrgico), o sistema de classificação de três níveis foi simplificado recentemente para um sistema de dois níveis, com: a. CIN I renomeada para lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL) b. CIN II e CIN III combinadas em uma categoria citada como lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL) * No epitélio displásico, as células superficiais expressam o antígeno Ki-67 (marcador de divisão celular) e há superexpressão de p16, um inibidor de CDK (cinase dependente de ciclina); p16 é marcador de infecção pelo HPV e indicador de integração do DNA viral ao DNA celular e de expressão da proteína E7 (sinal de maior risco de progressão) Aspectos Morfológicos: * Histologicamente, as lesões precursoras apresentam distúrbios da proliferação e maturação celulares, perda da estratificação do epitélio e atipias variadas: • O epitélio escamoso normal, sem atipias, está mostrado na Fig. A • Na displasia leve (Fig. B), as alterações celulares estão presentes no terço basal do epitélio, onde se observam proliferação com atipias celulares discretas e alterações da polaridade das células • Na displasia moderada (Fig. C), as atipias e os distúrbios da polaridade e da diferenciação celulares são mais intensos e alcançam metade da espessura do epitélio; figuras de mitose são mais frequentes, inclusive acima da camada basal • Na displasia acentuada (Fig. D), as alterações são ainda mais evidentes, atingindo praticamente toda a espessura do epitélio; figuras de mitose, típicas e atípicas, são mais comuns * À medida que a lesão progride, intensificam-se as atipias nucleares e aumenta a relação núcleo/citoplasma. * A diferenciação entre displasia acentuada e CIS – carcinoma in situ (Figs. D e E) baseia-se no encontro, na primeira, de algum grau de diferenciação ainda preservada na camada mais superficial do epitélio. * As lesões podem estender-se ao canal cervical e atingir o epitélio escamoso não metaplásico. • Achado importante na infecção pelo HPV é a coilocitose, em que as células escamosas, além de atipias nucleares, mostram efeito citopático (halos claros perinucleares) • Como se trata de lesão espectral, em um mesmo caso podem ser encontradas lesões em vários estágios evolutivos (Fig. F) valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce valde Realce 15 Histopatologia – UC11/P4 Epitélio endocervical metaplásico mostrando NIC I + condiloma 16 Histopatologia – UC11/P4
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