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HIST 02 - UC11

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1 Histopatologia – UC11/P4 
 
 
 
 
O útero recebe a mórula em processo de 
desenvolvimento rápido a partir da tuba uterina. Todo o 
desenvolvimento embrionário e fetal subsequente 
ocorre no útero, que sofre aumentos drásticos no 
tamanho e no desenvolvimento. 
 O útero humano é um órgão oco piriforme, que 
está localizado na pelve entre a bexiga e o reto 
Na mulher nulípara, pesa 30 a 40 g e mede 7,5 cm de 
comprimento, 5 cm de largura em sua face superior e 
2,5 cm de espessura. O lúmen, que também é 
achatado, é contínuo com as tubas uterinas e com a 
vagina. 
Anatomicamente, o útero é dividido em duas regiões: 
1. O corpo é a porção superior grande do útero 
A superfície anterior é quase plana, enquanto a 
superfície posterior é convexa. A parte superior 
arredondada do corpo do útero que se expande acima 
da fixação das tubas uterinas é denominada fundo do 
útero. 
2. O colo é a parte inferior em formato de barril, 
separado do corpo pelo istmo 
O lúmen do colo, o canal do colo do útero, apresenta 
uma abertura contraída em cada extremidade. O óstio 
interno do útero comunica-se com a cavidade do 
útero; o óstio externo, com a vagina. 
 
A parede uterina é composta de três camadas. Do 
lúmen para fora, tais camadas são as seguintes: 
 O endométrio é a mucosa do útero 
 O miométrio é a camada muscular espessa 
É contínua com a camada muscular da tuba uterina e 
da vagina. As fibras musculares lisas também se 
estendem nos ligamentos conectados ao útero. 
 
 
 
 
 
 O perimétrio, a camada serosa externa ou 
revestimento peritoneal visceral do útero, é 
contínuo com o peritônio pélvico e abdominal 
e consiste em mesotélio e em uma camada fina 
de tecido conjuntivo frouxo 
Abaixo do mesotélio, há uma camada de tecido 
elástico que costuma ser proeminente. O perimétrio 
cobre toda a superfície posterior do útero, mas apenas 
parte da superfície anterior. A parte remanescente da 
superfície anterior consiste em tecido conjuntivo ou 
adventícia. 
 Tanto o miométrio quanto o endométrio sofrem 
alterações cíclicas a cada mês para preparar o 
útero para a implantação de um embrião 
Essas alterações constituem o ciclo menstrual. Se houver 
implantação de um embrião, o ciclo é interrompido, e 
ambas as camadas sofrem crescimento e 
diferenciação consideráveis durante a gravidez. 
 
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2 Histopatologia – UC11/P4 
O miométrio é a camada mais espessa da parede 
uterina. É composto de três camadas pouco definidas 
de músculo liso: 
a. A camada muscular média contém numerosos 
vasos sanguíneos de grande calibre (plexos 
venosos) e vasos linfáticos e é 
denominada estrato vascular 
Trata-se da camada mais espessa, que apresenta feixes 
de músculo liso entrelaçados e orientados em um 
padrão circular ou espiral 
b. Os feixes de músculo liso nas camadas interna e 
externa estão predominantemente orientados 
em paralelo ao eixo longo do útero 
* Durante a contração do útero, todas as três camadas 
do miométrio atuam em conjunto como um sincício 
funcional, expelindo o conteúdo do lúmen por um 
orifício estreito. 
 No útero não grávido, as células musculares lisas 
medem cerca de 50 μm de comprimento. 
Durante a gravidez, o útero sofre aumento 
extraordinário 
O crescimento deve-se principalmente à hipertrofia das 
células musculares lisas existentes, que podem alcançar 
mais de 500 μm de comprimento, e secundariamente 
atribuível ao desenvolvimento de novas fibras por meio 
da divisão das células musculares existentes e da 
diferenciação de células mesenquimais 
indiferenciadas. 
A quantidade de tecido conjuntivo também 
aumenta. À medida que a gravidez prossegue, a 
parede uterina torna-se progressivamente mais 
delgada, em decorrência da distensão promovida pelo 
crescimento do feto. 
 Depois do parto, o útero reduz seu tamanho 
para as dimensões anteriores à gravidez 
Algumas fibras musculares degeneram, mas a maioria 
retorna a seu tamanho original. O colágeno produzido 
durante a gravidez para fortalecer o miométrio é então 
degradado enzimaticamente pelas células que o 
secretaram. 
 A cavidade uterina permanece maior, e a 
parede muscular fica mais espessa do que 
antes da gravidez 
Em comparação com o corpo do útero, o polo 
apresenta mais tecido conjuntivo e menos músculo liso. 
As fibras elásticas são abundantes no colo, mas são 
encontradas em quantidades apreciáveis apenas na 
camada externa do miométrio do corpo do útero. 
Durante toda a vida reprodutiva, o endométrio sofre 
alterações cíclicas a cada mês, que o preparam para 
a implantação do embrião e os eventos subsequentes 
do desenvolvimento embrionário e fetal. 
 As alterações na atividade secretora do 
endométrio durante o ciclo estão 
correlacionadas com a maturação dos folículos 
ovarianos 
O final de cada ciclo caracteriza-se pela destruição 
parcial e descamação do endométrio, acompanhadas 
de sangramento dos vasos mucosos. 
A descarga de tecido e de sangue pela vagina, que 
costuma ter duração de 3 a 5 dias, é 
denominada menstruação ou fluxo menstrual. O ciclo 
menstrual é definido pelo dia em que começa o fluxo 
menstrual. 
Durante a vida reprodutiva, o endométrio consiste em 
duas camadas ou zonas, que diferem na sua estrutura e 
função: 
a. O estrato funcional, ou camada funcional, é a 
porção espessa do endométrio, que sofre 
descamação na menstruação 
b. O estrato basal, ou camada basal, é retido 
durante a menstruação e atua como fonte 
para a regeneração do estrato funcional 
 
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3 Histopatologia – UC11/P4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Durante as fases do ciclo menstrual, a espessura 
do endométrio varia de 1 a 6 mm. O 
endométrio é revestido por epitélio simples 
colunar que contém células secretoras e 
ciliadas 
O epitélio de superfície sofre invaginação na lâmina 
própria subjacente, o estroma endometrial, formando 
as glândulas uterinas. 
Essas glândulas tubulares simples, que contêm menor 
número de células ciliadas, ramificam-se 
ocasionalmente na face mais profunda do endométrio. 
O estroma endometrial, que se assemelha ao 
mesênquima, é altamente celularizado e apresenta 
quantidade abundante de matriz extracelular. 
 À semelhança da tuba uterina, não há 
submucosa separando o endométrio do 
miométrio 
 O endométrio contém um sistema único de 
vasos sanguíneos. A artéria uterina dá origem a 
6 a 10 artérias arqueadas que se anastomosam 
no miométrio 
Os ramos dessas artérias, as artérias radiais, penetram 
na camada basal do endométrio, onde dão origem a 
pequenas artérias retas que suprem essa região do 
endométrio. 
 O ramo principal da artéria radial continua para 
cima e torna-se altamente espiralado; por esse 
motivo, é denominado artéria espiralada 
As artérias espiraladas dão origem a numerosas 
arteríolas, que frequentemente se anastomosam à 
medida que suprem um rico leito capilar. Este inclui 
segmentos dilatados de paredes finas, 
denominados lacunas, as quais também podem 
ocorrer no sistema venoso que drena o endométrio. 
As artérias retas e a parte proximal das artérias 
espiraladas não se modificam durante o ciclo 
menstrual. A porção distal das artérias espiraladas, sob 
a influência dos estrogênios e da progesterona, sofre 
degeneração e regeneração a cada ciclo menstrual. 
Durante cada ciclo menstrual, o ovário sofre alterações 
cíclicas que envolvem duas fases: 
 Fase folicular 
 Fase lútea 
O ciclo menstrual é um continuum de estágios de 
desenvolvimentoque ocorre na camada funcional do 
endométrio. É controlado, em uma última análise, pelas 
gonadotropinas secretadas pela pars distalis da hipófise 
que regulam as secreções esteroides do ovário. 
O ciclo geralmente se repete a cada 28 dias, durante o 
qual o endométrio passa por uma sequência de 
alterações morfológicas e funcionais. É conveniente 
descrever o ciclo em três fases sucessivas: 
 A fase proliferativa ocorre concomitantemente 
com a maturação folicular e é influenciada 
pela secreção ovariana de estrogênios 
Lâmina Superior: 
Após a descamação do estrato funcional (ef), ocorre regeneração 
do tecido exposto. A renovação epitelial provém das glândulas que 
permanecem no estrato basal (EB). O epitélio glandular prolifera e 
cresce sobre a superfície. Esta figura mostra o endométrio como ele 
é visto quando a renovação está completa. A área delimitada 
pelo pequeno retângulo superior é mostrada em maior aumento 
no detalhe à direita. Observe o epitélio simples (EpS) colunar que 
recobre a superfície endometrial e sua semelhança com o epitélio 
glandular (Gl). O endométrio é relativamente delgado nessa fase, e 
cerca da metade de sua espessura consiste no estrato basal. A área 
delimitada pelo pequeno retângulo inferior, localizada na região do 
estrato basal, é mostrada em maior aumento no detalhe da figura a 
seguir. O epitélio glandular da porção profunda das glândulas 
assemelha-se àquele da superfície endometrial. Abaixo do 
endométrio está o miométrio (m), no qual está presente um 
determinado número de vasos sanguíneos (VS) de grande calibre. 
Lâmina Inferior: 
Sob a influência do estrogênio, os vários componentes do endométrio 
proliferam (fase proliferativa), de modo que a sua espessura total 
aumenta. Como mostra esta figura, as glândulas (Gl) endometriais 
tornam-se muito longas e seguem um percurso retilíneo no estrato 
funcional (ef) até a superfície. O estrato basal (EB) essencialmente 
não é afetado pelo estrogênio e mantém, em grande parte, a mesma 
organização vista na figura anterior. Nesta figura, por outro lado, o 
estrato funcional (ef) é mais espesso e constitui cerca de quatro 
quintos da espessura endometrial. 
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4 Histopatologia – UC11/P4 
 A fase secretora coincide com a atividade 
funcional do corpo lúteo e é influenciada 
principalmente pela secreção de progesterona 
 A fase menstrual começa quando a produção 
de hormônios pelo ovário declina com a 
degeneração do corpo lúteo 
Ovários 
Fase Folicular: • Começa com o desenvolvimento 
de um pequeno número de 
folículos primários (10 a 20) sob a 
influência do FSH e do LH 
A seleção dos folículos dominantes ocorre 
em torno dos dias 5 a 7 do ciclo menstrual. 
Durante os primeiros 8 a 10 dias do ciclo, o 
FSH é o principal hormônio que influencia o 
crescimento dos folículos. 
• O FSH estimula as células da 
granulosa e as células tecais, que 
começam a secretar hormônios 
esteroides, principalmente 
estrogênios, no lúmen folicular 
* À medida que a produção de estrogênios 
pelo folículo dominante aumenta, o FSH é 
inibido por uma alça de retroalimentação 
negativa da hipófise. 
* Os estrogênios continuam a se acumular no 
lúmen folicular, alcançando finalmente um 
nível que torna o folículo independente do 
FSH para a continuação de seu crescimento 
e desenvolvimento. 
* Mais tarde, na fase folicular, antes da 
ovulação, os níveis de progesterona 
começam a aumentar sob a influência do LH. 
* A quantidade de estrogênios no sangue 
circulante inibe a produção adicional de FSH 
pela adeno-hipófise. 
• A ovulação é induzida por um surto 
no nível de LH, que ocorre 
concomitantemente com uma 
elevação menor dos níveis de FSH 
Isso ocorre aproximadamente 34 a 36 horas 
após o início do surto do LH ou cerca de 10 
a 12 horas após o pico do surto de LH. 
Fase Lútea: • Começa imediatamente depois da 
ovulação, quando as células da 
granulosa e as células tecais do 
folículo roto sofrem rápida 
diferenciação morfológica para 
formar o corpo lúteo 
* O corpo lúteo secreta estrogênios e 
grandes quantidades de progesterona. 
• Sob a influência de ambos os 
hormônios, principalmente da 
progesterona, o endométrio inicia 
sua fase secretora, que é 
essencial para a preparação do 
útero para a implantação caso o 
óvulo seja fertilizado 
* O LH parece ser responsável pelo 
desenvolvimento e pela manutenção do 
corpo lúteo durante o ciclo menstrual. Se não 
houver fertilização, o corpo lúteo degenera 
em poucos dias, quando os níveis hormonais 
caem. 
* Se ocorrer fertilização, o corpo lúteo é 
mantido e continua secretando progesterona 
e estrogênios. A hCG, que é inicialmente 
produzida pelo embrião e, mais tarde, pela 
placenta, estimula o corpo lúteo e é 
responsável pela sua manutenção durante a 
gravidez. 
 
 
Endométrio 
Fase Proliferativa: No final da fase menstrual, o endométrio 
consiste em uma delgada faixa de tecido 
conjuntivo, de cerca de 1 mm de 
espessura, contendo apenas as porções 
basais das glândulas uterinas e as 
porções inferiores das artérias 
espiraladas. 
• Essa camada constitui o 
estrato basal; a camada que foi 
descamada é o estrato 
funcional. Sob a influência dos 
estrogênios, a fase 
proliferativa é iniciada 
* A fase proliferativa continua até o 
primeiro dia depois da ovulação, que 
ocorre aproximadamente no dia 14 de 
um ciclo de 28 dias. 
• No final dessa fase, o 
endométrio alcançou uma 
espessura de cerca de 3 mm 
• As glândulas apresentam 
lúmen estreito e são 
relativamente retas, embora 
exibam aparência ligeiramente 
ondulada (Fig. A) 
• Observa-se a existência de 
acúmulos de glicogênio nas 
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527729888/epub/OEBPS/Text/chapter23.html#ch23fig17
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5 Histopatologia – UC11/P4 
porções basais das células 
epiteliais 
Fase Secretora: * Sob a influência da progesterona, 
ocorrem alterações pronunciadas no 
estrato funcional, que começam 1 ou 2 
dias depois da ovulação. 
• O endométrio torna-se 
edematoso e, por fim, pode 
alcançar espessura de 5 a 6 
mm 
• As glândulas aumentam de 
tamanho, tornam-se tortuosas 
e os lumens são preenchidos 
por secreção (Fig. B) 
* O líquido mucoide produzido pelo 
epitélio glandular é rico em nutrientes 
(particularmente glicogênio), 
necessários para manter o 
desenvolvimento caso ocorra 
implantação. 
• Nesse estágio, as mitoses são 
raras 
* O crescimento observado nesse 
estágio resulta de hipertrofia das células 
epiteliais, aumento da vascularização e 
edema do endométrio. 
• As artérias espiraladas, no 
entanto, aumentam de 
comprimento e tornam-se mais 
espiraladas. Estendem-se 
quase até a superfície do 
endométrio 
Fase Menstrual: * O corpo lúteo produz ativamente 
hormônios durante cerca de 10 dias caso 
não ocorra fertilização. 
• À medida que os níveis de 
hormônios declinam 
rapidamente, ocorrem 
alterações do suprimento 
sanguíneo para o estrato 
funcional 
* Inicialmente, as contrações periódicas 
das paredes das artérias espiraladas, 
que duram várias horas, 
causam isquemia do estrato funcional. 
* As glândulas interrompem a sua 
secreção, e a altura do endométrio 
diminui à medida que o estroma se torna 
menos edemaciado. 
• Após cerca de 2 dias, períodos 
extensos de contração arterial, 
com períodos apenas breves 
de fluxo sanguíneo, promovem 
a ruptura do epitélio superficial 
e dos vasos sanguíneos 
* Quando as artérias espiraladas se 
fecham, o sangue flui para dentro do 
estrato basal, mas não para o estrato 
funcional. 
• A descarga vaginal éconstituída por sangue, líquido 
uterino e células estromais e 
epiteliais que descamam do 
estrato funcional 
• À medida que placas de tecido 
se separam do endométrio, as 
extremidades rotas das veias, 
das artérias e das glândulas 
ficam expostas (Fig. C) 
• A descamação do endométrio 
continua até permanecer 
apenas o estrato basal 
 
 
 O colo uterino ou cérvice, que representa a 
porção inferior do órgão, tem forma cilíndrica 
O canal endocervical comunica a cavidade uterina 
(através do orifício interno) com a luz vaginal (através 
do orifício externo). 
 Em uma mulher multípara, o orifício externo (OE) 
é alongado ou em fenda e delimita os 
chamados lábios cervicais, um anterior e outro 
posterior; na nulípara, o orifício externo é 
circular 
* A mucosa cervical mede em torno de 2 a 3 mm de 
espessura e difere acentuadamente do restante do 
endométrio uterino, visto que: 
a. contém grandes glândulas ramificadas 
b. carece também de artérias espiraladas 
c. a mucosa cervical sofre pouca alteração na 
sua espessura durante o ciclo menstrual e não é 
descamada durante o período da 
menstruação 
* No entanto, durante cada ciclo menstrual, 
as glândulas cervicais sofrem alterações funcionais 
importantes, que estão relacionadas com o transporte 
dos espermatozoides no canal cervical. 
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527729888/epub/OEBPS/Text/chapter23.html#ch23fig17
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6 Histopatologia – UC11/P4 
 A quantidade e as propriedades do muco 
secretado pelas células glandulares variam 
durante o ciclo menstrual sob a influência dos 
hormônios ovarianos 
Na metade do ciclo, a quantidade de muco produzida 
aumenta em 10 vezes. Esse muco é menos viscoso e 
parece fornecer ambiente mais favorável para a 
migração dos espermatozoides. O muco cervical nos 
outros períodos do ciclo restringe a passagem dos 
espermatozoides para dentro do útero. 
Por conseguinte, os mecanismos hormonais asseguram 
que a ovulação e as alterações no muco cervical sejam 
coordenadas, aumentando, assim, a possibilidade de 
ocorrência de fertilização se os espermatozoides 
recém-ejaculados e o óvulo chegarem 
simultaneamente ao local de fertilização na tuba 
uterina. 
 
 
 
 
 
 
 A superfície mucosa cervical voltada para a 
vagina, externamente ao OE e denominada 
ectocérvice, é revestida por epitélio 
estratificado escamoso não ceratinizado 
 A superfície mucosa do canal endocervical, 
chamada endocérvice, é recoberta por 
epitélio simples colunar mucossecretor 
Abaixo deste, existem células de reserva, multipotentes, 
capazes de se diferenciar tanto em células colunares 
como em células escamosas. 
 O epitélio colunar endocervical penetra 
profundamente na lâmina própria e ramifica-
se, dando origem às glândulas endocervicais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O local de encontro do epitélio colunar com o 
epitélio escamoso é abrupto e denominado 
junção escamocolunar 
A localização da JEC é variável e sofre influência de 
estímulos hormonais, variando com a idade da mulher e 
o período do ciclo menstrual. 
O bloqueio das aberturas das glândulas mucosas resulta em 
retenção de suas secreções, levando à formação de cistos 
dilatados no colo do útero, denominado CISTOS DE 
NABOTH. Estes se desenvolvem com frequência, mas 
apenas serão clinicamente importantes se houver história de 
um número grande de cistos que provoquem aumento 
acentuado do colo do útero. 
A mucosa que reveste internamente o canal endocervical invagina-se 
para o cório subjacente, formando as glândulas endocervicais 
(cabeças de seta). Mais internamente, existe a região ístmica (istmo). 
Externamente, fora do orifício externo (seta negra), encontra-se a 
ectocérvice, que se continua com a mucosa vaginal, formando os 
fundos de saco anterior e posterior (setas amarelas). 
Invaginação do epitélio, que forma estruturas tubulares ramificadas 
(“glândulas endocervicais”). No detalhe, epitélio de revestimento do 
tipo colunar simples, mucossecretor. 
MUCO 
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7 Histopatologia – UC11/P4 
 
 
 
 
 
 
a. No início (antes da puberdade e depois da 
menopausa), a JEC localiza-se na região do 
orifício externo do colo uterino – Fig. A 
b. Especialmente no período pós-puberal, a 
mucosa pode sofrer eversão, fenômeno 
fisiológico em que parte da endocérvice move-
se para fora do canal endocervical e adiante 
do orifício externo, constituindo o chamado 
ectrópio. Com isso, a JEC localiza-se agora fora 
do orifício externo – Fig. B 
Ectrópio é encontrado em cerca de 45% das mulheres 
entre 1 e 13 anos e é duas vezes mais comum no lábio 
anterior do que no posterior. 
 
 
 
 
 O epitélio evertido, mais delgado, é menos 
resistente às adversidades existentes na luz 
vaginal, como pH ácido, microbiota residente e 
traumatismos aos quais o colo fica exposto 
durante as relações sexuais 
Colo uterino na junção escamocolunar (JEC). Notar junção abrupta 
entre o epitélio estratificado escamoso (setas), mais espesso e 
contendo muitas células com citoplasma amplo e claro (imagem 
negativa do glicogênio), e o epitélio simples endocervical, repleto de 
sialomucinas ácidas, cujo citoplasma é fortemente corado em azul 
(coloração de azul de alcião). 
Colo uterino com extensa área de ectrópio (cabeças de seta). B. 
Mesmo caso, após teste de Schiller. A região de ectrópio mostra-se 
clara (não se cora pelo iodo). 
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8 Histopatologia – UC11/P4 
* Esses fatores são os responsáveis pela ocorrência de 
um outro fenômeno fisiológico e adaptativo: nas áreas 
de epitélio evertido, surge metaplasia escamosa, que se 
caracteriza pela substituição do epitélio colunar 
endocervical por epitélio escamoso, mais resistente. 
 Ao final do processo, a ectopia cervical é 
totalmente substituída por esse novo epitélio, 
que é muito semelhante ao epitélio escamoso 
primitivo 
 
Quando grupos de ramificações endocervicais são 
obliterados pelo epitélio escamoso metaplásico, que 
prolifera na superfície e bloqueia o fluxo de muco, os 
produtos de secreção se acumulam, provocam 
dilatação das glândulas e formam os cistos de Naboth. 
 A região compreendida entre a JEC original e a 
nova junção é denominada zona de 
transformação (ZT), a qual se caracteriza por 
epitélio escamoso metaplásico 
 
* O reconhecimento da ZT tem grande importância no 
estudo das lesões do colo uterino, já que virtualmente 
todas as neoplasias cervicais se iniciam na nova JEC e 
porque a extensão e os limites das lesões precursoras 
coincidem com os da distribuição da ZT. 
 Ao exame direto com colposcópio, instrumento 
que permite a visualização da mucosa através 
de uma lupa, pode-se identificar a ZT, que é 
conhecida como zona de transformação típica 
(ZTT) 
* Quando os mesmos processos irritativos indutores da 
transformação metaplásica se perpetuam, muitas vezes 
surgem inflamação crônica ou displasias, as quais 
resultam em alterações no padrão colposcópico da 
zona de transformação, que passa a ser denominada 
zona de transformação atípica (ZTA). 
Assim, a ZTA representa o marcador colposcópico dos 
dois processos patológicos cervicais mais prevalentes, 
as cervicites crônicas e as displasias, muitas vezes 
concomitantes. 
 
 
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9 Histopatologia – UC11/P4 
O carcinoma de células escamosas (CCE), que é a 
neoplasia do colo uterino mais frequente (85% das 
neoplasias cervicais), tem enorme impacto na saúde 
das mulheres,pois, além da sua alta prevalência, 
acomete predominantemente mulheres jovens, em 
idade fértil e produtiva. 
Apesar da sua localização interna, o colo uterino é um 
órgão de fácil acesso para exame, permitindo 
manuseio sob observação direta, com a possibilidade 
de abordagem de lesões suspeitas por meio do estudo 
de esfregaços de células – teste de Papanicolau 
(exame citopatológico) – ou biópsias (exame 
anatomopatológico) dirigidas por colposcopia. 
* O termo displasia foi introduzido para descrever 
alterações morfológicas no epitélio escamoso e nas 
células epiteliais de esfregaços cervicais caracterizadas 
por: 
a. distúrbios da polaridade e da diferenciação 
celulares 
b. com atipias 
c. não raramente estendendo-se ao epitélio de 
superfície glandular, mas sem invasão 
Segundo essa definição, as displasias poderiam ser 
graduadas como discreta (leve), moderada ou 
acentuada, de acordo com o grau de alterações 
citológicas e arquiteturais do epitélio afetado. 
A patogenia do carcinoma cervical foi delineada por 
uma série de estudos epidemiológicos, clinico-
patológicos e de genética molecular. 
Os dados epidemiológicos implicaram há muito tempo 
um agente sexualmente transmitido, que atualmente é 
estabelecido como o HPV. 
 Os HPVs são vírus DNA que são tipificados com 
base em sua sequência de DNA e 
subagrupados em tipos de alto e baixo risco 
oncogênico 
* Os HPVs de alto risco oncogênico atualmente são 
considerados como o fator isolado mais importante na 
oncogênese cervical. 
Os HPVs de alto risco também foram 
detectados em carcinomas de células escamosas 
vaginais e em um subgrupo de carcinomas vulvares, 
penianos, anais, tonsilares e outros carcinomas 
orofaríngeos. 
* Como observado anteriormente, os HPVs de baixo 
risco oncogênico são a causa do condiloma 
acuminado sexualmente transmitido na região vulvar, 
perineal e perianal. 
 Existem 15 HPVs de alto risco oncogênico 
identificados atualmente. Do ponto de vista da 
patologia cervical, o HPV 16 e o HPV 18 são os 
mais importantes 
O HPV 16 isoladamente responde por quase 60% dos 
casos de câncer cervical, e o HPV 18 responde pelos 
outros 10% dos casos; outros tipos de HPV contribuem 
para menos de 5% dos casos individualmente. 
* Os fatores de risco para câncer cervical estão 
relacionados a características tanto do hospedeiro 
quanto do vírus, como exposição ao HPV, 
oncogenicidade viral, ineficiência da resposta 
imunológica e presença de cocarcinógenos. Estes 
incluem: 
a. Múltiplos parceiros sexuais 
b. Parceiro do sexo masculino com múltiplas 
parceiras sexuais prévias ou atuais 
c. Idade precoce na primeira relação sexual 
d. Alta paridade 
e. Infecção persistente por um HPV de alto risco 
oncogênico, por exemplo, HPV 16 ou HPV18 
f. Imunossupressão 
g. Certos subtipos de HLA 
h. Uso de contraceptivos orais 
i. Uso de nicotina 
O HPV é um vírus DNA da família Papillomaviridae, que 
atualmente inclui 118 genótipos distintos (com base na 
sequência do DNA) capazes de infectar a espécie 
humana. 
Por meio de estudos de biologia molecular, são 
conhecidos mais de 40 tipos que infectam células da 
região anogenital. 
 Todos os HPV são epiteliotróficos (pele e 
mucosas), podem induzir proliferação epitelial 
(formação de papilomas) e dependem da 
célula infectada para sua replicação 
Considerando-se a população mundial, estima-se em 
80% o risco de infecção em pessoas com vida sexual 
ativa e que 50% dos indivíduos sejam portadores do 
vírus. Estudos de biologia molecular mostram que o HPV 
pode ser detectado no colo uterino em 2 a 20% da 
população feminina mundial. 
* Os principais elementos que atribuem ao HPV papel 
etiológico das lesões proliferativas do epitélio escamoso 
e do carcinoma cervical são: 
1. O HPV é comprovadamente um agente 
transmissível sexualmente (o CCE do colo 
uterino comporta-se como doença 
sexualmente transmissível 
2. A faixa etária das mulheres que se infectam 
com o HPV coincide com a época do 
surgimento das lesões precursoras, anterior ao 
desenvolvimento do câncer 
3. A alta incidência de carcinoma cervical em 
mulheres cujos parceiros têm história de câncer 
do pênis ou possuem condilomas penianos 
4. Nas lesões malignas, o DNA viral encontra-se 
integrado ao DNA do hospedeiro 
5. A inoculação experimental do vírus em coelhos 
produz tumores cutâneos 
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10 Histopatologia – UC11/P4 
* O comportamento das lesões induzidas pelo vírus 
depende de fatores relacionados com o HPV e com o 
hospedeiro, como o tipo de vírus envolvido, a região 
geográfica, a carga viral e os fatores relacionados com 
a imunidade do indivíduo. 
 Os tipos 16, 18, 31, 33, 34, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 
58, 59, 66, 68 e 70, ditos HPV de alto risco, estão 
mais associados a displasia moderada ou 
acentuada, carcinoma in situ e carcinoma 
invasor 
O HPV 16 é o mais prevalente, sendo encontrado em 50 
a 60% dos casos de carcinoma cervical, seguido pelo 
HPV 18, responsável por cerca de 10% dessas lesões. As 
células infectadas são, em sua maioria, aneuploides e, 
portanto, com fenótipo neoplásico. 
 Outros tipos, como 6, 11, 42, 43 e 44, 
considerados HPV de baixo risco, induzem nas 
células a formação de novas partículas virais; 
Quando surgem distúrbios da proliferação e 
diferenciação celulares, estes são geralmente mais 
discretos, como displasia leve. Nesses casos, as células 
infectadas são diploides ou poliploides. 
* O HPV é um vírus de DNA de fita dupla, circular, 
contendo cerca de 8.000 pares de base, cuja 
replicação depende da célula do hospedeiro. O 
genoma viral é dividido em três regiões: 
a. não codificante (sequência anterior 
regulatória), com 400 a 1.000 pares de base, 
referida como longa região controladora (LCR); 
Esta região contém o promotor P97, ao longo do qual 
há sequências ativadoras e silenciadoras que regulam 
a replicação do DNA; 
b. região precoce (E), com as sequências que 
codificam as proteínas E1, E2, E4, E5, E6 e E7, 
envolvidas na replicação viral e na 
oncogênese; 
c. região tardia (L), que codifica as proteínas 
estruturais L1 e L2 do capsídeo viral; 
Transmissão: 
• A transmissão do vírus se dá primariamente por 
contato direto, em geral por atividade sexual, podendo 
a contaminação ocorrer também pela passagem do 
concepto pelo canal de parto 
• Transmissão pode ocorrer também por fomitos, por 
exposição prolongada a roupas contaminadas e pela 
via vertical 
• O risco de contágio aumenta em pessoas com vários 
parceiros sexuais e quando os parceiros têm múltiplos 
parceiros 
* O uso de preservativo pode não prevenir o contágio, já que a 
transmissão pode se dar por contato com os lábios, o escroto, a 
mucosa anal e outras superfícies contaminadas. 
* O HPV é mais comum em mulheres sexualmente ativas entre 
18 e 30 anos, com pico de infecção entre 20 e 24 anos e redução 
marcante da prevalência após 30 anos, podendo haver um pico 
secundário na perimenopausa. 
• O câncer é mais comum em mulheres com mais de 35 
anos, o que sugere infecção precoce, de progressão 
lenta 
 
* O HPV infecta o epitélio escamoso, particularmente 
células basais (imaturas e com capacidade replicativa) 
ou células de metaplasia escamosa; abrasões ou 
microerosões no epitélio facilitam a infecção das 
células basais, que são capazes de se replicar e que 
constituem o reservatório do vírus. 
 
 
O entendimento do ciclo viral e dos padrões de 
infecção ajuda a compreender os mecanismos 
envolvidos na patogênese do câncer do colo uterino. 
Após penetrar na célula por meiode receptor, o vírus 
pode causar: 
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11 Histopatologia – UC11/P4 
 Infecção latente, inativa ou não produtiva 
Dentro da célula, o DNA viral dirige-se ao núcleo, onde 
permanece na forma epissomal. O DNA do vírus é 
replicado como unidade extracromossômica durante a 
divisão celular, mas não há formação de novas 
partículas virais (os outros genes virais não são 
expressos) nem se formam lesões macro ou 
microscópicas. 
 Infecção ativa ou produtiva 
O DNA viral integra-se, em pequeno grau, ao genoma 
da célula e é replicado independentemente do DNA 
celular. Os genes virais são expressos e proteínas do vírus 
são sintetizadas, formando-se novas partículas virais, 
que são liberadas nas camadas superficiais do epitélio. 
Se a infecção é prolongada (como acontece com os 
vírus de alto risco) e a carga viral é alta, pode haver 
integração persistente do DNA viral ao DNA celular. 
Como a integração bloqueia os genes precoces E6 e E7 
do vírus, não há formação de novas partículas virais, 
enquanto as proteínas E6 e E7 são sintetizadas em 
grande quantidade. Como E6 e E7 são oncoproteínas, 
ocorre transformação celular. 
Morfologicamente, surgem alterações displásicas no 
epitélio, as quais podem evoluir para carcinoma in situ 
e, depois, para câncer invasor. 
 
 Os HPVs de alto risco distinguem-se dos de 
baixo risco especialmente pelo seu estado físico 
e pela expressão dos genes E6 e E7: os HPV de 
alto risco geralmente se integram ao DNA 
celular, enquanto os HPVs de baixo risco 
permanecem na forma epissomal 
A integração do DNA viral ao DNA da célula pode 
interromper a transcrição ou deletar a sequência E2. 
 Como a proteína E2 inibe a expressão dos 
genes E6 e E7, a falta de E2 permite a síntese 
aumentada dessas duas oncoproteínas, 
responsáveis por lesões precursoras e pelo 
câncer anogenital 
Em infecções por HPV de baixo risco (os tipos 6 e 11 são 
os mais prevalentes), sem integração ao DNA celular, 
surge o condiloma acuminado, inclusive no períneo e 
nas regiões anal e perianal. 
 A proteína E6 do HPV liga-se à p53, marcando-
a para degradação em proteassomos 
Como a p53 reduz a progressão do ciclo celular, 
estimula a apoptose e favorece o reparo do DNA, estas 
funções ficam abolidas. Com isso, a célula perde o 
controle indispensável à sua normalidade. Além disso, a 
E6 aumenta da expressão da telomerase, reduzindo a 
senescência celular. 
A proteína E6 dos HPVs de baixo grau não se liga à p53 
em níveis detectáveis e não afeta a estabilidade desta 
em estudos in vitro. 
 A proteína E7 liga-se à forma hipofosforilada da 
proteína do retinoblastoma (pRB) 
Tal ligação desfaz o complexo formado entre a pRB e o 
fator de transcrição E2F; a liberação do E2F estimula a 
transcrição de genes cujos produtos são necessários 
para as células entrarem na fase S do ciclo celular. 
A proteína E7 pode ainda associar-se a outras proteínas 
celulares envolvidas no ciclo celular, como a ciclina E. 
O efeito final é o estímulo à síntese de DNA e à 
proliferação celular. A proteína E7 dos HPV de baixo 
grau liga-se à pRB com menor afinidade. 
 Em síntese, aumento de E6 e E7 bloqueia a 
ação de p53 e pRB, o que resulta em 
instabilidade genômica nas células epiteliais e 
aumenta a replicação celular 
Em consequência, a célula acumula mais e mais danos 
no DNA, que não são reparados. O acúmulo de 
mutações que surgem ao acaso (evento aditivo) ao 
longo do tempo contribui para a transformação celular. 
Morfologia: 
• Os carcinomas de células escamosas são compostos 
por ninhos e projeções de epitélio escamoso maligno, 
queratinizado ou não queratinizado, invadindo o 
estroma cervical subjacente 
• Região de transição, mostrando substituição abrupta 
do epitélio plano normal à E. por carcinoma in situ à D 
– Fig. A 
• No epitélio normal as células basais são vistas só na 
camada mais profunda e as células das outras 
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12 Histopatologia – UC11/P4 
camadas contêm vacúolos de glicogênio. No 
carcinoma in situ células escuras ocupam toda a 
espessura do epitélio 
• O carcinoma in situ corresponde ao grau máximo de 
displasia (ou seja, é classificado como displasia grave) 
e à Neoplasia Epitelial Cervical (NIC) III (ou seja, afeta 
toda a espessura do epitélio) 
(O NIC I acomete o terço profundo, o NIC II dois 
terços). As células atípicas não invadem o estroma subjacente, 
portanto a membrana basal está preservada. Esta é a razão do 
termo in situ. Contudo, o carcinoma in situ é uma lesão pré-
neoplásica, ou seja, se não removida, evoluirá com alta 
probabilidade para carcinoma epidermoide invasivo. 
• As células no carcinoma in situ lembram as da camada 
basal normal pelo seu núcleo ovalado e citoplasma 
escasso 
• Porém apresentam desorganização da arquitetura em 
camadas, atipias nucleares e figuras de mitose em 
qualquer altura do epitélio 
• Em alguns núcleos notam-se nucléolos evidentes, um 
sinal de ativa síntese proteica 
• O carcinoma in situ recobre extensa área da superfície 
da endocérvice, substituindo o epitélio normal, que 
deveria ser cilíndrico simples mucoso, como o das 
glândulas. Em certos trechos, o epitélio atípico 
substitui também o epitélio glandular em continuidade 
* De acordo com a extensão da diferenciação escamosa, o CCE 
por ser classificado como bem, moderadamente ou pouco 
diferenciado. 
• Os tumores bem diferenciados (grau 1) têm abundante 
produção de ceratina, com frequentes pérolas córneas 
(Figura B) 
• Nos tumores moderadamente diferenciados (grau 2), 
as células são mais pleomórficas, com menor 
ceratinização individual e pérolas córneas mais 
escassas 
• Enquanto nos tumores pouco diferenciados (grau 3) o 
pleomorfismo celular é acentuado, o índice mitótico é 
alto e as áreas de necrose são frequentes, sendo difícil 
identificar ceratinização 
* Entre as variantes do CCE, a mais importante é o carcinoma 
basaloide, que é bastante agressivo e tem alto grau de 
malignidade; o tumor é formado por massas de células imaturas 
do tipo basal, que formam ninhos geralmente com necrose 
central. 
 
Epitélio Ectocérvice Normal 
 
 
Carcinoma In Situ 
 
 
A 
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13 Histopatologia – UC11/P4 
 
 
 
 
 
 
 As displasias cervicais e o CIS não têm 
sintomatologia própria e são reconhecidos por 
exame citológico ou colposcopia 
Nos casos suspeitos, é feita biópsia da lesão. No 
carcinoma invasor, os sintomas dependem do tamanho 
do tumor e do estadiamento. 
a. As lesões pequenas são assintomáticas 
b. Nas lesões maiores e com extensão 
extracervical, as pacientes queixam-se de 
corrimento, sangramento genital e dispareunia; 
especialmente nos casos avançados, pode ser 
detectada lesão que deforma ou destrói o colo 
uterino 
c. A extensão do tumor ao corpo do útero e aos 
paramétrios resulta em diminuição da 
mobilidade do órgão ou provoca aderências a 
estruturas vizinhas 
d. A extensão à pelve pode causar dor ciática e, 
com o acometimento dos linfáticos, linfedema 
das extremidades 
e. A infiltração da parede vesical pode provocar 
hematúria e infecção urinária 
O carcinoma de células escamosas precoce 
apresenta-se como área endurecida ou pequena 
úlcera elevada. No carcinoma avançado, há três 
padrões de crescimento: 
1. exofítico, caracterizado por massa polipoide, 
verrucosa ou papilífera que se projeta na luz 
vaginal; é o tipo de melhor prognóstico 
 
2. ulcerado, de pior prognóstico; 
3. endofítico, que acomete inicialmente o canalendocervical; pode ser nodular, crescendo na 
luz do canal endocervical, ou ulcerado, mais 
agressivo, com infiltração precoce da parede 
uterina e extensão aos paramétrios, razão pela 
qual tem pior prognóstico. Nesses casos, o 
aspecto da ectocérvice pode até ser normal 
B
 
A, Carcinoma de células escamosas microinvasivo com ninho 
invasivo abrindo caminho pela membrana basal de HSIL. B, 
Carcinoma de células escamosas invasivo. 
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Sublinhado
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14 Histopatologia – UC11/P4 
 
A classificação de lesões pré-cancerosas cervicais 
evoluiu ao longo do tempo e os termos de diferentes 
sistemas de classificação atualmente são usados de 
modo intercambiável. Portanto, uma breve revisão da 
terminologia se justifica. 
O sistema de classificação antigo classificava lesões 
como apresentando displasia leve em uma 
extremidade e displasia grave/carcinoma in situ na 
outra. 
 Isto foi seguido pela classificação de neoplasia 
intraepitelial cervical (CIN), com a displasia leve 
chamada de CIN I, a displasia moderada de 
CIN II, e a displasia grave chamada de CIN III 
Já que a decisão relativa à conduta para a paciente 
tem dois níveis (observação versus tratamento 
cirúrgico), o sistema de classificação de três níveis foi 
simplificado recentemente para um sistema de dois 
níveis, com: 
a. CIN I renomeada para lesão intraepitelial 
escamosa de baixo grau (LSIL) 
b. CIN II e CIN III combinadas em uma categoria 
citada como lesão intraepitelial escamosa de 
alto grau (HSIL) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* No epitélio displásico, as células superficiais expressam 
o antígeno Ki-67 (marcador de divisão celular) e há 
superexpressão de p16, um inibidor de CDK (cinase 
dependente de ciclina); 
 p16 é marcador de infecção pelo HPV 
e indicador de integração do DNA viral ao 
DNA celular e de expressão da proteína E7 
(sinal de maior risco de progressão) 
 
 
 
 
 
 
 
Aspectos Morfológicos: 
* Histologicamente, as lesões precursoras apresentam 
distúrbios da proliferação e maturação celulares, perda 
da estratificação do epitélio e atipias variadas: 
• O epitélio escamoso normal, sem atipias, está 
mostrado na Fig. A 
• Na displasia leve (Fig. B), as alterações 
celulares estão presentes no terço basal do 
epitélio, onde se observam proliferação com 
atipias celulares discretas e alterações da 
polaridade das células 
• Na displasia moderada (Fig. C), as atipias e os 
distúrbios da polaridade e da diferenciação 
celulares são mais intensos e alcançam 
metade da espessura do epitélio; figuras de 
mitose são mais frequentes, inclusive acima da 
camada basal 
• Na displasia acentuada (Fig. D), as alterações 
são ainda mais evidentes, atingindo 
praticamente toda a espessura do epitélio; 
figuras de mitose, típicas e atípicas, são mais 
comuns 
* À medida que a lesão progride, intensificam-se as 
atipias nucleares e aumenta a relação núcleo/citoplasma. 
* A diferenciação entre displasia acentuada e CIS – 
carcinoma in situ (Figs. D e E) baseia-se no encontro, na 
primeira, de algum grau de diferenciação ainda 
preservada na camada mais superficial do epitélio. 
* As lesões podem estender-se ao canal cervical e atingir 
o epitélio escamoso não metaplásico. 
• Achado importante na infecção pelo HPV é a 
coilocitose, em que as células escamosas, 
além de atipias nucleares, mostram efeito 
citopático (halos claros perinucleares) 
• Como se trata de lesão espectral, em um 
mesmo caso podem ser encontradas lesões 
em vários estágios evolutivos (Fig. F) 
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15 Histopatologia – UC11/P4 
 
 
 
 
 
 
 
 
Epitélio endocervical metaplásico mostrando 
NIC I + condiloma 
 
 
16 Histopatologia – UC11/P4

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