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Análise da música: “O Estrangeiro” - Caetano Veloso Na música "O Estrangeiro", Caetano Veloso destrincha fatores de uma sociedade alienada em um país ordinario. Ao citar a imagem da Baía de Guanabara, o compositor apresenta três pontos de interpretação desta figura, a de um pintor, de um compositor e de um antropólogo, sendo esta terceira personagem a responsável pela visão figadal da Baía para além de sua beleza aparente, uma vez que este fez-se compará-la com "uma boca banguela". Nessa mesma perspectiva o eu lírico apresenta sua visão alienada, em congruência com a sociedade que critica na composição, no trecho: "E eu menos a conhecera mais a amara?", ressaltando a ideia do conforto gerado pela ignorância. Partindo dessa premissa o cantor referencia a estória do conto "O rei está nu", que narra exatamente o ponto de vista de uma sociedade alienada que somente vê o que escolhe ver, assumindo também partido por essa visão de mundo onde o próprio Caetano se diz "cego às avessas, como nos sonhos, vejo o que desejo". De mesmo modo, a composição narra um sonho onde a imagem do real se apresenta para o eu lírico e este escolhe não vê-la ao dizer que "não olho para trás mas sei de tudo [...], mas eu não desejo ver o terno negro do velho, nem os dentes quase não púrpura da menina". Para mais, as figuras masculina e feminina (o velho e a jovem) materializados no sonho acompanham vozes que trazem uma única finalidade "é um desmascaro, singelo grito, o rei está nu", ressaltando a ideia de uma cegueira social onde a massa converge para a doutrinação de um pensamento do que é "certo" do ponto de vista moral, construindo a ideia de uma "reeducação de alguém" onde "o certo é louco tomar eletrochoque [...], o macho adulto branco sempre no comando [...], riscar os índios, nada esperar dos pretos". Assim, em última instância o compositor demonstra ceder ao apelo das vozes e se identifica como estrangeiro que segue “sozinho caminhando contra o vento”, abrindo mão da cegueira coletiva mas reconhecendo que não pode se desvencilhar dela por completo quando afirma que "entre o meu ir e o do sol, um aro, um elo".
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