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3 PSICANÁLISE PARA JACQUES LACAN E WILFRED BION

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1 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 2 
2 PSICANÁLISE PARA JACQUES LACAN .......................................... 3 
2.1 Biografia de Jacques-Marie Émile Lacan ............................................. 3 
2.2 Conceitos Fundamentais para Jacques Lacan ..................................... 5 
2.2.1 Inconsciente ................................................................ 7 
2.2.2 Repetição .................................................................. 12 
2.2.3 Transferência ............................................................ 16 
2.2.4 Pulsão ....................................................................... 20 
3 PSICANÁLISE PARA WILFRED BION ............................................ 23 
3.1 Biografia de Wilfred Ruprecht Bion .................................................... 23 
3.2 A Fundamentação Psicanalítica do Pensamento de Bion .................. 26 
3.3 Teorias Psicanalíticas: Entre a Precisão das Geometrias e a 
Precariedade dos Diários de Viagem .................................................................... 28 
3.4 O Analista e as Teorias Psicanalíticas ............................................... 31 
4 REFERÊNCIAS ............................................................................... 34 
 
 
 
2 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
2 PSICANÁLISE PARA JACQUES LACAN 
 
Fonte: subversos.com.br 
Jacques Lacan representa uma renovação da Psicanálise, tanto no nível teórico 
como prático. Para ele, a Psicanálise tem somente uma interpretação possível: a 
linguística. 
2.1 Biografia de Jacques-Marie Émile Lacan 
Jacques-Marie Émile Lacan nascido em Paris aos 13 dias de abril de 1901, em 
uma família de fabricantes de vinagre de Orléans (Dessaux), de forte tradição católica 
e conservadora. Gradualmente, ele parou de usar o nome Marie que fora adicionado 
em homenagem à Virgem Marian. Seu pai Alfred Lacan (1873-1960), era um homem 
que aparentava fragilidade, que fora atormentado pelo poder de seu pai, Émile Lacan. 
 
4 
 
Já sua mãe, Émilie Baudry (1876-1948), era mais inteligente e muito dedicada às 
causas religiosas. Lacan foi o primogênito entre os irmãos: Madeleine, Raymond e 
Marc-François. 
O contexto familiar religioso trazia desagrado a Lacan, que ainda na 
adolescência rompeu com o catolicismo e passou a dedicar-se, com afinco, à 
vanguarda literária – leu Baruch Spinoza, Nietzsche, Charles Maurras, os surrealistas 
e James Joyce. Foi assíduo frequentador de livrarias e grupos de escritores e poetas. 
Foi residente no Hospital Sainte-Anne, em Paris, onde orientou-se para a 
Psiquiatria. Embora tenha ilustres professores, Gaëtan Gatian de Clérambault foi 
quem deixou em Lacan forte impressão. Em 1932, iniciou sua análise com Rudolph 
Loewenstein, interrompida mais de seis anos depois devido a desentendimento entre 
eles. 
Embora Lacan fosse considerado um brilhante intelectual fora dos meios 
psicanalíticos franceses, não recebeu reconhecimento da SPP – Sociedade 
Psicanalítica de Paris, onde seus trabalhos não foram estimados e seu 
anticonformismo trouxe incomodação. 
No ano de 1934, casou-se com Marie-Louise Blondin (1906 - 1983). Com Malou 
teve três filhos: Caroline, Thibaut e Sibylle. Em 1937, apaixonou-se por Sylvia Maklès-
Bataille (1908 - 1993), mantendo com a mesma um romance duradouro, apesar de 
ambos ainda permanecerem oficialmente casados com seus cônjuges legítimos. 
Em 1940, encontrava-se em uma situação delicada: Malou, sua esposa legí-
tima, estava grávida de Sibylle (nascida em 26 de novembro de 1940) e Sylvia 
Bataille estava grávida de Judith, a quarta dos filhos de Lacan (nascida em 3 
de julho de 1941). Judith foi registrada apenas com o sobrenome Bataille e 
só pôde usar o nome do pai em 1964. Essa circunstância viria a ser uma das 
determinações inconscientes da elaboração do conceito lacaniano de Nome-
do-Pai. A união oficial de Lacan e Sylvia Bataille somente veio a ocorrer em 
1953 (CERQUEIRA, 2016). 
Após estudar Filosofia Hegeliana em 1936 e ingressar em um importante grupo 
de grande riqueza cultural e teórica, concluiu que as obras de Freud deveriam ser 
relidas “ao pé da letra” de acordo com a tradição filosófica alemã. Em 1938, ele tinha 
um forte sentimento de aversão pela vitória do nazismo. Concluiu que a Psicanálise 
nasceu do declínio do patriarcado e defendeu uma reavaliação de sua função 
simbólica contra um mundo ameaçado pelo fascismo. 
 
5 
 
Lacan chamou seu ensino de "Retorno a Freud". Ele se baseou na Filosofia 
Hegeliana, na linguística Saussuriana e nos escritos de Levi Strauss para retornar aos 
escritos de Freud. Portanto, essa contribuição permitiu que sua visão fosse articulada 
sobre o “significante”, o “inconsciente organizado como uma linguagem”, “simbólico, 
imaginário e real”, a “interdição do incesto” e o “complexo de Édipo”. 
De acordo com a CERQUEIRA (2016), “na Sociedade de Psicanálise de Paris 
(SPP), Lacan atraiu muitos alunos, fascinados pelo seu ensino e desejosos de romper 
com o freudismo acadêmico da primeira geração francesa”. Em 1953, no auge da 
primeira crise da Psicanálise francesa, devido a análise e à duração das sessões, 
Lacan ingressou na organização fundadora da Sociedade Francesa de Psicanálise 
(SFP). Naquele momento, ele iniciou seu seminário, quinzenalmente e conduziu 
revisões sistemáticas das grandes obras de Freud por mais de dez anos. Nesse 
mesmo ano, o grupo de fundadores SFP começou a negociar a aprovação da SFP 
como membro do IPA. Depois de muitas discussões e tentativas, o Comitê Executivo 
da IPA rejeitou o direito da pedagogia de formação de Lacan. Dez anos depois, deu-
se a segunda grande crise na Psicanálise Francesa que levou a sua dissolvição no 
ano seguinte e no mesmo ano, Lacan fundou a École Freudienne de Paris (EFP). Em 
1965, fundou a coleção Champ Freudien nas Éditions du Seuil e em 1966, publicou 
os “Escritos”. 
Diante do crescimento do EFP, Lacan criou o "Passe", um novo programa de 
acesso à análise didática que iniciou sua aplicação em 1969, causando a terceira crise 
na história do movimento psicanalítico francês. Foi fundada a Organização Francesa 
de Psicanálise (OPLF) que iniciou uma crise na EFP e em 1980 sua dissolução, bem 
como na dispersão do movimento lacaniano em cerca de 20 associações. Em 1974, 
Lacan dirigiu um ensino do “Campo Freudiano” no Departamento de Psicanálise da 
Universidade de Paris VIII. 
Sofrendo de distúrbios cerebrais e de uma afasia parcial, Lacan morreu em 9 
de setembro de 1981, após a retirada de um tumor maligno no cólon. 
2.2 Conceitos Fundamentais para Jacques Lacan 
Freud foi quem inaugurou a Psicanálise e Lacan, segundo suas palavras, 
buscou restaurar, "no campo aberto por Freud, a lâmina cortantede sua verdade” 
 
6 
 
(LACAN, 1980), pois para ele a Psicanálise estaria sofrendo desvios e concessões 
com relação ao que fora legado pela experiência inaugural de Freud. 
Para Lacan (2009), a Psicanálise é obviamente realizada por meio da 
rastreabilidade, na qual a análise pode ser restaurada e refinada na narrativa do 
paciente para restaurar os registros históricos do passado via suas elaborações em 
análise. Afinal, apenas a experiência atual pode tornar a experiência passada 
significativa. Além disso, se o passado é falado, então não é tão passado assim, mas 
por meio de seus traços, ele existe na realidade psíquica e opera qualitativamente em 
seu estado "atual". 
Ora, é disso que se trata quando Lacan opera o "retorno a Freud"! O psica-
nalista francês parte de um hiato deixado pelo psicanalista vienense, numa 
tentativa de reposicioná-lo por meio de seu acesso a outros campos, sobre-
tudo do ponto de vista da linguagem, advertindo do poder das palavras. Ele 
retorna a Freud em uma posição concomitante de leitor e de autor da Psica-
nálise, na tentativa de limpar os exageros e os desvios imaginários, chegando 
ao ponto de refinar os quatro conceitos freudianos e nomeá-los como concei-
tos fundamentais da psicanálise (LEITÃO & MENDES, 2018). 
Os quatros conceitos considerados por Lacan como fundamentais da 
psicanálise são: inconsciente, repetição, transferência e pulsão. 
 
 
7 
 
2.2.1 Inconsciente 
 
Fonte:nocierreslosojos.com 
Lacan apresentou três definições sobre o que é o inconsciente: 
(1) "O inconsciente é o capítulo de minha história que é marcado por um branco 
ou ocupado por uma mentira: é o capítulo censurado" (Lacan, 1953/1998); 
(2) "O inconsciente, a partir de Freud, é uma cadeia de significantes que em 
algum lugar se repete e insiste" (Lacan, 1960/1998; e 
(3) "O inconsciente é a soma dos efeitos da fala, sobre um sujeito, nesse nível 
que o sujeito se constitui pelos efeitos do significante" (Lacan, 2008). 
A partir dessas três definições, pode-se confirmar que o inconsciente é acima 
de tudo, um lugar. O que Freud e Lacan têm em comum é a visão de que o 
inconsciente não é como um lugar físico, mas como um lugar em um sistema 
dinâmico. 
 
8 
 
Como todo sistema, ele possui formações, estruturas e conteúdos, embora 
cada autor tenha um entendimento particular de como funcionam. Para Freud 
é, grosseiramente, o lugar onde "estão" os representantes ideativos recalca-
dos, um lugar psíquico. Para Lacan, é um lugar de uma linguagem, um lugar 
que advém da cadeia de significantes: o que ele chama de grande Outro (LEI-
TÃO & MENDES, 2018). 
O grande Outro é definido como um lugar de alteridade, simbólico, é o lugar do 
inconsciente, construído por todos os "outros" que desempenharam uma importância 
na infância, marcando o sujeito com suas palavras e seus significantes (Quinet, 2012). 
Lacan toma o conceito de Outro como ponto de partida e aponta que a linguagem 
desempenha um papel decisivo na composição do sujeito, pois o sujeito é falado antes 
mesmo do nascimento, e até ocupa uma posição simbólica antes do nascimento. Em 
outras palavras, um tema preexiste como elemento de uma linguagem, e um tema é 
cortado pela linguagem. 
É disso que se trata quando ele diz que um significante é aquilo que repre-
senta um sujeito para outro significante, o que, em termos freudianos, signifi-
caria que um aparelho psíquico é constituído na relação com outro aparelho 
psíquico, uma relação de alteridade. No entanto, diferentemente de Freud, 
que pensava o inconsciente como "intrapsíquico", isto é, como parte tópica 
do aparelho psíquico, Lacan pensava o inconsciente como um discurso, não 
estando ele dentro ou fora de alguém, e sim como efeito do significante (LEI-
TÃO & MENDES, 2018). 
É importante destacar que o inconsciente freudiano opera pela condensação e 
pelo deslocamento, conforme apresentado em “A interpretação dos Sonhos”, que 
apresentou o inconsciente como uma instância, com certa ressonância jurídica em 
relação à censura, ou seja, uma instância que regula os pensamentos e desejos 
recalcados que buscam uma via de acesso à consciência (Garcia-Roza, 1995). Leitão 
& Mendes (2018) chegaram a comentar que é compreensível que Freud veio a discutir 
estes elementos justamente na “ciência dos sonhos”, por ser o sonho, a formação que 
consente “driblar” a censura utilizando os mecanismos de condensação e do 
deslocamento. 
A condensação vai produzir uma síntese do conteúdo latente do sonho, 
"sacrificando" e omitindo outros elementos ao se sobreporem. Já o deslocamento, age 
de duas formas: substituindo um elemento do conteúdo latente por outro, mantendo 
certa relação de contiguidade, e modificando um elemento importante por algo 
aparentemente indiferente e sem importância (Freud, 1900/1996). Jacques entende 
 
9 
 
que este último mecanismo, é o "meio mais adequado do inconsciente para despistar 
a censura" (LACAN, 1957/1998). 
O inconsciente, na teoria freudiana, por mais que não esteja localizado em 
espaço físico, aparece e se faz presente ou, como o próprio Freud entende, insiste e 
não resiste. É em “Sobre a Psicopatologia da Vida Cotidiana” que Freud (1901/2006) 
se aprofunda nos mecanismos pelos quais essa instância se manifesta, a saber: o ato 
falho, os chistes, o próprio sintoma, os lapsos, os devaneios e os sonhos. 
Estes mecanismos são privilegiados na escuta psicanalítica, na qual o ana-
lista, ao se valer da atenção flutuante, irá, sob a autorização da transferência, 
tomá-los como fenômenos inconscientes. Ao apostar que há um saber que aí 
se pode perseguir, fazendo disso uma questão para o paciente, o analista 
permite que o sujeito retome um sentido ao discursar sobre sua história (LEI-
TÃO & MENDES, 2018). 
Nota-se que a pontuação analítica, como adverte Lacan (1953/1998), é em 
síntese "uma pontuação oportuna que dá sentido ao discurso do sujeito". Entendendo 
que, entre o significante e significado há a interpretação. 
Freud (1912/2006b), alertou que a análise não pode ter como função 
meramente a de tornar consciente o inconsciente, não é apontar ao analisando os 
aspectos latentes, pois para ele, isso demonstraria uma ambição terapêutica por parte 
do analista. Acrescentou ainda, que a análise necessita ser desinteressada, tendo em 
vista que ela pertence ao próprio analisando, posto que ele é quem fez o percurso 
associativo até ali, utilizando a boca do analista; não sendo assim, se torna psicanalise 
selvage, como nomeado po Freud. 
Baratto (2009) afirmou que quando se atua desse modo selvagem "o analista 
não estará fazendo nada mais do que inculcar no paciente as suas próprias 
concepções e desejos, fazendo um uso abusivo do laço transferencial ao colocá-lo a 
serviço da sugestão". 
Nas palavras de Freud, 
não é difícil para um analista treinado ler claramente os desejos secretos do 
paciente nas entrelinhas de suas queixas e da história de sua doença; mas 
quanta vaidade e falta de reflexão deve possuir aquele que, com o mais breve 
conhecimento, pode informar a um estranho inteiramente ignorante de todos 
os princípios de análise, que ele se acha ligado à mãe por laços incestuosos, 
que abriga desejos de morte da esposa, a quem parece amar, que oculta uma 
intenção de trair seu superior, e assim por diante! (Freud, 1913/2006). 
 
10 
 
Ao analisar em Freud, os conceitos de representação de coisa 
(Sachvorstellung) e representação de palavra (Wortvorstellung), Baratto (2009) 
advertiu que quando Freud trouxe a distinção entre estes dois conceitos, elucidando 
que no “inconsciente subsistem as representações de coisa sem as representações 
de palavra correspondentes”, marcou um significativo emprego da linguagem e sua 
estrutura, assim como Lacan poteriormente iria explorar. 
Nas palavras de Freud, 
Agora já sabemos qual a diferença entre uma representação consciente e 
uma inconsciente. A representação consciente abrange a representaçãoda 
coisa mais a representação da palavra que pertence a ela, ao passo que a 
representação inconsciente é a representação da coisa apenas. (Freud, 
1915/2006a). 
Portanto, o método é acender espaço para as representações inconscientes, 
por meio da regra fundamental, a associação livre, fazendo emergir as palavras vazias 
e inscrevê-las em uma representação da palavra, em um significado. 
Por isso, Iagor & Flávio acrescentaram: 
Como sujeitos inscritos numa linguagem, é por meio dela que expressamos 
nossas dores, desamparos e angústias, e elas surgem a priori como não-
sabido, não representado, como um excesso do Real, e o pa-la-vre-ar permi-
tiria bem-dizer1 o sintoma, formulado por Lacan como "o mutismo do sujeito 
suposto falante" (LEITÃO & MENDES, 2018). 
De acordo com Coelho Júnior (2001) é nesses termos, que Freud determinou 
o significado de Nachträglichkeit – posteridade – onde somente as experiências 
posteriores podem fazer com que as passadas ganhem sentido, ganhem significado. 
Aliás, a Psicanálise se serve justamente da forma como as experiências e 
representações se ligam, condensam e se deslocam. 
A escuta clínica abre espaço para o surgimento de significantes, dando-lhes 
novos significados - por exemplo, sentido apontado por corte, pontuação e 
interpretação - efetuando o movimento dos sentidos inconscientes que sustentam o 
sintoma (Ramos, 2003). Para Lacan, por meio do sintoma, ou seja, da conexão entre 
sentido e real, se faz o analítico. Com esses termos, pode-se entender que as 
representações e os sentidos variam, mas os sintomasm enquanto Real, 
permancenece. No entanto, o fato é que leva algum tempo para operar os sentidos 
inconscientes que sustentam os sintomas, e apenas a transferência pode autorizar o 
analista a interpretar a linguagem do paciente. 
 
11 
 
Como o analista lacaniano opera a linguagem do paciente? A resposta, como 
dito anteriormente, vem da Die traumdeutung de Freud, por meio dos concei-
tos de condensação e deslocamento. No vocabulário lacaniano, o primeiro 
está para a metáfora como o segundo está para a metonímia (LEITÃO & 
MENDES, 2018). 
Para Costa (1989), "através da assimilação do deslocamento e condensações 
freudianas às figuras retóricas da metáfora e metonímia, Lacan criou o célebre 
aforismo do 'inconsciente estruturado como uma linguagem'. O salto estava dado; a 
virada linguística na psicanálise tinha acontecido". 
Na concepção psicanalítica, isso denota que, a metáfora incidiria em 
caracterizar uma coisa por meio de outra, ou seja, repor uma palavra por outra, em 
uma relação de paridade, que é manifesta unicamente pela posição: uma substituição 
de significante. A metonímia, conforme sua própria etimologia indica, quer dizer 
mudança de nome. Trata-se da transferência de uma denominação efetuada por um 
deslizamento de palavras: quando uma parte é tomada pelo todo em uma conexão de 
significantes ou por contiguidade, havendo, entretanto, de fato uma substituição 
(LEITÃO & MENDES, 2018). 
É preciso estar atenta a essa diferenciação, pois a metáfora também constitui 
uma mudança de nome. O próprio Lacan em uma passagem de “Sobre as Formações 
do Inconsciente”, adverte sobre a dificuldade de distinguir a metáfora da metonímia: 
Já faz algum tempo que venho sabendo, periodicamente, que um certo nú-
mero de vocês, nos meandros de sua vida cotidiana, de repente é surpreen-
dido pelo encontro com alguma coisa que já não sabem de jeito nenhum como 
classificar, se na metáfora ou na metonímia (LACAN, 1999). 
Através do ensino de Lacan, pode ser entendido que o desejo é o trabalho 
metonímico do significante, que, em sua fala, traz um deslocamento constante das 
palavras que retratam parcialmente o todo, o desejo – sempre existindo algo nas 
entrelinhas, a mais ou a menos. 
Quer dizer, o desejo, no campo da palavra, jamais pode ser dito. Se o incons-
ciente é estruturado como uma linguagem, o desejo se faz presente por meio 
de seus significantes. A palavra sempre tem mais a dizer, ela é fundamental-
mente sintomática pois sempre há um hiato entre o que se diz e o que se quer 
(o que se quer naquilo que se pede?), e a significação se produz, em última 
instância, no Outro (LEITÃO & MENDES, 2018). 
Essa particularidade assinala a autonomia e supremacia do significante em 
relação ao significado, em conformidade com a subversão da linguística de Saussure 
 
12 
 
operada por Lacan. Dessa forma, na Psicanálise, ao falar sobre metáfora e metonímia 
fala-se das leis da linguagem e, assim, das leis do inconsciente, que é o material de 
trabalho do psicanalista. 
 
2.2.2 Repetição 
 
 
Fonte: colunadonene.com.br 
A repetição pode ser entendida como um tipo de comportamento, que abre 
caminho para a ação (acting out), e geralmente ao repetir ou agir na análise, é ela 
própria uma força para atualizar o componente psíquico – formulando assim, o termo 
" acting out” o que "não pode" ser recordado. 
Em um dos artigos sobre a técnica da psicanálise, Freud (1914/2006a) dis-
cute o movimento do paciente em uma análise: Recordar, repetir e elaborar. 
Freud observa, no cotidiano de sua prática, que muitas vezes o mecanismo 
de recordar é atravessado pelo elemento da repetição, de forma que o paci-
ente expressa o elemento reprimido por meio da atuação. É desenvolvida, 
nesse texto, uma primeira formulação a respeito da repetição, estando ela 
relacionada aos fenômenos da transferência e resistência. Essa primeira for-
mulação pode ser resumida assim: (1) a transferência é entendida como um 
fragmento de uma repetição; (2) a repetição seria a transferência de um pas-
sado esquecido; (3) esse passado esquecido aparece como ato (repetição) 
devido à magnitude da resistência. Desse modo, a tarefa da psicanálise seria 
 
13 
 
a de atravessar o elemento da repetição, portanto, a resistência, e ir à elabo-
ração (LEITÃO & MENDES, 2018). 
Freud (1917/2006), na Conferência XXIII, em seu texto “Os caminhos da 
Formação dos Sintomas”, asseverou que os sintomas neuróticos são decorrência de 
um conflito, "e que este [o sintoma] surge em virtude de um novo método de satisfazer 
a libido". Os textos de Freud abriram caminho para Lacan incluir e debater o conceito 
de gozo, afirmando que este é uma satisfação inconsciente que revela uma relação 
na transição entre prazer e desprazer, efeito do prazer e dor. 
No texto, Além do Princípio do Prazer, Freud (1920/2006) resgata a questão da 
repetição depois de analisar as brincadeiras de crianças, as neuroses traumáticas de 
guerra, entre outros fenômenos, onde percebeu que o aparelho psíquico é regido por 
forças de vida (pulsão de vida) e forças de morte (pulsão de morte). É nesse 
entendimento que o autor acresce que ambas as pulsões exigem satisfação, fazendo 
com que o sujeito fique entre o engajamento e a sabotagem, entre o prazer e o 
desprazer. 
Nasio (2014) apoia essa leitura, por entender que o mesmo inconsciente que 
impele a repetir os comportamentos bem-sucedidos leva também a repetir, 
compulsivamente, atitudes que conduzem ao fracasso. Dessa forma, há a 
compreensão que a recondução do conceito de repetição, antes associado apenas à 
resistência em recordar (Freud, 1914/2006a), leva a entender a repetição, 
principalmente, como um mecanismo que remonta à pulsão de morte. Não se tratando 
mais de uma repetição, mas de uma (com)pulsão à repetição (Freud, 1920/2006). 
Sobre o texto de Freud, Leitão & Medeiros comentaram que 
Nesse texto, o brincar das crianças aparece como uma via privilegiada para 
acesso ao entendimento dessa questão. É sabido que Freud, ao analisar a 
brincadeira do seu neto (o jogo do Fort-Da), conclui que as crianças repetem 
experiências desagradáveis, subvertendo-as de um modo muito mais ativo 
do que poderiam experimentar passivamente, isto é, tornam-se senhoras da 
experiência (Freud, 1920/2006). Por que será, então, que a repetição é rela-
cionada com a noção de gozo por Lacan? Ora, aquiloque foi perdido en-
quanto prazer é recuperado e sustentado pelo gozo, ou também pelo caminho 
inverso, aquilo que foi experimentado como desprazer em uma forma passiva 
pode ser experimentado como prazer em uma forma ativa, por meio do acting 
out, que, em outras palavras, para Freud, seria um rearranjo da satisfação 
pulsional (LEITÃO & MEDEIROS, 2018). 
Dessa forma, para exemplificar o dito acima, se pode recorrer aos chistes, onde 
ao ouvir uma piada que trouxe determinado prazer, porém perdido, o sujeito na 
 
14 
 
tentativa de recuperar parte deste prazer perdido, reconta a tal piada para que, 
provocando o olhar do outro e o fazer sorrir possa haver essa identificação. O outro 
exemplo se dá de um paciente ao expor sua instisfação devido sua mãe não lhe dar 
atenção, não levando em conta sua opinião e sempre o interrompendo, porém, 
perante a transferência com o analista, ele faz de forma idêntica, repete e atua uma 
satisfação antes desprazerosa, subvertendo-a de um modo passivo para um modo 
ativo. Ao analista, compete manejar o acting out pela interpretação, para que assim 
haja a atualização desse componentes psíquicos, para que possa ser percebidos e 
elaborados. 
No seminário sobre “A angústia” Lacan fez advertência sobreo manejo do 
analista, ante ao sintoma e o acting ou, como pode ser observado: 
O sintoma não está, como o acting-out, pedindo a interpretação . . . o que 
descobrimos no sintoma, em sua essência, não é um apelo ao Outro, não é 
o que mostra o Outro; o sintoma em sua natureza é gozo . . . gozo encoberto 
sem dúvida . . . O sintoma não precisa de vocês como o acting-out, ele se 
basta. É da ordem do que lhes ensinei a distinguir do desejo, como sendo o 
gozo, quer dizer, algo que vai em direção à Coisa, tendo passado a barreira 
do Bem . . . quer dizer, do princípio do prazer, e é por isto que este gozo pode 
se traduzir por um desprazer (LACAN, 2005). 
Lacan (1966/2001), ao palestrar a respeito de “O Lugar da Psicanálise na 
Medicina”, asseverou, “que o corpo é feito de gozo e o que ele quer é gozar”. É nessa 
compreensão que o autor ressalta a força da pulsão de morte na busca de aplacar o 
desconforto da concepção do médico preocupado com o bem-estar do paciente e 
engajado em conceber um corpo harmonioso e concebido para vida (LEITÃO & 
MEDEIROS, 2018). 
Quando Lacan afirma que há gozo no corpo, ele está assinalando “que há algo 
no corpo que quer morrer: um caos pulsional”. Sendo assim, se tornar possível a 
cmpreensão do caminho lacaniano para um novo entendimento sobre o sintoma. 
Freud já havia aberto espaço em relação a questão simbólica do sintoma (como 
sendo uma metáfora a ser decifrada), no caso de Dora, em que ele corresponderia 
simultaneamente a diversos significados e que ele "também pode expressar diversos 
significados sucessivamente" (FREUD, 1905/2006a). Contudo, através da discussão 
sobre os conceitos de gozo e sintoma, Lacan reposiciona sua teoria, afirmando que 
neste último há algo que escapa ao Simbólico; existindo um resto, e é a este resto que 
Lacan deu o nome de gozo, entendendo então que o sintoma não é apenas como 
 
15 
 
uma metáfora a ser decifrada, mas é como a forma que o sujeito utiliza para 
reorganizar o seu gozo (DIAS, 2006). 
Para Maia, Medeiros & Fontes, (2012) o sintoma é "o trabalho de todo sujeito 
para dar conta do Real", é o efeito do simbólico sobre o Real. Essa também já era a 
compreensão de Freud durante o caso Dora, em suas primeiras formulações a 
respeito do sintoma: 
A princípio, o sintoma é para a vida psíquica um hóspede indesejável . . . . No 
início, não tem nenhum emprego útil na economia doméstica psíquica, porém 
com muita frequência encontra serventia secundariamente. Uma ou outra cor-
rente psíquica acha cômodo servir-se do sintoma, que assim adquire uma 
função secundária e fica como que ancorado na vida anímica. (Freud, 
1905/2006a). 
Objetivando contextualizar as discussões sobre o conceito de repetição, Leitão 
& Medeiros trouxe o seguinte exemplo: 
Trata-se de um analista que repete as questões de seu analisando – que 
também repete na análise as suas questões com seu pai – diante da transfe-
rência com sua supervisora (Aisenstein, 2016). Em outras palavras, tratar-se-
ia de um entrelaçamento das questões entre o analista e analisando, ambos 
sustentadas pela via do gozo em um acting out. Aisenstein (2016) conta-nos 
de uma supervisão de um analista em formação que relata que seu anali-
sando costumava "queixar-se, durante várias sessões, de ter-se apaixonado 
por um pequeno tapete turco de orações, peça rara" (p. 49). O analista relata, 
na supervisão, que seu analisando disse que infelizmente não pode adquiri-
lo devido às suas condições financeiras, dizendo a ele: "Não sou como você, 
que tem Pollock e Malevitch na parede" Contudo, o mesmo analista "se ex-
plica" à sua supervisora: "No meu consultório, são pôsteres emoldurados, não 
é como aqui no seu, onde estamos em meio a telas de mestres" (LEITÃO & 
MEDEIROS, 2018). 
Esse exemplo contribui para a percepção de que os sujeitos são suscetíveis à 
repetição, e havendo uma mistura de questões entre o analista e o analisando a 
supervisão se torna um dispositivo fundamental que essas questões venham à tona e 
superadas. 
Lacan (2008) já havia mencionado que o inconsciente não pode ser separado 
da presença do analista. Miller (1987/1994) neste mesmo sentido, formulou que "o 
analista, na medida que opera com a cura psicanalítica, não é exterior ao inconsciente 
do paciente". É mediante tais manifestações que se entende que o psicanalista faz 
parte do conceito de inconsciente, na medida em que constitui seu endereçamento. 
 
 
 
16 
 
2.2.3 Transferência 
 
 
Fonte: flaviomendespsicologo.com.br 
O conceito de transferência é um dos conceitos fundamentais dentro da 
Psicanálise. Para Lacan a forma de compreender esse conceito se dá mediante ao 
exemplo do “paciente ainda tem uma doença desconhecida quando chega à clínica, 
e seu tratamento deve presumir que outro analista saiba”. Em outras palavras, o 
paciente assume que o analista conhece sua dor. Este é o conceito de transferência 
de Lacan, o chamado Sujeito Suposto Saber. Para o autor, o Sujeito Suposto Saber 
não é a pessoa do analista, mas um lugar importante do discurso, esse lugar é 
inconsciente e o analista convidado a ocupar, o lugar de um Outro. Ou seja, ao buscar 
análise, se assum que esse saber existe em algum lugar. 
Esta possibilidade de um saber antecipado permite ao analista ser passível 
de ser colocado neste lugar e dele direcionar o tratamento. Como no exemplo 
 
17 
 
do paciente que atua para com o analista a hostilidade de sua mãe, percebe-
se que o que está em jogo é o lugar que este vem a ocupar para o paciente, 
cabendo ao analista manejar este lugar, sustentando-o ou não " (LEITÃO & 
MEDEIROS, 2018). 
Como dito acima, este é o manejo da transferência, chave do dispositivo 
analítico. 
Lacan (2008) declarou que para o sujeito, sempre que essa função do Sujeito 
Suposto Saber é encarnada, independente de quem quer que seja, analista ou não, a 
transferência já está estabelecida. É por isto que há o entendimento que a 
transferência inicia a análise. Entretanto, é necessário que o psicanalista maneja essa 
transferência, afim de que ela possa ser o motor da análise. 
Blinder, Knobel e Siquier (2011), ao realizar uma leitura freudiana, afirmaram 
que a transferência é um processo que reflete os desejos inconscientes, estes se 
atualizam e se apresentam sobre certos objetos (e/ou pessoas, tomadas como 
objetos) "com os quais se repetem as matrizes infantis". Nessa compreensão, a 
transferência seria ela mesma uma repetição – no presente, com o analista, das 
experiências sexuais infantis vividas no passado. 
Para Freud (1914/2006b), a repetição das matrizes infantis produziria um 
efeito de deslocamento de afeto de uma representação para outra, não so-
mente para a figurado analista mas para todas as relações em geral. Em 
outras palavras, se as matrizes infantis são elementos fantasmáticos, é pela 
fantasia que o sujeito pode montar um cenário que é, afinal, repetido, e nele 
incluir o psicanalista em uma das dinâmicas psíquicas já formadas (LEITÃO 
& MEDEIROS, 2018). 
Nasio (1999) esclarece a necessidade em compreender a noção de 
transferência como "uma atividade pulsional, como um traçado pulsional que sulca 
uma terra deserta, uma terra que se tornará progressivamente um lugar, um vínculo: 
o vínculo da análise . . . a transferência é, afinal, a história fragmentária de uma pulsão 
particular". Na transferência, advertem Blinder et al. (2011), "se manifesta o mais 
íntimo do sujeito: suas pulsões, sua infância, seu narcisismo e seu édipo". Assim 
sendo, conclui-se que na análise é realizada, sobretudo, na e da transferência: como 
ela inclui e envolve o analista. Ela só é possível com a presença do analista, e a 
mesma dependerá do lugar ao qual ele ocupa. 
Freud (1912/2006a) ao escrever Em “A Dinâmica da Transferência”, relatou que 
a transferência é produzida principalmente no tratamento analítico, porém, ele 
demonstrou que ela pode ocorrer, ainda,em forma de resistência. 
 
18 
 
É por isso que Iagor & Flávio disseram: 
Nesse sentido, entendemos que, de fato, a transferência deve aparecer como 
forma de resistência, pois é disso que se trata uma análise: vencer as resis-
tências. Para vencê-las, é preciso conhecê-las. Se a transferência funcio-
nasse só como um facilitador em que o paciente pudesse dizer "na sua frente, 
não sinto vergonha: posso dizer-lhe qualquer coisa" e "confessasse" seus de-
sejos e angústias, não ficaria claro o porquê de ser difícil dizê-las, e não ha-
veria análise (LEITÃO & MEDEIROS, 2018). 
Por isso, Freud (1912/2006a) advertiu da necessidade em fazer a distinção ente 
uma transferência ‘positiva’ de uma ‘ngativa’. Embora Freud (1914/2006b) revela outra 
forma de compreensão da transferência, por meio do conceito de identificação e 
através da possibilidade de uma pessoas amar pela via de seu narcismo, Lacan (2008) 
sustentou que na realidade, seria "uma espécie de falso amor, de sobra de amor". 
Leitão & Medeiros concluíram 
Acompanhando o ensino de Lacan, vemos que o amor da transferência tem 
como fundamento a própria transferência. Contudo, ele considera vago 
representar a transferência como um afeto, qualificando-a como positiva ou 
negativa, além de ser possível tender a correlação de "positiva está para 
transferência de amor", "negativa está para transferência de ódio" (LEITÃO & 
MEDEIROS, 2018). 
Então, nas palavras de Lacan, "diremos, com mais justeza, que a transferência 
positiva é quando aquele de quem se trata, o analista no caso, pois bem, a gente o 
tem em boa consideração – negativo, está-se de olho nele" (Lacan, 2008). 
Para saber lidar com a transferência, Miller (1987/1994) sugere aos 
psicanalistas um artificio freudiano, para quando ocorrer interrupções nas associações 
dos pacientes, sinalizando que o analista pode dizer "você está pensando em mim". 
Isso, denota a ambiguidade da transferência, indicada por Freud como forma de 
resistência, e Lacan diz que é para a assimilar a um tempo de fechamento do 
inconsciente e não somente a um tempo de abertura. 
Lacan (2008, p. 258), ao falar da transferência e da pulsão, diz: "Se a 
transferência é o que da pulsão afasta a demanda, o desejo do analista é o 
que a reconduz a ela". O que Lacan diz com esta afirmativa é que a 
transferência tende a se manifestar como uma pulsão, consequentemente 
expressar-se-ia como atos, repetição. Todavia, o desejo do analista – que de 
maneira nenhuma se trata da pessoa do analista, e sim da função do analista, 
como suporte para o desejo, o fazer desejar – é o que irá conduzir a 
transferência a uma demanda passível de ser posta em palavras. é o desejo 
do analista que permite efetuar um giro no discurso do sujeito, remetendo-o 
ao trabalho psicanalítico, que é, afinal, o amor ao saber: "Faz com que os 
sintomas se dirijam a um interlocutor privilegiado", afirma Nasio (1999, p. 48); 
quer dizer, o grande Outro (LEITÃO & MEDEIROS, 2018). 
 
19 
 
Nota-se que o retorno que Lacan faz ao conceito de transferência dirige a um 
pensamento onde ela é uma via de acesso ao lugar do inconsciente, de um discurso 
de uma linguagem. 
Para Miller (1987/1994) "o engatamento da transferência se dá muito mais com 
um significante do que com uma pessoa", visto que ella ocorre com o campo do Outro. 
E a elucidação de Outro dada por Lacan permite compreender este campo como "o 
lugar em que se situa a cadeia do significante que comanda tudo que vai poder se 
presentificar do sujeito", um lugar de marcação que, na perspectiva freudiana, seria o 
lugar da "economia psíquica" que o analista vem ocupar (Freud, 1914/2006b). 
Como a transferência possui seu valor por permitir a percepção do 
funcionamento de um mecanismo inconsciente na própria atualidade da sessão, 
Freud aconselhou aos terapeutas que estejam começando, a interpretar a trasferência 
apenas quando já houver iniciado, pois a emergência da transferência assinala que 
os processos inconscientes foram ativados (Miller, 1987/1994) 
Reafirmando então, através desses termos o entedimento que a transferência 
marca o início da análise. Mesmo que ela constitui o dispositivo analítico, ela não é 
para ser interpretada. Ela implica no analisando "esperar" a interpretação do analista. 
Isso significa que o analisando já sabe, inconscientemente, que o analista irá 
interpretar. Logo, ele só fala porque supõe que isso o levará para algum lugar ainda 
não-sabido. 
Assim, Leitão & Medeiros resume: 
Acompanhando o ensino de Lacan (2008), encontramos a formulação de que 
o inconsciente é o discurso do Outro. O discurso do Outro, a saber, do in-
consciente, está do lado de fora, pois "é ele que, pela boca do analista, apela 
à reabertura do postigo" (p. 130). Daí remetemos à noção apresentada no 
início deste texto, de que, para Lacan, o inconsciente não pertence a alguém. 
Se o inconsciente é estruturado como uma linguagem, a ela ele pertence, por 
ela ele é (e)feito. é disso que se trata quando Lacan (1964/1998, p. 868) 
afirma que é "o desejo do analista que, em última instância, opera na psica-
nálise". O desejo do analista não vem dele mesmo, "mas é a interpretação, 
por parte do analisando, do que disse o analista; é o que o analisando inter-
preta daquilo que ouviu do analista" (Miller, 1997, p. 450). é desejo do analista 
que faz surgir a dimensão do inconsciente. Logo, é o analista que completa o 
inconsciente. (LEITÃO & MEDEIROS, 2018). 
 
 
20 
 
2.2.4 Pulsão 
 
Fonte: incursos.net 
Ainda no Seminário, livro 11 de Lacan, o autor por entender que o conceito de 
pulsão é mais didícil de ser compreendido, como ele mesmo disse de acesso ainda 
tão difícil", deixou tal conceito para ser aboradado por último. Pulsão é uma palavra 
alemã, Trieb, que traduzido erronenamente por instinto, permitiu uma crítica ao 
próprio conceito e obtendo assim um melhor contorno a partir da explicação do porquê 
não é o mesmo que o instinto. 
A diferença entre os dois estaria justamente no primeiro capítulo dos “Três 
Ensaios”, em que Freud (1905/2006b) apresenta a tese de que a sexualidade 
humana seria essencialmente polimorfa, aberrante. Freud já apontava o ca-
ráter polimorfo da sexualidade, nos mostrando que ela se manifesta e se ins-
creve por inúmeras formas e vias, não somente pela genitalidade e não so-
mente pela junção do macho com a fêmea, não sendo regida, portanto, pela 
meta da reprodução – instinto –, mas sim pelo princípio do prazer – pulsão 
(Freud, 1905/2006b). Pela via da sexualidade humana, polimorfa, vemos que, 
diferentemente da sexualidade dos animais, a nossa não tem objeto fixo nem 
pré-determinado. Ela se satisfaz (parcialmente) pelo objeto da pulsão, como 
bem dito, por inúmeras vias (LEITÃO & MEDEIROS,2018). 
Embora o objeto seja o mais variável numa pulsão, não se encontra ligado a 
ela, originalmente, mas por ser mais adequado a tornar a satisafação possível, ele é 
direcionado a ela. Não sendo algo estranho, mas algo que pertença ao próprio corpo 
 
21 
 
do sujeito, o objeto pode ser modificado sempre que se fizer necessário diante das 
vicissitudes que a pulsão sofre durantesua existência e esse deslocamento que a 
pulsão faz desenvolve seus papéis de forma grandemente importante (Freud, 
1915/2006b). 
Leitão & Medeiros, na tentativa de esclarecer as diferenças entre pulsão e 
instinto, escreveu: 
No intuito de melhor entender a diferença entre as duas noções, pulsão e 
instinto, tomemos como exemplo a necessidade no animal e o desejo no 
humano: a necessidade no animal é objeto natural e da ordem do instinto, se 
falta a ele, ele o encontra, satisfazendo por inteiro sua necessidade. Por 
exemplo, se o animal tem sede, tem-se a água. Já para o desejo no homem, 
o objeto é não-natural e da ordem da pulsão – logo, da ordem do vazio –, 
além de nunca ser encontrado em sua plenitude, apenas parcialmente, nunca 
fornecendo a satisfação completa das pulsões. A sede pode vir a ser de água, 
de refrigerante, de cerveja, de conhecimento, de vingança: uma sede sem 
fim. Essa infinita possibilidade de variação de objetos se deve ao fato de que 
todo objeto é passível de ser substituto do objeto perdido – de uma primeira 
e suposta satisfação completa: o objeto que move e causa o desejo, o que 
Lacan intitulou de objeto a. Por isso pode-se dizer que o desejo é metonímico, 
pois ele desliza de forma ininterrupta e incessante sob a cadeia de 
significante, nunca sendo capturado pela necessidade (LEITÃO & 
MEDEIROS, 2018). 
Para Lacan, 
 O objeto da pulsão deve ser situado no nível do que chamei de 
metaforicamente uma subjetivação acéfala, uma subjetivação sem sujeito, 
um osso, uma estrutura, um traçado que representa uma face da topologia. 
A outra face é que se faz com que um sujeito, por suas relações com o 
significante, seja um sujeito furado. Esses furos, bem que eles vêm de alguma 
parte (LACAN, 2008). 
Em Lacan, o objeto a foi definido como objeto causa de desejo, que se instala 
em outro objeto, formando-se pelo trajeto e pelas vicissitides do desejo, 
contrariamente ao instinto que tem seu objeto fixo e é tendencioso a ser capturado 
pela necessidade. Ou seja, o objeto a é um objeto faltoso e passível de ser 
representado por qualquer objeto. 
Freud (1915/2006b), definiu a pulsão como "um conceito limítrofe, entre o 
psíquico e o somático". Já Lacan, conforme Laznik-Penot (1997), definiu a pulsão não 
como um conceito limítrofe entre o biológico e o psíquico, "mas sobretudo um conceito 
que articula o significante e o corpo". Para Lacan (1960/1998), a pulsão apresenta 
importante papel no funcionamento do inconsciente, sendo considerado por ele como 
"tesouro dos significantes". Para o autor a ação do significante sobre o organismo 
 
22 
 
biológico é isolada, e a pulsão colocada no registro do Real, devido haver algo nela 
que não pode ser apreendido pelo simbólico; existe algo na sua natureza que a 
impede de uma satisfação plena. Pois como afirma Leitão e Medeiros (2018) “para 
satisfazer a pulsão é necessário gozo, e este é um resto”. 
Freud (1905/2006b) apresenta a tese de que a sexualidade está também pre-
sente nas crianças, uma sexualidade pulsional que pode ser observada, por 
exemplo, no olhar da criança, nos gestos e na boca. é aquilo que entra e sai 
da boca, o que ela escuta, o que ela vê, ou seja, é uma sexualidade que diz 
respeito às trocas que esse corpo realiza com o mundo, o que entra e o que 
sai. São todos esses elementos sensoriais que escorrem pelo corpo, que pe-
netram por todos os furos e buracos. Esses "furos e buracos" abrem prece-
dentes para Lacan discutir sobre os "pontos cegos" do corpo como passagem 
para um gozo absoluto. é neste ponto que Lacan articula as pulsões parciais 
(sexuais) às quatro modalidades de objeto a, relativas às pulsões oral, anal, 
escópica e invocante (os dois últimos foram acrescentados por Lacan), nas 
quais se repartem de forma diferente em relação à demanda e ao desejo LEI-
TÃO & MEDEIROS, 2018). 
 
Leitão & Medeiros (2018) apresentaram a reflexão de que “na língua 
portuguesa as vozes do verbo são classificadas em ativa, passiva e reflexiva”. Os 
autores acrescentaram “que atividade da pulsão reside na voz reflexiva do verbo – 
está no fazer-se, que indica o gozo do sujeito na posição de objeto do Outro” (LEITÃO 
& MEDEIROS, 2018). 
Lacan, operou uma leitura da Psicanálise Freudiana com outros campos, sem 
sem ultrajá-la. Ele manteve o fudamento que determina o sujeito concebido como 
sujeito do inconsciente e formalizou esse surgimento a partir do efeito do significante, 
ou seja, da linguagem, podendo o sujeito se fazer presente pela via de sonhos, atos 
falhos, sintomas, chistes, que advém dele próprio, sendo necessário ao analista se 
atentar para esta escuta e interpretá-la. 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
3 PSICANÁLISE PARA WILFRED BION 
 
Fonte: amenteemaravilhosa.com.br 
Wilfred Ruprecht Bion marcou a Psicanálise com a sua contribuição, ampliando 
o conceito de memória e desejo. Recomendou que a postura do analista perante o 
paciente seja de alguém que abra mão desses elementos, principlamente do desejo 
de curar o paciente, e que este entre então, no consultório sem as lembranças da 
sessão anterior. 
3.1 Biografia de Wilfred Ruprecht Bion 
W.R Bion nasceu em 8 de setembro de 1897 em Muttra, Penjab, uma província 
anexada pela colônia britânica em 1849. Seu pai era engenheiro de serviço público 
no Reino Unido quando ele nasceu, então ele serviu na Índia. A mãe dele foi uma 
pessoa simples, de temperamento instável, muitas vezes se sentia triste e o menino 
sofreu muito por causa dessas características de sua mãe. Os pais de Bion tiveram 
outra filha, chamada Edna. 
 
24 
 
De acordo com Andriatte (2016), Bion viveu na Índia sob os cuidados de uma 
indiana (Ayah) até os sete anos de idade, e ela teve uma profunda influência sobre 
ela. Os altos funcionários britânicos têm o hábito de enviar seus filhos para estudar no 
Reino Unido, por isso quando Wilfred tinha cerca de oito anos, foi enviado para 
Londres e morou lá sem a família em um internato onde raramente era visitado pelos 
pais. 
Durante o período entre a infância e o final da adolescência, Bion teve 
dificuldade de se adaptar porque sentiu muita solidão e declarou, quando adulto, que 
“que amargas impressões ficaram-lhe impressas em função do rígido e repressor 
sistema escolar da tradicional escola pública que frequentou neste período”. A 
atividade desportiva auxiliou Wilfred a desenvolver maior integração com os colegas, 
tornando-se capitão de equipes desportivas de rúgbi, natação e waterpolo. Nesse 
período também evidenciou seu brilhantismo como estudante (ANDRIATTE 2016). 
Aparecida Maladrin relatou sobre um período da vida de Bion, 
Aos 19 anos ingressou nas Forças Armadas, onde se destacou devido às 
suas competências intelectuais e desportivas. Atuou na I Grande Guerra com 
distinção, chegando a ser condecorado no Palácio de Buckingham, em fun-
ção de seu desempenho em uma arriscada ação bélica. Na carreira militar 
atingiu a patente de capitão. Ao término da Guerra foi para a Universidade de 
Oxford, onde estudou História Moderna, Filosofia – demonstrando interesse 
especial por Kant – e Teologia, licenciando-se em Letras, o que o levou a se 
dedicar ao magistério. Também apresentava talento inegável para pintura im-
pressionista. Ao ler Freud ficou fascinado e resolveu fazer medicina e se tor-
nar psicanalista. Após sua formatura como médico, aos 33 anos, conseguiu 
algumas condecorações como cirurgião. Em seguida, envolveu-se com a prá-
tica psiquiátrica e se empregou na Tavistock Clinic. Analisou-se por dois anos 
com J. Rickmann, quando a II Guerra provocou ainterrupção do processo 
analítico. Bion continuava a trabalhar na Tavistock quando voltou ao exército, 
em 1940, em plena 2ª Guerra Mundial; neste período se dedicou à reabilita-
ção dos pilotos do exército. Com o final da Guerra, voltou a trabalhar na Ta-
vistock com grupos. (ANDRIATTE, 2016). 
Essas experiências foram relevantes para suas concepções sobre trabalho com 
grupos. 
Bion conheceu a famosa atriz de teatro, Betty Jardine, e com ela se casou, mas 
em 1945, a morte prematura de Betty durante o parto de sua filha Partenope levou 
Bion a sentir-se profundamente consternado, levando-o reiniciar sua análise, desta 
vez com Melanie Klein, processo este com duração de oito anos. Durante este período 
retornou para sua formação no Instituto de Psicanálise de Londres. 
 
25 
 
Bion casou-se pela segunda vez com Francesca, que era pesquisadora e sua 
assistente na Tavistock. Desse casamento nasceram um casal de filhos: Julian e 
Nicola. Partenope se tornou psicanalista na Itália, vindo a falecer, prematuramente, 
em um acidente de automóvel no final da década de 1990. Francesca vive até hoje 
em Oxford, onde zela pela obra do marido (ANDRIATTE, 2016). 
Bion fez diversas viagens pelo mundo, chegando a proferir algumas confe-
rências no Brasil e Argentina; muitas delas em São Paulo. O clima em Lon-
dres começou a despertar muita rivalidade entre ele e os kleinianos e isto o 
fez aceitar um convite para residir na Califórnia, onde permaneceu por 
11anos. Em agosto de 1979 decide voltar para a Inglaterra; parece que de-
sejava se reaproximar dos filhos e se preparava para voltar a clinicar quando 
foi acometido cronicamente por leucemia mielóide aguda. Ao tomar ciência 
do diagnóstico teria dito: “A vida sempre nos reserva surpresas, geralmente 
desagradáveis”. W.R. Bion morreu em questão de dias, com 82 anos, em 08 
de novembro de 1979 na cidade de Oxford, na Inglaterra (ANDRIATTE, 
2016). 
Bion escreveu uma autobiografia que se transformou em um livro póstumo, em 
1982. Este relato se intitula, The Long Week-end. Segundo Bléandonu, um de seus 
biógrafos, Bion aumentou nosso prazer em aprender. Reexaminou as coisas a partir 
de seus começos, e descobriu um novo caminho para a psicanálise. Surge como 
verdadeiro inovador de uma prática moderna. (Bléandonu, 1990). 
De acordo com Braga (2017) a contribuição de Bion para a Psicanálise “é mais 
do que um corpo organizado de teorias psicanalíticas e de teorias da observação 
psicanalítica”. O autor afirma que 
Além de ter produzido uma teoria sobre o funcionamento da personalidade, 
uma teoria sobre o desenvolvimento da personalidade e uma teoria sobre o 
trabalho clínico, Bion trouxe as contribuições de Freud e de Melanie Klein 
para um registro compatível com a visão científica do século XX (BRAGA, 
2017). 
É nesse sentido que é visto como um novo paradigma para o pensamento 
psicanalítico e nesse mesmo intento que Thomas Kuhn (1962/2006) usou este termo 
em Epistemologia ou que Suzanne Langer (1942/1971) usou ideia semelhante em 
Filosofia em nova chave. 
 
 
26 
 
3.2 A Fundamentação Psicanalítica do Pensamento de Bion 
 
Fonte: americanas.com.br 
Bion fez sua contribuição ao método e ao pensamento psicanalítico e a eles 
permaneceu fiel. Para Braga (2017) essa estranheza percebida por alguns, diante 
das contribuições de Bion refere-se aos desenvolvimentos teóricos e clínicos que ele 
trouxe. O autor ainda acrescentou que partindo das descobertas de Freud e de Klein, 
Bion tem um olhar próprio, um outro vértice para pensar os fenômenos psíquicos 
descritos por esses autores seminais, além de ter feito acréscimos originais à 
compreensão psicanalítica da mente. 
Para que haja compreensão dessas mudanças, Braga (2017) utilizou o que ele 
chamou de “inequívoca manifestação de Freud”, onde este último autor afirma que o 
nome "psicanálise" pode ser usado "para qualquer terapia que reconheça a 
importância da resistência ao inconsciente, da transferência e das raízes genéticas da 
neurose na infância" (Freud, 1914/1974a). 
João Carlos acrescentou, 
 
27 
 
Como Freud não incluiu em sua afirmação que esses fenômenos teriam de 
necessariamente ser pensados por meio das teorias que ele formulara, en-
tendemos duas coisas: 1) Freud tinha clareza da distinção entre as experiên-
cias vividas na sessão analítica e as teorias criadas para descrevê-las ou ex-
plicá-las. Ou seja, a distinção entre o que é essencial e o que é a transforma-
ção do essencial; e 2) que o selo da condição psicanalítica é dado pela con-
junção de uma teoria do funcionamento mental baseada no reconhecimento 
da resistência ao inconsciente, de uma teoria da relação analítica baseada 
na transferência e de uma teoria do desenvolvimento mental baseada em 
Édipo (BRAGA, 2017). 
Para este autor, é possivel encontras três bases que ele considerou produtivas 
na obra de Bion: 
Podemos rastrear, no conjunto da obra de Bion, a presença dessas três raí-
zes seminais: 
1. Quanto à resistência ao contato com o inconsciente, Bion não só toma esta 
compreensão como seu ponto de partida, como também faz contribuições 
originais ao entendimento das dificuldades da mente em integrar aspectos 
rejeitados ou incompatíveis de si mesma. Ficam dúvidas de que Bion está 
operando com a ideia de resistência quando destaca a gama de elementos 
que podemos abrigar nas colunas 2 da Grade? Todas as suas recomenda-
ções sobre o estado da mente do analista, que favorecem o alcançar contato 
com o não simbolizado, não são indicações úteis para o contato com o que é 
inconsciente? Sua conjectura, ao final da vida, sobre a cesura e a discrimina-
ção entre estados de mente consciente/inconsciente e inacessível, não traz 
esclarecimentos sobre formas diferentes de vivermos o inconsciente? 
Quando nos elucida sobre seu pensamento não estar contemplando a pola-
rização consciente/inconsciente, mas sim a de finito/infinito, não está ele nos 
apontando o fato de que, em dimensões fundantes da mente, o movimento 
útil é em direção a um inconsciente infinito e não apenas a um inconsciente 
capaz de vir a ser consciente (->finito)? 
2. Sabemos como Freud explorou a mente tendo a transferência como ins-
trumento. Melanie Klein deu continuidade a esses esforços, tanto utilizando o 
instrumental freudiano quanto o ampliando por meio da teoria da identificação 
projetiva. Bion também se valeu da transferência e da identificação projetiva, 
assim como criou outros instrumentos para explorar a relação analítica - como 
sua teoria do pensar -, e também as teorias da observação: a grade e a teoria 
das transformações. Nesta última, para organizar as experiências da sessão 
analítica Bion integra as teorias da transferência (transformações em movi-
mento rígido) e da identificação projetiva (transformações projetivas) ao lado 
de outras formas de transformações que ele descreve, ao discriminar (a) pen-
samento, (b) alucinose, (c) operações opostas ao conhecer e (d) as transfor-
mações em ser ou tornar-se a realidade (diferenciando, assim, os movimen-
tos para conhecer e ser daqueles próprios à gênese do pensar). Temos aí 
uma teoria do funcionamento mental, mais sofisticada e bem mais abrangente 
que as do funcionamento neurótico e psicótico. 
3. A teoria do conhecimento de Bion (1962/1966, 1963/2004a, 1965/2004b) é 
uma teoria do desenvolvimento mental. Podemos mesmo afirmar tratar-se da 
mais sofisticada teoria sobre o conhecer já surgida no campo psicanalítico. E 
também percebê-la como uma teoria sobre fenômenos mentais ainda anteri-
ores aos edípicos como descritos por Freud e Klein; é igualmente fácil perce-
ber que no conceito de vínculos de amor, de ódio e de conhecimento (Bion, 
1962/1966) estão contemplados os três vínculos presentes na proposta freu-
diana do Complexo de Édipo. De forma convergente, Bion também trouxe 
contribuições originais à nossa compreensão do mito edípico e do Complexo 
 
28 
 
de Édipo, como os conceitos de situação edípica e depreconcepção edípica. 
(BRAGA, 2017). 
Mesmo considerando que Bion manteve fidelidade aos parâmetros que Freud 
propôs, com Bion, há algo de novo no campo analítico que modifica a forma de pensar 
a prática psicanalítica. 
3.3 Teorias Psicanalíticas 
 
Fonte: google.com 
A obra de Bion conservou os parâmetros que Freud estabeleceu para a 
Psicanálise, embora os tenha formulado em teorizações diferentes. Essas diferenças 
não estão só nas teorias, como afirma Braga, 
“há uma inflexão metodológica e epistemológica centrando o trabalho analí-
tico na elaboração da experiência emocional compartilhada na sessão e as-
sim modificando o estatuto dado às teorias em nossa prática clínica” BRAGA, 
2017). 
Para o autor quando o analista aceita esta inflexão 
não mais toma as teorias psicanalíticas como geometrias (o modelo do pen-
samento científico), deixando de buscar ser um mestre do conhecimento e 
 
29 
 
passando a ser um explorador renitente em suas próprias experiências clíni-
cas, auxiliado pelos "diários de viagem" (comunicações) de exploradores 
(analistas) anteriores bem-sucedidos. Nesta última visão, teorias deixam de 
ser tomadas como moldes para a experiência proteiforme e singular de cada 
momento e passam a ter o valor de tecidos transplantados e assimilados no 
analista BRAGA, 2017). 
Como há a necessidade de teorias auxiliando o sujeito a pensar a realidade, é 
inevitável que essas teorias sejam tomadas como verdades e deixam de ser 
entendidas como modelos que auxiliam a dar foma ao experimento da realidade. 
Portanto, a Psicanálise passar a ser responsável na problemática de desenvolvimento 
dos psicanalistas. Quando Bion buscou na geometria o apoio para criar os modelos 
de suas teorizações sobre a vida mental, ele deu um exemplo dessa necessidade de 
teorias para pensar. 
Neste sentido, Braga citou 
podemos tomar Transformações (1965/2004b) como seu texto mais mar-
cante. E seus capítulos iniciais como a tentativa de contrastar duas visões da 
mente: a primeira, que acontece em uma dimensão finita, simbólica (como a 
geometria euclidiana) e que pode ser formulada como transformações em 
movimentos rígidos, que têm na teoria da transferência o seu paradigma, ou 
seja, aquilo que é infinito (inconsciente) pode ser apreendido (contido, redu-
zido) na relação analítica. A segunda visão, incômoda, de estarmos às voltas 
com dimensões que podem ser aproximadas, mesmo enquanto infinitas e 
desconhecidas, tem seu modelo na teoria da identificação projetiva. A geo-
metria projetiva, com a noção de um ponto infinito em que as paralelas vão 
se encontrar, oferece o apoio respeitável das matemáticas para as transfor-
mações projetivas. Deste último domínio (desconhecido e infinito) é que vão 
ser desdobradas as transformações em alucinose e em tornar-se a realidade 
("O") (BRAGA, 2017). 
Ao aceitar que só “vamos reconhecer aquilo que conhecemos” (Money-Kyrle, 
1968/1996), fica evidente a necessidade que o sujeito possui em ser sustentato por 
teorias (metáforas bem-sucedidas) concebidas para organizar a percepção dos 
fenômenos com que estes sujeitos entram em contato. Ainda que haja o entendimento 
que a Psicanálise é um processo de investigação - e, assim, se baseia em 
observações daquilo que se apresenta na situação analítica - implica que as 
observações a serem feitas vão depender das teorias (modelos) que sustentam o 
conhecimento de quem investiga (BRAGA, 2017). 
Assim, conclui esse aspecto de aceitação que, mesmo que o sujeito seja 
dependente de conhecimento, poderá manter “frestas” para ser alcançado por aquilo 
que não conhece, por ideias ainda que surgirão naquela mente, ou ainda que há a 
 
30 
 
possibilidade de ter acesso direto à realidade sem a necessidade de mediação do 
Conhecer. 
Essa ideia é uma questão seminal no pensamento de Bion, onde existe a 
expansão da capacidade em contactar a relidade, usar a capacidade em criar teorias 
que permitam ultrapassar o aprendizado que a experiência fornece. 
Para João Carlos, 
A clínica proporciona-nos evidências de estarmos em uma tarefa impossível 
e interminável; impossível, tanto por inesgotável em suas possibilidades, 
quanto pela nossa precariedade em nos aproximar do fenômeno mental. 
Anos e anos de trabalho intenso com um indivíduo nos mostram que temos 
sempre o mesmo ponto de partida - a sessão singular daquele dia de trabalho 
(BRAGA,2017). 
Porém, com a experiência adquirida é possível o retorno ao do verbal para 
praticar a comunicação, internamente ou com o outro. Pois, “como analistas, estamos 
limitados à comunicação verbal, assim como o pintor está limitado à sua tela” (BRAGA, 
2017). Desa forma, o resultado que o analista poderá adquirir será similar ao êxito do 
pintor: depende tanto da sua habilidade de criar uma imagem que contenha a 
experiência emocional que ele experimentou, quanto da pessoa que está sendo 
analisada e que é capaz de capturar e tolerá-la. 
 
 
 
31 
 
3.4 O Analista e as Teorias Psicanalíticas 
 
Fonte: fasdapsicanalise.com.br 
Bion apresentou uma evolução sobre o estatuto das teorias psicanalíticas na 
prática clínica. A princípio, sobre a simetria no par teoria-clínica. 
O analista aprende a utilizar as teorias para sustentar a clínica, Bion propõe 
que este utilize as observações da situação analítica que a intuição psicanaliticamente 
treinada fornece ao analista para que possa então, sustentar a clínica. 
Segundo Bion (1962/1966) e Money-Kyrle (1968/1996) essa estranheza inicial 
que diferencia essas duas posições pode ser distanciada se o analista perceber o 
absurdo que seria usar a clínica para sustentar teorias ou negar a constatação de que 
só se conhece o que se reconhe; ou seja, é necessário haver preconcepções para 
poder conhecer. Dessa forma , o suporte da relação analista-teorias psicanalíticas vai 
depender do viés com que ambos os polos são percebidos. 
 
32 
 
Até aqui, estamos em terreno razoavelmente confortável, o que logo deixa de 
acontecer ao buscarmos um primeiro esclarecimento: mas que teorias sus-
tentam a nossa clínica? As teorias que formam o arcabouço da psicanálise 
enquanto sistema científico? As teorias que cada analista faz, no calor da 
sessão analítica, reveladoras da necessidade humana de criar referenciais 
para pensar as experiências do contato com a realidade? As contribuições 
recentes de Cecil J. Rezze (2009a; 2009b) iluminam a distinção entre estes 
dois níveis de abstrações e auxiliam significativamente a quem se interessar 
em aprofundar esse ponto (BRAGA, 2017). 
Quando se faz essa distinção, há a compreensão relacionada ao exame da 
assimilação, na mente do analista, do sistema teórico psicanalítico que adota. Pois o 
analista poderá utilizar, no momento de desenvolvimento em que se encontra, aquilo 
que herdou de seus pais, poderá operar com ideias próprias ou mesmo com aquealas 
do analistas a qual reverencia. 
Desde 1965, Bion cita a importância psicanalítica da dimensão do “tornar-se 
um com a realidade (->infinito), para além da dimensão do aprender com a experiência 
(->finito)”. Quando o analista alcança esse ponto, ele consegue sustentar suas 
próprias pré-concepções, indepenente de quais teorias psicanalíticas privilegiou. 
Portanto, a clínica não é sustentada pelas teorias consolidadas, mas pela condição 
do analista de ser a pessoa que é, agora acrescido o vértice analítico, na investigação 
da realidade psíquica (BRAGA, 2017). 
Braga na tentativa de ilustrar as questões já citadas, apresentou tal dialógo 
ocorrido em uma supervisão de Bion em 1978. 
Pergunta - O senhor considera algo que escreveu até agora, ou fez, como 
uma contribuição original para a Psicanálise? 
Bion - Eu não sei de nenhuma. Nenhuma. 
P - Nem a sua... que parece-me, pelo menos, o mais original de seus livros, 
a Teoria das Transformações, o senhor não o considera uma contribuição 
original que tem? 
B - De forma nenhuma! 
P - Não? 
B - Não! De fato, eu jádisse repetidas vezes, se você ler esse livro, você 
apenas irá entendê-lo quando perceber que está perfeitamente familiarizado 
com a experiência (BRAGA, 2017). 
Para explicar estar perfeitamente familiarizado com a experiência, Braga 
escreveu: 
Não será mais pelo exercício do aprender com a experiência. Estaremos em 
uma aproximação alternativa ao Conhecer, vindos ao campo infinito de cone-
xões que podemos chamar de Ser. Neste movimento, já não dependemos de 
teorias aceitas ou de preconcepções (BRAGA, 2017). 
 
33 
 
Ao abandonar as noções de causalidade, tempo e espaço (como Freud já 
propunha para o reino do inconsciente), o analista passará a conviver com a incômoda 
constatação de que os sujeitos se encontram na dimensão do infinito. 
Então, 
o vértice do analista muda de olhar o inconsciente pela sua redução às ca-
racterísticas do consciente, para olhar o inconsciente por suas próprias ca-
racterísticas e, em um segundo momento, formular esta experiência dentro 
dos parâmetros do pensamento consciente (BRAGA, 2017). 
No entendimento de Braga 
a mesma estranheza que sentimos ao perceber um autor tratando a contri-
buição de Bion como um apêndice às contribuições de Freud e Klein. Ao con-
trário, nossa cultura psicanalítica nos tem levado a olhar as contribuições de 
Freud e Klein pela perspectiva proposta por Bion (BRAGA,2017). 
Assim, conforme analisa Braga (2017) para que possa manter alguma dessas 
perspectivas, é preciso demarcar o “universo de discurso”, pois assim criará um luar 
de conhecimento que irá proteger ao analista desse caos de não haver parâmetros de 
pensamento, diferenciando aquilo que é individual, singular, da experiência pessoal e 
aquilo que é comum a fenômenos compartilhados pelo grupo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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