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A psicanálise, a gestalt e a psicologia humanista - Crédito Digital

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DESCRIÇÃO
A história da Psicologia, os importantes autores e suas contribuições, as principais abordagens
teóricas e sua aplicação nas diferentes áreas clínicas ou métodos terapêuticos.
PROPÓSITO
Compreender as diferentes áreas da Psicologia para o conhecimento das teorias e dos métodos
empregados no processo terapêutico na Psicanálise, na Gestalt e na Psicologia humanista.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer a fundação da Psicanálise e o nascimento da Psicologia clínica
MÓDULO 2
Identificar outros psicanalistas importantes: Jung, Horney e Adler
MÓDULO 3
Identificar a Gestalt como abordagem da Psicologia
MÓDULO 4
Reconhecer a Psicologia humanista
INTRODUÇÃO
Estamos iniciando uma trajetória que nos levará a alguns dos principais teóricos que construíram
a Psicologia como a conhecemos atualmente. Você verá os impactos dos conceitos de Sigmund
Freud, considerado Pai da Psicanálise, para o tratamento de pessoas com transtornos mentais,
além de sua influência para uma Psicologia clínica e o surgimento de outras abordagens.
Seguindo em frente, você conhecerá três psicanalistas dissidentes que romperam com a lógica
ortodoxa freudiana para fundar suas próprias abordagens: Carl Gustav Jung, Karen Horney e
Alfred Adler. Cada um, à sua maneira, apresentou novos olhares sobre as obras escritas por
Freud.
Por fim, você será apresentado a duas escolas diferentes: a Gestalt e o Humanismo. Ambas
romperam diversos paradigmas clínicos adotados pelos terapeutas ortodoxos, e foram
revolucionárias no panorama científico do século XX.
MÓDULO 1
 Reconhecer a fundação da psicanálise e o nascimento da psicologia clínica
FREUD: FUNDAÇÃO DA PSICANÁLISE E
NASCIMENTO DA PSICOLOGIA CLÍNICA
A fundação da Psicanálise está intrinsecamente ligada à busca pela origem da histeria, ou seja:
pessoas acometidas por problemas nos nervos, que a medicina convencional não conseguia
resolver.
Inicialmente, acreditava-se que poderia encontrar uma parte no cérebro responsável pelos
sintomas histéricos. A fisiologia se empenhou durante décadas para encontrar o que mais tarde
seria nomeado por Sigmund Freud, o criador da Psicanálise, de inconsciente. Entretanto, antes
de chegar a Freud, precisamos entender Jean-Martin Charcot, o Hospital de Salpêtrière, o método
indutivo e o longo caminho percorrido pela Psicanálise, até sua formação como conhecemos,
atualmente.
CHARCOT, LA SALPÊTRIÈRE E A HIPNOSE
La Salpêtrière foi um hospital projetado em Paris, França, para alojar marginais, pobres, pessoas
em situação de rua e qualquer um que pudesse atrapalhar a ordem da alta sociedade parisiense.
Entretanto, pouco a pouco foi se tornando também o lar de qualquer um que padecesse de
alguma doença mental, sendo aproximadamente três mil acometidos por esses transtornos e
cinco mil o número total de internos. Construído no século XVII, atualmente é centro hospitalar
universitário, que engloba a maioria das especialidades médicas.
Foto: Vaughan / Wikimedia Commons/ Domínio público.
 Entrada Mazarin para o Hospital Pitié-Salpêtrière, Paris, França.
AFINAL, O QUE É A HISTERIA?
Inicialmente, acreditava-se que a histeria era uma condição exclusiva de mulheres, pois o termo
hystérie, em francês, advém do grego ὑστέρα, útero. Entretanto, ao descobrir-se que a histeria
vinha do cérebro e não do útero feminino, uma nova gama de contribuições médicas pôde ser
dada ao tratamento dessa tão controversa doença dos nervos.
Para os conceitos da época, o termo englobava uma série de doenças e transtornos, tais como:
epilepsia, paralisia de membros, fobias, distúrbios de linguagem, amnésia e afins.
Basicamente, tudo que fugisse à saúde normal do ser humano e que não tivesse explicação
médica/fisiológica acabava entrando no espectro da histeria. Principalmente, se a pessoa fosse
uma mulher, claro. Isso causava uma grande indagação sobre qual a etiologia de tais doenças,
pois não se encontravam em lugar corpóreo nenhum. O termo tornou-se até pejorativo, pois
passaram a acreditar que tudo não passava de atuação para àquelas pessoas receberem
atenção.
Após estudar inúmeros casos de histeria, Charcot concluiu que a histeria era proveniente de um
trauma. Não necessariamente lembrado em detalhes pela pessoa, pois poderia ter passado por
um extenso período de latência, às vezes, remontando à infância. O médico passou a usar o
recurso da hipnose, para tentar fazer com que, nesse estado indutivo, a pessoa lembrasse o que a
teria afligido a ponto de ocasionar um sintoma em seu corpo.
Imagem: André Brouillet / Wikimedia Commons/ Domínio público.
 Uma lição clínica na Salpêtrière, de André Brouillet, 1887.
Podemos dizer que o diferencial de Jean-Martin Charcot foi olhar humanamente para seus
pacientes, em vez de só observar fisiologicamente e ignorar o sofrimento de todos aqueles
internados de Salpêtrière. Sua técnica foi muito desacreditada por seus colegas de trabalho, pois
para muitos aquilo não passava de encenação.
JEAN-MARTIN CHARCOT (1825-1893)
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Foi um médico psiquiatra e neurologista francês, que realizou grandes pesquisas e pode ser
considerado o fundador da moderna neurologia. Mais conhecido como Charcot (ou Dr.
Charcot), esse médico realizou diversas investigações sobre a histeria e sobre o tratamento
dos sintomas por meio do método hipnótico. Fonte: adaptado de Spsicologos (2017).
SIGMUND FREUD
Médico formado na Universidade de Viena em 1881, especializou-se em Psiquiatria e conseguiu
uma bolsa de estudos em Paris, onde trabalhou e aprendeu com Charcot. A temporada em Paris
foi fundamental para consolidar sua carreira no tratamento dos transtornos mentais. Em 1886, ao
retornar à Viena, começou a clinicar em sua cidade natal e seu principal método até então era a
sugestão hipnótica.
Foto: Max Halberstadt/Wikimedia Commons/ Domínio público.
 Sigmund Freud, médico e fundador da Psicanálise,
fotografado por Max Halberstadt, 1921.
Grande parte do advento da Psicanálise é devida à trajetória pessoal de Freud. Sua história de
vida está indubitavelmente mesclada com os conceitos psicanalíticos. Se não fossem suas
experiências, muito provavelmente sua reflexão teórica não seria tão precisa. E era necessário um
olhar aguçado e crítico para enxergar as comprovações de suas teses até mesmo nas expressões
humanas mais sutis.
TERAPEUTA, MAS AO MESMO TEMPO PACIENTE: ESSE
É O TERMO QUE DEFINE SIGMUND FREUD.
Em Viena, Freud fez a parceria que mudaria para sempre a história dos transtornos mentais e,
sobretudo, da histeria. Josef Breuer, médico e cientista, aliou-se a Freud e suas investigações,
ainda sobre a etiologia da histeria. No tratamento da paciente Anna O., que era atendida por
Breuer, ambos descobriram que os sintomas histéricos de sua doença tratavam de questões mal
resolvidas e de repressões sofridas ao longo de sua vida.
JOSEF BREUER (1842-1925)
Médico e fisiologista austríaco que foi reconhecido por Sigmund Freud e outros como o
principal precursor da Psicanálise. Breuer descobriu, em 1880, que havia aliviado os
sintomas de histeria em uma paciente, Bertha Pappenheim, chamada Anna O., em seu
estudo de caso, depois que a induziu a recordar experiências desagradáveis do passado sob
hipnose. Ele concluiu que os sintomas neuróticos resultam de processos inconscientes e
desaparecerão quando esses processos se tornarem conscientes.
Fonte: adaptado de britannica.com
O CASO DE ANNA O.
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Em tal caso, especificamente, a paciente possuía um conjunto de sintomas:
Paralisia com contrações musculares
Inibições
Dificuldade de pensamento
Entretanto, em seu estado de vigília, a paciente não conseguia se lembrar da origem desses
sintomas.
Já no estado hipnótico, porém, ela relatava a origem deles e o conteúdo reprimido era
expressado; tudo começara com a doença e morte de seu pai. Durante o período da enfermidade
dele, no qualela era responsável por todos os cuidados, às vezes, pensamentos para que ele
morresse vinham em sua mente, pois os cuidados eram um fardo difícil de sustentar. Esses
pensamentos foram reprimidos e transformados em sintoma.
O CASO EMMY VON N. E A ASSOCIAÇÃO LIVRE
O caso Emmy é um interessante episódio na história da Psicanálise. A paciente (FREUD;
BREUER, 2016) se recusava a comer e beber nem que fosse água mineral, evocando dores
gástricas. Sendo forçada a se alimentar, ela acabava rejeitando a hipnose. Tendo desistido de
hipnotizá-la, Freud anunciou que daria 24 horas para que ela se convencesse de que suas dores
decorriam apenas dos seus temores.
Aparentemente, a estratégia funcionou. Um dia depois, Emmy voltou a se alimentar e a ingerir
líquidos, e admite de modo ambíguo que Freud estava com a razão. Nas palavras de Emmy
(ASSOUN, 1993, p.54): “Acho que elas (as dores gástricas) provêm de minhas apreensões só
porque o senhor o diz”. O mais importante a perceber aqui é que ela não declara que a afirmação
era verdadeira, mas afirma que no dizer de Freud há uma verdade.
Emmy diz sim à interpretação freudiana, confirmando o seu valor de verdade (no sentido quase
lógico), mas no seu assentimento é como se ela se colocasse à margem de si mesma.
Em um segundo momento (ASSOUN, 1993), tendo Freud perguntado de quando datavam os
sintomas gástricos, Emmy respondeu que não sabia. Freud tentou novamente a estratégia da
intimidação e deu até o dia seguinte para ela responder. Foi nesse momento que Emmy, em um
tom ríspido, respondeu que ele não deveria ficar perguntando de onde provinha isso ou aquilo,
mas sim que a deixasse falar ou contar o que tinha a dizer.
Essa réplica de Emmy permitiu que Freud elaborasse a regra de ouro da psicanálise, ou seja: a
associação livre. O analista, consequentemente, deve servir de quadro em branco para que o
analisando possa pintar o setting como bem entender, falando sobre o que lhe vem à mente e sem
o risco das repressões que ocorrem na vida em sociedade.
A FUNÇÃO MAIS NOBRE DO SETTING CONSISTE
NA CRIAÇÃO DE UM NOVO ESPAÇO ONDE O
ANALISANDO TERÁ A OPORTUNIDADE DE
REEXPERIMENTAR COM SEU ANALISTA A
VIVÊNCIA DE ANTIGA E DECIDIDAMENTE
MARCANTES EXPERIÊNCIAS EMOCIONAIS
CONFLITUOSAS QUE FORAM MAL
COMPREENDIDAS, ATENDIDAS E SIGNIFICADAS
PELOS PAIS DO PASSADO E, POR CONSEGUINTE,
MAL SOLUCIONADAS PELA CRIANÇA DE ONTEM,
QUE HABITA A MENTE DO PACIENTE ADULTO DE
HOJE.
(ZIMMERMAN, 1999, p. 302)
AS FASES DO DESENVOLVIMENTO E A
EVOLUÇÃO DA LIBIDO
Outra concepção importante posta à tona por Freud foi a descrição dos estágios da evolução da
libido. A formação clássica das fases do desenvolvimento psicossexual (oral, anal, fálica, latência
e genital) causou revolta na comunidade científica, que se mostrou inflexível e incapaz de associar
que as pulsões humanas existem desde a mais tenra infância.
Freud usava uma analogia do mito de Édipo-Rei, para explicar a relação forçada de renúncia da
criança ao seu objeto de desejo, os pais. Com essa ocorrência, a criança passa a deixar tal lado
pulsional em segundo plano e a pertencer aos parâmetros da ordem social. A publicação, em
1913, de Totem e Tabu mostrou que o conceito de horror ao incesto influencia o inconsciente do
indivíduo por toda sua vida. Podemos considerar, assim, a adequação ao parâmetro social como
um forte exemplo de repressão que acaba por marcar o psíquico do indivíduo até mesmo décadas
depois, quando este já é adulto.
Saiba mais sobre o Mito de Édipo-Rei.
CLIQUE AQUI
“Um rapazinho está fadado a amar e a admirar o pai, que lhe parece ser a mais poderosa,
bondosa e sábia criatura do mundo. O próprio Deus, em última análise, é apenas uma exaltação
dessa imagem do pai, tal como é representado na mente durante a mais tenra infância. Cedo,
porém, surge o outro lado da relação emocional. O pai é identificado como o perturbador máximo
da nossa vida instintiva; torna-se um modelo não apenas a ser imitado, mas também a ser
eliminado para que possamos tomar o seu lugar. Daí em diante, os impulsos afetuosos e hostis
para com ele persistem lado a lado, muitas vezes, até o fim da vida, sem que nenhum deles seja
capaz de anular o outro. É nessa existência concomitante de sentimentos contrários que reside o
caráter essencial daquilo que chamamos de ambivalência emocional” (FREUD, 2013, p. 162).
A Antropologia também trata de seus estudos em relação à moral sexual, o tabu e o desejo pelo
amor dos progenitores. Freud analisa diversas sociedades e como a lei moral do horror ao incesto
está presente em todas as civilizações, mesmo que a barreira nem sempre inclua o triângulo
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sujeito-mãe-pai, podendo ser transferida para sujeito-primo e afins. Em sequência, Freud diz que
até mesmo algumas sociedades mais instintivas, que nunca conheceram os valores morais do
Ocidente, fazem jus à sua teoria – como alguns povos da Oceania e da África, por exemplo.
 RESUMINDO
Podemos concluir que a entrada do indivíduo em uma cultura pressupõe renúncias impactantes;
porém, é o que permite a vida em sociedade e a própria existência de uma sociedade humana.
Confira abaixo a tabela com as fases do desenvolvimento:
Estádio Idade Zona erógena Conflito
Estádio
Oral
0 – 18
meses
Boca Desmame
Estádio
Anal
18 meses –
3 anos
Ânus Controle da defecação
Estádio
Fálico
3 anos – 6
anos
Órgãos genitais Complexo de Édipo
Estádio de
Latência
6 anos – 11
anos
Centra-se no
mundo físico e
social e não no
corpo
A interação com o mundo que
o cerca e aprendizadocom as
frustrações.
Estádio
Genital
Após a
puberdade
Órgãos genitais Preocupação com o bem-estar
sexual
Fonte: Mário Bruno.
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
AS DUAS TÓPICAS FREUDIANAS
Tópica é um termo derivado do grego topos (lugar). Freud utilizou o termo para definir o aparelho
psíquico em duas etapas essenciais de sua elaboração teórica.
Confira abaixo:
Primeira Tópica
Na primeira concepção tópica, chamada de primeira tópica freudiana (1900-1920), Freud distingui
o inconsciente, o pré-consciente e o consciente.
INCONSCIENTE
PRÉ-CONSCIENTE
CONSCIENTE
INCONSCIENTE
Para Freud, o inconsciente é constituído por conteúdos recalcados aos quais foi recusado o
acesso aos sistemas pré-consciente e consciente. É indissoluvelmente uma noção tópica e
dinâmica que brotou da experiência do tratamento. Este mostrou que o psiquismo não é redutível
ao consciente e que certos conteúdos só se tornam acessíveis à consciência depois de
superadas certas resistências. O que Freud percebeu (LAPLANCHE; PONTALIS, 1983) é que a
vida psíquica estava cheia de pensamentos eficientes, embora inconscientes, e que era destes
que emanavam os sintomas.
PRÉ-CONSCIENTE
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Em A Interpretação dos Sonhos (LAPLANCHE; PONTALIS, 1983), Freud nomeia de pré-
consciente o sistema que está entre o inconsciente e a consciência, separado pela censura que
procura barrar aos conteúdos inconscientes o caminho para o pré-consciente. Há uma segunda
censura que deforma menos do que seleciona os conteúdos que chegam à consciência. A função
do pré-consciente é evitar que preocupações perturbadoras cheguem à consciência.
CONSCIENTE
Para Freud, a consciência é um dado da experiência individual que se oferece à intuição imediata.
A consciência fornece para a psicanálise não mais do que uma versão lacunar dos nossos
processos psíquicos, pois são na maioria inconscientes
Segunda Tópica
Já na segunda tópica (1920-1939), Freudfez intervir três instâncias ou três lugares: id (isso), ego
(eu) e superego (supereu).
ID (ISSO)
SUPEREGO (SUPEREU)
EGO (EU)
ID (ISSO)
A expressão Es (id) Freud foi buscar em Nietzsche e Groddeck, e passou a ocupar um lugar
equivalente ao sistema inconsciente na primeira tópica. A principal diferença é que na segunda
tópica, o ego e suas operações defensivas são inconscientes, sendo o id o que abrange os
conteúdos precedentes abrangidos pelo inconsciente, mas não o conjunto do psiquismo
inconsciente.
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SUPEREGO (SUPEREU)
O termo Über-Ich (superego) põe em evidência uma instância que se separou do ego e parece
dominá-lo. É uma parte do ego que se opõe a ele e o julga de maneira crítica. Essa noção
(LAPLANCHE; PONTALIS, 1983) aparece na segunda tópica como uma instância que encarna
uma lei e proíbe a sua transgressão.
EGO (EU)
O ego representa o polo defensivo da personalidade no conflito neurótico; ele expõe mecanismos
de defesa motivados pela percepção de afetos desagradáveis (sinais de angústia). Do ponto de
vista da economia da libido, o ego surge como um fator de ligação dos processos psíquicos.
Para a teoria psicanalítica, o ego aparece de duas maneiras diferentes: como aparelho que surge
do contato do id com a realidade externa e como produto de identificações na formação, no
âmago da pessoa, como objeto de amor investido pelo id. É o que percebemos no quadro a
seguir:
GRODDECK
“Georg Walther Groddeck (1866-1934), por influência do pai, que também era médico, e por
contingências de sua vida infantil, seguiria a carreira médica, especializando-se no
tratamento de doenças crônicas. Em 1900, funda um sanatório na cidade de Baden-Baden,
onde trabalharia até o fim da vida. Groddeck fica relativamente conhecido no meio médico e
psicanalítico a partir do final da década de 1910, quando inicia sua correspondência com
Sigmund Freud e adere ao movimento psicanalítico” (SANTOS; MARTINS, 2013).
ID EGO SUPEREGO
ID EGO SUPEREGO
Pulsional Formado a partir do Id
Herdeiro do Complexo de
Édipo
Regido pelo princípio do
prazer
Regido pelo princípio da
realidade
Regido pelo princípio do
dever
Amoral Moral, pragmático Hipermoral
Fonte: Mário Bruno.
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
AS TÓPICAS FREUDIANAS
Vamos aprofundar um pouco mais sobre a Primeira e Segunda Tópicas de Freud.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. UM DOS MARCOS NA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA FOI O CASO DA
PACIENTE ATENDIDA POR SIGMUND FREUD, EMMY VON N. ESTA
PACIENTE SE RECUSAVA A COMER OU ATÉ MESMO BEBER ÁGUA E
POSSUÍA GRANDE RESISTÊNCIA AO TRATAMENTO QUE FREUD
PROPUNHA A ELA, SEMPRE INDAGANDO COM QUESTÕES E, COM ISSO,
DEIXANDO-A IRRITADA. EM DETERMINADO MOMENTO DO TRATAMENTO,
EMMY DIZ A FREUD GROSSEIRAMENTE QUE A DEIXE FALAR APENAS O
QUE TEM A DIZER. TAL FATO MUDOU PARA SEMPRE A HISTÓRIA DA
PSICOLOGIA E DA PSICANÁLISE, POIS ORIGINOU O MÉTODO DE
TRATAMENTO CONHECIDO COMO:
A) Hipnose
B) Foraclusão livre
C) Método catártico
D) Associação livre
E) Método ID
2. LEIA O TEXTO A SEGUIR E PREENCHA AS LACUNAS. DEPOIS,
ASSINALE A ALTERNATIVA QUE REPRESENTA AS PALAVRAS E ORDENS
CORRETAS.
NASCIDO EM VIENA EM 1856 _______________ SE FORMOU EM MEDICINA
NA UNIVERSIDADE DE SUA CIDADE NATAL E ESPECIALIZOU-SE EM
PSIQUIATRIA. POR DIFICULDADES FINANCEIRAS, NÃO PÔDE SE DEDICAR
EXCLUSIVAMENTE A VIDA DE PESQUISADOR, TENDO, ENTÃO,
COMEÇADO A CLINICAR PESSOAS QUE SOFRIAM DE PROBLEMAS
NERVOSOS. OBTEVE, AO FINAL DE SUA RESIDÊNCIA MÉDICA, UMA
BOLSA DE ESTUDOS PARA PARIS, ONDE TRABALHOU NO
_____________________ JUNTAMENTE A SEU MENTOR, _____________.
APÓS A TEMPORADA NA CAPITAL FRANCESA, ________________
RETORNOU À CAPITAL AUSTRÍACA E PASSOU A CLINICAR ATRAVÉS
DO/DA ___________________, JUNTAMENTE A _______________.
A) Sigmund Freud – Hospital parisiense – Josef Breuer – Sigmund Freud – Interpretação dos
sonhos – Jean Charcot
B) Sigmund Freud – Hospital da Salpêtrière – Jean Charcot – Sigmund Freud – Método hipnótico
– Josef Breuer
C) Jean Charcot – Hospital da Salpêtrière – Sigmund Freud – Jean Charcot – Associação livre –
Josef Breuer
D) Sigmund Freud – Hospital Parisiense – Jean Charcot – Sigmund Freud – Interpretação dos
sonhos – Josef Breuer
E) Sigmund Freud – Hospital da Salpêtrière – Jean Charcot – Josef Breuer – Método hipnótico –
Josef Breuer
GABARITO
1. Um dos marcos na história da Psicologia foi o caso da paciente atendida por Sigmund
Freud, Emmy Von N. Esta paciente se recusava a comer ou até mesmo beber água e
possuía grande resistência ao tratamento que Freud propunha a ela, sempre indagando
com questões e, com isso, deixando-a irritada. Em determinado momento do tratamento,
Emmy diz a Freud grosseiramente que a deixe falar apenas o que tem a dizer. Tal fato
mudou para sempre a história da Psicologia e da Psicanálise, pois originou o método de
tratamento conhecido como:
A alternativa "D " está correta.
O caso de Emmy Von N. foi responsável para Freud perceber que a Psicanálise deveria se tratar
de uma cura pela fala. Para isso acontecer, o médico passou a adotar métodos cada vez mais
eficientes para o sujeito se sentir livre para falar qualquer coisa que viesse a mente, como o uso
do divã, por exemplo.
2. Leia o texto a seguir e preencha as lacunas. Depois, assinale a alternativa que representa
as palavras e ordens corretas.
Nascido em Viena em 1856 _______________ se formou em Medicina na universidade de
sua cidade natal e especializou-se em Psiquiatria. Por dificuldades financeiras, não pôde se
dedicar exclusivamente a vida de pesquisador, tendo, então, começado a clinicar pessoas
que sofriam de problemas nervosos. Obteve, ao final de sua residência médica, uma bolsa
de estudos para Paris, onde trabalhou no _____________________ juntamente a seu
mentor, _____________. Após a temporada na capital francesa, ________________ retornou
à capital austríaca e passou a clinicar através do/da ___________________, juntamente a
_______________.
A alternativa "B " está correta.
Sigmund Freud obteve uma bolsa de estudos no Hospital da Salpêtrière, com o mentor e
hipnólogo Jean Charcot. Após uma temporada na França, retornou à Viena e passou a clinicar
fazendo uso do método hipnótico, com Josef Breuer.
MÓDULO 2
 Identificar outros psicanalistas importantes: Jung, Horney e Adler
CARL GUSTAV JUNG
Carl Gustav Jung (1875-1961) foi um psiquiatra e terapeuta suíço, inicialmente conhecido como o
mais promissor discípulo de Freud e a quem o Pai da Psicanálise desejava deixar seu legado em
mãos.
Imagem: Sarawut Itsaranuwut / Shutterstock.com.
 Carl Gustav Jung foi um psiquiatra e psicanalista
suíço que fundou a psicologia analítica.
Em 1907, Jung visitou Sigmund Freud em Viena e a aliança entre os dois começou incluindo uma
viagem aos Estados Unidos em 1909 para levar a Psicanálise às Américas e para fundar a
Associação Psicanalítica Internacional, da qual Jung foi presidente. Entretanto, após diversos
anos de parceria, a colaboração de ambos começou a romper por divergências extremas quanto
ao caráter da libido:
Freud ligava a libido à sexualidade humana.

Jung enxergava na libido a energia corpórea como um todo.
A ruptura definitiva entre os dois ocorreu em 1912, quando Jung publicou seus livros Psicologia do
Inconsciente e Transformações e Símbolos da Libido. Com essa dissidência, Jung criou sua
própria abordagem: a Psicologia Analítica.
Vamos conhecer alguns dos principais conceitos dessateoria. Para Jung, uma concepção plena
da personalidade humana (HALL; NORDBY, 2020) fornece respostas para três séries de questões:
QUESTÃO ESTRUTURAL
QUESTÃO DINÂMICA
QUESTÃO DESENVOLVIMENTISTA
QUESTÃO ESTRUTURAL
Quais os constituintes que compõem a estrutura da personalidade e de que modos esses
componentes interagem uns com os outros?
QUESTÃO DINÂMICA
Quais as fontes de energia que ativam a personalidade e de que modo essa energia se distribui
pelos diversos componentes?
QUESTÃO DESENVOLVIMENTISTA
Como se origina a personalidade e que mudanças nela ocorrem ao longo da existência do
indivíduo?
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PERSONALIDADE E SUA ESTRUTURA NA
PSICOLOGIA ANALÍTICA
A psique
De acordo com Jung, a Psicologia não é Biologia nem Fisiologia, mas um conhecimento da
psique. A psique é a personalidade como um todo; e, como um todo, é composta de sistemas e
níveis interatuantes. São eles: a consciência, o inconsciente pessoal e o inconsciente
coletivo. Veja abaixo cada um deles:
CONSCIÊNCIA
Imagem: Shutterstock.com.
A consciência aparece cedo na vida e cresce diariamente por força da aplicação das quatro
funções mentais: pensamento, sentimento, sensação e intuição. Fora essas quatro funções,
existem as atitudes que orientam a mente consciente em relação ao mundo externo ou interno:
atitude extrovertida e atitude introvertida. Existe também o processo por meio do qual o
indivíduo busca conhecer tão completamente quanto possível a si mesmo. Jung denomina esse
processo de individuação.
Quando falamos em individualização, é importante destacar o ego. Veja abaixo:
EGO
É denominado de ego a organização da mente consciente composta de percepções conscientes,
recordações, pensamentos e sentimentos. O ego é seletivo e filtra as experiências que temos: a
maioria não se torna consciente.
O ego fornece identidade de continuidade em vista de seleção e de eliminação do material
psíquico. Nesse sentido, a individuação e o ego estão intimamente interligados. Fora isso, pelo
caráter seletivo do ego, lembranças e percepções que provoquem angústia estão sujeitas a não
se tornar conscientes.
INCONSCIENTE PESSOAL
Imagem: Shutterstock.com.
Nada do que foi experimentado desaparece da psique; fica armazenado no que Jung denominou
de inconsciente pessoal. Um nível da psique contíguo ao ego. Nesse receptáculo, ficam todas as
atividades ou conteúdos que não se harmonizam com a individuação ou função consciente. Os
conteúdos do inconsciente pessoal têm fácil acesso à consciência, quando surge tal necessidade.
Sobre inconsciente pessoal, é importante entender sobre complexos. Confira:
COMPLEXOS
Jung denominou de complexos a reunião dos conteúdos para formar um aglomerado ou
constelação. Ele chegou à primeira comprovação da existência dos complexos com o teste de
associação das palavras. Eles formam quase uma personalidade separada na personalidade total;
são autônomos e possuem uma força propulsora própria. Certos complexos podem ser
compreendidos em um jargão atual como manias. A maioria dos complexos tem a ver de modo
acentuado com a condição neurótica do paciente. Influenciado por Freud, Jung considerava que
os complexos têm origem nas experiências traumáticas da primeira infância.
INCONSCIENTE COLETIVO
Imagem: Shutterstock.com.
O conceito de inconsciente coletivo foi a parte da pesquisa de Jung que mais o projetou no mundo
científico. Desde 1860, a Psicologia científica havia surgido como disciplina independente da
Filosofia e da Fisiologia e os estudos sobre o inconsciente, em Psicologia, já haviam sido iniciados
por Freud na década de 1890. A consciência e o inconsciente eram tidos como originados da
experiência. Por outro lado, Jung, rompendo com os determinismos relativos à mente demostrou
que a evolução e a hereditariedade dão linhas de ação para a psique. Nesse sentido, a
descoberta do inconsciente coletivo foi um marco decisivo para a história da Psicologia. Para
Jung, a psique deve ser pensada dentro do processo evolutivo: a mente do homem é prefigurada
pela evolução da espécie.
Por isso, nos últimos 40 anos, Jung se dedicou ao estudo dos arquétipos, escrevendo sobre eles.
Veja:
ARQUÉTIPOS
Existem tantos arquétipos quanto situações típicas na vida. Uma repetição infinita gravou essas
experiências em nossa constituição psíquica, não sob a forma de imagens saturadas de
conteúdos, mas somente como formas sem conteúdo.
Alguns arquétipos têm enorme importância na formação de nossa personalidade e de nosso
comportamento, são eles: persona, sombra, anima e animus, e o self. Os arquétipos são
universais; todos herdamos as imagens arquetípicas básicas.
Persona
Refere-se ao que é esperado socialmente do indivíduo e como este deseja ser visto pelo outro. É
a máscara social utilizada em público para impor uma imagem agradável de nós mesmos. Ainda
que o sujeito diga que não possui nenhuma máscara ou persona, somos obrigados a adotá-las
nas diferentes esferas da vida, seja na vida profissional ou até mesmo familiar, representando
diferentes papéis. O resultado de uma persona inflada é a sobreposição de uma vida pautada no
parecer em vez de ser.
Sombra
É o arquétipo que se desenvolve em oposição à persona. Nós o escondemos em relação aos
outros, mas também a nós mesmos. É também tudo que se encontra no inconsciente,
manifestando-se, muitas vezes, de forma instintiva e emocional, no qual atribuímos ao outro
nossos defeitos como mecanismo de defesa para, assim, não encarar as falhas que residem em
nossa sombra.
Anima/Animus
Para Jung, temos uma minoria de características do sexo oposto que habita nosso psiquismo,
mesmo que seja na forma de um ideal ao qual desejamos. Ou seja: em toda mulher há a imagem
de um homem ideal e em todo homem há a imagem de uma mulher ideal. Tais arquétipos vão se
reproduzindo ao longo da vida em diferentes objetos e, muitas vezes, podem ser fonte de
decepção, tendo em vista que são meras projeções e não necessariamente a realidade concreta.
Self
É o principal arquétipo descrito pelo teórico; é o símbolo da ordem. Segundo Jung, o self é a soma
de tudo que somos agora, de tudo que já fomos e de tudo que poderemos ser. É o ponto de nossa
personalidade da direção da autorrealização e da totalidade. Ao sermos honestos conosco e ao
propor a mudar nossas realidades, o ego pode encontrar a força interior necessária para se unir
ao self e consequentemente atingir a consciência plena de tudo aquilo que estava nas sombras.
DINÂMICA DA PERSONALIDADE
Na abordagem analítica, a personalidade (tratado por Jung como psique) é como um sistema
unitário em si mesmo, relativamente fechado, com uma energia mais ou menos autocomandada,
distinta de qualquer outro sistema de energia.
A psique abrange todos os pensamentos, sentimentos e comportamentos, tanto os conscientes
como os inconscientes, o que possibilita a adaptação do sujeito ao ambiente social e físico.
Consiste em vários sistemas isolados, mas que atuam uns sobre os outros de forma dinâmica.
Enquanto afetado por energias externas e internas, o sistema psíquico se mantém em estado de
mudança contínua e nunca pode atingir um estado perfeito de equilíbrio; apenas lhe é dado uma
estabilidade relativa. Quanto aos estímulos recebidos, o que importa são os resultados que podem
provocar.
ENERGIA PSÍQUICA
A energia graças a qual se efetiva o trabalho da personalidade é chamada de energia psíquica.
Jung também a denominou de libido, mas não reduz a libido à energia sexual.
SÃO AS EXPERIÊNCIAS CONSUMIDAS PELO INDIVÍDUO
QUE SE TRANSFORMAMEM ENERGIA PSÍQUICA.
Jung considerava impossível estabelecer uma equivalência precisa entre energia física e energia
psíquica, mas acreditava em uma espécie de ação recíproca entre esses dois sistemas.
A EXPRESSÃO ENERGIA PSÍQUICA VEM SENDO
USADA JÁ DESDE MUITO TEMPO. A
DIFERENCIAÇÃO ENTRE ENERGIA E FORÇA É
CONCEITUALMENTE NECESSÁRIA, POIS A
ENERGIA É, PROPRIAMENTE FALANDO, UM
CONCEITO QUE NÃO EXISTE OBJETIVAMENTE
NO FENÔMENO COMO TAL, MAS SE ACHA
PRESENTE NO FUNDAMENTO DA EXPERIÊNCIA
ESPECÍFICA. EM OUTRAS PALAVRAS: NA
EXPERIÊNCIA, A ENERGIA É SEMPRE
ESPECÍFICA, MANIFESTADA NO MOMENTO COMO
MOVIMENTO E FORÇA; VIRTUALMENTE É
SITUAÇÃO, É CONDIÇÃO. QUANDO EM ATO, A
ENERGIA PSÍQUICA SE MANIFESTA NOS
FENÔMENOS DINÂMICOS DA ALMA, TAIS COMO
AS TENDÊNCIAS, OS DESVIOS, O QUERER, OS
AFETOS, A ATUAÇÃO, A PRODUÇÃO DE
TRABALHO ETC. (QUE SÃO JUSTAMENTE
FORÇAS PSÍQUICAS).
(JUNG, 2002, p.12)
VALORES PSÍQUICOS
O valor é uma medida da quantidade de energia consagrada a um elemento psíquico particular, ou
seja, são avaliações de quantidade energética (energia psíquica). Como exemplo, podemos citar a
beleza e o poder, enquanto elementos psíquicos. Determinada pessoa pode atribuir alto (ou baixo)
valor em relação a esses elementos, sendo possível comparar nossos valores psíquicos com os
outros. Importante destacar que, como elemento na dinâmica da personalidade, envolve tanto
aspectos conscientes quanto inconscientes.
A psicodinâmica diz respeito ao estudo da distribuição da energia pelas estruturas da psique e à
transferência da energia de uma estrutura para outra. Em termos junguianos, a psicodinâmica
vale-se de dois princípios extraídos da Física: o princípio de equivalência e o princípio de entropia.
PRINCÍPIO DE EQUIVALÊNCIA
PRINCÍPIO DE ENTROPIA
PRINCÍPIO DE EQUIVALÊNCIA
De acordo com o princípio de equivalência, não há perda de energia na psique. Segundo a
primeira lei da termodinâmica, ou lei da conservação de energia, Jung afirma que se uma
quantidade de energia desaparecer de um determinado elemento psíquico, igual quantidade de
energia aparecerá em outro elemento psíquico.
PRINCÍPIO DE ENTROPIA
De acordo com Jung, o princípio de equivalência descreve o intercâmbio de energia no interior de
um sistema, mas não explica a direção em que a energia flui. Na Física, a direção para qual a
energia flui é explicada pela segunda lei da termodinâmica, ou princípio de entropia. Em termos da
psique, a distribuição da energia visa a obtenção de equilíbrio em todas as estruturas (JUNG,
2002, p.58-59).
DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE
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Tendo como alicerce a sua vasta experiência clínica, Jung apresentou conceitos básicos
referentes ao desenvolvimento da personalidade. Vejamos um pouco sobre isso:
INDIVIDUAÇÃO
No início da vida, o indivíduo começa em um estado de totalidade indiferenciada. O
desenvolvimento o conduz a uma personalidade diferenciada, unificada e equilibrada, embora
essas metas raramente sejam atingidas por completo. De qualquer modo, a meta é sempre atingir
maior individuação que se diferencie dos outros e se diferencie dentro de si mesmo, indo de uma
estrutura mais simples em direção a uma estrutura cada vez mais complexa. Plenamente
individualizado, o ego passa a captar de modo mais tênue e mais profundo o significado dos
fenômenos objetivos.
TRANSCENDÊNCIA E INTEGRAÇÃO
A integração da personalidade é um dos temas dominantes na Psicologia junguiana. A integração
é a individuação de todos os aspectos da personalidade. Porém, não pode ser pensada sem
levarmos em consideração a função transcendente. Esta é dotada da capacidade de unir todas as
tendências contrárias da personalidade e de trabalhar para que se atinja a meta da totalidade.
Sendo assim, a função transcendente é um instrumento da realização da unidade ou arquétipo do
self. Ela é a produção e desdobramento da totalidade potencial original.
KAREN HORNEY
Karen Horney (1885-1952) foi uma psicanalista prussiana que questionou diversas das
perspectivas tradicionais freudianas. Inicialmente, Horney e suas ideias se alinhavam à
perspectiva psicanalista ortodoxa; entretanto, a teórica levava em consideração os fatores sociais,
que considerava tão importantes quanto as experiências infantis.
Foto: İsmail0747/Wikimedia Commons, CC BY-SA 4.0.
 Karen Horney.
Segundo Karen, a Psicanálise deveria ir além das fases do desenvolvimento e considerar as
influências culturais na formação da personalidade. Em sua teoria, o ser humano não é orientado
apenas pelo princípio do prazer, mas também por dois outros princípios: a segurança e a
satisfação.
Para ela, as neuroses resultam das tentativas de nos encontrar em meio à sociedade. E a soma
de todas as primeiras experiências do ser humano faz emergir sua personalidade. No início da
vida, portanto, todos temos potenciais, mas precisamos de um ambiente adequado para
desenvolvê-los. A base primária do desenvolvimento pode ser saudável ou neurótica, depende da
influência cultural e ambiental.
UMA MUDANÇA DE ÊNFASE TEVE LUGAR NO
CONCEITO PSICANALÍTICO DE NEUROSE.
ORIGINALMENTE, O INTERESSE CENTRALIZAVA-
SE NO QUADRO SINTOMÁTICO DRAMÁTICO,
ATUALMENTE DÁ-SE CONTA CADA VEZ MAIS DE
QUE A REAL FONTE DESSAS DESORDENS
PSÍQUICAS REPOUSA EM DISTÚRBIOS DO
CARÁTER [...]. ÀS MENTES ABERTAS À
IMPORTÂNCIA DE IMPLICAÇÕES CULTURAIS,
ELAS APONTAM PARA A QUESTÃO SOBRE “SE” E
“EM QUE MEDIDA” AS NEUROSES SÃO
MOLDADAS POR PROCESSOS CULTURAIS,
ESSENCIALMENTE DA MESMA MANEIRA QUE A
FORMAÇÃO DO CARÁTER “NORMAL” É
DETERMINADA POR ESSAS INFLUÊNCIAS. E,
CASO ISSO SEJA VERDADEIRO, O QUANTO TAL
CONCEITO NECESSITARIA DE CERTAS
MODIFICAÇÕES NA VISÃO FREUDIANA SOBRE A
RELAÇÃO ENTRE CULTURA E NEUROSE.
(HORNEY, 2007)
Sendo assim, caso não se tenha tal ambiente de potencialidades, as influências adversas e
externas podem admitir neuroses.
Duas das mais primitivas dessas influências são a inabilidade e a má vontade dos pais de
oferecer amor às crianças, por causa de suas próprias neuroses. Um ambiente com pais
autoritários, negligentes, superprotetores e afins, faz com que os filhos desenvolvam um
sentimento de hostilidade básica. Entretanto, tal hostilidade não é expressa pela raiva, mas sim
pela repressão de seus sentimentos, levando em consideração uma insegurança que se manifesta
ao longo da vida.
UMA PSICANÁLISE FEMINISTA
Outro aspecto importante de sua carreira, é que por vezes ela é incluída como parte de um
movimento neopsicanalítico, que questiona a importância que Freud atribui ao pênis e discorda
sobre as diferenças entre o sexo biológico da forma como Sigmund propôs.
A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA
FEMINISTA, A AUTORA ENFATIZA QUE AS DIFERENÇAS
ENTRE HOMENS E MULHERES SÃO CULTURAIS E NÃO
MERAMENTE BIOLÓGICAS.
Na contramão do enaltecimento fálico, Horney afirma que os homens, com a incapacidade de
engravidar e dar à luz, tentam, como forma de compensação, se voltar para avanços em trabalhos
externos.
Na obra Gender and Envy (Gênero e Inveja), da autora Nancy Burke, Horney fala sobre a
obviedade do enaltecimento fálico que ocorre no meio psicanalítico, dizendo que isso se deve à
sua criação ter sido feita por um homem. Pois, mesmo que Sigmund Freud fosse um gênio, ele
ainda assim continuava sendo homem; e seu trabalho foi perpetuado, na época, majoritariamente
por outros homens, detentores da erudição.
ALFRED ADLER
Alfred Adler (1870-1937), psicanalista austríaco, fez parte do primeiro círculo psicanalítico da
história, tendo sido convidado pelo próprio Freud para fazer parte, mesmo sendo 14 anos mais
jovem do que o Pai da Psicanálise. Tais reuniões começaram em 1902 e serviram posteriormente
para delinear todas as diversas sociedades psicanalíticasque surgiriam ao redor do mundo.
Foto: Isidoricaaa7/Wikimedia Commons, CC BY-SA 4.0.
 Alfred Adler.
No entanto, em 1911, o teórico deixou a Sociedade Psicanalítica Vienense por divergências sobre
concepções teóricas; Adler não aceitava a importância do papel do recalque e da libido no
funcionamento psíquico. Sua ruptura com Freud não ocorreu de maneira amigável, sobretudo, por
Adler acrescentar novas ideias ao meio psicanalítico e criar sua própria teoria, chamada
Psicologia Individual. Tal separação foi a primeira cisão importante do movimento psicanalítico;
fundou um grupo chamado Sociedade para a Pesquisa Psicanalítica Livre.
Sua teoria conciliava a influência do ambiente social com o consciente. Um dos pilares de sua
pesquisa era sobre autoestima e como esta se desenvolve perante o mundo.
PARA ELE, SENTIR-SE INFERIOR É UMA EXPERIÊNCIA
HUMANA UNIVERSAL, POIS RELACIONA-SE COM A
INFÂNCIA.
Segundo o autor, crianças sempre se sentem inferiores por estarem rodeadas de pessoas mais
fortes e que obtêm poder sobre elas. Esse sentimento pode acompanhar o sujeito pelo resto da
vida.
Como estudo de caso, Adler utilizou a história de Theodore Roosevelt, que era um jovem
acanhado e doente até a adolescência e que, depois, passando por intensas transformações,
chegou a ser o presidente mais jovem dos Estados Unidos, em 1901.
O SELF CRIATIVO E A PSICOTERAPIA
Adler desenvolve o conceito de poder criativo do self. O teórico austríaco propôs que, apesar da
hereditariedade e da experiência, o ser humano faz sua própria personalidade lapidando o
material bruto que lhe foi dado biologicamente e ambientalmente, em um processo de criação de
si.
Tal criação ocorre dentro e fora do setting terapêutico, onde o terapeuta deve conduzir o paciente
a perceber seu estilo de vida e a orientá-lo e reeducá-lo para uma melhor situação na vida real,
sem conflitar dolorosamente qualquer aspecto inconsciente.
Por fim, um aspecto revolucionário do método de Adler é que a relação entre terapeuta e paciente
passou a ser igualitária, face a face e empática. Esse fator influenciou uma série de teóricos, como
por exemplo Karen Horney, Abraham Maslow, Carl Rogers e muitos outros.
UMA OUTRA PSICANÁLISE
Quais os principais conceitos psicanalíticos posteriores romperam com o pensamento de Freud?
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. CARL GUSTAV JUNG (1875-1961), RENOMADO PSICOTERAPEUTA
SUÍÇO, INICIALMENTE ERA VISTO COMO O MAIOR DISCÍPULO FREUDIANO
E O PSICANALISTA QUE CARREGARIA SEU LEGADO. OS DOIS TIVERAM
UMA PARCERIA DE PESQUISAS QUE DUROU ANOS E RESULTOU EM
DIVERSOS TRABALHOS IMPRESCINDÍVEIS PARA A HISTÓRIA DA
PSICANÁLISE. ENTRETANTO, JUNG NÃO CONCORDAVA COM UM DOS
PRINCIPAIS CONCEITOS FREUDIANOS, O QUE CAUSOU UMA RUPTURA
NESSA ALIANÇA. ESSE CONCEITO ERA O/A:
A) Superego
B) Instinto
C) Libido
D) Pulsão
E) Id
2. KAREN HORNEY (1885-1952) FOI UMA PSICANALISTA PRUSSIANA QUE
QUESTIONOU DIVERSOS CONCEITOS DE SIGMUND FREUD (1856-1939).
UMA DE SUAS PRINCIPAIS COLABORAÇÕES FOI A RESPEITO DO PAPEL
DA MULHER NA PSICANÁLISE. A PARTIR DE SEUS CONHECIMENTOS
SOBRE HORNEY, ANALISE AS AFIRMAÇÕES A SEGUIR E DEPOIS MARQUE
A ALTERNATIVA CORRETA:
I. HORNEY ACREDITAVA NA INFERIORIDADE DA MULHER MARCADA NO
REAL DEVIDO À AUSÊNCIA DE PÊNIS, FATO QUE EXEMPLIFICA A
HISTERIA COMO UM FENÔMENO FEMININO.
II. HORNEY QUESTIONAVA A IMPORTÂNCIA QUE FREUD DAVA AO PÊNIS
NO DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO, CRIANDO UMA TEORIA FEMINISTA
QUE IA NA CONTRAMÃO DO ENALTECIMENTO FÁLICO.
III. HORNEY AFIRMAVA A OBVIEDADE DO ENALTECIMENTO FÁLICO NA
PSICANÁLISE, TENDO EM VISTA QUE TODA A CRIAÇÃO DA TEORIA FOI
FEITA POR HOMENS.
IV. HORNEY AFIRMAVA QUE AS MULHERES ENGRAVIDAVAM COMO
FORMA DE COMPENSAÇÃO FÁLICA NA SOCIEDADE, MOSTRANDO QUE O
CORPO BIOLÓGICO FEMININO TAMBÉM ERA FONTE DE PODERIO.
V. HORNEY AFIRMAVA QUE OS HOMENS, COM A INCAPACIDADE DE
ENGRAVIDAR E DAR À LUZ, TENTAM COMO FORMA DE COMPENSAÇÃO
SE VOLTAR PARA AVANÇOS EXTERNOS.
A) I, II e IV.
B) III e IV.
C) III e V.
D) II, III e V.
E) I e IV.
GABARITO
1. Carl Gustav Jung (1875-1961), renomado psicoterapeuta suíço, inicialmente era visto
como o maior discípulo freudiano e o psicanalista que carregaria seu legado. Os dois
tiveram uma parceria de pesquisas que durou anos e resultou em diversos trabalhos
imprescindíveis para a história da Psicanálise. Entretanto, Jung não concordava com um
dos principais conceitos freudianos, o que causou uma ruptura nessa aliança. Esse
conceito era o/a:
A alternativa "C " está correta.
Enquanto Freud ligava a libido “apenas” à sexualidade humana, Jung a considerava uma energia
corpórea como um todo, valendo-se de diversos impulsos e forças psíquicas.
2. Karen Horney (1885-1952) foi uma psicanalista prussiana que questionou diversos
conceitos de Sigmund Freud (1856-1939). Uma de suas principais colaborações foi a
respeito do papel da mulher na Psicanálise. A partir de seus conhecimentos sobre Horney,
analise as afirmações a seguir e depois marque a alternativa correta:
I. Horney acreditava na inferioridade da mulher marcada no real devido à ausência de pênis,
fato que exemplifica a histeria como um fenômeno feminino.
II. Horney questionava a importância que Freud dava ao pênis no desenvolvimento
psíquico, criando uma teoria feminista que ia na contramão do enaltecimento fálico.
III. Horney afirmava a obviedade do enaltecimento fálico na psicanálise, tendo em vista que
toda a criação da teoria foi feita por homens.
IV. Horney afirmava que as mulheres engravidavam como forma de compensação fálica na
sociedade, mostrando que o corpo biológico feminino também era fonte de poderio.
V. Horney afirmava que os homens, com a incapacidade de engravidar e dar à luz, tentam
como forma de compensação se voltar para avanços externos.
A alternativa "D " está correta.
Karen Horney criou uma teoria psicanalítica feminista. A teórica, mesmo considerando Sigmund
Freud um gênio e seguindo a Psicanálise, afirmava que ele continuava a ser homem, o que
explicava diversos aspectos de seu trabalho, sobretudo o enaltecimento fálico.
MÓDULO 3
 Identificar a gestalt como abordagem da psicologia
IMAGENS GESTÁLTICAS
Você já deve ter se deparado com imagens que desafiam nossa percepção. Neste módulo, vamos
compreender as diferentes percepções com as quais a nossa mente é capaz de lidar.
Para entender melhor, confira as imagens abaixo.
Imagem: Alan De Smet/Wikimedia Domínio Público.
VASO DE RUBIN
O Vaso de Rubin é um dos mais conhecidos exemplos de Gestalt. Nele, pode-se ver tanto uma
taça quanto dois rostos de perfil se encarando.
Imagem: Alan De Smet/Wikimedia Domínio Público.
CUBO DE NECKER.
O Cubo de Necker demonstra as diferentes formas com as quais tais linhas formam um cubo,
tanto com proeminência para o lado esquerdo e abaixo quanto para o direito e acima.
Imagem: Shutterstock.com.
ELEFANTE DA GESTALT
Nesta ilustração, é possível ver o elefante formado por cabeças humanas.
GESTALTISMO
O conceito de Gestalt surgiu como uma reação Associacionismo. Para compreender melhor,
entretanto, é importante que antes saibamos o significado do termo. A famosa frase que define os
gestálticos é:
O TODO É MAIS QUE A SOMA DAS PARTES.
Gestalt é um termo alemão que não tem uma exata tradução em português. O correspondente
mais próximo em nossa língua seria forma ou configuração. Essa teoria defende que as
experiências devem ser consideradas mais em sua totalidade do que em acontecimentos
separados. A Gestalt-Terapia, entretanto, é diferente da Gestalt. Veja:
GESTALT-TERAPIA
Utiliza as artes como recurso terapêutico.

GESTALT
Utilizado em diversas áreas, como as artes visuais
Surgida na sociedade alemã e tendo Fritz Perls como principal teórico, a Gestalt-terapia tem
como foco o aqui e agora, sobrepondo-se a abordagens que focavam no passado e destacando a
responsabilidade de si mesmo na atual experiência individual. É um modo de psicoterapia que não
se concentra na doença, mas em gerar mais saúde mental apartir das potencialidades que todo
indivíduo possui. Tem grande diálogo com teorias humanistas, que exploram as potências
individuais como o meio de atingir a autorrealização. Além disso, a abordagem foca no conceito de
percepção como chave para a compreensão da atual experiência individual.
Outro dos principais conceitos dessa abordagem é o de insight, ou seja: o indivíduo obtém uma
reestruturação súbita em seu campo perceptual e, a partir disso, pode se compreender melhor e,
consequentemente, mudar o que não se encontra em ressonância com o resto de sua vida. É a
apreensão verdadeira de uma coisa, livre dos conteúdos que podem deturpar as percepções do
ser sobre as coisas em sua volta e sobre si mesmo.
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FRITZ PERLS
Frederick Salomon Perls (1893-1970), conhecido como Fritz Perls, é considerado o fundador
da Gestalt-terapia. Desde 1936, em um movimento de dissidência com a Psicanálise
freudiana, insatisfeito com as proposições adotadas até então no método clínico
psicanalítico, rumou em direção ao desenvolvimento de um projeto terapêutico que, em
1951, passaria a denominar-se Gestalt-terapia.
A PERCEPÇÃO E A BOA FORMA
Os gestaltistas estavam preocupados em compreender quais eram os processos psicológicos
envolvidos na percepção. Ou, como cada sujeito tem uma forma diferente de perceber a
realidade.
A percepção, portanto, é o ponto de partida e um dos temas centrais dessa teoria. Isso fez com
que houvesse um embate com o movimento comportamentalista, pois para a Gestalt existe um
processo entre o estímulo e a resposta do indivíduo. Esse processo é a própria percepção, que se
mostra única para cada ser humano.
É importante, portanto, saber o que o sujeito percebe e como o percebe.
NEM O PACIENTE NEM O TERAPEUTA ESTÃO
LIMITADOS PELO QUE O PACIENTE DIZ E PENSA:
AMBOS PODEM AGORA LEVAR EM
CONSIDERAÇÃO O QUE ELE FAZ. O QUE ELE FAZ
FORNECE INDÍCIOS PARA O QUE PENSA, ASSIM
COMO O QUE ELE PENSA FORNECE INDÍCIOS
PARA O QUE FAZ OU GOSTARIA DE FAZER. ELE
PRÓPRIO SABERÁ O QUE SIGNIFICA SEUS ATOS,
SUAS FANTASIAS, SUAS REPRESENTAÇÕES, SE
NOS LIMITARMOS A CHAMAR SUA ATENÇÃO. ELE
MESMO FORNECERÁ SUAS PRÓPRIAS
INTERPRETAÇÕES.
(PERLS, 1988, p. 30)
Outro fator importante do movimento gestáltico é a concepção de pregnância das formas (ou lei
da boa forma). Tal aspecto diz que sempre enxergamos a composição visual geral das coisas
antes de nos aprofundarmos nos detalhes. O ser humano, em sua busca por autorrealização, está
sempre procurando encontrar a boa forma em seu psiquismo e trajetória pessoal; esse é um dos
motivos que nos mantém em uma incessante busca por nós mesmos.
Usando como analogia um exemplo de obras de arte, quando observamos inicialmente um
quadro, não vemos linhas, pontos ou pinceladas isoladas, mas um conjunto completo. E é disso
que se trata a experiência gestáltica.
Imagem: Georges Seurat/Wikimedia Commons/ Domínio público.
 Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte, França, 1884 – 1886.
Para entender melhor esse método terapêutico ao qual chamamos de Gestalt-Terapia, é
necessário conhecer suas origens filosóficas. Discorreremos a seguir sobre todo o contexto que
mesclou a Filosofia gestáltica com a Psicologia.
AS ORIGENS FILOSÓFICAS
Tendo uma origem que remete de forma contrária aos estudos de Hume, no século XVIII, o
Associacionismo pretendia encontrar “elementos constituintes”. Uma conduta, por exemplo, pode
ser considerada como composta por elementos existentes em si mesmos que se associam,
formando os conjuntos aditivos que caracterizam a experiência.
O confronto com esse modo de pensar teve início com o filósofo Locke, mas em 1890, com
Ehrenfels, com um trabalho sobre a qualidade das formas ( Gestaltqualitäten), ganhou uma nova
configuração. Com esse trabalho, Ehrenfels pretendia mostrar que existem características da
experiência que não podem ser explicadas pelas propriedades das sensações consideradas como
elementos constituintes.
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O que Ehrenfels procura mostrar (GARCIA-ROZA, 1974) é que tanto o ponto de vista fisiológico
quanto o ponto de vista psicológico não podem ser explicados pela associação dos elementos
constituintes.
HUME
David Hume (1711-1776), filósofo e historiador, tinha uma perspectiva empirista que partia
das impressões singulares e se opunha a filosofias teológicas-metafísicas.
JOHN LOCKE (1632-1704)
Filósofo inglês empirista considerado Pai do liberalismo.
EHRENFELS
Christian von Ehrenfels (1859-1932) foi um filósofo e psicólogo austríaco. Ele provou ser um
pensador altamente independente, formulando a noção das qualidades da Gestalt,
elaborando uma nova teoria do valor e desenvolvendo novas ideias em ética sexual e
cosmologia. Ehrenfels também criticou seus vários mentores em uma série de questões.
Embora fosse um teórico, ele não se mostrava indiferente aos problemas sociais e culturais
de sua época. Assim, ele também tentou responder a esses problemas traçando novos
caminhos para suas soluções.
Fonte: adaptado de Rollinger; Ierna (2019).
 EXEMPLO
Uma melodia pode ser transposta para outro tom e tocada por outro instrumento e continua sendo
a mesma melodia mesmo tendo todos os seus elementos alterados. A adição de unidades
isoladas não explica isso.
A conclusão a partir de Ehrenfels é que as melodias são formas. Isso serviu de base para os
estudos de Wertheimer, Köhler e Koffka. Estava nascendo a Psicologia da forma, ou Gestalt.
A questão de Köhler e Koffka, em termos de estrutura, é que existem no mundo físico “todos”
cujas propriedades não ocorrem por adição, por soma de suas partes. Para eles, existem
diferentes formas de subordinação parte/todo. Entretanto, é importante mencionar que o
gestaltismo não pretende de modo algum que toda realidade seja gestáltica.
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WERTHEIMER, KÖHLER E KOFFKA
Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1941),
pesquisadores alemães, que foram contemporâneos e conviveram na chamada Escola de
Berlim.
MAS QUAL A DIFERENÇA DA GESTALT, ENQUANTO
ESTRUTURA, E A IDEIA DE ESTRUTURA PARA O
PENSAMENTO ESTRUTURALISTA?
Uma possível resposta (GARCIA-ROZA, 1974) considera a estrutura ou a forma não como parte
da realidade empírica, mas como modelo construído em relação a ela. No caso do gestaltismo, a
estrutura é uma característica da própria realidade. Uma outra possiblidade de estruturalismo
afirma que para o estruturalismo a estrutura é um modelo como um sistema de diferenças que
pode ser transposto de fenômeno para fenômeno.
Os exemplos da Gestalt como estrutura são retirados da realidade física:
 EXEMPLO
Em um condutor de carga elétrica homogêneo, se exercemos uma modificação em uma das
partes haverá uma alteração na totalidade dos pontos de distribuição. Assim é a base da terapia
da Gestalt: se modificarmos um ponto específico, podemos, a partir deste, mudar o todo.
Na perspectiva de Köhler, se o mundo físico apresenta características gestálticas, não há por que
não as encontrar nos fenômenos fisiológicos. O autor, ao recusar o método introspectivo em
Psicologia, mantém um contato com o comportamentismo, mas a sua Gestalttheorie (Teoria da
Forma) apresenta aspectos muito específicos.
Para ele (BONOMI, 1974), a constituição do objeto parte da modalidade perceptiva “construída”.
Em outras palavras, a Psicologia da Gestalt abandona a ideia do dado sensorial elementar,
comum ao Associacionismo, e procura dar conta da “estrutura do campo”.
A organização do conjunto perceptivo é o dado primário para Köhler. A essa interpendência
funcional das sensações, ele nomeará de Togetherness (união) dos estímulos. Nessas
configurações globais,o problema central será o sentido (Sinn) inerente à experiência perceptiva.
O que caracteriza a Gestalt (BONOMI, 1974) é a “consideração imanente” do campo perceptivo
como a determinação de uma estrutura que atua na percepção. Para a Gestalt, o campo sensorial
não é um mosaico de estímulos, mas organizado desde o início, originalmente estruturado. O que
Köhler considera como imanente são as formações perceptivas, tais como ocorrem na experiência
concreta, por isso, não importa a decomposição analítica em “dados”.
Quanto à constituição do objeto, a Gestalt, por sua irredutibilidade à localização, tratará de
conjuntos e subconjuntos a partir da ideia de figura e fundo. Apoiado na fenomenologia e se
distanciando dela, Köhler propõe uma homologia entre as organizações do mundo perceptivo e os
processos nervosos que o subentendem.
 Céu e Água I, de M.C. Escher, 1938.
Ao pensar os aspectos fisiológicos, Köhler abandona o mecanicismo, e procura pensar a
autorregulação dinâmica própria de um “fisicalismo autêntico”. Logo, a proposta da Gestalt
obedece a suposição de um paralelismo psicofísico. Para Köhler, o caminho da Psicologia tem
como rumo esses aspectos: o abandono do modelo máquina – ou mecânico – e o direcionamento
para uma física desapegada de todas as instâncias mecanicistas. Mas existem críticas a Köhler,
pelo fato de se referir sempre a articulações extremamente simples do campo perceptivo.
KURT LEWIN
Kurt Lewin (1890-1947), psicólogo e professor alemão, trabalhou durante dez anos com Köhler e
Koffka na Universidade de Berlim. Dessa colaboração, o teórico alemão originou sua Teoria de
Campo, talvez o método mais importante de seu legado.
Imagem: Natata / Shutterstock.com.
 Kurt Lewin
Entretanto (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999), não podemos considerá-lo um genuíno
gestaltista, pois ele acabou seguindo outro rumo de acordo com seus próprios princípios
desenvolvidos. Isso acontece, principalmente, quando Lewin abandona os limiares de percepção e
os aspectos psicofisiológicos da Gestalt para buscar na Física as bases metodológicas de sua
Psicologia.
Para o autor, o indivíduo e seu entorno não devem ser vistos como instâncias a parte, pois ambos
interagem e consequentemente se modificam no espaço que habitam. Uma de suas principais
contribuições é o conceito de espaço vital, ao qual define como “a totalidade dos fatos que
determinam o comportamento do indivíduo num certo momento”.
A PSICOLOGIA DE LEWIN TRABALHA COM A
EFEMERIDADE, POIS A VIDA É SEMPRE CONSIDERADA
DINAMICAMENTE E O CAMPO NÃO DEVE SER TIDO
COMO UMA REALIDADE FÍSICA ESTÁTICA, MAS SIM
FENOMÊNICA.
Nas palavras do próprio Lewin: o campo deve ser representado tal como ele existe para o
indivíduo em questão, em determinado momento, e não como ele é em si. Para a constituição
desse campo, as amizades, os objetivos conscientes e inconscientes, os sonhos e os medos são
tão essenciais como qualquer ambiente físico (GARCIA-ROZA, 1974, p.136).
Ou seja, o campo é uma realidade fenomênica, não necessariamente física. Transpondo para a
fórmula gestáltica, a realidade fenomênica é a maneira particular como se interpreta determinada
situação e, também, componentes emocionais ligados às próprias situações já vividas.
 RESUMINDO
O campo psicológico é representado pelas linhas de força, o que atrai a percepção e lhe dá
significado. As situações, muitas vezes, tendem a ser interpretadas pelos seus aspectos
fenomenológicos e não pelo o que ocorre de fato. As experiências, a todo o momento, podem
ganhar novos significados se sobrepostas a fatos anteriores. E o comportamento, para sua real
compreensão, deve ser visto em sua totalidade, não por fragmentos incompletos.
ASSOCIACIONISMO OU GESTALTISMO
Vamos, agora, compreender um pouco mais porque a Psicologia da Gestalt é uma superação da
Filosofia Associacionista:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (FGV - 2018 - AL-RO) A GESTALT É UM CAMPO TEÓRICO QUE
OFERECEU INESTIMÁVEIS CONTRIBUIÇÕES AO ESTUDO DA PERCEPÇÃO
E DA INTELIGÊNCIA. SEGUNDO OS AUTORES CLÁSSICOS, A SOLUÇÃO DE
IMPASSES OCORRE POR MEIO DA REESTRUTURAÇÃO PERCEPTIVA.
SENDO ASSIM, OCORRE UM FENÔMENO NO QUAL A APREENSÃO
GLOBAL DA SITUAÇÃO-PROBLEMA É SEGUIDA PELO AJUSTE DOS
FATORES RELEVANTES EM RELAÇÃO AO TODO. ESSE FENÔMENO É
CHAMADO DE
A) Figura e fundo
B) Simetria
C) Proximidade
D) Insight
E) Associacionismo
2. A PARTIR DE SEUS CONHECIMENTOS SOBRE ESTÍMULO E PERCEPÇÃO
NA TEORIA DA GESTALT, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA EM
RELAÇÃO À IMPORTÂNCIA DA PERCEPÇÃO DO ESTÍMULO PARA A
COMPREENSÃO DO COMPORTAMENTO HUMANO.
A) A percepção dos momentos passados, sobretudo da primeira infância, é a base da fórmula
gestáltica de terapia. Só assim o paciente pode ter insights sobre quem ele é.
B) Para a Gestalt, existe um processo entre o estímulo e a resposta do indivíduo. Esse processo
se mostra único para cada indivíduo, não ocorrendo de forma universal.
C) Para a Gestalt, o processo de percepção intitulado boa forma é universal, basta o
psicoterapeuta induzir ao caminho que o paciente deve seguir.
D) Os gestaltistas não se preocupam em compreender os processos psicológicos envolvidos na
percepção. Para eles, a visualização das boas formas é mais importante.
E) No processo terapêutico, é mais relevante saber somente o que o sujeito percebe.
GABARITO
1. (FGV - 2018 - AL-RO) A Gestalt é um campo teórico que ofereceu inestimáveis
contribuições ao estudo da percepção e da inteligência. Segundo os autores clássicos, a
solução de impasses ocorre por meio da reestruturação perceptiva. Sendo assim, ocorre
um fenômeno no qual a apreensão global da situação-problema é seguida pelo ajuste dos
fatores relevantes em relação ao todo. Esse fenômeno é chamado de
A alternativa "D " está correta.
Insight é o nome que se dá a quando o indivíduo passa a possuir uma apreensão verdadeira de
uma coisa, livre dos conteúdos e das crenças que podem deturpar a percepção das coisas à sua
volta.
2. A partir de seus conhecimentos sobre estímulo e percepção na teoria da Gestalt, assinale
a alternativa correta em relação à importância da percepção do estímulo para a
compreensão do comportamento humano.
A alternativa "B " está correta.
A percepção é o ponto de partida dessa teoria. Isso faz com que exista um embate entre
gestaltistas e comportamentalistas, pois para a Gestalt existe um processo no meio do estímulo e
da resposta do indivíduo. Esse processo é a percepção, que deve ser considerada como o
alicerce da Gestalt-terapia. Sendo o processo perceptivo único para cada ser humano, é
importante saber o que o sujeito percebe e como o percebe.
MÓDULO 4
 Reconhecer a psicologia humanista
A PSICOLOGIA HUMANISTA
A Psicologia humanista tem seus primórdios datados no final da década de 1950 e início dos anos
1960. Entretanto, desde a década de 1940 já se pensavam novas formas de clinicar. Tal
perspectiva filosófico-psicológica surge como uma resposta ao domínio que se tinha na Psicologia
entre o Comportamentalismo e a Psicanálise, consideradas teorias rivais e que repercutiam a
lógica estadunidense e a europeia, respectivamente. Neste módulo falaremos, além dos aspectos
que permeiam essa abordagem, sobre dois de seus principais representantes: Carl Rogers e
Abraham Maslow.
CARL ROGERS
Foi em 11 de dezembro de 1940 que Carl Rogers (1902-1987) deu sua famosa conferência e
expôs pontos que trilhavam um caminho para além da lógica psicólogo (senhor do suposto saber)
e paciente. Sua proposta terapêutica dava mais ênfase na situação atual do indivíduo e defendia a
tendência à autorrealização que toda vida humana tem.
Imagem: Didius / Wikimedia Commons/ CC BY-SA 2.5.
 Carl Rogers definiu o conceito de autoimagem (ou autoconceito)
como o conjunto de todos os pensamentos, ideais e julgamentos
que você tem sobre si mesmo.
A terapia deixava de ser um lugar de tratar doenças e tornava-se um lugar de autocompreensão
para os indivíduos perceberem os vastos recursos que possuem dentro desi para modificação de
seus comportamentos e atitudes. Para tal mudança, entretanto, era necessário haver um clima
facilitador de crescimento para o ser.
Sua forma de terapia foi se desenvolvendo cada vez mais ao longo das décadas, até ser nomeada
como Abordagem Centrada na Pessoa (ACP). Nessa psicoterapia, por exemplo, o indivíduo que
frequenta não é chamado de “paciente” (assim como em outras) mas sim de “cliente”; pois,
entende-se que ele está passando por um aconselhamento não diretivo para explorar suas
potencialidades.
Para que a modificação dos autoconceitos ocorra (ROGERS, 1983), deve haver três condições
para que se crie um clima facilitador de crescimento pessoal:
O PRIMEIRO ELEMENTO
“Pode ser chamado de autenticidade, sinceridade ou congruência. Quanto mais o terapeuta for ele
mesmo na relação com o outro e puder remover as barreiras da lógica profissional, mais isso
significa que ele está vivendo a essência daquele momento. O terapeuta se faz transparente para
o cliente. E, do mesmo modo, o que o cliente vive pode se tornar consciente e ser vivido na
relação terapeuta-cliente, e assim comunicado se for de seu desejo. Tudo isso demonstra uma
correspondência que se dá em um nível profundo, influenciando a consciência do cliente”
(ROGERS, 1983, p.39).
ACEITAÇÃO INCONDICIONAL
“Isto ocorre quando o terapeuta tem uma atitude ‘positiva e aceitadora’ em relação ao que quer
que o cliente seja naquele momento. Quando a postura terapêutica se demonstra dessa forma, a
possibilidade de ocorrer uma mudança positiva é maior. Nesse aspecto, é importante que o cliente
expresse qualquer sentimento que esteja sentindo: ressentimento, raiva, medo, orgulho, amor etc.
O terapeuta deve ter uma consideração integral e não condicional pelo cliente” (ROGERS, 1983,
p.39).
COMPREENSÃO EMPÁTICA
“Para que isto ocorra é necessário que o terapeuta tenha uma escuta sensível e ativa ao que
chega até a ele. Quando está em sua melhor forma, o terapeuta pode entrar tão profundamente
no mundo interno do paciente que se torna capaz de esclarecer não só o significado daquilo que o
cliente está consciente como também do que se encontra abaixo do nível de consciência”
(ROGERS, 1983, p.39).
Uma das questões mais interessantes na proposta de Rogers é que ela parece poder ser aplicada
a relações humanas cotidianas – e não necessariamente terapêuticas – desde a relação entre as
pessoas que convivem muito tempo em um mesmo espaço, como uma família, por exemplo; até
estruturas mais tecnicamente elaboradas, como o Ensino Institucional.
É nesse sentido que encontra a Aprendizagem Centrada no Aluno ou, como é chamada
comumente, a Tendência Pedagógica chamada Liberal Renovadora Não diretiva. Claramente
inspirada no pensamento de Rogers, será a base para a Escola Nova, que influenciará tanto o
ensino no Brasil a partir dos anos 1930.
MAS POR QUE ROGERS TERIA ESSA INFLUÊNCIA EM
TANTAS ÁREAS, ALÉM DA PSICOLOGIA?
 RESPOSTA
Talvez a resposta esteja em uma de suas famosas obras – Tornar-se Pessoa – e no que ele
apresenta como sua aprendizagem pessoal ao longo de sua vida como terapeuta. Essa
aprendizagem pessoal, longe de ser apresentada como receita, mostra a base que sustenta toda
sua teoria.
Clique no botão abaixo para ler algumas reflexões importantes de Rogers.
LEIA AQUI
Rogers (1997, p. 19-25) afirma:
“Na minha relação com as pessoas, descobri que não ajuda, a longo prazo, agir como se eu
fosse alguma coisa que não sou.
Descobri que sou mais eficaz quando posso ouvir a mim mesmo, aceitando-me; e assim
posso ser eu mesmo.
Atribuo um enorme valor ao fato de poder permitir compreender uma outra pessoa.
Verifiquei ser enriquecedor abrir canais dos quais os outros possam comunicar os seus
sentimentos, seus mundos perceptivos particulares.
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É sempre altamente enriquecedor aceitar outra pessoa.
Quanto mais aberto estou às realidades em mim e nos outros, menos me vejo procurando, a
todo custo, remediar as coisas.
E conclui:
“Não posso fazer mais nada do que tentar viver segundo minha própria interpretação da presente
significação de minha existência, e tentar dar aos outros a permissão e a liberdade de
desenvolverem a sua própria liberdade interior para que possam atingir uma interpretação
significativa de sua própria existência.”
(ROGERS, 1997, p. 32)
ABRAHAM MASLOW
Abraham Maslow (1908-1970), também conhecido como o Pai da Psicologia humanista foi,
sobretudo, um estudioso e observador aficionado pelo comportamento humano. Filho de pais
imigrantes judeus, Maslow nasceu no Brooklyn e sofreu discriminação durante diversos momentos
de sua vida. Isso o fez, talvez como uma força motriz, tentar entender o ser humano e devotar-se
aos livros e às bibliotecas. Inicialmente, estudava Direito, mas posteriormente assumiu sua paixão
pela Psicologia, até obter seu Ph.D. em 1934 e começar a lecionar em 1937.
Imagem: Yuliya Darafei / Shutterstock.com.
 Abraham Maslow
Mesmo Maslow sendo um pesquisador exímio e docente notável, a pouca afinidade com tais
teorias vigentes tendiam a levá-lo a um isolamento profissional e intelectual. Seus artigos, por
consequência, não encontravam ressonância para publicação na maior parte das revistas técnicas
de Psicologia. Entretanto, foi no final da década de 1950 que Maslow decidiu fundar sua própria
revista de Psicologia humanista.
AFINAL, O QUE SERIA O HUMANISMO?
Indo na contramão dos saberes psicanalíticos (que coloca a satisfação das pulsões como aspecto
central da teoria) e dos comportamentalistas (que procuram satisfazer as necessidades
fisiológicas do ser humano), o Humanismo trata de descobrir os propósitos do indivíduo na busca
de sua autorrealização.
EM SUMA, A FILOSOFIA HUMANISTA SE EXPRESSA
ATRAVÉS DA FIDELIDADE CONSIGO MESMO, PARA
DESCOBRIR QUEM REALMENTE SOMOS E PARA, A
PARTIR DISSO, TRABALHAR NOSSA PSIQUE.
Para melhor compreensão de como seria a autorrealização humana por essa perspectiva, é
necessário observar a esquematização criada por Maslow, de uma pirâmide de necessidades
humanas, também conhecida como Pirâmide de Maslow ou Hierarquia de necessidades de
Maslow:
Imagem: J. Finkelstein (traduzido por Felipe Sanches) / Wikimedia Commons/ CC BY-SA 3.0.
 Diagrama da hierarquia das necessidades de Maslow
O HOMEM CRIATIVO NÃO É O HOMEM COMUM AO
QUAL SE ACRESCENTOU ALGO; O HOMEM
CRIATIVO É O HOMEM COMUM DO QUAL NADA SE
TIROU.
(MASLOW apud PREDEBON, 1998, p. 34)
O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO
Um dos aspectos mais importantes do Humanismo é a aliança dessa teoria à Filosofia
Existencialista. Terapeuticamente, fez-se a junção das duas linhas teóricas e criou-se a Terapia
Existencial-Humanista. Tal fato pode ser ilustrado pelo célebre livro do autor Jean-Paul Sartre,
que, em 1946, publicou a obra O Existencialismo é um Humanismo.
JEAN-PAUL SARTRE
Sartre (1905-1980) foi filósofo e escritor francês, um dos maiores representantes do
pensamento existencialista na França.
Tais teorias se complementam em um viés psicoterápico devido à forma como enxergam o ser
humano, sempre digno de se autorrealizar por meio de suas possibilidades de liberdade. A
clássica frase de Sartre: “O ser humano está condenado a ser livre”, dimensiona os aspectos que
tal liberdade (sempre atrelada a uma responsabilidade de si) trazem ao indivíduo, que se depara
com a angústia de ser livre perante as possibilidades que o permeiam.
Para Sartre (FERREIRA, 2010, p.79), o homem é o que se faz por si próprio, ou seja: o homem
nada mais é do que seus atos. O homem primeiro existe e se projeta conscientemente no futuro.
Consequentemente, outro conceito chave para tal abordagem é que “a existência precede a
essência”, portanto, quem molda a essência de nossas vidas somos nós, fato que se atrela ao
conceito de caminhar sempre para a autorrealização defendida pelo Humanismo. Somos
passíveis de encontrar a nós mesmos e só posteriormente de nos definir, pois somos e semprejavascript:void(0)
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seremos aquilo que fizermos de nós mesmos.
É necessário ir um pouco mais fundo nessa afirmação de Sartre e perceber seu impacto frente ao
pensamento comumente aceito acerca da existência humana.
Clique no botão abaixo para ler uma reflexão importante de Sartre sobre esse assunto.
LEIA AQUI
“O existencialismo ateu, que eu represento, é mais coerente [que a visão teísta de mundo]. Afirma
que, se Deus não existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser
que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito: este ser é o homem, ou, como diz
Heidegger, a realidade humana. O que significa, aqui, dizer que a existência precede a essência?
Significa que, em primeira instância, o homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só
posteriormente se define. O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de
uma definição porque, de início, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo
que ele fizer de si mesmo. Assim, não existe natureza humana, já que não existe um Deus para
concebê-la. O homem é tão somente, não apenas como ele se concebe, mas também como ele
se quer; como ele se concebe após a existência, como ele se quer após esse impulso para a
existência. O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo: é esse o primeiro
princípio do existencialismo.”
(SARTRE, 1970, p. 10)
Assim, para o existencial-humanismo, ao afirmar que existência precede a essência, temos uma
responsabilidade por nós mesmos e pelo outro, tendo em vista que o outro também se afeta de
acordo com o que fazemos de nós.
Sartre diz que sua doutrina não é desesperadora ou pessimista, mas pelo contrário: devemos
enxergar o destino em nossas próprias mãos como possibilidades e projetos. Além de que, isso
nos traz uma exaltação do ser humano tal como no Humanismo, em que somos livres para criar
um projeto de ser-no-mundo e nos reinventar todos os dias.
RESPONSABILIDADE, ESCOLHA E ANGÚSTIA
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No existencial-humanismo, há também três noções fundamentais: as de responsabilidade, escolha
e angústia. Esses aspectos se relacionam entre si e são indissociáveis
ESCOLHER ALGO É, AO MESMO TEMPO,
ESCOLHER O VALOR DAQUILO QUE FOI
ESCOLHIDO. POR ISSO, A RESPONSABILIDADE
ABRANGE TODA A HUMANIDADE. DESSA FORMA,
O EXISTENCIALISMO HUMANISTA AFIRMA QUE O
HOMEM ESTÁ CONDICIONADO A UMA
PERSISTENTE ANGÚSTIA.
(FERREIRA, 2010, p.79)
Consequentemente, qualquer ato, por menor que seja, é uma renúncia. A responsabilidade
mediante as ações humanas – ao fazer jus à lógica sartreana –, independe de um Deus ou de
uma força superior. E, a respeito de tais escolhas, temos a inclusão de um valor moral particular
de cada um.
Por fim, as ações de um ser humano repercutem em todos e não só a ele isoladamente. Como
seres sociais, tudo que fazemos é norteado por uma conduta que mescla as escolhas, as
angústias e as responsabilidades da humanidade. O ser humano se compromete com o que quer
ser e também com o que quer que seja o seu meio.
A PSICOLOGIA HUMANISTA
Vamos conhecer uma pouco mais, agora, sobre Rogers e Maslow.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (FGV - 2013 - SEDUC-SP) EM O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO,
JEAN PAUL SARTRE AFIRMOU: “O HOMEM NADA MAIS É DO QUE AQUILO
QUE ELE FAZ DE SI MESMO”, MOSTRANDO QUE A LIBERDADE:
A) É uma escolha incondicional, por ser independente de qualquer desejo concreto que possa
orientar a ação humana.
B) É uma atitude subjetiva de engajamento que depende da descoberta, para cada um, da
essência universal que o define como ser humano.
C) É uma sabedoria que consiste em discernir quando é possível escolher e quando é mais
prudente ceder à fortuidade da existência.
D) É uma opção baseada nos valores materiais da existência, que rompe com toda
transcendência e restaura a dimensão propriamente existencial do homem.
E) É uma condenação que lança o homem no desamparo de não poder escapar da solidão e da
responsabilidade por seus atos.
2. A SEGUIR, HÁ UMA PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES HUMANAS, CRIADA
POR ABRAHAM MASLOW, SEM OS RESPECTIVOS ESTÁGIOS ATRIBUÍDOS
PELO AUTOR. ANALISE AS LACUNAS E ASSINALE A ALTERNATIVA COM
OS RESPECTIVOS NÚMEROS E ORDENAMENTO CORRETOS.
A) a) V – Fisiologia / IV – Segurança / III – Social / II – Estima / I – Realizações pessoais
B) V – Segurança / IV – Fisiologia / III – Social / II – Realizações pessoais / I – Estima
C) V – Segurança / IV – Fisiologia / III – Realizações pessoais / II – Social / I – Estima
D) V – Fisiologia / IV – Segurança / III – Estima / II – Realizações pessoais / I – Social
E) V – Social / IV – Fisiologia / III – Segurança / II – Realizações pessoais / I - Estima
GABARITO
1. (FGV - 2013 - SEDUC-SP) Em O existencialismo é um humanismo, Jean Paul Sartre
afirmou: “O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo”, mostrando que a
liberdade:
A alternativa "E " está correta.
No existencial-humanismo, há três noções indissociáveis por si só: a responsabilidade, a escolha
e a angústia. Consequentemente, qualquer ato, por menor que seja, é uma renúncia; e o ser
humano deve se preparar e aprender a lidar com isso.
2. A seguir, há uma pirâmide das necessidades humanas, criada por Abraham Maslow, sem
os respectivos estágios atribuídos pelo autor. Analise as lacunas e assinale a alternativa
com os respectivos números e ordenamento corretos.
A alternativa "A " está correta.
Para o funcionamento do indivíduo no humanismo, o ser deve estar: 1. Fisiologicamente bem
(com comida, água, abrigo, sono); 2. Integramente seguro (com segurança do próprio corpo, da
família e propriedade); 3. Socialmente ativo (com amor, amizade, comunidade, família); 4.
Estimadamente elevado (com reconhecimento, status e autoestima); 5. Pessoalmente realizado
(com desenvolvimento pessoa, criatividade e talento estruturados).
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer desses módulos, as conclusões que pudemos chegar são a de encerramento de uma
rede de significações que já foram tecidas no percurso de um trabalho. Aristóteles diz que quando
algo nos espanta, causa perplexidade, começamos a pensar. Sim, e não há como não ficar
perplexo frente ao que cada um desses teóricos e clínicos, aqui estudados de forma introdutória,
traz de inesgotável.
O que nos propusemos a realizar, aqui, foi percorrer caminhos da Psicologia clínica e da
Psicanálise. Em nosso itinerário, buscamos apresentar uma visão abrangente e sistemática de
alguns conceitos, possibilitando que você possa encontrar um universo referencial que permita ler
e começar a compreender os autores que abordamos.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BOCK, Ana B.; FURTADO; Odair; TEIXEIRA, M. de L. Psicologias: uma introdução ao estudo
de psicologia. 13. ed. reform. e ampl. São Paulo: Saraiva, 1999.
BONOMI, Andrea. Fenomenologia e Estruturalismo. São Paulo: Perspectiva, 1974.
FERREIRA, Danilo Gomes. O Existencialismo é um Humanismo: a Escolha, a
Responsabilidade e a Angústia em Sartre. Cadernos da Graduação, Campinas, n. 8, 2010.
BRITANNICA, T. Editors of Encyclopaedia. Josef Breuer. Encyclopedia Britannica, 2021.
Consultado em meio eletrônico em: 26 fev. 2021
FREUD, S. Totem e tabu. São Paulo: Cia das Letras, 2013.
FREUD, S.; BREUER, J. Estudos sobre a histeria. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Psicologia Estrutural em Kurt Lewin. Petrópolis: Vozes, 1974.
HALL, Calvin S.; NORDBY, Vernon J. Introdução à Psicologia Junguiana. 17. ed. São Paulo:
Cultrix, 2020.
HORNEY, K. Cultura e neurose. Revista da abordagem Gestáltica. Goiânia, v. 13, n. 1, p.
147-159, jun. 2007.
JUNG, K. A energia psíquica. Petrópolis: Vozes, 2002.
LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J. B. Vocabulário de Psicanálise. 7. ed. São Paulo: Livraria Martins
Fontes, 1983.
PERLS, F. A abordagem gestáltica. Rio de Janeiro: LTC, 1988.
PREDEBON, José. Criatividade: abrindo o lado inovador

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