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IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 1 histologia do tecido ósseo O osso é um tecido dinâmico. Ou seja, em todas as atividades diárias, ele está submetido a compressão, tensão e estiramento (através do tecido muscular). E esse estresse mecânico, dependendo da forca aplicada, pode provocar remodelação óssea (morte e formação óssea). Quando existe um equilíbrio nessa remodelação óssea, é constituído um osso de boa massa integra, firme. Quando há um desequilíbrio, seja por doença, baixa hormonal (p. ex., na menopausa mulher e andropausa no homem), há desregulação da balança de remodelação óssea e, consequentemente, a destruição óssea. • TEORIA MECANOSTÁTICA: a ação mecânica/exercício físico, faz parte das estratégias de prevenção de doenças que promovem a perda de massa óssea. Mesmo em indivíduos com osteoporose, os exercícios físicos são padrão ouro no tratamento das doenças que levam a perda óssea. CURIOSIDADE: A osteoporose – em mulheres – provoca a fratura do colo do fêmur. Geralmente, a pessoa cai por quebra do fêmur. E não quebra porque cai. • OSSO TRABECULAR E COMPACTO: não há diferença de força entre esses dois tipos de ossos. A diferença é simplesmente arquitetônica, ou seja, a forma de organização das fibras. O osso esponjoso se destrói muito mais do que o osso compacto. Assim, onde já existem fissuras/buracos, mesmo que em pequenos orifícios, o desgaste vai aumentando progressivamente. Com isso, o processo de destruição do osso trabecular forma grandes lacunas, gerando grande perda da forma óssea. • CLASSIFICAÇÃO MACROSCÓPICA DO OSSO: na macroscopia, o osso é composto pelo osso compacto, que é uma espécie de massa sólida e o osso esponjoso ou trabecular, que é formado por uma rede óssea espicular ou trabecular que delimitam espaços ocupados pela medula óssea. • FORMAÇÃO DO TECIDO ÓSSEO: o tecido ósseo é revestido pelo periósteo (tecido fibroso) que cobre a massa óssea. Na formação de tecido ósseo imaturo, ainda não houve uma diferenciação, se ele será trabecular ou um osso compacto. O tecido ósseo deriva do mesoderma, que origina células mesenquimais. O tecido ósseo é um exemplo de célula multipotente, assim como: tecido conjuntivo propriamente dito, tecido adiposo e tecido hematopoiético. As proteínas morfogênicas ósseas (BMP) quando expressas, começam a IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 2 histologia do tecido ósseo transformação dessas células mesenquimais. Há, então, uma diferenciação para a formação do tecido ósseo. Entre todas as proteínas morfogênicas ósseas e fatores de transcrição, as células mesenquimais, como já dito, podem se transformar. Quando essas células expressam SOX9, forma-se o pré-osteoblasto. Com o aumento da expressão do SOX9, forma-se o condroblasto (tecido cartilaginoso). Já o fator RUNKS-2, transforma o pré- osteoblasto em osteoblasto (que é a célula de formação óssea). E entre os produtos da matriz (glicosaminoglicanos, condroitinas sulfatadas etc.), há a secreção da osteocalcina, que precisa ser carboxilada pela vitamina K2, para começar o processo de ossificação. Quando não há o RUNKS-2, não há formação da ossificação, pois não há conversão do pré- osteoblasto para osteoblasto e, consequentemente, não produz matriz óssea e nem as substâncias necessárias para esse processo. CURIOSIDADE 2: “Displasia cleidocranial” - hipoplasia de clavícula e dificuldade de ossificação dos ossos do crânio. O RUNK-2 junto com Osx, transforma o osteoblasto no osteócito. E a partir dessa transformação, esse tecido transforma-se em célula quiescente ou pode, também, entrar em apoptose. CURIOSIDADE 3: Indivíduos em coma induzido, totalmente inertes na cama, perdem em média 1% da massa óssea em 24h. O musculo enfraquece o osso, que fica “fino”. Nessa ótica, repensa-se na Teoria Mecanostática. O calo ósseo some devido a remodelação do osso, pois a parte óssea do calo que não sofre compressão, tem os osteócitos locais saindo da fase quiescente, e entrando em apoptose. É necessário ingerir o mineral Ca2+. Ele é reabsorvido no intestino, e junto com a vitamina D, vai para o sangue. O Ca2+ é sequestrado pela osteocalcina ativada e é levada ao osso. A célula mesenquimal formará a estrutura óssea, o periósteo, que é uma “capa” de proteção fibrosa ao osso, composta de colágeno. O periósteo é formado por tecido conjuntivo denso e não modelado. IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 3 histologia do tecido ósseo Externamente, esse tecido (periósteo) é muito mais fibroso. E internamente, é mais celular. Essas células mais internas, por serem de origem mesenquimal, conservarão o potencial mitótico – em fibroblasto, em gordura, em musculo, cartilagem ou osso. O tendão também é tecido conjuntivo. O colágeno do tendão se “amarra” com o colágeno do periósteo e isso promove uma aderência muito forte. É por meio disso, que o musculo faz tração nesse tecido – tração no periósteo. • GLICOSAMINOGLICANOS: são sulfatados (carga negativa – faz ligação com carga positivo – atrai água e sódio; forma o “gel” da matriz). a) SULFATO DE CONDROITINA E QUERATANO: se associam a proteínas e formam as moléculas de proteoglicanos. b) PROTEOGLICANOS: se associam aos ácidos hialurônicos e formam os agrecanos. c) AGRECANOS: conjunto de proteoglicanos. Além disso, são consideradas outras glicoproteínas: d) SIALOPROTEÍNA: proteína matriz que possui sítios que mantem organizados os componentes para a matriz óssea. e) OSTEOCALCINA E OSTEOPONTINA: a osteocalcina e a osteopontina atraem o Ca2+ do sangue para a matriz óssea e esse Ca2+, na matriz óssea, se liga ao fosfato, formando a hidroxiapatita. • CÉLULAS DO TECIDO ÓSSEO: - OSTEOBLASTO: é a principal célula de secreção da matriz óssea. Deposita e controla a mineralização de osteoide, que é a matriz óssea orgânica não mineralizada, ao longo do interface osteoblasto-osso. Havendo o receptor pela vitamina D, esta estimula a produção da osteocalcina inativada. Há secreção de proteínas colagênicas do tipo 1 e proteínas não colagênicas (osteoprotegerina, osteocalcina, RANK-L, citocinas hematopoeticas etc.). O PTH se liga no ostoblasto, que é estimulado a produzir o RANK-L. E a partir daí, esse RANK- L se encontra com o RANK, que forma o osteoclasto. O hormônio de crescimento da hipófise estimula o fígado a produzir o IFG-1, que estimula os produtos de secreção do osteoblasto. Assim, forma-se o osteóide, que é a matriz óssea não mineralizada. Com isso, há o início da mineralização. IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 4 histologia do tecido ósseo ESCLEROSTINA: tem a capacidade inibir a atividade do osteoblasto e estimula o osteócito a começar o processo de degradação da matriz. - OSTEÓCITOS: ficam localizados nas matrizes ósseas, possuem longos prolongamentos em contato com prolongamentos de osteócitos vizinhos (canalículos ósseos). Esses canalículos (desenvolvidos através de fatores de transcrição) fazem ligação do tipo GAP. Podem ser quiescentes, formativos e reabsorvitivos. Possuem receptores de irisina, que é uma citocina/miosina muscular que, por curiosidade, promove o emagrecimento. Essa irisina é produzida durante o exercício físico e estimulam a reabsorção óssea. à SAIBA +: OSTEÓLISE OSTEOCÍTICA Quando produzidos, os osteócitos, após secretarem suas substâncias da matriz óssea, ficam quiescentes. Isso promove uma vibração da matriz óssea que estimula a ação de MPP’s a realizarem a osteólise osteocítica, que é uma degradação da matriz orgânica, onde há separação da hidroxiapatita do colágeno. Com isso, o papel lítico dos osteócitos não está relacionado à remodelação da matriz óssea,mas funciona para manter o nível de cálcio no sangue. - OSTEOCLASTOS: são derivados de precursores de monócitos vindos da medula óssea. São comumente encontrados nos ossos compactos, dentro dos canais de Havers e nas superfícies trabeculares dos ossos esponjosos. Esses monócitos chegam ao osso por meio do sangue, e se fundem em células multinucleadas para formar osteoclastos pela osteoclastogênese, que é regulada por osteócitos. à SAIBA +: OSTEOCLASTOGÊNESE Um monócito, derivado da medula óssea, alcança uma área de formação e remodelação óssea. Um receptor para M-CSF (fator estimulador de colônias de macrófagos) é expresso em uma superfície. O monócito se torna um macrófago. O ligante do M-CSF se liga ao receptor e induz a expressão de RANK para seu ligante, o RANK- L, expressado na superfície dos osteoblastos. O ligante da proteína transmembrana expressado por ostebolasto RANK-L se liga ao RANK (receptor) osteoclástico e compromete a célula com a osteoclastogênese. O monócito mononucleado se torna um precursor de osteoclasto multinucleado, que ainda não consegue reabsorver osso. Nesse percurso, precursores do osteoclasto se separam do osteócito e se fundem em um IGOR DE ANGELI • MEDICINA – TURMA XXVIII 5 histologia do tecido ósseo osteoclasto multinucleado em repouso, permitindo a maturação em osteoclastos funcionais, que termina com o desenvolvimento da zona de vedação e da borda pregueada. • CANAIS DE HAVERS: possuem grande importância para a nutrição do tecido ósseo. Esses canais ficam dispostos no sentido longitudinal do osso (ao centro). Cada um dos vasos do sistema de Havers vão, continuamente, se comunicando. • CANAIS DE VOLKMANN: são canais de sentido transversal. Esse canal, junto com o de Havers, se comunica até chegar ao canal medular.
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