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DIREITO DO TRABALHO Prof. Antero Arantes Martins Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 • NORMA JURÍDICA. Noções Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Norma jurídica. Noções. • Filosofia da norma jurídica. Trabalha com o conceito de que direito é norma, fato e valor. A valoração só com lógica dialética. • As questões da filosofia do direito são: • 1) O que é direito? A parte da filosofia que responde esta questão é chamada de ONTOLOGIA JURÍDICA, (ONTO = essência, LOGOS = estudo). A busca de uma definição da norma que seja universal. (ontologia da norma). Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Norma jurídica. Noções. • 2) Como se conhece o direito? A parte da filosofia que responde esta questão é chamada de EPISTEMOLOGIA JURÍDICA (EPISTEMO = Conhecimento). O direito é o ordenamento e portanto, o objeto de estudo da ciência do Direito. A epistemologia jurídica é dividida em: – Teoria da ciência jurídica (objeto de estudo, método de ciência e tipo de ciência jurídica); – Gnosiologia jurídica, que é a forma pela qual se sistematiza o direito. • 3) Qual o fundamento do direito? A parte da filosofia que responde esta questão é chamada de AXIOLOGIA JURÍDICA, (AXIO = valor, LOGOS = estudo). É o estudo dos valores do direito, tais como justiça, conveniência, utilidade, etc. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Norma jurídica. Noções. • Ontologia, portanto, será aqui utilizada como definição da norma. • Gênese da norma jurídica. • O ser humano é eminentemente social. Existe norma jurídica sempre que houve alteridade, ou seja, sempre que houver a presença de duas ou mais pessoas. A norma jurídica surge com a alteridade, e tem por finalidade colocar em ordem as relações sociais. • A norma jurídica surge do poder, que é a inteligência governante. O poder tem que sopesar FATOS e VALORES para elaborar a norma: Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Norma jurídica. Noções. – FATOS: Os fatos que podem ser objeto da norma são os comportamentos humanos ou então uma outra norma que merece ser modificada ou revogada. – VALORES: Os valores podem ser bons ou maus (Tanto o justo como o injusto são valores). • O poder tem que sopesar fatos e valores ao produzir a norma para que esta tenha vigência e eficácia. • Eficácia está relacionada à adesão da norma, ou seja, à correspondência de seu comando com o comportamento social. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Norma jurídica. Noções. • Divisão do mundo quanto aos objetos: • 1º Grupo – Objetos ideais = não tem existência nem no espaço nem no tempo, mas tem existência intra-mental. São neutros ao valor. Não estão na experiência sensível. São intelegíveis. Ex: a pirâmide de Kelsen, que só existe em nossa mente. • 2º Grupo – Objetos naturais = estão no espaço e no tempo. São neutros ao valor (porque não são feitos pelo homem, e, portanto, não são compreendidos mas apenas explicados). Estão na experiência sensível. • O homem só pode explicar pela causa e pelo efeito, mas, não pode compreender. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Norma jurídica. Noções. • 3º Grupo – Objetos culturais = estão no espaço e no tempo. Estão na experiência sensível. (ver, sentir, etc) e são valiosos positiva ou negativamente porque podem ser compreendidos. • É a natureza transformada pelo homem (mala, caneta, etc). A qualidade dos objetos culturais é dada por alguém, com bipolaridade (positivo, negativo). • Ex: Norma – a natureza (comportamento humano) transformada pelo homem. É valorada positiva ou negativamente. • A norma jurídica em si é um objeto cultural egológico. Existe no espaço e no tempo. É alterável, revogável e substituível. Tem conflito no espaço e no temo. Poder ser lidas. Logo, está na experiência do sensível e é valiosa positiva ou negativamente (justa ou injusta). Portanto, é um objeto cultural. • Todo objeto cultural é a transformação de um objeto natural pelo homem. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Norma jurídica. Noções. • No caso da norma o objeto natural é a conduta humana, a qual está em interferência intersubjetiva, ou seja, através de alguém competente. É feita através de valores. • Norma jurídica tem como substrato a conduta humana em interferência intersubjetiva e como sentido o fato de ser referida a valores. • “Direito é a conduta humana em interferência intersubjetiva referida a valores”. Portanto direito não é norma, mas é estudado através da norma. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Norma jurídica. Noções. • Fechamento: • Norma jurídica é produto de Poder; • O Poder deve levar em conta fatos e valores, sob pena de termos norma legítima, vigente, mas, não eficaz; • Estas valores podem ser universais (imutáveis) ou temporais (relativos a um local, a um tempo etc); • A norma é um produto cultural, ou seja, versa sobre um produto natural (conduta humana) e o altera. • A norma não pode alterar outros produtos naturais (movimento do sol, ruído dos animais etc). • A norma, portanto, tem como substrato a conduta humana e seu sentido está relacionado à referência aos valores. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 • INTERPRETAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Introdução. • A norma jurídica, como produto cultural (e não natural), demanda uma análise na busca de seu significado. • Tal como acontece com desenhos, quadros, esculturas, também acontece com os textos escritos. As palavras são símbolos que, reunidos, formam um resultado cujo significado precisa ser descoberto. • E porque deve conter elevado grau de generalidade, a fim de alcançar múltiplas relações sociais, as normas jurídicas demandam a necessidade de fixação de seu conteúdo. • Para isto é necessário, inicialmente, fixar as regras gerais que orientarão esta atividade. Estas regras gerais são os postulados hermenêuticos. • Os postulados hermenêuticos constitucionais tem por finalidade orientar a interpretação da norma jurídica infraconstitucional à luz da Constituição Federal. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Introdução. • A atividade do intérprete é uma atividade humana, posto que a própria ciência jurídica é humana e não exata. • A interpretação não é, portanto, algo exato que produz sempre o mesmo resultado. • A própria escolha dos postulados hermenêuticos e a priorização do (s) método (s) de interpretação é subjetiva, ou seja, não pode ser dissociada do sujeito que realiza a interpretação, sua história de vida, seus valores e sua visão de mundo. • No Brasil há uma tendência a dizer que a interpretação deve ser objetiva, matemática, posto que o direito é a norma e a norma é exata. • Esta é uma equivocada visão da teoria pura do direito de Kelsen, pois o próprio autor admitia que, embora direito fosse norma, a interpretação da norma depende das escolhas aqui mencionadas. • A própria afirmação no sentido de que não se pode atribuir valor à norma já é, em si mesma, uma escolha. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Introdução. • O objetivo desta introdução é mostrar que a Lei não é inexorável e nem tem sentido único. • Como produto cultural, a lei não pode alterar a natureza das coisas. • A Lei não pode ter significado diverso das verdades (ou assertivas) que fundamentam a própria ciência jurídica (Princípios gerais do direito) e nem o ramo específico onde será aplicada (Princípios específicos do direito do trabalho). • Ademais, deve ser interpretada à luz dos preceitos constitucionais que delimitam o poder de atuação do legislador ordinário. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 • Conceito: Interpretar a norma é atribuir-lhe um significado, medindo-lhe a exata extensão e a possibilidade de sua aplicação no caso concreto. • Consiste em buscar a razão de ser da norma, no sentido de existência, da sua utilidade social, no seu caráter de justiça. • Fundamental para que o operador do direito não se transforme em mero “leitor” da norma. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Classificações.• Quanto ao intérprete; – Autêntica; – Doutrinária; – Jurisprudencial; • Quanto à forma; – Gramatical; – Lógico; – Sistemático; – Teleológico; – Histórico-evolutivo; • Quanto ao efeito; – Declarativa; – Extensiva; – Restritiva Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Intérprete. • Autêntica: Consiste na interpretação da norma feita pelo próprio legislador. É encontrada, comumente na própria lei, na exposição de motivos da Lei, nos anais da casa legislativa que registram os debates políticos sobre a norma e em outras leis que a ela se referem. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Intérprete. • Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego. • Itens 44 a 46 da exposição de motivos: – “44. ...o deliberado propósito de se reconhecer a correspondência e equivalência entre a ‘relação de emprego’ e o ‘contrato de trabalho’, para os efeitos da legislação social, ... – 45. ... Admitido, como fundamento de contrato, o acordo tácito, é lógico que a ‘relação de emprego’ constitui o ato jurídico suficiente para provocar a objetivação das medidas tutelares ... – 46. O conceito firmado na consolidação é tanto mais justo e relevante quanto é o que se evidencia em face de contratos formalmente nulos ou substancialmente contrários à ordem pública dos preceitos da legislação de proteção” Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Intérprete. • Art. 2º, § 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. – Há solidariedade ativa e passiva ou apenas passiva? – Item 52 da exposição de motivos: “... Inseriu a definição de empregador, que integra o conceito definitivo da relação de emprego, acompanhando-a da noção legal de empregadora única dada pela Lei 435 de 17/05/1937...” Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Intérprete. • Doutrinária: Consiste na interpretação da norma feita pela “opinio juris”, que decorre da pesquisa científica, sem o compromisso de solucionar uma hipótese concreta. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Intérprete. • Art. 2º, § 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. – Há solidariedade ativa e passiva ou apenas passiva? – “A revogada Lei 435, de 17 de maio de 1937 dispunha que (...). No parágrafo único a mesma lei dispunha que ‘..., a não ser para o fim único de se considerarem todas elas com um mesmo empregador’. Neste ponto a lei fixava a solidariedade ativa. – Este parágrafo que estabelecia a solidariedade ativa foi revogado. A CLT (art. 2, § 2º) manteve (...) a solidaridade passiva. – Discutível é a concepção do grupo econômico como empregador único, afirmada por parte da doutrina mas ainda sem base legal” – (Nascimento, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho – Saraiva – 23ª Edição, p. 687) Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Intérprete. • Jurisprudencial: Realizada pelos Tribunais (envolve todos os profissionais da área jurídica, ou seja, os advogados, o Ministério Público e os Magistrados). Nascerá a jurisprudência baseada na fundamentação de cada um destes profissionais. Tem por objetivo a solução de hipóteses concretas Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Intérprete. • Art. 2º, § 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. – Há solidariedade ativa e passiva ou apenas passiva? – Nº 129 CONTRATO DE TRABALHO. GRUPO ECONÔMICO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 – A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • Gramatical: o método é o básico, mera análise sintática da construção gramatical. • A norma jurídica é uma figura de linguagem com sujeitos interlocutores e objeto. – Interlocutor ativo: Emissor da norma. – Interlocutor passivo: Destinatário da norma. – Objeto: Conteúdo da norma. • Consiste na verificação da construção gramatical e análise sintática do texto. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho • O acordo também deve ser coletivo ou pode ser individual? – Pode ser individual. Se o adjetivo “coletiva” se referisse também ao sujeito “acordo”, então teria que ser colocado no plural e no masculino: “coletivos” Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • Ocorre que nem sempre o legislador prima pela boa técnica redacional. • Assim, a mera interpretação gramatical nos leva a dilemas insuperáveis para determinar o exato alcance da norma jurídica. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio . • “Domicílio”: O lugar onde o cidadão tem a sua residência permanente. • Dilema: – Se não transfere o domicílio, não é transferência segundo o “caput” supra transcrito. – Se transfere o domicílio a transferência é definitiva e não tem direito ao adicional do parágrafo terceiro do mesmo artigo. – Quanto o adicional será devido? Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • Art. 495 - Reconhecida a inexistência de falta grave praticada pelo empregado, fica o empregador obrigado a readmiti-lo no serviço e a pagar-lhe os salários a que teria direito no período da suspensão. • Reintegração pressupõe o retorno ao posto de trabalho com o pagamento dos salários e demais vantagens contratuais desde a ilegal dispensa. Retorno ao “status quo”. • Readmissão considera o período entre a dispensa e o retorno como suspensão do contrato de trabalho. • É readmissão ou reintegração? Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • Evidente que o exame gramatical do texto normativo é o primeiro passo para o trabalho de interpretar. • Claro está, porém, que a busca do sentido exato da norma não passa pelo mero exame gramatical do texto normativo, sendo necessárias outras técnicas de hermenêutica. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • Lógica: Consiste no uso do raciocínio indutivo e dedutivo, através de proposições lógicas, como, por exemplo, “se, então”, “inclusão e exclusão”, “silogismo” (Premissa maior, premissa menor e conclusão). • É algo que fazemos inconscientemente, porque a mente rejeita conclusões que sejam logicamente contrárias entre si. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899Interpretação da norma jurídica. Forma. • Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. (Premissa maior) • João é pessoa física que trabalha de forma subordinada a empregador de forma não eventual, pessoal e mediante salário (premissa menor). • Logo, João é empregado (conclusão). Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • Nº 331 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE • I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). • ... • III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. • Quando forma vínculo de emprego com o tomador de serviços conforme previsão do inciso I? • Quando for em atividade-fim, porque não forma em atividade- meio (exclusão). Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. • Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. • Se gorjeta não se confunde com salário, sendo espécie diversa de remuneração. (Art. 457). • Se o contrato de trabalho tem como elemento de onerosidade o salário e não a remuneração (art. 3º) • Então, a gorjeta não compõe o elemento de onerosidade do contrato de trabalho. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • Sistemática: Consiste na análise da norma em face à sua posição dentro do sistema jurídico como um todo e, ainda, buscar o sentido do dispositivo onde está inserido. O parágrafo guarda relação com o “caput” do artigo, o artigo, com a seção, a seção com o Título, o Título com o Livro e o Livro com o Código. • Um dispositivo de Lei não pode ser examinado sem o seu referencial, sob pena de perder (o intérprete), a noção da estrutura organizacional do ordenamento jurídico. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • CF: Art. 7º, XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; • A leitura isolada deste inciso pode fazer crer ao intérprete que devem ser reconhecidas todas as convenções coletivas e todos os acordos coletivos de trabalho. Façamos a leitura com o “caput”. • CF: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: • ... • XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; • Percebe-se que o reconhecimento das Convenções e Acordos Coletivos é um direito dos trabalhadores e não dos empregadores e quando visem a melhoria de sua condição social. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • CLT: Art. 651 § 3º- Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços. • A Leitura deste dispositivo isoladamente pode fazer crer que toda vez que o empregado realizar trabalho em localidade diversa do contrato tem este o direito de optar por interpor a ação no local da prestação de serviços ou no local de trabalho. Vamos ler o art. 651, § 3º em conjunto com o seu “caput”. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. • § 3º- Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços. • Vê-se, portanto, que a regra é no sentido de que a reclamação será proposta no local da prestação de serviços mesmo que tenha sido contratado em outro local. Como interpretar o § 3º em relação ao “caput”? • A opção ocorre apenas quando o empregador promover atividades fora do seu local, ou seja, ao empregador itinerante. (Circo, por exemplo). Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • Teleológica: Também chamada de finalística, consiste em buscar a “mens legis” da norma e protege três sentidos básicos – “ratio leges” - razão da lei – “vis leges” - sentido da lei – “ocasio leges” - época da lei. • O art. 5º da L.I.N.D.B. determina ao intérprete que se faça a seguinte pergunta: Por que a norma existe? • Art. 5° - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: • II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; • A quem esta norma protege? • A mim protege a sociedade e não a administração pública. Aliás, protege a sociedade da administração pública, preservando o Princípio da Impessoalidade Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • Histórica-evolutiva: O sistema histórico-evolutivo, parte da premissa de que a norma tem vida própria, tem força expansiva, pelo qual é possível ao interprete atribuir-lhe um sentido novo, de acordo com a sociedade atual, no momento da aplicação da norma. • Consiste em analisar qual era a sociedade ao tempo em que a norma foi promulgada e verificar se tais condições continuam as mesmas ou foram alteradas. • Fundamental na aplicação da teoria tridimensional de Miguel Reale (Fato-valor-norma), ou seja, verificar se o fato ainda existe e, em caso afirmativo, qual é o seu valor atual. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: • f) embriaguez habitual ou em serviço; • A interpretação meramente gramatical nos leva à conclusão que a expressão “ou”, que é disjuntiva, permite a dispensa por justa causa do empregado que é ébrio contumaz mesmo fora do serviço. • Historicamente a embriaguez habitual era vista como desvio de caráter. • Atualmente, sabe-se, é doença. • Ninguém pode ser dispensado, e muito menos por justa causa, porque é doente. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Forma. • CF: Art. 7º, IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; • A interpretação gramatical da parte em destaque (a que, aliás, foi feita pelo STF na Súmula vinculante nº 04) nos leva à conclusão de que nenhum benefício pode ser calculado sobre o saláriomínimo. • Sabe-se, porém, que historicamente (em 1.988) o país vivia período de alta inflação e, para proteger-se da corrosão da moeda, contratos civis, comerciais, etc eram celebrados em salário mínimo. • Para evitar a corrosão da moeda ainda maior, o governo não aumentava o salário mínimo, prejudicando os trabalhadores. • Esta, portanto, é uma norma de proteção aos trabalhadores (como, aliás, está no “caput’ - sistemática) e não para seu prejuízo. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Conflito. • Por vezes a aplicação dos diversos métodos de interpretação nos leva a resultados interpretativos diferentes. • Nestas ocasiões, no Direito do Trabalho, especificamente, há que se aplicar o Princípio “in dubio pro operario”. • Nos demais ramos do Direito (e também no Direito do Trabalho), o intérprete deve valer-se de uma base teórica sólida, consistente em Princípios Gerais e específicos do direito e equidade, sobre os quais trataremos adiante. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Extensão. • Declarativa: quando a sua interpretação for suficiente em si mesma para o entendimento. • Restritiva: quando a interpretação diminuir o alcance da norma, ou seja, quando o texto disser mais do que seu objetivo. Ocorre com os contratos benéficos, as cláusulas penais, e as normas de exceção em geral. • Extensiva: quando a interpretação ampliar o alcance da forma, quando o texto disser menos do que seu objetivo. Ocorre com a análise de dispositivos que versem sobre direitos humanos fundamentais e direitos constitucionais fundamentais, por exemplo. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 DIREITO DO TRABALHO Prof. Antero Arantes Martins Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Interpretação da norma jurídica. Conceito. • PARTE 1 • INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica • É pressuposto de funcionamento do ordenamento jurídico que este seja integral, sob pena de, em determinadas hipóteses, o Poder Judiciário deixar de julgar conflitos sob a alegação de ausência de norma que corresponda à hipótese fática em discussão, o que acarretaria insegurança jurídica. É um dogma, já que, sabemos, o ordenamento jurídico não é completo. • Existem lacunas. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica • Carlos Henrique Bezzerra Leite invoca as lições de Maria Helena Diniz sobre as espécies de lacunas: – Normativa: quando houver ausência de norma sobre determinado caso; – Ontológica: se houver norma, mas ela não corresponder aos fatos sociais contemporâneos. É o que ocorre quando o grande desenvolvimento das relações sociais e o progresso acarretarem o ancilosamento da norma positiva; – Axiológica: ausência de norma justa. Neste caso, existe um preceito normativo, mas se for aplicado, sua solução será insatisfatória ou injusta. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica • LINDB: Art. 4° - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. • CLT: Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica • Podemos, então, dizer que na ausência de norma (lacuna) haverá integração (preenchimento) pelos seguintes métodos: – Princípios (?) – Analogia; – Costumes; – Jurisprudência – Eqüidade; – Direito comparado; • Sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica. Princípios. • Já estudamos que os Princípios são “as verdades fundantes de uma ciência” e, portanto, são fontes primárias do direito, quer na interpretação das normas postas, quer na integração do ordenamento como um todo. • Pode-se, inclusive, negar vigência à norma posta com fundamento em Princípio já que, se são colidentes e o princípio é uma verdade fundamental, a norma não pode prevalecer. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica. Princípios. • Art. 463 - A prestação, em espécie, do salário será paga em moeda corrente do País. • Parágrafo único - O pagamento do salário realizado com inobservância deste artigo considera-se como não feito. • Empregado que confessadamente recebeu os salários em moeda estrangeira, sem que tenha tido nenhum prejuízo com este procedimento, pode postular em Juízo a repetição dos pagamentos com base no parágrafo único? • Evidentemente que não. Princípio da Justiça Distributiva e do não enriquecimento sem causa. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica. Analogia. • Consiste em verificar que não há norma específica para a hipótese em estudo e buscar, no ordenamento jurídico, norma que trate de matéria semelhante. • A similitude que se busca não está apenas nas condições fáticas que envolvem as situações, mas, notadamente, nas condições valorativas que levaram o legislador a regrar determinada situação e que devem ser as mesmas a regrar a situação ora examinada. • Buscar a “ratio leges” da norma jurídica. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica. Analogia. • Tema repetitivo 6: (IRR 190-53.2015.5.03.0090) • RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA - DONA DA OBRA - APLICAÇÃO DA OJ 191 DA SbDI-1 LIMITADA À PESSOA FÍSICA OU MICRO E PEQUENAS EMPRESAS": • ... • IV) Exceto ente público da Administração Direta e Indireta, se houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por empreiteiro que contratar, sem idoneidade econômico-financeira, o dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em face de aplicação analógica do art. 455 da CLT e culpa in eligendo (decidido por maioria, vencido o Exmo. Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro); • Mesma “ratio leges”, qual seja, responsabilidade pela culpa “in eligendo”. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica. Usos e costumes. • Consiste na prática reiterada de uma certa conduta em determinada comunidade com a consciência de sua obrigatoriedade, ou seja, embora não exista norma jurídica que obrigue àquela conduta, acredita-se no inconsciente coletivo que tal conduta é obrigatória. • Exemplos: – Terça-feira de carnaval = feriado. – Concessão de adiantamento salário de 40% do salário no dia 20 de cada mês (vale). – Manifestação do inconformismo contra decisão interlocutória proferida por Juiz do trabalho através da expressão “protesto”. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica. Equidade. • Equidade consiste no sentimento de justiça. • Cuidado! Há diferença entre julgamento “com” equidade e “por” equidade. • Julgamento com equidade: Temperar o rigor da Lei abstrata adaptando-a ao caso concreto. O Juiz sempre deve julgar com equidade. Ex: Avaliar a gravidade da falta grave em casos de dispensa por justa causa, equiparação salarial para o empregador que faz mais do que o paradigma... • Julgamento por equidade: Aplicar o sentimento de Justiça do julgador ao caso em concreto. O Juiz só pode julgar por equidade quando for expressamente autorizado por lei. – Ex: Ausência de norma (integração, estamos estudando agora); – Rito Sumaríssimo (Art. 852-I, § 1º, CLT). Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica. Jurisprudência. • O Brasil é país de “civil law” e não de “common law”. De regra, os julgamentos são proferidos com fundamento na Lei e a função dos Tribunais é interpretar a regra jurídica existente. • Quando seinterpreta a regra jurídica não se cria norma. Apenas se declara a sua extensão, conforme estudados em aula anterior. • Entretanto, existem situações em que os Tribunais se vêem obrigados a julgar conflitos não regrados pela norma jurídica. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica. Equidade. • No caso de ausência de norma, a jurisprudência pode criar soluções e, em caso de repetição, Súmulas e Orientações Jurisprudenciais que sirvam de parâmetro para o julgamento. • A este fenômeno dá-se o nome de “ativismo judiciário”. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica. Equidade. • O tema é altamente polêmico, na medida em que, de regra, o juiz é aplicador do direito e não criador do direito. • Em que hipóteses e quais serão os limites do “ativismo judiciário”? • Quando se julgará criando a norma e quando se julgará improcedente por falta de amparo legal? • Não existem parâmetros fixados, nem na jurisprudência, nem na doutrina. • O dado relevante a ser examinado, neste caso, é o valor do fato que está sendo questionado. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica. Equidade. • Ex: Direitos decorrentes das relações homoafetivas. • A jurisprudência foi responsável por grandes avanços no ordenamento jurídico e seus posicionamentos incorporados, posteriormente, no mesmo. • Outros exemplos: – Direitos do consumidor; – Relação de união estável; – Estabilidade de emprego à gestante, etc. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica. Equidade. • As Súmulas vinculantes do STF são de aplicabilidade obrigatória, assim como os julgamentos em ADI’s, ADC1s e temas de repercussão geral. • O julgamento de IRR (incidente de recursos repetitivos) e IRDR (incidente de resolução de demandas repetitivas) também são de observância obrigatória. • E as demais Súmulas e OJ’s (TST e TRT’s)? Discutível. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Integração da norma jurídica • Na minha interpretação as súmulas do TST e as decisões do Tribunal Pleno dos TRT’s também são de cumprimento obrigatório conforme CPC: – Art. 489. § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: • VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. – Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: • I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; • II - os enunciados de súmula vinculante; • III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; • IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; • V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 • APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Introdução. Aplicação da Lei no tempo • Grande dúvida que está afligindo os operadores do direito refere-se à aplicação da Lei no tempo. • Dúvida comum: Com a entrada em vigor da reforma trabalhista, esta legislação será aplicada imediatamente? • Num primeiro momento a resposta parece simples. Entretanto, o tema é complexo. • Na hipótese em que uma nova lei regula o tema de forma diferente da lei anterior (como acontece, agora, com a reforma trabalhista), seja em decorrência da ab-rogação (revogação total da lei anterior) ou pela derrogação (revogação parcial da lei anterior) , é natural que surjam conflitos da aplicação da lei no tempo. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Introdução. Aplicação da Lei no tempo • Começamos dividindo a questão para temas de direito material e temas de direito processual. • Para os temas de direito material, a aplicação tem por fundamento o art. 5º, XXXVI da Constituição Federal e o art. 6º da LINDB. • A regra, neste caso, é de irretroatividade da Lei. • Vejamos o teor destes dispositivos: Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Introdução. Aplicação da Lei no tempo • CF: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: • [...] • XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; • LINDB: Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada • § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. • § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer, como aquêles cujo comêço do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. • § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Introdução. Aplicação da Lei no tempo Direito Material Ato velho Lei velha Ato novo Lei nova Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Introdução. Aplicação da Lei no tempo • Sendo assim, por exemplo, um contrato que teve vigência inteiramente anterior à entrada em vigor da Lei 13.467/2017. • Em virtude deste contrato, o trabalhador postulou em Juízo equiparação salarial com paradigma, preenchendo todos os requisitos da lei vigente à época. Entretanto, paradigma e paragonado trabalhavam em estabelecimentos diferentes. • Esta condição não era óbice à equiparação. Logo, o empregador não poderá invocar este fato para justificar a disparidade salarial entre os dois trabalhadores, ainda que esta matéria venha a ser discutida numa ação proposta depois da vigência de Lei nova. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Introdução. Aplicação da Lei no tempo • A isto se dá o nome da “ultratividade da Lei”, ou seja, a Lei, ainda que revogada, continua a produzir efeitos para regular as relações jurídicas consolidades ao tempo de sua vigência. • Entratanto, nas chamadas relações continuativas, ou seja, de trato sucessivo (como ocorre com o contrato de trabalho), a dúvida surge para os eventos futuros a se concretizarem, portanto, na vigência da nova Lei, mas em contratos pretéritos, ou seja, firmados na vigência da antiga Lei. • É assente na doutrina o entendimento no sentido de que a lei nova não atinge os efeitos futuros e pendentes de um contrato firmado sobre a lei velha. • Entretanto, a referência ali parecia a ser em contrato instantâneo e não continuado. Em outras palavras, o contrato já havia sido firmado, mas, seu cumprimento estava projetado para o futuro. Neste caso parece claro que o cumprimento deve ser feito nos moldes da Lei vigente ao tempo que o contrato foi firmado. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Introdução. Aplicação da Lei no tempo • Nas relações continuativas, entretanto, a questão é diversa. • Vamos imagirnar um contrato celebrado em 2016 e que, em 2.020 o empregador precisa conceder férias ao empregado, direito este adquirido no período aquisitivo de 2018/2019. • Note-se que o direito às férias foi inteiramente adquirido na vigência da Lei nova. • Indaga-se: A concessão deverá obedecer a Lei nova (em até 3 períodos, com um deles de no mínimo 14 dias) ou a Lei vigente ao tempo da celebração do contrato (em até duas vezes, um deles de no mínimo 10 dias)? • Embora a concessão de férias seja tema de direito material e o contrato tenha sido firmado na vigência da Lei velha, o direito às férias 2018/2019 é evento futuro que não estava “adquirido” pelo trabalhador e somente foi constituído na vigência da Lei nova, parecendo razoável concluir que a concessão destedireito deve ser regrada pela lei nova. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Introdução. Aplicação da Lei no tempo • Em matéria de direito processual, entretanto, a regra é um tanto diferente e está no art. 14 do CPC: – CPC: Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. • Daí se vê que a Lei entra em vigor imediatamente e alcança os processos em curso com exceção daqueles: – Já concluídos; – Já iniciados e pendentes de conclusão. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Aplicação da Lei no tempo. IN 41/TST Dispõe sobre a aplicação das normas processuais da Consolidação das Leis do Trabalho alteradas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 . • Art. 1º A aplicação das normas processuais previstas na Consolidação das Leis do Trabalho, alteradas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 , com eficácia a partir de 11 de novembro de 2017, é imediata, sem atingir, no entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei revogada. Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Introdução. Aplicação da Lei no tempo Direito Processual Ato concluído Ato já iniciado Lei velha Ato a iniciar Lei nova Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Aplicação da Lei no tempo. IN 41/TST • Exemplos: • Art. 2º O fluxo da prescrição intercorrente conta-se a partir do descumprimento da determinação judicial a que alude o § 1º do art. 11-A da CLT , desde que feita após 11 de novembro de 2017 ( Lei nº 13.467/2017 ). • Art. 11. A exceção de incompetência territorial, disciplinada no art. 800 da CLT , é imediatamente aplicável aos processos trabalhistas em curso, desde que o recebimento da notificação seja posterior a 11 de novembro de 2017 ( Lei 13.467/2017 ). Michel Sampar Ceribelli - 22185679899 Michel Sampar Ceribelli - 22185679899
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