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Relação entre Doença e Cura na Fé Católica

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FACULDADE SANTA TEREZINHA (CEST) 
CURSO: ENFERMAGEM	PERÍODO: 4º
DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA
PROFESSOR (A): HAILTON
ALUNO (A): GICELY ALVES MENEZES PONTES
DATA: 04	/ 12	/2020
2ª ATIVIDADE AVALIATIVA/RESOLUÇÃO 005/2020
De certo, é muito provável que muitos de nós já tivemos contato com algum remédio caseiro ou um chá de ervas que faz bem para determinado mal. Para além de remédios e chás que vem de uma forte base popular, num país que tem uma representação religiosa e pela sua formação (da colônia até hoje), a relação entre doença e cura também é muito associada há aspectos religiosos.
O Brasil na sua intensa formação de povos e credos totalmente diferentes, fizeram que o olhar de doença e cura fosse muito diferenciado e modificado de acordo com o seu credo e sua visão sobre o assunto. Remetendo a tempos coloniais, um mesmo caso de febre, por exemplo, poderia ter várias interpretações de acordo com o que é examinado. Nesse exemplo, no mesmo período colonial, poderíamos ter uma visão de um médico que afirma que a febre é provocada por uma infecção no sistema imunológico, na visão da Igreja Católica poderia ser uma forma de testar a fé da pessoa e a febre era uma forma de curar os seus pecados, para um negro africano escravizado poderia ser uma maldição de suas entidades e para um nativo americano poderia ser um mal olhado por questões não resolvidas com a natureza.
O fato é que pela intensa troca cultural na sociedade brasileira, a medicina também foi influenciada no processo e a religiosidade que foi colocada nesse período traz permanências que podem ser percebidas nos dias de hoje por uma parcela da sociedade. As vezes as crenças em ervas que teriam poder de cura e outras vezes por acreditar que há uma relação mística entre o divino e as relações humanas. No caso do catolicismo, essa relação se torna ainda mais embrionária a medida que as permanências do sistema colonial estão muito presentes nos dias atuais e a relação entre cura e milagres divinos ainda são muito vivos na sociedade atual.
Segundo o artigo, em representações da cultura no catolicismo popular, “As ocorrências do fenômeno seguiram-se os milagres. Segundo os devotos, pessoas com doenças incuráveis e com toda uma gama de problemas recorrem ao Cristo de Porto das Caixas e recebem "cura ou alívio para suas aflições". (MINAYO. Maria. p. 59). É interessante perceber esse trecho pois mostra claramente o caráter místico e a intensa confiança que o fiel deve ter no processo de cura que se remonta a relações além da medicina moderna e que são atribuídas a questões religiosas e de fé.
Uma reflexão importante que devemos ter é o processo de intensa fé e cuidado que os fies tem ao se tratar com o sagrado e a confiança que depositam em momentos de dificuldades. Outro ponto que deve ser levado em conta é que, muitas vezes, as pessoas que mais depositam a sua fé em assuntos místicos são pessoas que não tem acesso a um sistema de saúde de qualidade e que tem baixo poder aquisitivo, de certo, não há uma regra para esse sentimento, porém deve ser algo para ser observado. 
Nesse sentido, Maria Cecília de Souza Minayo, traz um contraponto importante para enriquecer a nossa discussão, em relação ao poder aquisitivo dos devotos e as diferenças que se pode encontrar as diferentes classes sociais, segundo a mesma: 
“Observa-se, neste caso, que o discurso dos devotos de alto poder aquisitivo vem marcado pela tentativa de encontrar explicações, significados e teorizar sobre suas situações: ‘A gente não deve pedir um milagre, porque Deus é quem sabe o que é melhor’; ‘A gente vem antes de tudo para pedir um conforto espiritual’; ‘A gente vem pedir para mudar à nossa maneira de ver as coisas, a aceitação da vontade de Deus’. ”(MINAYO. Maria. p. 62-63).
Tal discussão é de grande valia para nossa perspectiva de analise pois mostra um caráter de tentativa de descoberta racional por parte dos devotos mais ricos de descobrir o sentido para o porquê está passando por um momento complicado em sua vida, algo que não se encontra com tanta facilidade com os fies de classes mais baixas, porém o que devemos nos agarrar é no tocante que nesse pluralismo que existe no Brasil, ambas classes sociais estão arraigadas no movimento de confiança na cura pela fé e no catolicismo. 
O processo de cura pela fé, para os fies, vai além de medicamentos e termos científicos, porém é uma relação de confiança que se traduz numa intensa relação com o sagrado e devoção que será confirmada e amparada com a restauração da saúde. O fato é que para além dos processos científicos, a relação do devoto com a sua fé traz uma perspectiva de melhora, um apelo emocional e uma crença numa força mística que ajudará o necessitado em suas angustias. 
Portanto, “cura no catolicismo popular tem em comum com todas as terapias religiosas: a crença na eficácia ‘mágica’; o círculo gravitacional energético do grupo de crentes que partilha as mesmas expectativas; e o sentido de ‘ordenamento social’ a partir da intervenção milagrosa” (MINAYO. Maria. p. 70). Sendo assim, a fé um movimento de transformação e socialmente importante para que haja a melhora das pessoas que enfrentam algum tipo de enfermidade, a confiança num processo de cura divina afeta todas as classes sociais, porém com tratamentos diferentes nesse sentido, alguns com o pensamento mais voltado na contemplação e na fé da recuperação e outro mais voltados no questionamento para entender a doença e assim buscar a cura, mais comum nas classes mais altas.

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