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A EDUCAÇÃO E A CULTURA 1 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 A CULTURA ............................................................................................ 6 ASPECTOS CULTURAIS EM DISCUSSÃO .......................................... 10 A CULTURA E A EDUCAÇÃO .............................................................. 12 CULTURA, TRABALHO E EDUCAÇÃO ................................................ 18 DIVERSIDADE CULTURAL E EDUCACIONAL .................................... 20 CULTURA ESCOLAR E DA ESCOLA ................................................... 22 JUVENTUDE: TRABALHO E ESCOLA ................................................. 25 RELAÇÃO ENTRE CULTURA, TRABALHO E EDUCAÇÃO ................. 28 EDUCAÇÃO: ETNOCENTRISMO, RELATIVISMO CULTURAL, MULTICULTURALISMO E INTERCULTURALISMO ....................................... 30 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 34 2 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 3 INTRODUÇÃO Escrever algo novo sobre as relações entre cultura e educação é um desafio. O que já se disse sobre esse binômio... Ainda assim, ele parece sempre novo, sempre aí a nos desafiar, com as suas mais de mil e uma faces, com as suas infinitas possibilidades. Isso decorre em parte da própria complexidade e múltiplos sentidos dos dois termos do binômio; uma rápida consulta a algum manual de antropologia ou de pedagogia revelará a notável polissemia dessas duas palavras e até mesmo fortes desacordos entre aqueles que falam delas. E quantas não vêm sendo as suas ressignificações ao longo da história... Tais ressignificações vêm proliferando especialmente nas últimas décadas. Como em nenhum outro momento, parecem tornar-se cada vez mais visíveis as diferenças culturais. Igualmente, mais do que nunca, têm sido frequentes e fortes tanto os embates sobre a diferença e entre os diferentes, quanto a opressão de alguns sobre os outros, seja na busca da exploração econômica e material, seja nas práticas de dominação e imposição de valores, significados e sistemas simbólicos de um grupo sobre os demais. Os muitos entendimentos de hoje sobre o que seja cultura, sobre o que seja educação e sobre as relações entre ambos se encontram no centro de tais embates. Nesse contexto, o próprio papel atribuído à educação acabou transformando a pedagogia – enquanto campo dos saberes – e a escola – enquanto instituição – em arenas privilegiadas, onde se dão violentos choques teóricos e práticos em torno de infinitas questões culturais. E, como todos sabemos, tais embates envolvem argumentos, ações e estratégias que extravasam largamente o plano puramente intelectual. Assiste-se atualmente a um crescente interesse pelas questões culturais, seja nas esferas acadêmicas, seja nas esferas políticas ou da vida cotidiana. Em qualquer caso, parece crescer a centralidade da cultura para pensar o mundo. Mas tal centralidade não significa necessariamente tomar a cultura como uma 4 4 instância epistemologicamente superior às demais instâncias sociais – como a política, a econômica, a educacional; significa, sim, tomá-la como atravessando tudo aquilo que é do social. Assim, assiste-se hoje a uma verdadeira virada cultural, que pode ser resumida como o entendimento de que a cultura é central não porque ocupe um centro, uma posição única e privilegiada, mas porque perpassa tudo o que acontece nas nossas vidas e todas as representações que fazemos desses acontecimentos (Hall, 1997). Essas são questões da mais alta relevância, tanto no campo acadêmico quanto no campo mais, digamos, “concreto” de nossas práticas sociais. Seria preciso lembrar, por exemplo, que estamos assistindo a uma onda mundial de imposição do American way of life em nível planetário? E lembrar que, mais do que simples assistentes, estamos sendo levados a participar ativa ou passivamente dessa onda? Saibamos ou não e queiramos ou não, estamos enredados nessas questões. E seja como for, é preciso estarmos atentos a elas, discuti-las, problematizá-las, sabermos sobre o que estão (os outros) e estamos (nós) falando. É imprescindível sabermos de onde vieram tais questões e para onde elas podem nos levar. Enfim, à conhecida pergunta nietzschiana “que estamos fazendo de nós mesmos?”, proponho que se acrescente “que estão fazendo de nós mesmos?”. Mas a proliferação semântica a que antes aludi é relativamente recente. Faz pouco tempo que o velho binômio parece estar se transformando em um polinômio bastante complexo, com muitas e muitas variáveis, com muitas e muitas incógnitas. Neste texto, pretendo trazer alguma contribuição não apenas para as discussões que estão sendo travadas em torno desse polinômio mas, sobretudo, para as discussões que buscam compreender a proveniência e a emergência do conceito moderno de Cultura, bem como alguns comentários sobre os deslocamentos atuais deste conceito, dos quais resultou aquela proliferação. Penso que isso é útil para entender mais refinadamente as dificuldades que surgiram especialmente no campo da educação, a partir da 5 5 emergência e dos avanços de uma epistemologia multicultural. São dificuldades que se colocam justamente quando, em vez de escrevermos cultura e educação, passamos a escrever culturas e educação. Ao falar em “alguma contribuição”, faço três alertas. O primeiro: aqui, meu objetivo não é propor soluções, nem fazer prescrições, nem tampouco julgar. O que quero é apenas tecer algumas considerações de ordem histórico-genealógica, de modo a mostrar o atrelamento da Pedagogia e da escola moderna à invenção do conceito de Cultura, e o quanto isso pode funcionar como um obstáculo para as transformações educacionais e sociais que hoje pensamos ser necessárias. Assim, este texto tem um cunho analítico e, talvez, descritivo; quem nele quiser encontrar soluções práticas para as nossas dificuldades no cruzamento da educação com a Cultura, sairá frustrado... Meu objetivo aqui não é apontar “o que podemos fazer para tornar o futuro melhor”, mas tão-somente propor uma problematização do presente a partir de uma descrição de como chegamos até aqui, de como se constituiu um determinado estado de coisas. E isso me leva ao segundo alerta: não considero, absolutamente, irrelevantes as discussões que muitos vêm travando sobre “o que podemos fazerpara tornar o futuro melhor”. Eu mesmo tenho, na medida das minhas possibilidades, tentado trabalhar nesse sentido. Aliás, a Pedagogia moderna parece não poder se esquivar do compromisso de combinar e conciliar o passado com o futuro. Por fim, o terceiro alerta; e este agora parte dos dois anteriores para, justamente, se contrapor ao primeiro deles e, de certa forma, nos conciliar com o segundo. Mesmo que neste texto o meu objetivo não seja apontar soluções, é preciso reconhecer que sabendo – mesmo que minimamente – como chegamos a um determinado estado de coisas, fica muito mais fácil desconstruir aquilo que nos desagrada nesse estado de coisas. A desnaturalização dos fenômenos sociais – ou seja, tomá-los não como algo desde sempre dado, mas como algo 6 6 historicamente construído – é um primeiro e necessário passo para intervir nesses fenômenos. Saber como chegamos a ser o que somos é condição absolutamente necessária, ainda que insuficiente, para resistir, para desarmar, reverter, subverter o que somos e o que fazemos. Talvez, então, ressoem no fundo deste texto uma ou outra possibilidade para nossa ação como professores e professoras. E se for mesmo assim, que isso sirva de algum consolo para os que aqui buscam soluções. FIGURA 1: Educação e Cultura. A CULTURA Na atualidade, os aspectos culturais têm ganhado destaque em diversos setores da sociedade, seja no âmbito empresarial ou até mesmo educacional. Em termos gerais, a palavra cultura pode ser entendida de diversas maneiras, porém é relevante dizer, inicialmente, que a cultura varia de povo para povo e de época para época. 7 7 Além do termo cultura, outros termos ligados ao mesmo estão presentes no nosso dia a dia, como: multiculturalismo, relativismo cultural, subcultura, diversidade cultural, cibercultura, transculturalismo, interculturalismo. É claro que sobre estes termos não há unanimidade nos seus conceitos. Entretanto, os mesmos podem aparecer em diversas áreas de estudo, com maior ou menor intensidade, como por exemplo, a educação. Pode-se dizer que ao longo dos últimos dois ou três séculos as discussões sobre Cultura e educação restringiram-se quase que apenas a questões de superfície. Com isso não quero dizer que as discussões tenham sido superficiais, mas sim que, por um bom tempo, a Modernidade não questionou seriamente os conceitos de Cultura e de educação; quase nunca esteve em pauta problematizar seus significados modernos. Ao contrário, o que se fez foi centrar as discussões a partir de uma base conceitual assumidamente comum para, a partir daí, analisar, propor, debater, pensar no âmbito da Cultura e da educação. Aceitou-se, de um modo geral e sem maiores questionamentos, que cultura designava o conjunto de tudo aquilo que a humanidade havia produzido de melhor – fosse em termos materiais, artísticos, filosóficos, científicos, literários etc. Nesse sentido, a Cultura foi durante muito tempo pensada como única e universal. Única porque se referia àquilo que de melhor havia sido produzido; universal porque se referia à humanidade, um conceito totalizante, sem exterioridade. Assim, a Modernidade esteve por longo tempo mergulhada numa epistemologia monocultural. E, para dizer de uma forma bastante sintética, a educação era entendida como o caminho para o atingimento das formas mais elevadas da Cultura, tendo por modelo as conquistas já realizadas pelos grupos sociais mais educados e, por isso, mais cultos. Desde que no século XVIII alguns intelectuais alemães passaram a chamar de Kultur a sua própria contribuição para a humanidade, em termos de maneiras de estar no mundo, de produzir e apreciar obras de arte e literatura, de pensar e organizar sistemas religiosos e filosóficos – especialmente todo aquele 8 8 conjunto de coisas que eles consideravam superiores e que os diferenciava do resto do mundo –, a Cultura passou a ser escrita com letra maiúscula e no singular. Maiúscula porque era vista ocupando um status muito elevado; no singular porque era entendida como única. E se era elevada e única, foi logo tomada como modelo a ser atingido pelas outras sociedades. Veio daí, por exemplo, a diferenciação entre alta cultura e baixa cultura. Simplificando, a alta cultura passou a funcionar como um modelo – como a cultura daqueles homens cultivados que “já tinham chegado lá”, ao contrário da “baixa cultura” – a cultura daqueles menos cultivados e que, por isso, “ainda não tinham chegado lá”. De tal diferenciação ocuparam-se muitos pedagogos, uma vez que a educação foi – e ainda é – vista por muitos como o caminho natural para a “elevação cultural” de um povo (Veiga-Neto, 2002a). Veio também daí o cunho elitista conferido a expressões do tipo “fulano é culto”, “esse grupo tem uma cultura superior àquele outro”, ou “o nosso problema é a falta de cultura”. Em qualquer desses casos é evidente o recurso ao conceito de cultura como um elemento de diferenciação assimétrica e de justificação para a dominação e a exploração. Quando digo que as questões que se colocavam em discussão em torno da Cultura eram de superfície, estou apontando para o fato de que o principal objeto dos debates era saber quais os marcadores culturais que definiriam – em cada grupo e a cada momento – o que seria relevante para ser colocado na pauta das avaliações e que serviriam para demarcar a “verdadeira” cultura, a alta cultura. As discussões nada tinham de radicais, uma vez que muito raramente se questionou o arbitrário contido no próprio conceito de Kultur. Afinal, “sabia- se” tranquilamente o que era Cultura; “sabia-se”, também, o que era educação. Em termos de significação, as divergências não iam, no máximo, além de nuanças conceituais em torno dessas duas palavras. Buscando um pouco mais atrás, penso que a epistemologia monocultural moderna encontrou sua condição de possibilidade na revolução copernicana.5 9 9 Imagino que seja possível identificar uma proveniência do conceito moderno de Cultura na virada heliocêntrica, como uma tentativa de restituir algum destaque à posição do Homem na ordem do mundo, depois de ele ter sido retirado do centro que pensava estar ocupando ao longo de quase quinze séculos. Em articulação com a perplexidade e com as profundas transformações decorrentes da crise do geocentrismo antigo e medieval, a Cultura funcionou como um refúgio capaz de abrigar um Homem agora diminuído e perdido no mundo. Ela funcionou como um lugar simbólico – fosse por seus atributos de simples lugar, fosse pelo fato de ser um lugar exclusivamente humano –, como uma morada, capaz de conferir ao Homem um sentido de pertença e uma identidade única que ele pensava ter perdido.6 Em suma, a linha do argumento teria sido mais ou menos a seguinte: “Está bem. Primeiro deslocaram a ênfase da minha dimensão divina ou espiritual para a minha dimensão humana. E agora mais essa: eu não estou no centro da Natureza, não mais ocupo o centro do mundo natural. Mas continuo sendo único porque sou capaz de erigir uma Cultura única”. FIGURA 2: Cultura. 1 0 10 ASPECTOS CULTURAIS EM DISCUSSÃO Entretanto, para Machado (2002, p. 24), o conceito de cultura pode ser relacionado aos seguintes pontos: 1) A cultura determina o comportamento do homem e justifica as suas realizações. 2) O ser humano age de acordo com os seus padrões culturais. Os seus instintos foram parcialmente anulados ao longo do processo evolutivo por que passou. 3) A cultura é um meio de adaptação aos diferentes ambientes ecológicos. Para tanto, em vez de modificar o seu aparelho biológico, o homem altera o seu aparelho superorgânico.4) Ao adquirir cultura, o homem passou a depender muito mais do aprendizado do que de agir através de atitudes geneticamente determinadas. 5) A cultura determina o comportamento humano e a sua capacidade artística ou profissional. 6) A cultura é um processo acumulativo, resultante de toda a experiência histórica das gerações anteriores. De acordo com Da Matta (1986), a cultura é um dos aspectos que nos faz humanos e é uma das mais importantes atividades humanas. Com ela nós criamos comunidades linguísticas, costumes, valores, moral, nossa adaptação ecológica ao ambiente em que vivemos, enfim, ganhamos nossa identificação étnica. 1 1 11 Para Giddens (2004), têm ganhado espaço as discussões referentes à consciência das diferenças culturais. Neste sentido, uma das áreas de estudo que tem se preocupado com tal temática tem sido a sociologia. A sociologia permite que olhemos para o mundo social a partir de muitos pontos de vista. Muito frequentemente, se compreendermos corretamente o modo como os outros vivem, adquirimos igualmente uma melhor compreensão dos seus problemas. As medidas políticas que não se baseiam numa consciência informada dos modos de vida das pessoas que afetam têm poucas hipóteses de sucesso. Deste modo, um assistente social branco, que trabalha numa comunidade predominantemente negra, não irá ganhar confiança dos seus membros, a não ser que desenvolva uma sensibilidade face às diferenças de experiência social, que frequentemente separam os brancos e negros (GIDDENS, 2004, p. 5). Entretanto, podemos afirmar que diversas são as áreas que estudam a cultura e sua influência nos diversos setores da sociedade. Mas, também nas diversas áreas podemos encontrar várias percepções de cultura. No entanto, vale ressaltar que podemos encontrar vários tipos de culturas. Citamos a seguir: A cultura erudita, que é monopólio da minoria, sendo de grande valia para a sociedade; A cultura vulgar, que é de domínio das massas, diferente apenas pelas culturas regionais, onde encontramos a música popular e o futebol; A cultura elitista, que nos dá os espelhos em que nós mostramos, revelando-nos através da música, da nossa literatura, nas artes gráficas e plásticas, sempre com a possibilidade de nos alienarmos (RIBEIRO, 1995). Temos que incentivar a cultura, como nos afirma Petrônio na sua bela frase: “A cultura é um tesouro e uma habilidade que nunca morre”. O antropólogo Da Matta (1986) aponta que é comum encontrarmos a cultura em dois sentidos da palavra. No primeiro, usa-se cultura como sinônimo de sofisticação, de sabedoria, de educação no sentido restrito do termo. Ou seja, quando falamos que “Maria não tem cultura” e que “João é culto”, estas 1 2 12 afirmações referem se a um estado educacional das pessoas. Cultura, neste contexto, está no sentido de volume de leituras, de títulos universitários, e pode ser confundido com inteligência. Todavia, vale salientar que é possível encontrar, no decorrer da história, momentos em que se afirmou que a cultura de um povo é superior a outra, ou que a cultura erudita é superior à popular. Ou ainda, que cultura tem sido usada em um único sentido. A CULTURA E A EDUCAÇÃO Boa parte do pensamento pedagógico moderno alimentou-se desse – ao mesmo tempo que alimentou esse – entendimento de Cultura que comentei na seção anterior. Para compreender isso melhor e para articular essa questão com a educação, costumo referir como emblemáticas algumas passagens do texto kantiano conhecido como Sobre a pedagogia (Kant, 1996). Vale a pena examinarmos mais de perto alguns trechos escritos entre 1776 e 1777, desse que é tido como um dos pilares da Modernidade. Logo depois de dizer que a educação compreende o cuidado, a disciplina e a instrução e que é pela ação dessas duas últimas que se dá a formação (Bildung), Kant afirma: Não há ninguém que, tendo sido abandonado durante a juventude, seja capaz de reconhecer na sua idade madura em que aspecto foi descuidado, se na disciplina, ou na cultura (pois que assim pode ser chamada a instrução). Quem não tem cultura de nenhuma espécie é um bruto; quem não tem disciplina ou educação é um selvagem. A falta de disciplina é um mal pior do que a falta de cultura, pois essa pode ser remediada mais tarde, ao passo que não se pode abolir o estado selvagem e corrigir um defeito de disciplina. (Kant, 1996, p.16) 1 3 13 Um pouco adiante lê-se (Kant, 1996, p. 26-27): Na educação, o homem deve, portanto: 1) Ser disciplinado. Disciplinar quer dizer: procurar impedir que a animalidade prejudique o caráter humano, tanto no indivíduo como na sociedade. Portanto, a disciplina consiste em domar a selvageria. 2) Tornar-se culto. A cultura abrange a instrução e vários conhecimentos. A cultura é a criação da habilidade e essa é a posse de uma capacidade condizente com todos os fins que almejemos [...]. 3) A educação deve também cuidar que o homem se torne prudente, que ele permaneça em seu lugar na sociedade e que seja querido e que tenha influência. A essa espécie de cultura pertence o que se chama propriamente civilidade. Esta requer certos modos corteses, gentileza e a prudência de nos servirmos dos outros homens para os nossos fins [...]. 4) Deve, por fim, cuidar da moralização [...]. Em sintonia com outros autores alemães do século XVIII – como Goethe, Schiller, Herder, Fichte etc. –, Kant diferencia Cultura de civilidade, não entendendo aquela como uma decorrência necessária do desenvolvimento desta, ou seja, como o resultado de um aperfeiçoamento da civilização. Ao contrário, Kant e os outros intelectuais citados são unânimes em estabelecer um contraponto entre Cultura e civilidade. Chamo a atenção para tal diferenciação porque ela é fundamental para compreender a importância do conceito de Cultura. Como bem demonstrou Elias (1989), tal conceito se inscreve como fundamentação ao próprio projeto de uma autoconsciência nacional germânica que viria a se disseminar amplamente mundo afora e que teria desdobramentos notáveis e dramáticos nos dois séculos seguintes. Com isso, esses autores fixaram as três principais características que cercam o conceito de Cultura ao longo da Modernidade. 1 4 14 Em primeiro lugar, o seu caráter diferenciador e elitista. Ao instituírem e propalarem como modelo o que eles mesmos diziam ser o que já era – ou, em muitos casos, o que deveria plenamente vir a ser no futuro – o povo alemão – em termos de modo de vida, feitos e valores artísticos, filosóficos, espirituais, religiosos, literários etc. –, aqueles arquitetos da Modernidade inventaram um sentido para a palavra Kultur que lhes era muito útil como uma marca de distinção. Por um lado, eles entendiam a civilidade como um conjunto de atitudes e ações humanas que eram da ordem do comportamento – tais como gesticulação, cortesia, recato, elegância, boas maneiras, savoir-faire, amabilidade, delicadeza, cavalheirismo e até afetação, maneirismo e simulação –, coisa que em parte está clara no terceiro item citado. A civilidade foi a denominação que há muito já vinha sendo dada à disposição geral em que os comportamentos individuais eram cada vez mais autorregulados; uma disposição que se dava como uma contraposição ao – e em substituição ao – enfraquecimento das coações externas e dos códigos hierárquicos nobiliários. Ela representava a substituição da espontaneidade pela contenção dos afetos. Por outro lado, a Cultura era entendida como um conjunto de produções e representações que eram da ordem dos saberes, da sensibilidade e do espírito. Para aqueles alemães, ainda que qualquer grupo social pudesse ser – ou vir a ser – civilizado, a culturaseria um apanágio dos homens e das sociedades superiores. E nem é preciso lembrar que, para todos eles, era a nascente sociedade burguesa alemã que personificava o mais alto estágio a que tinha chegado a Humanidade... Para eles, por exemplo, os franceses podiam ser civilizados, mas não eram capazes de ter a Cultura modelar dos alemães. Mas é bom lembrar que, de certa maneira, aí não estavam incluídos todos os alemães: a própria aristocracia germânica era vista com grandes reservas por esses intelectuais. Os aristocratas germânicos podiam ser até bastante civilizados; mas quanto mais o fossem, mais seriam vistos como contaminados 1 5 15 pelo maneirismo e futilidade dos franceses. Desse modo, de um só golpe, aqueles autores instituíam a representação de uma supremacia nacional germânica e de uma distinção de classe. E em ambas, supremacia e distinção, foram bem-sucedidos. Em segundo lugar – e em íntima ligação com o que comentei anteriormente –, o caráter único e unificador da Cultura. Ligado a isso, está o papel atribuído à educação. De novo recorro a Kant, que é muito claro a esse respeito; logo depois da passagem em que discute as relações entre disciplina e cultura, ele escreve: Talvez a educação se torne sempre melhor e cada uma das gerações futuras dê um passo a mais na direção ao aperfeiçoamento da Humanidade, uma vez que o grande segredo da perfeição da natureza humana se esconde no próprio problema da educação. A partir de agora, isto pode acontecer. [...] Isto abre a perspectiva para uma futura felicidade da espécie humana. (Idem, p. 16-17) Ao lastimar a situação política de seu tempo – numa alusão velada aos desmandos da decadente aristocracia alemã e penso que também à agudização do absolutismo francês, fenômenos políticos muito intensos na segunda metade do século XVIII –, o filósofo assim se manifesta: [...] nas condições atuais pode dizer-se que a felicidade dos Estados cresce na mesma medida que a infelicidade dos homens. E não se trata ainda de saber se seríamos mais felizes no estado de barbárie, onde não existiria toda essa nossa cultura, do que no atual estado. De fato, como poderíamos tornar os homens felizes, se os não tornamos morais e sábios? Deste modo, a maldade não será diminuída. (Idem, p. 29) Ora, é a partir daí que Kant vai detalhar como deverá ser a educação escolarizada, de modo que se torne eficiente para a construção de uma nova germanidade. E, sob o manto de um pretenso humanismo universal, o que estava em jogo era a imposição, pela via educacional, de um padrão cultural 1 6 16 único, que era ao mesmo tempo branco, machista, de forte conotação judaico- cristã, eurocêntrico e, é claro, de preferência germânico. De certa maneira, as muitas campanhas que se desenrolaram desde então, em defesa de uma escola única para todos, foram herdeiras dessa ideologia monoculturalista. Mas isso não teria os efeitos que teve se, além de ser essa uma tarefa atribuída à escola, o Estado não tivesse tomado a escola como a instituição que, a seu serviço, realizasse da maneira mais ampla e duradoura a tarefa de regular a sociedade (Veiga, 2002). Assim, assumindo tranquilamente um entendimento generalizante, essencialista e abstrato sobre o indivíduo e a sociedade, a educação escolarizada foi logo colocada a serviço de uma Modernidade que deveria se tornar a mais homogênea e a menos ambivalente possível. Ou, em outras palavras: uma sociedade a mais previsível e segura possível. Ou, usando o pensamento de Bauman (2000): a escola foi colocada a serviço da limpeza do mundo. Um mundo mais limpo seria aquele em que, junto com a civilidade, se desenvolvesse também uma cultura universalista, em relação à qual as demais manifestações e produções culturais dos outros povos não passariam de casos particulares – como que variações em torno de um ideal maior e mais importante –, ou de simples imitações, ou de degenerescências lamentáveis. No âmbito da cultura, a situação ideal num mundo completamente limpo seria aquela que chamei de máxima isotropia (Veiga-Neto, 2002c), a saber, uma situação sociocultural em que, no limite, cada ponto do espaço social guarda uma relação de identidade com os pontos adjacentes, de maneira que, se atingido tal limite, o conjunto apresentar-se-ia inteiramente homogêneo e com um risco social igual a zero. Em outras palavras, isso significa o rebatimento de tudo e de todos a um Mesmo; em termos culturais, significa uma identidade única e a rejeição de toda e qualquer diferença. Em terceiro lugar, o caráter idealista de Cultura. Atualizando a doutrina platônica dos dois mundos, aqueles autores alemães assumiam a possibilidade 1 7 17 de efetivar, aqui neste mundo, as formas perfeitas que estariam num outro mundo, no mundo das ideias – esquecendo ou ocultando o caráter construído de tal doutrina. A esse respeito, Kant (1996) assim se manifesta: O projeto de uma teoria da educação é um ideal muito nobre e não faz mal que não possamos realizá-lo. [...] Uma Ideia não é outra coisa senão o conceito de uma perfeição que ainda não se encontra na experiência. Tal, por exemplo, seria a Ideia de uma República perfeita, governada conforme as leis da justiça. Dir-se-á, entretanto, que é impossível? Em primeiro lugar, basta que a nossa Ideia seja autêntica; em segundo lugar, que os obstáculos para efetuá-la não sejam absolutamente impossíveis de superar. (p.17) Pouco importa se, nesta passagem, Kant tenha usado o idealismo apenas como um recurso retórico ou heurístico. O que interessa é que tal idealismo acabou tanto impregnando o entendimento moderno do que deve ser uma (verdadeira) teoria da educação, quanto alimentando a busca de uma sociedade e de uma cultura cuja “perfeição [...] ainda não se encontra na experiência” (idem, ibidem). Esse idealismo foi – e continua sendo – uma condição necessária para se acreditar na possibilidade e desejabilidade de uma cultura única e universal. Foi também tal idealismo que fez da civilidade uma coisa exclusivamente deste mundo, enquanto que colocou a Cultura neste mundo mas como uma projeção de um ideal metafísico situado num outro lugar. 1 8 18 FIGURA 3: Cultura. CULTURA, TRABALHO E EDUCAÇÃO Atualmente, a relação entre diversidade e desigualdades tem, ocupado um lugar de maior destaque. No que se refere à diversidade, Abramowicz, Rodrigues e Cruz (2011) pensam que o seu debate, com ênfase na diversidade cultural que marca a sociedade atual, é efetivada em aversão ao modelo de Estado-nação contemporâneo, liberal e ocidental e se faz presente em grande parte do mundo. Dos ensinamentos das autoras, extrai-se ainda a advertência para o fato de que a discussão sobre a diversidade se caracteriza em cada país conforme o seu momento de emergência e vivência, as razões fundamentais que provocam 1 9 19 ou estabelecem debate sobre determinados grupos, identidades culturais, espaciais e territoriais, discriminação, entre outros. Gênero, raça, imigração, língua, sexualidade, etnia, territórios são alguns dos fatores fundamentais e temas que influenciaram o processo de discussão e mobilização sobre a diversidade, mesmo que em diversas situações e contextos esses fatores estão inter-relacionados. A diversidade, apreendida como organismo histórico, social, cultural e político das diferenças, concretiza-se em meio às relações de poder e ainda ao desenvolvimento das desigualdades e da crise econômica que se salientam tanto no contexto nacional como no contexto internacional. É inegável, que os debates, as consequências da desigualdade socioeconômica sobre toda a sociedade e, especialmente,sobre os diversos grupos sociais. Deste modo, o exame do enredo diversidade e desigualdade, deve-se ser analisado e realizado levando-se em conta a sua inter-relação com determinados fatores, como: os desafios da articulação entre políticas de identidade ou reconhecimento da diferença global e políticas de igualdade, a desigualdade na distribuição de renda da população e o acirramento da pobreza, a indispensável reinvenção do Estado em direção à emancipação social, os desafios dos setores populares e atuais melhorias dos movimentos sócias em relação ao acesso à educação, à saúde, ao trabalho, a moradia e aos bens culturais, bem como os impactos da relação entre desigualdade, diversidade e igualdade nas políticas públicas. 2 0 20 FIGURA 4: Cultura, trabalho e educação. DIVERSIDADE CULTURAL E EDUCACIONAL A escola é um ambiente sociocultural, em que é presumível o encontro na diversidade. Ela é ao mesmo tempo, um lugar caracterizado por símbolos, crenças, valores e grande diversidade de culturas. Nesse contexto, a abordagem sobre a diversidade cultural no ambiente escolar é muito importante, pois, desafia a escola a rever pontos de vistas e modelos utilizados como padrão, e também instituir espaços inclusivos, de modo a respeitar e valorizar a diversidade cultural dos alunos. Desse modo, o grande desafio é para os educadores, que necessitam descobrir e aplicar algumas estratégias de ensino diversificado que ultrapassem programas, ementas e conteúdo, ou seja, deve empenhar e buscar mecanismos e metodologia que atendem a diversidade cultural dos seus alunos. 2 1 21 Soares (2003, p.165), refletindo sobre a diversidade cultural presente no cotidiano escolar, ressalta que “o grande desafio que se coloca é a necessidade de entender a relação entre cultura e educação. De um lado está a educação e do outro a ideia de cultura como lugar ou fonte, de que se nutre o processo educacional, onde se formam pessoas e consciência”. Surge então, a necessidade de uma educação escolar completa, direcionada para a diversidade, que respeite a pluralidade cultural, étnica e religiosa que existe no ambiente escolar, para então compreender e valorizar a complexa realidade dos educandos, no sentido de promover a convivência fraterna, e portanto a paz e a justiça social. Entende-se que sugerir um ensino que respeite a diversidade cultural dos educandos, significa perceber cada realidade social e cultural desses, com a apreensão e interesse de delinear um projeto pedagógico para atender a todos sem restrição. É preciso ter consciência de que a diversidade é cheia de conflitos, tensões e resistências. Conforme assinalam Moreira e Candau (2005, p. 78), “as instituições de ensino sempre tiveram dificuldade em lidar com a pluralidade e a diferença, tendendo para a homogeneização e padronização”. No entanto, no contexto social, a diversidade não constitui em apenas um fato ou num fato novo, como se sabe, as diferenças são intrínsecas ao ser humano, todos são diferentes, e deste modo falar de diversidade é falar do coletivo, e no meio desse coletivo encontram-se muitas diferenças subjetivas. É importante ressaltar com base em Moreira e Candau (2005), que hoje a diversidade cultural se tornou muito complexa, considerando-se alguns elementos que contribuíram para a sua expansão, tem-se como os mais importantes, a globalização e os movimentos migratórios, que ao aproximarem os povos e suas culturas, trouxe como consequência a contribuição para a diversificação do modo de ser dos seres humanos. 2 2 22 FIGURA 4: Diversidade cultural. CULTURA ESCOLAR E DA ESCOLA Uma abordagem política e sociológica da escola não pode ignorar a sua dimensão cultural, quer numa perspectiva global, no quadro da relação que ela estabelece com a sociedade em geral quer numa dimensão mais especifica. Em função das próprias formas culturais que ela produz e transmite. A reflexão sobre escola e cultura é essencial a todo processo educativo. Esse tema é aplicável ao próprio desenvolvimento do pensamento pedagógico. Pois, é impossível imaginar uma experiência pedagógica sem cultura, em que a referência cultural não esteja presente. A escola é uma instituição cultural, as relações entre escola e cultura não podem ser arquitetadas como dois pontos independentes, e sim como universos interligados. Ao partir dessas afirmações, aceita-se a íntima coligação entre escola e cultura, apontando suas relações como essencialmente características do universo educacional, mas, compete indagar por que atualmente essa 2 3 23 comprovação parece se cobrir de novidade, sendo mesmo analisada por diversos autores como sobretudo desafiadora para as práticas educativas. Historicamente construída no contexto da modernidade, a escola é uma instituição avaliada como intervenção privilegiada no desenvolvimento de uma função social essencial: transmitir cultura, proporcionando às novas gerações o que a humanidade produziu de mais significativo culturalmente. Conforme sustenta Sacristán (2001, p. 21): A educação contribuiu consideravelmente para fundamentar e para manter a ideia de progresso como processo de marcha ascendente na História; assim, ajudou a sustentar a esperança em alguns indivíduos, em uma sociedade, em um mundo e em um porvir melhores. A fé na educação nutre-se da crença de que esta possa melhorar a qualidade de vida, a racionalidade, o desenvolvimento da sensibilidade, a compreensão entre os seres humanos, o decréscimo da agressividade, o desenvolvimento econômico, ou o domínio da fatalidade e da natureza hostil pelo progresso das ciências e da tecnologia propagadas e incrementadas pela educação. Graças a ela, tornou-se possível acreditar na possibilidade de que o projeto ilustrado pudesse triunfar devido ao desenvolvimento da inteligência, ao exercício da racionalidade, à utilização do conhecimento científico e à geração de uma nova ordem social mais racional. Essa é a fantasia que carregou e carrega a educação escolar até hoje. Esse tem sido, resumidamente, sua perspectiva de significado. É esse o modelo cultural que vem decorrendo, no meio de crises e conflitos, no seu dia-a-dia. Esse modelo escolhe conhecimentos, valores, aprendizados e outros, relativo ao que analisa como adequados ao seu desenvolvimento. Determina-se sobre a imaginação da equidade e do direito de todos à educação e à escola, conforme é determinado na Constituição Federal do Brasil. Porém, diversos estudos evidenciam que essa perspectiva acaba por conduzir a uma visão uniforme dos conteúdos e dos indivíduos presentes no 2 4 24 processo educacional, admitindo uma visão monocultural da educação e, especialmente, da cultura escolar. É necessário ressaltar que o que distingue o universo escolar é a relação entre as culturas, relação essa, citada anteriormente, atravessada por crises e conflitos, e que se salienta quando as culturas crítica, acadêmica, social e institucional, fortemente articuladas, tornam-se hegemônicas e tendem a ser absolutizadas em detrimento da cultura experiencial, que, por sua vez, possui profundas raízes socioculturais. Torna-se por isso necessário analisar as diferentes dimensões da cultura escolar tendo em conta, entre outros fatores, a diversidade de abordagens teóricas utilizadas na sua definição e a identificação das práticas que a materializam. De um modo esquemático, podemos dizer que é possível identificar três tipos de abordagens: Numa perspectiva funcionalista, a “cultura escolar” é a Cultura (no seu sentido mais geral) que é veiculada através da escola. A instituição educativaé vista como um simples transmissor de uma Cultura que é, definida e produzida exteriormente e que se traduz nos princípios, finalidades e normas que o poder político (social, econômico, religioso) determina como constituindo o substrato do processo educativo e da aculturação das crianças e dos jovens. Numa perspectiva estruturalista, a “cultura escolar” é a cultura produzida pela forma escolar de educação, principalmente através da modelização das suas formas e estruturas, seja o plano de estudos, as disciplinas, o modo de organização pedagógica, os meios auxiliares de ensino, etc. Finalmente, numa perspectiva interacionista, a “cultura escolar” é a cultura organizacional da escola. Neste caso, não falamos da Escola enquanto instituição global, mas sim de cada escola em particular. O que está em causa nesta abordagem é a “cultura” produzida pelos atores 2 5 25 organizacionais nas relações uns com os outros, nas relações com o espaço e nas relações com os saberes. FIGURA 5: Diversidade. JUVENTUDE: TRABALHO E ESCOLA As ligações entre o estudo e o trabalho são complexas e variadas. Para os jovens, a escola e o trabalho são projetos que se priorizam ou poderão sofrer várias ênfases, conforme o período do ciclo de vida e as condições sociais que lhes consintam viver a condição juvenil. Desse modo, o mundo do trabalho / emprego surge como uma intervenção essencial e simbólica na experiência e expectativa da condição juvenil, podendo-se afirmar que "o trabalho também faz a juventude", mesmo considerando a diversidade existente de situações e posturas por parte dos jovens em relação ao trabalho (SPOSITO, 2005). 2 6 26 É sabido que o trabalho é considerado, como uma ação de mudanças dos fatos, numa resposta aos desafios da natureza, relação lógica entre teoria e prática. Desse modo, pelo trabalho, o homem se autoproduz, transformando sua visão de mundo e de si mesmo: do mundo cultural-educativo. Nesta perspectiva, pode-se afirmar que a educação coincide com a existência humana. Saviani (1994, p. 148), afirma que: A educação coincide com a própria existência humana (…) as origens da educação se confundem com as origens do próprio homem. À medida em que determinado ser natural se destaca da natureza e é obrigado, para existir, a produzir sua própria vida, é que ele se constitui propriamente enquanto homem (…) O ato de agir sobre a natureza, adaptando-a às necessidades humanas, é o que conhecemos pelo nome de trabalho. Por isto, podemos dizer que o trabalho define a essência humana. Portanto, o homem, para continuar existindo, precisa estar continuamente produzindo sua própria existência através do trabalho. Isto faz com que a vida do homem seja determinada pelo modo como ele produz sua existência. Para esse autor, o trabalho constitui-se um acontecimento fundamental para se compreender a educação. Com isso, há uma íntima relação entre o trabalho e a educação. Compreender as relações entre juventude, trabalho e escola demanda grande empenho. A hipótese fundamental para se entender a questão da relação entre juventude, escola e trabalho é que as condições e trajetórias do jovem se articulam e norteiam à desigual estruturação econômica, social e política historicamente dada como capitais sócio/político/econômico/culturais. Um dos grandes desafios que compõe a educação é a necessidade, cada vez mais latente, de qualificação e conhecimento do indivíduo para a inserção no mercado de trabalho. Isso, conforme aponta Kuenzer (2003), determina um novo princípio educacional pelo qual a sociedade procura formar intelectuais/trabalhadores e cidadão/produtores com a finalidade de atender as 2 7 27 novas demandas impostas pela sociedade, globalização e pela grande dialética produtiva. É importante salientar e ressaltar que os jovens, sobretudo os procedentes das classes sociais mais abastadas, tem ingressado cada vez mais cedo no mercado de trabalho. A juventude se coloca no mundo do adulto assumindo responsabilidades que não compete ao seu mundo, isso é reflexo do que está acontecendo no mercado de trabalho e globalização, pois cada vez está sendo mais exigentes. Como apontam Abramo e Branco (2005), a desigualdade de capitais de linhagem proporciona chances bem diferentes aos jovens. Equipara-se a uma competição com obstáculos, na qual se despontam de forma acentuada, além da desigualdade de capital e renda, as condições culturais, de raça, cor, gênero e território. Essa desigualdade social que se anuncia faz com que haja no Brasil diversas juventudes, como chamam a atenção os autores acima citados, ao assegurar que é importante diferenciar “condição juvenil e situações juvenis”. De acordo com Abramo (2005), a noção de condição juvenil leva ao entendimento que, primeiramente, é uma fase do ciclo de vida, de ligação entre a infância e a vida adulta, permitindo a elaboração para o exercício das dimensões de produção, representação e participação na sociedade. Assim, a condição juvenil é composta de diversas grandezas que podem ser compreendidas a partir do contexto sociocultural mais amplo, onde os jovens vêm construindo sua experiência, o que produz certas características às vivências juvenis: tempo de tensão entre o presente e o futuro, de instabilidade e de incertezas. Tais características repercutem na constituição da condição juvenil nos seus tempos e espaços. Agrupam-se a elas as mudanças no mundo do trabalho devido à desorganização do mercado de trabalho, o que tem causado desemprego, desassalariamento e precários postos de trabalhos, abrangendo sobretudo, os 2 8 28 jovens carentes. As probabilidades de os jovens estabelecerem carreiras lineares são mínimas, salientando a vulnerabilidade e imprevisibilidade nas trajetórias juvenis (DAYRELL, 2007). FIGURA 6: Trabalho e Escola RELAÇÃO ENTRE CULTURA, TRABALHO E EDUCAÇÃO Os vocábulos educação e cultura, no entendimento geral, balançam entre a assimilação e a radical caracterização. Nos discursos, sobretudo no de caráter político, a educação é distinguida com a escola ou a escolaridade, e a cultura com a ciência ou o volume de informação. A educação é um processo duplo ou, se desejar seguir um modelo comparativo, recorre-se à ideia de sistema, considerando-a como efeito de dois princípios em constante intercâmbio. Em que incidam as análises feitas por alguns autores à teoria de sistemas adota o modelo para o esclarecimento simples de relações entre elementos complexos ainda é um subsídio indutivo correto. 2 9 29 Nessa linha de pensamento, fica evidente que a educação não pode ser simplesmente igualada à escola e à cultura, mas, procede desta última e, ao mesmo tempo, a retroalimenta. A cultura do grupo proporciona os objetivos e adapta os procedimentos grupais no desenvolvimento educacional do homem. De acordo com Maia (2002), o conceito de cultura identifica-se com o de herança social, algo que as novas gerações recebem das que as antecederam. A cultura é, por conseguinte, cumulativa. Se não conservada, se destrói; se não renovada, desgasta-se em um processo autofágico. Ora, cultivar e restaurar são ideias contraditórias e quase reciprocamente excludentes. Entretanto, cabe à educação harmonizá- las e torná-las realidade. A educação tem, portanto, papel decisivo com relação à cultura, pois, ao mesmo tempo em que é responsável pela transmissão dos processos e dos produtos culturais (desde a linguagem até os conhecimentos científicos e filosóficos e os padrões estéticos expressos na arte) deve, também, desenvolver a criatividade para renovar esses mesmos processos eprodutos (MAIA, 2002, p. 8). É importante ressaltar que ainda que a escola seja o local excepcional da apropriação do conhecimento, ela não é o único na sociedade. Existem vários locais de acesso ao conhecimento, que podem vir por meio da internet e de todas as tecnologias hoje disponíveis. Nesse contexto, um caminho para aproximar educação e cultura implica a junção da escola com os diversos locais de conhecimento, equipamentos e projetos de cultura, de forma que esta aliança ocasione um impacto positivo, dinâmico, interessante e eficaz na aprendizagem das pessoas, seja ela de qualquer faixa etária. Em termos práticos, a ideia é que a escola tenha facilidade e conhecimento à cultura de sua região, e que na elaboração da grade curricular valorize a diversidade e pluralidade regional, e também a relação da escola com 3 0 30 os produtores de cultura são itens que deverá ser observado para elaboração da grade e ainda caminhos para unir a cultura e educação, trazendo como consequência a qualidade no ensino e trabalho. Pois, a concepção de trabalho é essencial para se compreender o que é cultura, e o trabalho constitui-se um fenômeno básico para se compreender a educação. Através do trabalho o homem estabelece relações sociais, comportamentais e cria vínculos nas instituições e nos saberes. O caminho da humanização do homem é potencializado pelo seu ato de trabalhar, pois o trabalho é considerado como ação transformadora das realidades. Percebe-se que, pelo trabalho, o homem se autoproduz, podendo transformar sua visão de mundo e de si mesmo: do mundo cultural-educativo, do mundo econômico, político, social, com perspectivas éticas e com direitos econômicos da humanização, como prática do capital global. Assim, a possibilidade de melhor compreensão do mundo quando o mesmo transforma pelo trabalho, descobrindo outro sentido histórico, o estado da liberdade que só será real quando a natureza for humanizada pelo trabalho, quando o reconhecimento da consciência realizar-se pela mediação da obra comum. Com isso, abre-se o caminho à consciência da liberdade. EDUCAÇÃO: ETNOCENTRISMO, RELATIVISMO CULTURAL, MULTICULTURALISMO E INTERCULTURALISMO Atualmente, tem se postulado que a diversidade cultural deve ser respeitada. Em termos históricos, podemos encontrar diversas situações em que os aspectos culturais de um determinado povo eram considerados inferiores, ou 3 1 31 ainda, que uma determinada cultura era superior à outra. A posição de que um indivíduo ou um grupo social se considera como referência em termos culturais, à luz de seus próprios valores, é entendida como visão etnocêntrica. Em termos gerais, o termo etnocentrismo corresponde a atitudes e hábitos culturais que são encarados como sendo superiores a de outros povos. Em termos históricos é comum encontrarmos posturas etnocêntricas, por exemplo: a cultura portuguesa frente à cultura dos índios, na época da chegada dos portugueses ao Brasil. Já em termos de cotidiano escolar, podemos encontrar situações em que uma determinada cultura buscou firmar-se em detrimento de outra, ou ainda, se mostrando superior. Quanto à temática em discussão, Giddens (2004) menciona que é extremamente difícil entender uma cultura se olharmos somente do nosso ponto de vista. A cultura deve ser estudada segundo os seus próprios significados e valores. Esta forma de pensar é um pressuposto essencial da sociologia e que está em consonância com o relativismo cultural e em oposição ao etnocentrismo. Segundo Brym (2006, p. 85), "[...] as pessoas tendem a considerar sua própria cultura como um dado, pois ela nos parece tão 'racional' e natural que raramente pensam sobre ela. [...]". Ou seja, as ideias, as normas e as técnicas de outras culturas nos parecem estranhas, irracionais ou até mesmo inferiores”. Para Giddens (2004), os sociólogos esforçam-se para evitar o etnocentrismo, que consiste em julgar as outras crenças tomando como medida de comparação a nossa. Dada a ampla variação das culturas, não é surpreendente que as pessoas provenientes de uma cultura achem, frequentemente, difícil aceitar as ideias ou o modo de comportamento das pessoas de uma cultura diferente. Em muitos casos da história se rechaçou a cultura do outro, em consequência do etnocentrismo. Entretanto, aplicar o relativismo cultural: 3 2 32 É analisar a situação segundo os padrões de outra, suspendendo os nossos valores culturais enraizados. Pode ser algo repleto de incertezas e desafios. Não apenas porque se pode revelar difícil ver as coisas de um ponto de vista completamente diferente, mas também porque, às vezes, se levante questões inquietantes. O relativismo implica que julguemos todos os costumes e comportamentos como sendo igualmente legítimos. Existirão padrões universais que todos os seres humanos deveriam seguir? (GIDDENS, 2004, p. 25). Com o relativismo cultural, tem-se que os sistemas culturais são intrinsecamente iguais em valor, e que os aspectos característicos de cada um têm de ser avaliados e explicados dentro do contexto do sistema em que aparecem. De acordo com Brym (2006, p. 88): O relativismo cultural é oposto ao etnocentrismo. Refere-se à crença de que todas as culturas e todas as práticas culturais têm o mesmo valor. O problema desta visão é que uma cultura particular pode se opor aos valores de outra. E muitas culturas promovem práticas que a maioria considera “desumanas”. Neste sentido, todas as culturas são consideradas de igual valor. Assim, há padrões ou valores considerados certos em uma determinada sociedade e em outra não, mas isso não significa que um hábito diferente em outra cultura deva ser repudiado ou inaceitável. Desta forma, pode-se dizer que a posição cultural relativista postula que os indivíduos adquirem os próprios valores e a sua própria integridade cultural no interior da sua sociedade, mas isso não significa, necessariamente, que a sua cultura é inferior a outra cultura. Além das discussões referentes ao etnocentrismo e relativismo, neste cenário temos o multiculturalismo, que, conforme Machado (2002, p. 37), “apregoa uma visão da vida e da fertilidade do espírito humano, na qual cada indivíduo transcende o marco estreito da sua própria formação cultural e é capaz de ver, sentir e interpretar por meio de outras tendências culturais”. Além das discussões sobre etnocentrismo, relativismo cultural, multiculturalismo e pluralismo cultural, ainda podemos encontrar estudos do âmbito do interculturalismo. 3 3 33 A intercultura refere-se a um complexo campo de debate entre as variadas concepções e propostas que enfrentam a questão da relação entre processos indenitários socioculturais diferentes, focalizando especificamente a possibilidade de respeitar as diferenças e de integrá- las em uma unidade que não as anule. A intercultura vem se configurando como uma nova perspectiva epistemológica, ao mesmo tempo é um objeto de estudo interdisciplinar e transversal, no sentido de tematizar e teorizar a complexidade (para além da pluralidade ou da diversidade) e a ambivalência ou o hibridismo (para além da reciprocidade ou da evolução linear) dos processos de elaboração de significados nas relações intergrupais e intersubjetivas, constituídas de campos indenitários em termos de etnias, de gerações, de gênero, de ação social (FLEURI, 2003, p. 17). As questões culturais têm sido objeto de estudo no âmbito internacional, como no contexto latino-americano e nacional. Outrossim, num breve inventário histórico é possível apontar vários exemplos de situações onde os aspectos culturais de um determinado povo foram desmerecidos ou até mesmo negados. Podemos dizer que, emtermos históricos, é fácil encontrarmos exemplos da eliminação física do “outro”, ou por sua escravização, ou ainda, a negação da alteridade. Todavia, o interculturalismo, de certa forma, procura promover a interação das culturas diversas, e, além disso, compreender, reconhecer e enriquecer a si próprio e ao outro com o diálogo com a cultura de outrem, tendo em si o respeito pelas diferenças e compreensão mútua. Numa perspectiva intercultural, os propósitos, de um modo geral, estão em promover uma educação do reconhecimento do outro. Nos diferentes grupos socioculturais e, neste sentido, buscar uma maior capacidade de comunicação entre pessoas de culturas diferentes. Ressalta-se que os que atuam no âmbito educativo não poderão ignorar que a identidade, o poder, o conhecimento, a cultura, a ética, a questão do gênero, o trabalho, a tecnologia serão aspectos que as escolas terão que enfrentar. Mas, sem dúvida, no cotidiano escolar as questões culturais se farão presentes com maior ênfase, por se tratar de um local de interação social entre diversos atores, cada um com a sua história e com suas peculiaridades culturais. 3 4 34 REFERÊNCIAS RIBEIRO, Patrícia Miranda. CULTURA, TRABALHO E EDUCAÇÃO. Revista Científica – FACMAIS. Disponível em: https://revistacientifica.facmais.com.br/wp- content/uploads/2015/08/artigos/cultura_trabalho.pdf. Acesso em: 19/ Out. ABRAMO, Helena Wendel e BRANCO, Pedro Paulo Martoni (Orgs). Retratos da Juventude Brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Instituto Cidadania/ Editora Fundação Perseu Abramo, 2005. ABRAMOWICZ, A.; RODRIGUES, T.C.; CRUZ, A.C.J. A diferença e a diversidade na educação. Contemporânea, São Carlos, n. 2, p. 85-97, ago.-dez. 2011. ANDRADE FILHO, Francisco Antônio de. Trabalho – a expressão fundante da humanização. in: Symposium (rev.), ano 3, número especial, jun./99, p. 73-81 BEHRENS, Marilda A. 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