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Deise Emanuelle via Passei Direto Processo Formação, suspensão e extinção A) Formação O processo civil começa por iniciativa da parte (ante a inércia da jurisdição), mas se desenvolve por impulso oficial. Significa dizer que o processo é formado por iniciativa da parte (com a entrega da petição inicial), mas, uma vez proposta a ação, a relação processual se desenvolverá automaticamente pelo juízo (com a citação do réu, intimação do autor para apresentar a réplica, designação de audiência preliminar, audiência de instrução, etc.). Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada. Feita a citação, é defeso (proibido) ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes (estabilização dos elementos da ação), salvo as substituições permitidas por lei. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo. B) Suspensão Uma vez iniciada a relação processual, esta se desenvolverá até a plena realização do direito. Ocorre que, no curso processo, podem surgir fatos que ocasionem a paralisação da marcha, do curso da relação processual. As hipóteses de suspensão do processo foram listadas, de forma exemplificativa, no artigo 313, CPC. Diz-se “exemplificativas”, pois existem outras situações de suspensão previstas ao longo do diploma processual. O processo será suspenso nos seguintes casos: pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador: no caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, proceder- se-á com o pedido de habilitação, o qual será feito pelo interessado, através do ajuizamento da ação de habilitação, prevista nos artigos 687 a 692, CPC. Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da morte, o juiz determinará a suspensão do processo e observará o seguinte: I - falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que promova a citação do respectivo espólio, de Deise Emanuelle via Passei Direto quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, no prazo que designar, de no mínimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis) meses; II - falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio, determinará a intimação de seu espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, pelos meios de divulgação que reputar mais adequados, para que manifestem interesse na sucessão processual e promovam a respectiva habilitação no prazo designado, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito. No caso de morte do procurador (advogado) de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz determinará que a parte constitua novo mandatário, no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual extinguirá o processo sem resolução de mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou ordenará o prosseguimento do processo à revelia do réu, se falecido o procurador deste. por convenção das partes: as partes poderão convencionar a suspensão do processo, desde que por período que não exceda a 6 (seis) meses, findo o prazo, o escrivão fará os autos conclusos ao juiz, que ordenará o prosseguimento do processo. quando for apresentada arguição de suspeição ou impedimento: a arguição consiste em um instrumento processual onde a parte se volta contra a pessoa do juiz, alegando a sua suspeição ou impedimento. (arts. 144 e 145, CPC). A suspensão, nos casos em tela, ocorre por um motivo lógico: se a parte está se insurgindo contra quem irá conduzir o processo (juiz), é necessário que o incidente seja julgado antes de se prosseguir com a relação processual. pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas: conhecido como “IRDR”, aludido incidente foi trazido pelo novo CPC com o objetivo de promover a celeridade processual e segurança jurídica, na medida em que possibilita que seja adotada um tese única para uma multiplicidade de processos que versem sobre uma mesma matéria de direito no âmbito territorial de dado tribunal. Sobre este incidente teceremos as devidas considerações no momento oportuno. quando a sentença de mérito depender de uma questão prejudicial: é possível que o andamento do processo seja paralisado em virtude de pendência a ser solucionada por outro juízo. É o que se chama de “questão Deise Emanuelle via Passei Direto prejudicial”. O CPC afirma que o processo será suspenso quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente; b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo; c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente. Observa-se, portanto, que a suspensão se justifica pelo fato do juízo necessitar aguardar resolução de questão prévia, a qual influencia no teor da questão subordinada. É o caso, por exemplo, da suspensão de ação civil de indenização em virtude de ato ilícito em virtude da pendência de ação penal cujo objeto é verificar se o houvera ou não o fato ilícito; ou da paralisação de uma execução de título judicial em virtude da existência de ação rescisória cujo objeto é justamente rescindir a sentença que serve de base àquela execução. Ressalte-se que, em todos os casos, o período de suspensão nunca poderá exceder 1 (um) ano. Findo este prazo, o juiz mandará prosseguir no processo. Se o conhecimento do mérito depender de verificação da existência de fato delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do processo até que se pronuncie a justiça criminal. Se a ação penal não for proposta no prazo de 3 (três) meses, contado da intimação do ato de suspensão, cessará o efeito desse, incumbindo ao juiz cível examinar incidentemente a questão prévia. Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso pelo prazo máximo de 1 (um) ano, ao final do qual cessará o efeito e o juízo cível decidirá a questão prejudicial. por motivo de força maior: é o acontecimento inesperado, consistente em calamidade pública (tal como enchentes, deslizamento de barreiras, terremoto, etc.) ou outro fato relevante (greve, por exemplo). quando a advogada tornar-se mãe ou o advogado tornar-se pai: a Lei 13.363/16 acrescentou mais uma hipótese de suspensão do processo, a saber, quando a única advogada da parte tornar-se mãe ou o único advogado tornar-se pai, independente de tratar-se de filiação natural ou por adoção. Para que haja a suspensão do feito é necessário que seja efetuada a comprovação da maternidade ou paternidade, mediante certidão de nascimento ou documento similar que comprove a realização do parto, ou o termo de adoção. O prazo de suspensão processual será de 30 Deise Emanuelle via Passei Direto (trinta) dias em se tratando de maternidade ou de 08 (oito) dias em se tratando de paternidade, contados do parto ou da concessão da adoção. Vistas as hipóteses de suspensão, é mister ressaltar, que, durante a suspensão, é defeso praticar qualquer ato processual; poderá o juiz, todavia, determinar a realização de atos urgentes, a fim de evitar dano irreparável. C) Extinção “Extinguir” significa “finalizar” o processo. Até o ano de 2005, o CPC de 1973 utilizava das expressões“extinção do processo sem julgamento do mérito” (artigo 267) e “extinção do processo com julgamento do mérito” (artigo 269) para indicar a finalização da relação processual. É que, após a sentença (ato que punha fim ao processo), a execução seria instaurada mediante uma nova relação processual, agora denominada de “processo de execução”, ou seja, tínhamos dois processos: o processo de conhecimento (que se extinguia com a sentença) e processo de execução. Ocorre que, com o advento da Lei nº 11.232/05, o legislador dispensou a instauração de uma nova relação processual executiva quando a sentença não fosse cumprida, de modo que os atos executivos passaram a ser realizados no bojo do mesmo processo (o processo passou a ser “sincrético”, composto de fase cognitiva e de fase de cumprimento de sentença). Perceba, portanto, que, com a nova sistemática, o conceito de sentença necessitou ser alterado, haja vista que o processo não mais seria “extinto” com a mesma, prosseguindo-se os atos executivos nos próprios autos em que a fora proferida a decisão. É por isso que a expressão “extinção do processo com julgamento do mérito”, contida no artigo 269 do CPC de 1973, passou a ser substituída pela expressão “haverá resolução de mérito”. Tal mudança foi reproduzida no CPC de 2015. O Código de Processo Civil de 2015, em seu artigo 485, aponta as situações de extinção do processo sem resolução de mérito: quando o juiz indeferir a petição inicial: quando houver um vício insanável, outra alternativa não restará ao julgador, a não ser indeferir a petição inicial. As hipóteses de indeferimento estão listadas no artigo 330 do NCPC: I - quando for inepta; II - quando a parte for manifestamente ilegítima; III - quando o autor carecer de interesse processual; IV - quando o advogado, que não informou o endereço em que receberia intimações, não cumpriu com a determinação judicial de Deise Emanuelle via Passei Direto efetuar a emenda da petição inicial em 5 (cinco) dias. V- quando o autor não emendar a petição inicial nos casos legais quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes: o juiz ordenará o arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 5 (cinco) dias. quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias: o juiz ordenará o arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 5 (cinco) dias. Ressalte-se que, oferecida a contestação, a extinção dependerá de requerimento a ser efetuado pelo réu, a teor do Súmula 240, STJ e do artigo. 485, § 6º, CPC quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo: sendo matéria de ordem pública, pode a mesma ser, inclusive, declarada de ofício pelo magistrado. A respeito dos pressupostos processuais, vide parte III, Seção I, item 2, supra. quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada (pressupostos processuais negativos): são fatos impeditivos ao regular desenvolvimento da relação processual. Ocorrerá perempção quando o autor, por três vezes, der causa à extinção do processo mediante abandono; a litispendência ocorrerá quando o autor repetir ação que se encontra em curso; outrossim, haverá coisa julgada quando se repetir ação anteriormente julgada e da qual não caiba mais recurso. quando verificada a ausência de legitimidade ou interesse processual: as condições da ação também são matéria de ordem pública e que, se não estiverem presentes, ocasionam a extinção do processo sem resolução de mérito. A respeitos das condições da ação, confira as considerações feitas na parte II, item 4 desta obra. pela convenção de arbitragem: é fato impeditivo que, se presente, provoca a extinção processual. Se duas pessoas, ao celebrarem determinado negócio jurídico, estipularam que um árbitro resolveria eventual conflito, não pode uma delas, uma vez instalada a controvérsia, dirigir-se ao judiciário em virtude de fato impeditivo existente (convenção de arbitragem). Deise Emanuelle via Passei Direto quando o autor desistir da ação: aqui, três nuances são muito importantes e precisam ser verificadas: A primeira, no sentido de que desistência da ação (modalidade de extinção do processo sem resolução do mérito) não se confunde com renúncia ao direito em que se funda a ação (modalidade de extinção do processo com resolução de mérito). A segunda, é que, apresentada a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação (art. 485, § 4 o , CPC). A terceira, é que a desistência da ação pode ser apresentada até a sentença (art. 485, § 5o , CPC). em caso de morte da parte, quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal: viu-se que, com a morte da parte, ocorrerá a sucessão da mesma pelos seus herdeiros. Ocorre, entretanto, que existem situações que o direito contido na ação é considerado intransmissível, por ser ele personalíssimo. Imagine, por exemplo, uma ação movida por João, servidor público, em face do estado, com o objetivo de anular ato administrativo abusivo que ordenou a sua transferência para localidade distante de sua residência. Se, no curso da demanda, João viesse a falecer, o processo seria extinto sem resolução de mérito, por ser o direito contido na ação considerado intransmissível. As hipóteses de extinção do processo com resolução de mérito estão previstas no artigo 487 do CPC (quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do feito na ação ou reconvenção; quando a parte reconhecer a procedência do pedido feito na ação ou reconvenção; quando o juiz homologar a transação; quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; quando a parte renunciar ao direito sobre que se funda a ação ou reconvenção). Aqui vai uma dica bem simples para identificar todas elas: existe sempre um responsável pela finalização do processo: o juiz, o autor, o réu, as partes ou o tempo. Assim, temos: a) quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido feito na ação ou reconvenção (iniciativa do juiz); b) quando o juiz homologar a renúncia à pretensão formulada na ação ou reconvenção (iniciativa do autor ou réu); c) quando o juiz homologar o reconhecimento da procedência do pedido feito na ação ou reconvenção (iniciativa do autor ou réu); d) quando o juiz homologar a transação (iniciativa de ambas as partes); quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição (iniciativa do tempo). VISÃO GERAL SITUAÇÕES REGULAMENTADAS Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda. Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão. Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.
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