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Aula 3 1 - Infecto - Ofidismo

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1 AV1 – Infectologia – Prof. Cristiane Lamas – Fernanda Pereira - 5º período – 2021.2 
24/08/2021 
Em resumo... 
28000 acidentes ofídicos no Brasil, apresentando uma 
letalidade de 0,4% 
Dados são submetidos devido às subnotificações 
O número de óbitos gira entorno de 119 por ano 
Antes da produção e distribuição do soro antiofídico por 
Vital Brazil em 1901, era estimada uma letalidade de 25% 
entre as vítimas de acidentes ofídicos. 
 
Notificação compulsória, doença negligenciada 
Os acidentes por animais peçonhentos e, em particular, os 
acidentes ofídicos foram incluídos pela OMS na lista das 
doenças tropicais negligenciadas que acometem, na maioria 
dos casos, populações podres que vivem em áreas rurais. 
Em agosto de 20210, o agravo foi incluído na lista de 
notificação compulsória (LNC) do Brasil, publicada na 
portaria Nº 2.4472 de 31 de agosto de 2010. 
Alto número de notificações registradas no sistema de 
informações de agravos de notificação. 
 
Preenchimento de ficha SINAN para acidentes por animais 
peçonhentos (cobra, aranha e escorpião). A ficha ajuda a 
fazer um resumo sobre as manifestações clínicas. 
 
Resumo que ajuda na orientação do que deve ser feito pelo 
profissional de saúde... 
 
 
 
Introdução 
Ofidismo = acidente ofídico 
Acidentes por serpentes peçonhentas 
 
No Brasil há 380 espécies de serpentes, e dessas 60 são 
peçonhentas. 
 
Características dos gêneros de serpentes peçonhentas no 
Brasil 
- Fosseta loreal presente. Indica com segurança que a 
serpente é peçonhenta e é encontrada nos gêneros 
Bothrops, Crotalus e Lachesis. 
 
A identificação entre os gêneros referidos também pode ser 
feita pelo tipo de cauda. 
 
 
 
 
Epidemiologia 
A maioria dos acidentes ofídicos no Brasil é ocasionada por 
serpentes do gênero Bothrops, seguido pelo Crotalus. 
Poucos são os casos de acidentes por MIcrurus e Lachesis. 
As regiões brasileiras onde há maior incidência são Norte 
(52,6% por 100.000 habitantes) e Centro-Oeste (16,4% por 
100.000 habitantes). 
Os meses de maior frequência de acidentes são os quentes 
e chuvosos, períodos de maior atividade em áreas rurais e de 
maior atividade também das serpentes. 
Os acidentes ofídicos são mais frequentes na população 
rural, no sexo masculino e em faixa etária economicamente 
ativa. 
 
Família Viperidae 
Gênero Bothrops (incluindo Bothriopsis e Porthidium) 
Compreende cerca de 30 espécies, distribuídas por todo o 
território nacional. São conhecidas popularmente por: 
jararaca, ouricana, jararacuçu, urutu-cruzeira, jararaca-do-
rabo-branco, malha-de-sapo, patrona, surucucurana, 
combóia, caiçara, e outras denominações. Estas serpentes 
habitam principalmente zonas rurais e periferias de grandes 
cidades, preferindo ambientes úmidos como matas e áreas 
cultivadas e locais onde haja facilidade para proliferação de 
Ofidismo 
 
2 AV1 – Infectologia – Prof. Cristiane Lamas – Fernanda Pereira - 5º período – 2021.2 
roedores (paióis, celeiros, depósitos de lenha), parques e 
periferia de cidades. 
Têm hábitos predominantemente noturnos ou 
crepusculares. Podem apresentar comportamento agressivo 
quando se sentem ameaçadas, desferindo botes sem 
produzir ruídos. 
 
Gênero Crotalus 
Agrupa várias subespécies, pertencentes à espécie Crotalus 
durissus. Popularmente são conhecidas por cascavel, 
cascavel-quatro-ventas, boicininga, maracambóia, maracá e 
outras denominações populares. São encontradas em 
campos abertos, áreas secas, arenosas e pedregosas e 
raramente na faixa litorânea. Não ocorrem em florestas e no 
Pantanal. Não têm por hábito atacar e, quando excitadas, 
denunciam sua presença pelo ruído característico do guizo 
ou chocalho. São responsáveis por cerca de 7,7% dos 
acidentes ofídicos no Brasil. Tem o maior coeficiente de 
letalidade. 
 
Gênero Lachesis 
Compreende a espécie Lachesis muta com duas subespécies. 
São popularmente conhecidas por: surucucu, surucucu-pico-
de-jaca, surucutinga, malha-de-fogo. É a maior das 
serpentes peçonhentas das Américas, atingindo até 3,5m. 
Habitam áreas florestais como Amazônia, Mata Atlântica e 
alguns enclaves de matas úmidas do Nordeste. 
 
Família elapidae 
Gênero Micrurus 
O gênero Micrurus compreende 18 espécies, distribuídas por 
todo o território. São animais de pequeno e médio porte 
com tamanho em torno de 1,0 m, conhecidos popularmente 
por coral, coral verdadeira ou boicorá. Apresentam anéis 
vermelhos, pretos e brancos em qualquer tipo de 
combinação. Na Região Amazônica e áreas limítrofes, são 
encontrados corais de cor marrom-escura (quase negra), 
com manchas avermelhadas na região ventral. Em todo o 
país, existem serpentes não peçonhentas com o mesmo 
padrão de coloração dos corais verdadeiros, porém 
desprovidas de dentes inoculadores. Diferem ainda na 
configuração dos anéis que, em alguns casos, não envolvem 
toda a circunferência do corpo. São denominados falsas-
corais. 
 
Família Colubridae 
Algumas espécies do gênero Philodryas (P. olfersii, P. 
viridissimus e P. patogoniensis) e Clelia (C. clelia plumbea) 
têm interesse médico, pois há relatos de quadro clínico de 
envenenamento. São conhecidas popularmente por cobra-
cipó ou cobra-verde (Philodryas) e muçurana ou cobra-preta 
(Clelia). Possuem dentes inoculadores na porção posterior 
da boca e não apresentam fosseta loreal. Para injetar o 
veneno, mordem e se prendem ao local. 
 
 
Local da picada 
O pé e a perna foram atingidos em 70,8% dos acidentes 
notificados e em 13,4% a mão e o antebraço. 
 
Faixa etária e sexo 
15 a 49 anos (52,3%), que corresponde ao grupo etário onde 
se concentra a força de trabalho. 
O sexo masculino foi acometido em 70% dos acidentes, o 
feminino em 20% e, em 10%, o sexo não foi informado. 
 
Letalidade 
A letalidade geral para o Brasil foi de 0,45%. 
O maior índice foi observado nos acidentes por Crotalus, 
onde em 5.072 acidentes ocorreram 95 óbitos (1,87%). 
 
Epidemiologia: frequência de acidentes por gênero 
Predomínio do acidente botrópico que corresponde a 73,5% 
dos casos de ofidismo notificados no país. 
Seguidos do crotálico (7,5%) 
Laquético (3%) e elapídico (0,7%) 
Há pequenas variações de acordo com a região e a 
distribuição geográfica das serpentes. 
11,8% dos acidentes ofídicos notificados como por serpente 
não identificada. 
Acidentes por serpentes não peçonhentas em 3%, 
provavelmente devido a não utilização de soro específico. 
 
Serpentes de importância médica 
o Bothrops (jararaca) 
o Crotalus (cascavel) 
o Lachesis (surucucu) 
o Micrurus (coral) 
o Algumas da família Colubridae 
 
Acidentes Botrópico 
Corresponde ao acidente com maior importância 
epidemiológica, devido a incidência de cerca de 90% dos 
envenenamentos no país. 
 
➢ Ações do veneno 
Ação proteolítica: possui patogênese complexa e está 
associada com o aparecimento de edema, bolhas e necrose. 
Essas características, possivelmente, decorrem da atividade 
de proteases, hialuronidases e fosfolipases, da liberação de 
mediadores da resposta inflamatória, da ação das 
hemorraginas sobre o endotélio vascular e da ação pró-
coagulante do veneno. 
Ação pró-coagulante: normalmente os venenos botrópico 
ativam o fator X e a protrombina. Possui também ação 
Gráfico do Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por 
Animais Peçonhentos da FIOCRUZ. 
 
3 AV1 – Infectologia – Prof. Cristiane Lamas – Fernanda Pereira - 5º período – 2021.2 
semelhante à trombina, convertendo o fibrinogênio em 
fibrina. Essas ações produzem distúrbios da coagulação, 
caracterizados por consumo dos seus fatores, geração de 
produtos de degradação de fibrina e fibrinogênio, podendo 
ocasionar incoagulabilidade sanguínea. Este quadro é 
semelhante ao da coagulação intravascular disseminada. 
Os venenos botrópicos podem também levar a alterações da 
função plaquetária bem como plaquetopenia. 
Ação hemorrágica: ocorre devido a ação das hemorraginas 
que provocam lesões na membrana basal dos capilares, 
associadas à plaquetopenia e alterações da coagulação 
(esgotamento dos fatores de coagulação).Por que tem ação pró-coagulante e ao mesmo tempo 
hemorrágica? O consumo dos fatores da coagulação de 
forma exagerada em determinados locais promove a falta 
desses fatores em sítio mais distantes, causando a 
hemorragia localizada nesses sítios. 
 
Manifestações locais 
Dor e edema endurado 
Instalação precoce e de caráter progressivo 
Equimose e sangramentos no ponto da picada 
Infarto ganglionar e bolhas, com ou sem necrose. 
 
Manifestações sistêmicas 
Hemorragias à distância como gengivorragias, epistaxes, 
hematêmese, equimoses à distância do local da picada, 
hemorragia em outras cavidades e hematúria. Em gestantes, 
há risco de hemorragia uterina. 
Podem ocorrer náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão 
arterial e, mais raramente, choque. Pode ocorrer hipotensão 
decorrente do sequestro de líquido no membro picado ou 
hipovolemia consequente a sangramentos, que podem 
contribuir para a instalação de insuficiência renal aguda. 
 
Manifestações sistêmicas como hipotensão arterial, choque, 
oligoanúria ou hemorragias intensas definem o caso como 
grave, independentemente do quadro local. 
 
Complicações locais 
Síndrome Compartimental: é rara, caracteriza casos graves, 
sendo de difícil manejo. Decorre da compressão do feixe 
vásculo-nervoso consequente ao grande edema que se 
desenvolve no membro atingido, produzindo isquemia de 
extremidades. As manifestações mais importantes são a dor 
intensa, parestesia, diminuição da temperatura do 
segmento distal, cianose e déficit motor. 
o Como resolver uma síndrome compartimental? 
Fazendo uma fasciotomia, liberando a pressão 
sobre o músculo, permitindo com que ele seja 
perfundido adequadamente. Se necessário, indicar 
transfusão de sangue, plasma fresco congelado ou 
crioprecipitado. 
Abscesso: sua ocorrência tem variado de 10 a 20%. A ação 
“proteolítica” do veneno botrópico favorece o 
aparecimento de infecções locais. Os germes patogênicos 
podem provir da boca do animal, da pele do acidentado ou 
do uso de contaminantes sobre o ferimento. As bactérias 
isoladas desses abscessos são bacilos Gram negativos, 
anaeróbios e, mais raramente, cocos Gram-positivos. 
Necrose: é devida principalmente à ação “proteolítica” do 
veneno, associada à isquemia local decorrente de 
lesão vascular e de outros fatores como infecção, trombose 
arterial, síndrome de compartimento ou uso 
indevido de torniquetes. O risco é maior nas picadas em 
extremidades (dedos) podendo evoluir para gangrena. 
 
Complicações sistêmicas 
Coagulação intravascular disseminada (CIVD): ocorre pelo 
consumo de fatores da coagulação e de plaquetas que se dá 
em resposta ao veneno. A principal complicação da CIVD é a 
hemorragia à distância, principalmente, do trato 
gastrointestinal. 
Choque: é raro e aparece nos casos graves. Sua patogênese 
é multifatorial, podendo decorrer da liberação de 
substâncias vasoativas, do sequestro de líquido na área do 
edema e de perdas por hemorragias. 
Insuficiência Renal Aguda (IRA): também de patogênese 
multifatorial, pode decorrer da ação direta do veneno sobre 
os rins, isquemia renal secundária à deposição de 
microtrombos nos capilares, desidratação ou hipotensão 
arterial e choque. 
Classificação de gravidade 
Leve Moderada Grave 
Mais comum; 
dor e edema 
local ausente ou 
pouco intenso; 
manifestações 
hemorrágicas 
ausentes ou 
discretas; TAP 
normal ou 
alterado. 
Dor e edema 
evidente que 
ultrapassa o 
segmento 
picado. 
Manifestações 
hemorrágicas 
ausentes ou 
presentes 
(gengivorragia, 
epistaxe, 
hematúria); TAP 
normal ou 
alterado. 
Edema local 
endurado e 
extenso, com dor 
intensa; bolhas, 
necrose, 
abscesso, 
síndrome 
compartimental; 
hipotensão, 
choque, 
oligoanúria, 
hemorragias 
internas, 
insuficiência 
renal aguda. 
 
Manifestações e 
Tratamento 
Classificação 
Leve Moderada Grave 
Locais 
- Dor 
- Edema 
- Equimose 
discretas evidentes intensas** 
Sistêmicas: 
- Hemorragias 
- Grave choque 
- Anúria 
ausentes ausentes presentes 
Tempo de 
Coagulação (TC)* 
normal 
ou 
alterado 
normal ou 
alterado 
normal ou 
alterado 
Soroterapia (nº 
ampolas) 
SAB/SABC/SABL 
*** 
2-4 4-8 12 
Via de 
administração 
intravenosa 
* TC normal: até 10 min; TC prolongado: de 10 a 30 min; TC 
incoagulável: > 30 min. 
 
4 AV1 – Infectologia – Prof. Cristiane Lamas – Fernanda Pereira - 5º período – 2021.2 
** Manifestações locais intensas podem ser o único critério 
para classificação de gravidade. 
*** SAB = Soro antibotrópico/SABC = Soro antibotrópico-
crotálico/SABL = Soro antibotrópico-laquético 
 
Exames complementares 
Tempo de Coagulação (TC): de fácil execução, sua 
determinação é importante para elucidação diagnóstica e 
para o acompanhamento dos casos (vide capítulo XI). 
Hemograma: geralmente revela leucocitose com neutrofilia 
e desvio à esquerda (aumento dos bastões), 
hemossedimentação elevada nas primeiras horas do 
acidente e plaquetopenia de intensidade variável. 
Exame sumário de urina: pode haver proteinúria, hematúria 
e leucocitúria. 
Outros exames laboratoriais: poderão ser solicitados, 
dependendo da evolução clínica do paciente, com especial 
atenção aos eletrólitos, uréia e creatinina, visando à 
possibilidade de detecção da insuficiência renal aguda. 
Métodos de imunodiagnóstico: antígenos do veneno 
botrópico podem ser detectados no sangue ou outros 
líquidos corporais por meio da técnica de ELISA (vide capitulo 
XII). 
 
Quando se fala que o TAP está diminuído (menor que 1) e o 
INR (maior que 1) está alargado significa que tem 
possibilidade de sangramento, paciente está anticoagulado. 
Pacientes hepatopatas tem o INR alargado também, porque 
o fígado doente não produz fatores de coagulação 
suficientes. 
 
O INR nada mais é que um cálculo automático, realizado 
pelos aparelhos a partir do resultado do TAP, o que 
permite uma comparação interlaboratorial, 
independentemente da tromboplastina utilizada. 
O valor de referência do tempo de protrombina para uma 
pessoa saudável deve variar entre 10 e 14 segundos. Já no 
caso do INR, o valor de referência para uma pessoa 
saudável deve variar entre 0,8 e 1. 
Porém, no caso de se estar utilizando anticoagulantes 
orais o valor deve estar entre 2 e 3, dependendo da 
doença que levou à necessidade de fazer tratamento com 
esse tipo de remédios 
 
O acidente ofídico é um acidente tetanogênico. Então nós 
temos que olhar para a vacinação do paciente. Se, o paciente 
tomou mais que 3 doses de reforço de vacina contra o tétano 
e última tenha sido a menos que cinco anos não se faz nada. 
Se a ultima dose tiver mais que cinco anos, se faz a dose de 
reforço. Se não tiver mais que três doses se faz o esquema 
completo, soro antitetânica e as 3 doses de vacina 
antitetânica (momento zero, trinta dias depois e sessenta 
dias depois). 
 
Primeira abordagem 
Manter a vítima calma 
Evitar esforços físicos, como correr, por exemplo; 
Procurar um hospital o mais rápido possível, procurando 
tentar saber antes se o mesmo possui soros anti-ofídicos. 
Se possível levar a serpente causadora do acidente para 
facilitar o diagnostico 
Lavar o local da picada 
Não fazer torniquete ou garrote no membro picado, pois 
poderá agravar o acidente, aumentando a concentração do 
veneno no local. 
Não fazer perfurações ou cortes no local da picada, porque 
pode aumentar a chance de infecções bacterianas e/ou 
hemorragias. 
Evitar curandeiros e benzedores, lembrando que o rápido 
atendimento em um hospital é fundamental para a reversão 
do envenenamento. 
Não ingerir bebidas alcoólicas. 
 
Tratamento específico 
Consiste na administração, o mais precocemente possível, 
do soro antibotrópico (SAB) por via intravenosa e, na falta 
deste, das associações antibotrópico-crotálica (SABC) ou 
antibotrópicolaquética (SABL). 
Se o tempo de coagulação permanecer alterado 24 horas 
após a soroterapia, está indicada dose adicional de duas 
ampolas de antiveneno. 
 
Tratamento geral 
Medidas gerais devem ser tomadas como: 
1. Manter elevado e estendido o segmento picado;2. Emprego de analgésicos para alívio da dor; 
3. Hidratação: manter o paciente hidratado, com 
diurese entre 30 a 40 ml/hora no adulto, e 1 a 2 
ml/kg/hora na criança; 
4. Antibioticoterapia: o uso de antibióticos deverá ser 
indicado quando houver evidência de infecção. As 
bactérias isoladas de material proveniente de 
lesões são principalmente Morganella morganii, 
Escherichia coli, Providentia sp e Streptococo do 
grupo D, geralmente sensíveis ao cloranfenicol. 
Antibiótico que cubra Gram positivo, Gram 
negativo e anaeróbios, podendo usar amoxacilina 
com clavulanato. Dependendo da evolução clínica, 
poderá ser indicada a associação de clindamicina 
com aminoglicosídeo. 
 
Tratamento das complicações locais 
Desbridamento de áreas necrosadas, drenagem de 
abscessos e fasciotomia. 
 
Sobre a soroterapia... 
Soro heterólogo: concentrados de imunoglobulinas obtidos 
por sensibilização de diversos animais, sendo mais utilizados 
os de origem equina. 
Instituto Butantan (SP), Fundação Ezequiel Dias (MG) e 
Instituo Vital Brazil (RJ). 
Administração via intravenosa → infusão em 20-60 minutos, 
sob a vigilância estrita da enfermagem. 
De preferência diluído → menor frequência de reações 
 
Reações precoces ao soro 
Urticária, tremores, tosse, náuseas, dor abdominal, prurido 
e rubor facial 
Reação anafilática ou anafilactóides → arritmias cardíacas, 
hipotensão arterial, choque e/ou obstrução de vias 
respiratórias → proteínas heterólogas → formação de 
imunocomplexos → ativação de complemento → 
anafilotoxinas → liberação de histamina 
 
5 AV1 – Infectologia – Prof. Cristiane Lamas – Fernanda Pereira - 5º período – 2021.2 
 
Tratamento das reações precoces 
Suspender a infusão do soro antiofídico 
Expansão volêmica 
Anti histamínico → prometazina (Fenergan®) 
Hidrocortisona 
Adrenalina 
Suporte ventilatório 
Avaliar os riscos e benefícios de continuar o soro nos casos 
de acidentes leves. 
 
Reações tardias ao soro 
Doença do soro 
5-24 dias após a soroterapia 
Febre, artralgia, Linfadenomegalias, urticária e proteinúria 
Tratamento com corticosteroides por 5 a 7 dias 
 
Acidente Laquético 
 
➢ Ações do veneno 
Ação proteolítica: os mecanismos que produzem lesão 
tecidual provavelmente são os mesmos do veneno 
botrópico, uma vez que a atividade proteolítica pode 
ser comprovada in vitro pela presença de proteases. 
Ação coagulante: foi obtida a caracterização parcial de 
uma fração do veneno com atividade tipo trombina. 
Ação hemorrágica: Trabalhos experimentais 
demonstraram intensa atividade hemorrágica do 
veneno de Lachesis muta muta, relacionada à presença 
de hemorraginas. 
Ação neurotóxica: é descrita uma ação do tipo 
estimulação vagal, porém ainda não foi caracterizada a 
fração específica responsável por essa atividade. 
 
Manifestações locais 
São semelhantes às descritas no acidente botrópico, 
predominando a dor e edema, que podem progredir para 
todo o membro. Podem surgir vesículas e bolhas de 
conteúdo seroso ou sero-hemorrágico nas primeiras horas 
após o acidente. As manifestações hemorrágicas limitam-se 
ao local da picada na maioria dos casos. 
 
Manifestações sistêmicas 
Hipotensão arterial, vertigem, bradicardia, escurecimento 
visual, cólicas abdominais e diarreia. 
 
Tratamento geral 
O mesmo do acidente botrópico 
 
Tratamento específico 
O soro antilaquético (SAL), ou antibotrópico-laquético 
(SABL) deve ser utilizado por via intravenosa. 
Nos casos de acidente laquético comprovado e na falta dos 
soros específicos, o tratamento deve ser realizado com 
soro antibotrópico, apesar deste não neutralizar de maneira 
eficaz a ação coagulante do veneno laquético. 
 
 
Acidente crotálico 
 
➢ Ações do veneno 
São três as ações principais do veneno crotálico neurotóxica, 
miotóxica e coagulante. 
Ação neurotóxica: produzida principalmente pela fração 
crotoxina, uma neurotoxina de ação pré-sináptica que atua 
nas terminações nervosas inibindo a liberação de 
acetilcolina. Esta inibição é o principal fator responsável pelo 
bloqueio neuromuscular do qual decorrem as paralisias 
motoras apresentadas pelos pacientes. O grande risco é a 
apneia por paralização da musculatura respiratória. 
Ação miotóxica: produz lesões de fibras musculares 
esqueléticas (rabdomiólise) com liberação de enzimas (CPK, 
LDH) e mioglobina (mais nefrotóxica) para o soro e que são 
posteriormente excretadas pela urina. Não está identificada 
a fração do veneno que produz esse efeito miotóxico 
sistêmico. Há referências experimentais da ação miotóxica 
local da crotoxina e da crotamina. A mioglobina, e o veneno 
como possuindo atividade hemolítica “in vivo”. Estudos mais 
recentes não demonstram a ocorrência de hemólise nos 
acidentes humanos. A liberação dessas enzimas musculares 
e de mioglobina podem levar à insuficiência renal. 
Ação coagulante: Decorre de atividade do tipo trombina que 
converte o fibrinogênio diretamente em fibrina. O consumo 
do fibrinogênio pode levar à incoagulabilidade sanguínea. 
Geralmente não há redução do número de plaquetas. As 
manifestações hemorrágicas, quando presentes, são 
discretas. 
 
Manifestações locais 
Dor ausente ou leve, e discreto edema no local da picada 
Parestesia local ou regional 
 
Manifestações sistêmicas 
Mal estar, sudorese, náuseas, vômitos e xerostomia 
Fácies miastênica: ptose palpebral uni ou bilateral, flacidez 
da musculatura facial, alterações pupilares, oftalmoplegia 
Dores musculares generalizadas, mioglobinúria 
(rabdomiólise = necrose da musculatura esquelética) 
levando a insuficiência renal aguda, que é a principal 
complicação e causa de óbito. 
Distúrbios da coagulação → aumento do tempo de 
coagulação ou incoagulabilidade com gengivorragia ou 
outros sangramentos de pequena monta. 
 
 
6 AV1 – Infectologia – Prof. Cristiane Lamas – Fernanda Pereira - 5º período – 2021.2 
 
 
Manifestações neurológicas 
O aparecimento das manifestações neuroparalíticas tem 
progressão craniocaudal, iniciando-se por ptose palpebral, 
turvação visual e oftalmoplegia. Fácies miastênica (fácies 
neurotóxica de Rosenfeld) evidenciadas por ptose palpebral 
uni ou bilateral, flacidez da musculatura da face, alteração 
do diâmetro pupilar, incapacidade de movimentação do 
globo ocular (oftalmoplegia), podendo existir dificuldade de 
acomodação (visão turva) e/ou visão dupla (diplopia). 
Distúrbios de olfato e paladar, além de ptose mandibular e 
sialorreia pode ocorrer com o passar das horas. Dificuldades 
de deglutição e diminuição do reflexo de vômito. 
Raramente a musculatura da caixa toráxica é acometida, o 
que ocasiona insuficiência respiratória 
As manifestações neurotóxica regridem lentamente, porém 
são totalmente reversíveis. 
 
 
Exames complementares 
Aumento de creatinofosfoquinase (CPK), de desidrogenase 
lática (LDH), aspartato-amino-transferase (AST) e aspartato-
alanino-transferase (ALT). O aumento da CK é precoce, com 
pico de máxima elevação dentro das primeiras 24 horas após 
o acidente. O aumento da LDH é mais lento e gradual, 
constituindo-se, pois, em exame laboratorial complementar 
para diagnóstico tardio do envenenamento crotálico. 
Tempo de coagulação aumentado 
Hemograma com leucocitose e neutrofilia 
EAS com mioglobinúria 
Uréia, creatinina e eletrólitos 
Na fase oligúrica da IRA, são observadas elevação dos níveis 
de uréia, creatinina, ácido úrico, fósforo, potássio e 
diminuição da calcemia. 
 
Tratamento geral 
Hidratação é fundamental para evitar a insuficiência renal 
aguda. 
 
 
 
 
 
 
Tratamento específico 
Soroterapia 
Manifestações e 
Tratamento 
Classificação 
Leve Moderada Grave 
Fácies miastênica/ 
Visão turva 
Ausente 
ou tardia 
Discreta 
ou 
evidente 
Evidente 
Urina vermelha ou 
marrom 
ausente Pouco 
evidente 
ou 
ausente 
presente 
Mialgia Ausentes 
ou 
discreta 
discreta Intensa 
Oligúria/anúria Ausente Ausente Presente 
ou 
ausente 
Tempo de 
Coagulação (TC)* 
normal 
ou 
alterado 
normal ou 
alterado 
normal 
ou 
alterado 
Soroterapia (nº 
ampolas) 
SAC/SABC*5 10 20 
Via de 
administração 
intravenosa 
* SAC = Soro anticrotálico/SABC = Soro antibotrópico-
crotálico. 
 
Acidente Elapídico 
Corresponde a 0,4% dos acidentes por serpentes 
peçonhentas registrados no Brasil. Pode evoluir para 
insuficiência respiratória aguda, causa de óbito neste tipo de 
envenenamento. 
 
➢ Ações do veneno 
Os constituintes tóxicos do veneno são denominados 
neurotoxinas (NTXs) e atuam da seguinte forma: 
 
NTX de ação pós-sináptica: existem em todos os venenos 
elapídicos até agora estudados. Em razão do seu baixo peso 
molecular pode ser rapidamente absorvidas para a 
circulação sistêmica, difundidas para os tecidos, explicando 
a precocidade dos sintomas de envenenamento. As NTXs 
competem com a acetilcolina (Ach) pelos receptores 
colinérgicos da junção neuromuscular, atuando de modo 
semelhante ao curare. Nos envenenamentos onde 
predomina essa ação (M. frontalis e M. lemniscatus), o uso 
de substâncias anticolinesterásticas (edrofônio e 
neostigmina) pode prolongar a vida média do 
neurotransmissor (Ach), levando a uma rápida melhora da 
sintomatologia. 
NTX de ação pré-sináptica: estão presentes em algumas 
corais (M. coralliunus) e também em alguns viperídeos, 
como a cascavel sul-americana. Atuam na junção 
neuromuscular, bloqueando a liberação de Ach pelos 
impulsos nervosos, impedindo a deflagração do potencial de 
ação. Esse mecanismo não é antagonizado pelas substâncias 
anticolinesterásicas. 
 
Manifestações locais 
 
7 AV1 – Infectologia – Prof. Cristiane Lamas – Fernanda Pereira - 5º período – 2021.2 
Parestesia local e dor discreta 
 
Manifestações sistêmicas 
Vômitos no início do quadro 
Fraqueza muscular progressiva 
Ptose palpebral 
Oftalmoplegia 
Dificuldades de sustentar o corpo 
 
Complicações 
Paralisia flácida da musculatura respiratória 
 
Tratamento geral 
Suporte ventilatório (não invasivo ou invasivo) 
Anti colinesterásicos → neostigmina 
- Rápida reversão do sintoma respiratório 
- Somente para veneno com ação pós sináptica 
Atropina → sempre antes da neostigmina 
- Prevenção de bradicardia e hipersecreção 
 
 
Tratamento específico 
O soro antielapídico (SAE) deve ser administrado na dose de 
10 ampolas, pela via intravenosa, segundo as especificações 
incluídas no Capítulo Soroterapia. Todos os casos de 
acidente por coral com manifestações clínicas devem ser 
considerados como potencialmente graves. 
 
 
Exames complementares 
Não há exames específicos para o diagnóstico. 
 
 
 
 
 
Prognóstico 
Acidentes são leves em 50,7%, moderados em 36,1% e 
graves em 6,8%. 
A letalidade geral é relativamente baixa (0,4%). 
O tempo decorrido entre o acidente e o atendimento e o tipo 
de envenenamento podem elevar a letalidade em até 8 
vezes por exemplo no envenenamento crotálico, quando o 
atendimento é realizado mais de 6 a 12 horas após o 
acidente (letalidade é de 4,7%). 
Sequelas relacionadas a complicações locais ocorrem em 
10% nos acidentes botrópicos, associada a fatores de risco, 
como o uso de torniquete, picada em extremidades (dedos 
de mãos e pés) retardo na administração da soroterapia. 
 
Para evitar o acidente ofídico 
Sempre que for andar nas florestas, andar calçado. Cerca de 
80% das picadas acontecem do joelho para o pé, sendo 50% 
na região do pé. O uso de botinas ou botas preveniria melhor 
que um tênis. 
Evitar acumulo de lenhas, entulhos e lixos próximos a 
moradias humanas 
Evitar acumulo de alimentos que atraiam roedores. 
Usar luvas de couro ao remover lenhas. 
Não colocar as mãos dentro de buracos do solo ou de 
arvores. 
Olhar para o chão quando estar andando em trilhas. 
Procurar não andar fora das trilhas 
Ao atravessar troncos caídos, olhar sobre ou atras dele 
Evitar andar a noite, pois é o horário de maior atividade das 
serpentes venenosas 
Ao sentar-se no chão, olhar primeiro em volta 
Ao encontra uma cobra, avise ao restante do grupo sobre 
onde ela se encontra e procure desviar-se dela. Permita que 
ela escape, pois em principio as cobras não confrontam 
animais maiores como indivíduos humanos.

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