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ADENOMEGALIAS Ambulatório de Pediatria Linfonodos aumentados são comuns em pediatria. A criança possui mais tecido linfóide que o adulto e apresenta resposta linfóide mais exacerbada aos antígenos externos. Seu aumento ocorre pela proliferação dos linfócitos do linfonodo ou pela infiltração de células inflamatórias extrínsecas ou malignas. A maioria dos casos associa- se ao crescimento normal do tecido linfóide ou a processo reativo de doenças benignas e autolimitadas. Dados importantes da anamnese e do exame físico: - Idade da criança (não costumam ser palpados em recém- nascidos); - Tipo de início; - Tamanho dos linfonodos (linfonodos de até 1,5 cm de diâmetro podem ser atribuídos à evolução do tecido linfóide, que se desenvolve progressivamente atingindo o pico entre 4 e 8 anos com involução até a puberdade); - Velocidade de crescimento; - Localização (a palpação de gânglios em algumas cadeias como as pré ou pós- auriculares, supraclaviculares, epitrocleares e poplíteas deve suscitar o aprofundamento da investigação diagnóstica); - Características dos gânglios, como: dor à palpação, aumento de temperatura, aderência a planos profundos e consistência; - Uso de drogas como difenil- hidantoína, pirimetamina, fenilbutazona, alopurinol, isoniazida e hidralazina; - Situação vacinal; - Sintomas e sinais associados: febre, exantemas, infecções de pele ou outras infecções, perda de peso, anemia, sintomas gastrointestinais, respiratórios, do aparelho osteoarticular e hematológicos (petéquias, púrpuras ou sangramentos), hepato e/ou esplenomegalia; - Antecedentes epidemiológicos: procedência, viagens recentes, contato com animais. Classificação ● Evolução: Aguda (< 15 dias) ou Crônica; ● Distribuição: Localizada (regional) ou generalizada (acomete mais de duas cadeias ganglionares não contíguas). ● Localização: Superficial (áreas que permitem visualização e/ou palpação) ou Profunda (sintomas de compressão ou inespecíficos, como tosse e dispnéia na adenomegalia hilar por TB ou dor abdominal na adenite mesentérica). *LUES = Sífilis Diagnóstico Linfonodos agudamente infectados são dolorosos. Pode haver também eritema e calor na parte sobrejacente. A presença de flutuação sugere a formação de um abcesso. Em infecções crônicas, muitos desses sinais não estão presentes. Nódulos tumorais são geralmente firmes e indolores e podem supurar ou ficar aderidos à pele ou a estruturas subjacentes. Um linfonodo firme e fixo sempre deve levantar a possibilidade de neoplasia, independentemente da presença ou ausência de sintomas sistêmicos ou outros achados físicos anormais. A adenopatia generalizada é causada por muitas doenças sistêmicas e é frequentemente acompanhada de achados físicos anormais em outros sistemas. Em contraste, a adenopatia regional geralmente resulta de uma infecção do nódulo envolvido e/ou da sua área de drenagem. Quando é causada por outros agentes infecciosos, que não bactérias, a adenopatia pode se caracterizar por comprometer áreas anatômicas atípicas, por um curso prolongado, pela presença de um seio de drenagem, ausência de história de infecção piogênica prévia e pistas incomuns na história clínica (arranhadura de gato, exposição à TB, doença venérea). Na avaliação inicial de uma linfoadenomegalia a realização do hemograma completo, radiografia de tórax e ultrassonografia abdominal e pélvica permitem avaliar, respectivamente, infiltração de medula óssea associada, gânglios profundos mediastinais e/ou intra-abdominais e pélvicos. Alterações no hemograma como anemia normocrômica normocítica, leucopenia ou leucocitose associadas a granulocitopenia e/ou blastos, plaquetopenia levam a coleta do mielograma. Leucocitose com neutrofilia ou eosinofilia importantes ou linfócitos atípicos sugerem causas infecciosas, parasitárias ou virais, sem necessidade de intervenção diagnóstica imediata. Se, apesar do hemograma inicial normal, nos deparamos com um Rx de tórax com alargamento mediastinal, independente do tempo de evolução ou das características do gânglio, este achado levará a intervenção imediata, como biópsia do gânglio ou mesmo mielograma, para se afastar a possibilidade de uma neoplasia (linfoma, leucemia ou tumor sólido). A presença de adenomegalia profunda (mesentéricas, ilíacas, pélvicas) ou supraclavicular deve alertar o pediatra à necessidade de investigação mais atenta. Casos infecciosos como mononucleose infecciosa podem apresentar gânglios intra-abdominais, além de leucemias, linfomas e alguns tumores sólidos. Também necessitam intervenção imediata aqueles pacientes que, independente do tempo de evolução da adenomegalia, e mesmo com hemograma normal, apresentam-se com estado geral comprometido e sinais e sintomas sistêmicos (perda de peso, palidez, artralgia, claudicação, irritabilidade). Nos pacientes onde optou-se observação clínica inicial, independente da localização do gânglio a biópsia ganglionar sempre deverá ser realizada se ocorrerem mudanças nas características inicias do gânglio (aumento de tamanho), aparecimento de sintomas sistêmicos, ausência de diminuição em 4 a 6 semanas ou não regressão ao normal em 8 a 12 semanas. Tratamento A avaliação e o tratamento da linfadenopatia são guiados pelo fator etiológico provável, conforme sugerido pela história e exame físico. Muitos pacientes com adenopatia cervical têm história compatível com infecção viral e não necessitam de nenhuma intervenção. Se houver suspeita de infecção bacteriana, está indicado o tratamento antibiótico que cubra pelo menos estreptococos e estafilococos. Aqueles que não respondem a antibióticos orais, com edema e febre persistentes requerem antibióticos antiestafilocócicos. Se não houver resposta em 1 - 2 dias ou se houver sinais de obstrução de via aérea ou toxicidade significativa, uma TC ou uma USG do pescoço devem ser realizadas. Se houver pus, este pode ser aspirado guiado pela TC ou USG, ou, se for muito extenso, irá precisar de incisão e drenagem. Devem se obter o gram e cultura do pus. Abcessos requerem drenagem cirúrgica. O tamanho dos nódulos envolvidos deve ser documentado antes do tratamento. A falha em diminuir o tamanho dos nódulos em 10 - 14 dias também sugere a necessidade de uma avaliação mais minuciosa. Esta pode incluir um hemograma completo com contagem diferencial; sorologias para EBV, CMV, Toxoplasmose e a doença da arranhadura do gato; dosagens sorológicas antiestreptolisina O (ASLO ou ASO) ou anti- DNAse; teste tuberculínico cutâneo (PPD) e radiografia de tórax. Se estes não forem diagnósticos, uma consulta com um infectologista ou oncologista pode ser útil. A biópsia pode ser considerada se houver febre persistente ou inexplicável, perda de peso, sudorese noturna, linfonodos endurecidos ou linfonodos aderidos aos tecidos adjacentes. A biópsia também pode estar indicada se houver um aumento do tamanho acima do basal ao longo de duas semanas, nenhuma redução de tamanho em 4- 6 semanas ou não retorno ao “normal” em 8 - 12 semanas, ou ainda se aparecerem novos sinais e sintomas. FONTES: Manual Prático de Atendimento em Consultório e Ambulatório de Pediatria, SBP Tratado de Pediatria, Nelson, http://www.spsp.org.br/2011/01/21/adenomegalia_um_dilema_para_o_pediatra/ http://www.spsp.org.br/2011/01/21/adenomegalia_um_dilema_para_o_pediatra/
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