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A periodontia vem se desenvolvendo com a inclusão de novos conhecimentos da biologia celular e molecular, dando um suporte ao entendimento da etiologia, patogenia, tratamento e controle da doença periodontal. Em decorrência disso obtivemos precisão no diagnóstico controle e tratamento da doença periodontal, além de melhores previsões nos resultados clínicos, principalmente com a restauração dos tecidos periodontais, através das técnicas de cirurgia plástica periodontal. O termo cirurgia mucogengival foi introduzido por Friedman (1957) sendo definida como procedimentos cirúrgicos destinados a preservar a gengiva, remover freio proeminente ou inserções musculares que apresentem anomalias e aumentar a profundidade de vestíbulo. Em 1993 Miller sugeriu que o termo cirurgia plástica periodontal era o mais apropriado, pois o termo cirurgia mucogengival era muito abrangente e incluía tratamentos além dos convencionais. O termo cirurgia plástica periodontal tem como definição segundo Miller, procedimentos de cirurgia plástica planejados para corrigir defeitos na morfologia, na posição e/ou na quantidade de gengiva ao redor dos dentes (hoje também é incluído os implantes). Expectativa dos pacientes: Os pacientes esperam longa duração dos resultados estéticos e funcionais com alto índice de previsibilidade, que os procedimentos sejam poucos invasivos com preservação de estruturas dentárias e máximo conforto. Deve-se durante o tratamento evitar próteses removíveis para evitar trauma, maximizando o custo/benefício do procedimento. TÉCNICAS PARA AUMENTO DE TECIDOS MOLES: Atualmente trabalha-se de forma minimamente invasiva, normalmente as incisões são feitas em sulcos, bolsas e túneis; os retalhos são feitos em envelope (misto, parcial ou total); isso leva a incisões minimamente traumáticas. A utilização de técnicas minimamente invasivas tem como desvantagem: técnica sensível ao operador, maior tempo consumido, requer gengiva prévia, exige espessura de tecido mole na face vestibular de em média 1,5mm. FENÓTIPOS PERIODONTAIS: Os fenótipos podem ser espessos, intermediários e finos. Isso pode ser visto através de um sondagem e tomografia computadorizada para checagem da espessura da tábua óssea vestibular. O fenótipo periodontal fino é um fator de alto risco ao desenvolvimento de doença periodontal e perimplantar. No entanto, a maior previsibilidade das cirurgias mucogengivais se deve a: formação de tecido resistente à recessão, maior espessura de gengiva queratinizada e perfil emergente adequado. Baixo nível de sangramento à sondagem e inserção clínica (2,5mm) Diferenças de retrações do tecido marginal: -retrações associadas com fatores mecânicos (resultantes de técnicas de escovação inadequada); - retrações associadas com lesões inflamatórias localizadas induzidas por placa (resultante de inflamação provocada pelo biofilme subgengival); - retrações associadas com formas generalizadas de doença periodontal severa (perda de suporte periodontal). CLASSIFICAÇÃO DA RECESSÃO DE TECIDO MARGINAL Utiliza-se a classificação de Miller (1985), onde se avalia a posição mais apical da margem gengival em relação a junção cemento-esmalte e tem vários tipos de recessão: Classe I (sem perda de papila e não passa a linha mucogengival), Classe II (sem perda de papila e recessão passa da linha mucogengival), Classe III (pouca perda proximal e a margem vestibular está apical) e Classe IV (perda horizontal e perda da crista). Pacientes com classe I possuem melhor prognóstico que os demais, possuindo também maior previsibilidade do tratamento. INTRODUÇÃO RECESSÃO DE TECIDO MARGINAL TÉCNICAS PARA RECOBRIMENTO RADICULAR: Um dos primeiros estudos que foram feitas tentativas para avaliar a importância da faixa de gengiva inserida para manutenção da saúde periodontal foi realizado por Lang e Loe. Esses estudos mostraram que mesmo os dentes que apresentavam faixa de gengiva menor que 2mm apresentavam inflamação constante, sendo necessário lançar mão de procedimento para aumento de gengiva na região. Fatores causais: Inflamação periodontal induzida por placa; trauma causado pela escovação; movimentação ortodôntica; posicionamento inadequado do dente. O controle desses fatores evitará a progressão da futura recessão. Indicações: necessidades estéticas; hipersensibilidade radicular; tratamento de lesões cariosas rasas na superfície radicular; abrasões cervicais; alteração da topografia do tecido marginal (facilita o controle de placa). TÉCNICAS PROPOSTAS: Retalhos pediculados de tecidos moles: retalho reposicionado lateralmente (RRL); retalho de dupla papila (RDP); retalho reposicionado coronalmente (RRC); retalho semilunar (RSL). Enxertos não submersos: enxerto gengival livre (1 estágio – EGL); Enxerto gengival livre + retalho reposicionado coronalmente (2 estágios – EGL + RRC) Regeneração tecidual guiada (RTG): retalho reposicionado coronalmente (RRC) + membrana reabsorvível; retalho reposicionado coronalmente (RRC) + membrana não reabsorvível. Enxertos submersos (conjuntivo ou matriz dérmica acelular – MDA): enxerto de tecido conjuntivo + retalho reposicionado lateralmente (ETC + RRL); enxerto de tecido conjuntivo + retalho de dupla papila (ETC + RDP); enxerto de tecido conjuntivo + retalho reposicionado coronalmente (ETC + RRC); Enxerto de tecido conjuntivo subepitelial (técnica clássica – ETCS); técnica de envelope (TE) e técnica de túnel (TT). CONCEITOS: Enxerto pediculado de tecidos moles: procedimentos de retalhos posicionados, como por exemplo retalho posicionado lateralmente, retalho de dupla papila, retalho posicionado obliquamente. Enxerto livre de tecidos moles: que vêm do palato ou do túber. São procedimentos avançados, como retalho reposicionado coronariamente, retalho semilunar reposicionado coronariamente. O enxerto pode ser epitelizado (também chamado de gengival livre) ou de tecido conjuntivo subepitelial. - Considerações anatômicas: Avaliar a altura do palato se ele é raso, médio ou profundo e também a relação da área doadora com o feixe neurovascular. - Proteção da área cirúrgica doadora: Para proteção da área cirúrgica, pode-se utilizar colagel® (um tipo de cola específica para proteção cirúrgica) ou matriz dérmica ou Histoacryl® Indicações: impossibilidade de um deslocamento lateral coronal, dupla papila, isoladamente; recessões múltiplas; recessões gengivais isoladas e largas; comprometimento estético. Contraindicações: área doadora com pouca espessura (optar por matriz dérmica acelular); má higiene bucal e não colaboração do paciente; fatores de risco que não possam ser modificados; vestíbulo raso e inserção de freios e bridas próximos da margem gengival (indica-se frenectomia ou bridectomia previamente aos enxertos). Vantagens: melhor padrão de reparação tanto na área doadora quando na receptora, isso comparado a técnica de enxerto gengival livre; cor do enxerto torna- se semelhado a dos tecidos subjacentes; melhor cobertura radicular; melhor nutrição do enxerto (tanto do tecido conjuntivo/periósteo subjacente quanto do retalho que o recobre) Desvantagens: necessita de duas áreas cirúrgicas; maior tempo cirúrgico (dois sítios cirúrgicos); maior destreza manual. - Enxerto subepitelial de tecido conjuntivo: Foi criada para corrigir deformidades no rebordo alveolar. Essa técnica cria área queratinizada em torno dos implantes, essencialmente para as implantações múltiplas em mandíbula, onde há ausência total de tecido queratinizado. Se faz o retalho trapezoidal e misto e se descontamina a raiz com EDTA durante 2minutos e lava com soro fisiológico. ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO Na área doadora, se remove o enxerto e em seguida remove-sea parte epitelial dele, ficando somente com a conjuntiva. Outra possibilidade é remover somente parte de tecido conjuntivo e deixando o tecido queratinizado ainda na parte doadora. A remoção do enxerto deve ser feita entre o canino e até a mesial do primeiro molar para evitar acidentes. Adapta-se a parte conjuntiva com suturas reabsorvíveis na área receptora para sua estabilização. Recobre-se o retalho recobrindo totalmente o tecido conjuntivo ou deixando exposta uma pequena faixa dele dependendo do caso. Faz-se também a sutura com fios extremamente finos e não reabsorvíveis. - Técnica mista de túnel: Pode ser feita em recessões mais rasas. Se faz uma incisão intrassulcular com uma microlâmina, seguido de descoladoras menores (chamados de tunelizadores). Esta técnica permite ganho de espaço em forma de túnel, sem necessidade de se realizar retalhos mais invasivos. -Avaliação do sítio receptor Classe I: Defeito em espessura (vestíbulo-lingual), com altura normal. Classe II: Defeito em altura (apico-coronal), com espessura normal (vestíbulo-lingual). Classe III: Defeito combinado (perda apico-lingual e vestíbulo-lingual). TECIDO QUERATINIZADO AO REDOR DE IMPLANTES: A atual demanda funcional e estética em implantes exige um amplo conhecimento científico da implantodontia. Pode-se fazer na cirurgia um “túnel” para ganhar altura e espessura de gengiva queratinizada ao redor de implantes é uma forte tendência. Instalar implantes em mucosa alveolar com pouca ou nenhuma faixa de tecido queratinizado, pode comprometer o sucesso da terapia a longo prazo. Implantes instalados em regiões carentes de mucosa queratinizada teve média maior de perda de osso alveolar quando comparadas aos instalados em áreas de ampla mucosa queratinizada. Limitações e complicações clínicas nas cirurgias mucogengivais em implantodontia: alterações de cor e textura em relação aos tecidos circundantes; contração do enxerto e limitada aderência ao pilar de titânio. Técnicas cirúrgicas para melhorar a qualidade dos tecidos moles em implantodontia: enxerto livre de mucosa mastigatória; conjuntivo subepitelial; retalho posicionado apicalmente; técnica de rolo modificada; microcirurgias. Fatores de riscos relacionados a perimplantites: dificuldade de higienização sob mucosa; pouco tecido fibroso em contato com os pinos propiciando insuficiente barreira mecânica aos periodonto- patógenos. - Técnica de rolo modificada: É o deslocamento vestibular de tecido conjuntivo, com duas disseções em espessura total do tecido palatino de maneira a conservar uma fina camada de epitélio- conjuntivo. Ou seja, se desloca um retalho palatino em direção vestibular para ganho de espessura de tecido nessa região. CREEPING ATTACHMENT: Após o enxerto, pode-se ganharam Creeping Attachment, que é a migração coronária pós- operatória do tecido gengival marginal sobre superfícies radiculares anteriormente desnudas proporcionando recobrimento radicular tardio. ENXERTO DÉRMICO ACELULAR: Conhecidos como Alloderm® ou Mucoderm®. Possuem bons resultados clínicos quando comparados aos enxertos autógenos. Possuem uma superfície basal e uma superfície dérmica, sendo necessário se atentar a isso durante a cirurgia. Podem ser utilizados em recessões múltiplas, onde não há área doadora suficiente para enxertos autógenos. Vantagens na utilização da alloderm: Alto índice de sucesso e uma excelente estética; não há necessidade de obter o enxerto do palato; permite o tratamento de um número ilimitado de defeitos; diminui as complicações e aumenta a eficácia da técnica cirúrgica. MATRIZ COLÁGENA SUÍNA: Enxerto heterógeno de origem animal. O mais conhecido no mercado brasileiro é o Fibro-Guide®. Abaixo, uma tabela comparativa com o outro substituto de enxerto já citado. Pontos-chave para utilização do fibro-guide®: 1- Considerar a extensão do defeito: recomendado para defeitos pequenos/moderados. 2- tecido remanescente com espessura >1mm e >2mm de tecido queratinizado 3- recorte e ajuste da matriz no estado seco com tesoura ou lâmina de bisturi 4- suturas altamente passivas. ÚLTIMA GERAÇÃO DE MEMBRANA: São membranas bioabsorvíveis assoaciadas com fatores de crescimento, proteínas morfogenéticas ósseas, plasma rico em fibrina/plaqueta. A mais conhecida é a Emdogain®. O Emdogain® tem como vantagens a redução do risco de complicações de feridas, ajudando na reepitelização (estimulando a formação de gengiva queratinizada) cicatrização, pode ser usado ao invés das outras membranas, SUBSTITUTOS DE TECIDOS PARA ENXERTO
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