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Sabemos que a terapia periodontal não cirúrgica abrange bem os seus objetivos, porém não consegue fazer a recuperação dos tecidos periodontais perdidos e a partir daí a terapia periodontal cirurgica ganha um destaque. Objetivos gerais da terapia periodontal Prevenção, eliminação ou controle da doença, recuperação dos tecidos periodontais e manutenção dos resultados obtidos. Plano de tratamento periodontal ● Urgências e fase sistêmica: se um paciente chega no consultório com um abcesso, há uma preferência de se tratar o abcesso antes de fazer as orientações de higiene bucal, ou resolver um problema sistêmico antes do tratamento (diabético descompensado, por exemplo). ● Terapêutica cirúrgica periodontal: Conjunto de procedimentos executados com uma lâmina, bisturi elétrico ou laser que ressecta tecido ou envolve o rebatimento de um retalho para alcançar os seus objetivos terapêuticos. Objetivos Clínicos específicos da terapia periodontal Eliminação da doença inflamatória pela retirada do biofilme dental e fatores etiológicos secundários, além do estabelecimento de um ambiente local com anatomia compatível com a manutenção de saúde e estética periodontal. OBS: alguns desses objetivos são impossíveis de alcançar apenas com a terapia não cirúrgica, por isso a necessidade da realização de cirurgia. Reavaliação após terapia não cirúrgica (após 4 - 8 semanas) ● Aspecto de normalidade da gengiva; ● Sangramento e/ou supuração à sondagem; ● Profundidade de sondagem; ● Mobilidade dentária; ● Índices de biofilme. Indicações comuns de terapêutica cirúrgica periodontal ● Áreas com contornos ósseos irregulares e defeitos intraósseos extensos e/ou profundos. ● Bolsas residuais profundas e/ou de difícil acesso em que a remoção completa do biofilme sem ci rurgia não é possível. (Bolsas <5 mm) ● Correção ou prevenção de invasões do espaço biológico. ● Áreas com lesão de furca grau II e III. ● Áreas com crescimentos gengivais. ● Áreas com problemas mucogengivais. Contraindicações gerais ● Portadores de doenças sistêmicas sérias não controladas; ● Quando não for possível acompanhar o pós operatório do paciente; ● Quando o paciente é incapaz de manter o controle do biofilme adequado; ● Pacientes fumantes. Fases cirúrgicas 1. Cuidados pré-operatórios 2. Preparação do profissional, equipamento/instrumental e paciente 3. Anestesia 4. Incisões 5. Confecção do retalho 6. Remoção do tecido fibroso e de graulação 7. RAR 8. Remoção e recontorno de tecido ósseo e/ou colocação de enxertos 9. Readaptação do retalho e sutura 10. Colocação do cimento cirúrgico 11. Cuidados pós operatórios Cuidados pré operatórios ● Conferência na assinatura do termo de consentimento; ● Análise de exames; ● Profilaxia antibiótica (pacientes com condições de maior risco para endocardite bacteriana); ● Prevenção de dor e edema (Prescrição de corticóides antes da cirurgia para diminuir o trauma); ● Controle da ansiedade (Prescrição de benzodiazepínicos: protocolo de ansiedade). Análise de exames 1. Hemograma: Observar série branca e alterações das hemoglobinas (observar caso de anemias e infecções) 2. Glicemia em jejum: 66-99 mg/dL 3. Coagulograma: - TC: 4-10 min - TS: 1-4 min - TTPA: 24-40s - RNI: 1,0 - 2,0 - Plaquetas: 150-400/mL de sangue OBS: Variações de parâmetros de acordo com o laboratório Preparação do profissional Paramentação com os epis:luva, touca, faceshield, avental, propé, etc. Preparação do equipamento/instrumental Toda superfície que será tocada deve ser coberta com material estéril, podendo ser em tecido ou material descartável como o TNT. A organização da bancada não exige uma forma padrão, mas normalmente irá seguir a ordem de utilização dos instrumentos. Preparação do paciente O paciente deve ser protegido com o campo estéril e nele é realizada a antissepsia extra oral (clorexidina 2%) e intraoral (clorexidina 0,2%) Anestesia Técnicas: ● Tópica; ● Infiltrativa; ● Bloqueio; ● Papilar (mais utilizada na periodontia) Agentes: ● Lidocaína; ● Mepivacaína (de preferência com vasoconstrictor, para auxiliar no controle de sangramentos durante a cirurgia, o que é bastante importante em cirurgias periodontais). Incisões Podem ser classificadas de acordo com a sua localização em: 1. Intra-sucular: o bisturi é inserido dentro do sulco gengival 2. Sub-marginal ou paramarginal: quando é realizada aquém da margem da gengiva, com a distância variando de acordo com os objetivos específicos. 3. Interdental: incisões horizontais 4. Relaxante: incisões em sentido corono-apical (não são muito utilizadas atualmente, porque deixam uma linha cicatricial onde são realizadas) Também podem ser classificadas de acordo com a inclinação da lâmina em: 1. Bisel interno: se a ponta da lâmina estiver voltada para a crista óssea alveolar. 2. Bisel externo: se a ponta da lâmina estiver voltada para a coroa do dente. Anatomia Cirúrgica Peocupa-se com a anatomia cirúrgica principalmente em cirurgia de enxertos, uma vez que coleta de material do palato pode lesionar a artéria ou o nervo palatino, mas, no geral, não há estruturas vitais lesionadas com frequência em cirurgias periodontais. Ressecção do tecido ou rebatimento do retalho Ressecção do tecido: remoção com uma pinça do tecido e posterior descarte. Rebatimento de retalho: desprende a gengiva da junção cemento esmalte, mas ela fica presa apicalmente ao tecido ósseo. Retalho periodontal Segmento de tecido gengival que é cirurgicamente separado dos tecidos de suporte coronalmente, mas que na região apical, se mantém aderido através de um pedículo de tecido conjuntivo vascularizado. Classificação do retalho periodontal Os retalhos recebem classificações de importância clínica: ● Uso ou não de incisões relaxantes: caso utilize as incisões relaxantes, então tem-se o retalho com incisão relaxante, caso não, tem-se o retalho do tipo envelope. ● Com base nos tecidos que são separados do osso durante a sua confecção: ele será chamado de retalho muco periósteo ou de espessura total quando se rebate esse retalho, deixa-se o tecido ósseo exposto, e será chamado de retalho dividido ou de espessura parcial quando se confecciona o retalho e deixa-se sobre o osso o periósteo e uma faixa de tecido conjuntivo Debridamento de tecido fibroso de granulação ● Importante para conseguir readaptar o retalho posteriormente e controlar o sangramento durante a cirurgia. ● Utiliza-se os mesmos instrumentos ● utilizados na RAR com uma dimensão maior e em algumas situações instrumentos manuais/ instrumentos rotatórios com brocas específicas. Hemostasia Controle do sangramento 1. Compressão com gaze; 2. Anestésico Local contendo vasoconstritor; 3. Substâncias adstringentes (hemostop); 4. Outros. Raspagem e Alisamento Radicular Caso haja biofilme subgengival, já se faz a remoção mecânica por visão direta. Ressecção óssea ou colocação do material de enxerto Regularização de bolsas para recuperação do espaço biológico/ Colocação de materiais de enxerto preenchendo defeitos ósseos. Readaptação do retalho Posicionar o retalho no local que queremos que ele fique, podendo ser realizado de duas formas: 1. Retalhos reposicionados - descolar a gengiva e recolocar na posição original 2. Retalhos deslocados - muda a posição do retalho no sentido corono-apical (redução da profundidade da bolsa, para redução da profundidade de bolsa ou para conseguir mais gengiva inserida). Podem ser: ● Retalhos deslocados apicalmente (RDA) ● Retalhos deslocados coronalmente (RDC) ● Retalhos deslocados lateralmente (RDL) Sutura Pode ser de vários tipos: ● Ponto simples ● Ponto contínuo ● Ponto em chanfradura ● Ponto em X ● Outros Cimento cirurgico Pode-se utilizar tendo ou não feito a sutura, para proteger a área cirúrgica; Indicações: ● Gengivectomia - onde não há sutura e se coloca para a proteção da área cirúrgica; ● Retalhos. Contra-indicações: Retentor de biofilme. Cuidados pós operatórios ● Controle de dor e edema (AINES); ● Recomendações de dieta; ● Higiene oral(escovação normal de todas as áreas da boca, menos a operada + bochecho com clorexidina 0,12%); ● ● ● ● Controle de sangramento (compressa com gases/se for o caso, avaliar e encaminhar para serviço de urgências odontológicas); ● Atestados (normalmente 1 dia de repouso) Remoção do cimento e da sutura Uma semana após a cirurgia Reavaliação Pode ser realizada após 30, 45 ou 60 dias, dependendo do tipo de cirurgia Objetivos específicos da terapêutica cirúrgica e técnicas cirúrgicas ● Instrumento radicular com visão direta; ● Redução ou eliminação de áreas retentoras de biofilme; ● Viabilizar procedimentos restauradores; Promover a regeneração de tecidos perdidos; ● Restabelecimento de arquitetura fisiológica e estética dos tecidos periodontais; ● Correção de outros problemas mucogengivais. Cirurgias Conservadoras ● Retalho de Widman modificado: rebate a gengiva para fazer a raspagem radicular por visão direta. Realização de um retalho subgengival/intrasucular para facilitar a remoção do cálculo, depois posiciona-se o retalho no local correto e sutura. Cirurgias Ressectivas ● Gengivectomia: remoção de um tecido para a redução de uma bolsa periodontal ● Gengivoplastia: remoção do tecido sem um pré-requisito. Indicações: ● Eliminação de bolsas supraósseas; ● Correção de crescimentos gengivais; ● Aumento de coroa clínica por necessidades restauradoras ou estéticas; ● Instrumentação radicular por visão direta. Fibras supracrestais de conexão (espaço biológico): Se estendem desde a parte mais coronal do epitélio juncional à parte mais apical da inserção conjuntiva. A distância é aproximadamente 2mm de comprimento. Ou seja, para essas fibras supracrestais de conexão existirem, na normalidade, elas precisam de uma superfície para aderir. Quando esse espaço é diminuído ou invadido ocorre uma inflamação gengival, que ocorre mesmo na ausência de biofilme dentário. Fazendo o procedimento de remover a crista óssea e fazer um distanciamento de no mínimo 3mm. Cirurgias reconstrutivas ● Preenchimento de defeitos com osso ou substitutos ósseos: Utilizados isoladamente ou com RTG; ● Aumento níveis ósseos, de inserção e redução PF superior a RWM. ● Autógena (intraorais; medula óssea); ● Enxertos alogênicos (origem animal); ● Enxertos aloplásticos (vidros ativos, hidroxiapatita). RTG: Regeneração Tecidual Guiada ● Utilização de membranas reabsorvíveis ou não reabsorvíveis (necessário uma segunda cirurgia para remoção da membrana) para determinar quem irá popular a região após a cirurgia; ● ● Usada para correção de defeitos ósseos de 3 ou 2 paredes (menos complexo) e lesões de furca grau II; ● Superior ao RWM em GIC, RPS e ganho de tecido ósseo (previsível); ● Combinada com enxertos ósseos e fatores de crescimento. Proteínas da Matriz do Esmalte (EMDOGAIN) ● Estimula cementogênese (proteína estimulatória); ● Testado em diferentes tipos de defeitos; ● Superior a RWM, mas similar a RTG; ● Aumento de custo, mas facilidade de uso. Cirurgias Plásticas Periodontais Aumento de gengiva inserida (Indicações): ● Recessão gengival em progressão; ● Colocação de implantes, aparelhos ortodônticos e restarurações subgengivais em áreas com menos de 1mm de GI; Sem recessão gengival: EGL (enxerto gengival livre), RDA (retalho deslocado apicalmente). Com recessão gengival: outras. ● Recobrimento de recessões: Melhora estética e hipersensibilidade; ● Bom prognóstico recessões classe I e II de Miller; ECSE (enxerto conjuntivo subepitelial - mais usado), RDL, RDC, RTG ● Eliminação ou deslocamento de freios com inserção anômala: Contribuem para recessão gengival dificultam higiene, fechamento de diastemas e adaptação de próteses; ● Frenectomia ou frenotomia ● Correção do sorriso gengival: Visibilidade excessiva de gengiva na região estética; ● Erupção passiva retardada ou problemas esqueléticos; ● Procedimento depende se há excesso de gengiva e a distância da crista óssea - JCE. ● Outros procedimentos: 1. Aprofundamento de vestíbulo; 2. Alteração morfologia do rebordo; 3. Reconstrução de papilas.
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