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Terapia cirúrgica periodontal Periodontia – UFPE Larissa Albuquerque *A terapia cirúrgica periodontal é o conjunto de procedimentos executados com uma lâmina, bisturi elétrico ou laser que resseca tecido ou envolve o rebatimento de um retalho para alcançar os seus objetivos terapêuticos. Objetivos clínicos específicos *Eliminação da doença inflamatória pela retirada do biofilme dental e de fatores etiológicos secundários e o estabelecimento de um ambiente local com anatomia compatível com a manutenção de saúde e estética periodontal. Reavaliação após terapia não cirúrgica *Ocorre entre 4 e 8 semanas após a finalização da terapia não cirúrgica e é reavaliado o aspecto de normalidade da gengiva, se há sangramento e/ou supuração à sondagem, mensurar a profundidade de sondagem e se há mobilidade dentária e os índices de placa. Indicações comuns de terapêutica cirúrgica *Áreas com contornos ósseos irregulares e defeitos infraósseos extensos e/ou profundos. *Bolsas residuais profundas e/ou de difícil acesso em que a remoção completa do biofilme sem cirurgia não seja possível. Esse é o caso das bolsas periodontais com mais de 5mm. *Correção ou prevenção de invasões do espaço biológico. *Áreas com lesão de furca grau II ou III. *Áreas com crescimentos gengivais. *Áreas com problemas mucogengivais. Contraindicações gerais *Paciente portador de doenças sistêmicas sérias não controladas. *Quando não for possível acompanhar o pós- operatório do paciente. *Quando o paciente é incapaz de manter um controle de biofilme adequado. *Pacientes fumantes, pois têm maior probabilidade de responder de forma insatisfatória ao tratamento periodontal. Fases cirúrgicas 1. Cuidados pré-operatórios: • Conferência de assinatura do termo de consentimento. • Análise de exames pré-operatórios: 1. Hemograma. 2. Glicemia em jejum (66-99 mg/dl). 3. Coagulograma (TC: 4-10 min; TS: 1-4 min; TTPA: 24-40 seg; RNI: 1-2; plaquetas: 150-400/microl de sangue). • Profilaxia antibiótica: é feita em pacientes com risco de endocardite bacteriana. 2g amoxicilina de 30 minutos a 1 hora antes do procedimento cirúrgico. • Prevenção de dor e edema. • Controle de ansiedade: é feito pelo uso de benzodiazepínicos, preferencialmente o midazolam. 2. Preparação do profissional. 3. Preparação do equipamento/instrumental. 4. Preparação do paciente: uso do campo estéril e antissepsia extra (clorexidina 2%) e intraoral (clorexidina 0,12%). 5. Anestesia local: as técnicas utilizadas em periodontia são a anestesia tópica, infiltrativa, bloqueio e papilar. O agente anestésico de preferência é a lidocaína ou mepivacaína com vasoconstrictor. 6. Incisões: podem ser classificadas de acordo com a localização em intrassulcular, submarginal ou paramarginal, interdental e relaxante ou de acordo com a inclinação da lâmina em bisel interno (ponta da lâmina voltada para a crista óssea) e bisel externo (ponta da lâmina voltada para a coroa). 7. Ressecção de tecido ou rebatimento de retalho: o retalho periodontal é o segmento de tecido gengival que é cirurgicamente separado dos tecidos de suporte coronalmente, mas que na região apical se mantém aderido através de um pedículo de tecido conjuntivo vascularizado. O retalho pode ser classificado de acordo com o uso de incisão relaxante (incisões verticais do tipo envelope ou incisões relaxantes) ou com tecidos separados do osso, que pode ser do tipo mucoperiósteo/espessura total (ocorre exposição do osso) ou retalho dividido/espessura parcial. Periodontia Larissa Albuquerque 8. Debridamento de tecido fibroso e de granulação: é importante para readaptação do retalho e para controle do sangramento. É feito com os mesmos instrumentos para raspagem, mas em dimensão maior. 9. Hemostasia: é feita pela compressão com gaze e anestésico local com vasoconstrictor. Ainda podem ser utilizadas substâncias adstringentes, como o hemostop, e outros. 10. RAR por visão direta. 11. Ressecção óssea ou colocação de material de enxerto. 12. Readaptação do retalho: retalho deslocado apicalmente (RDA), retalho deslocado coronalmente (RDC) ou retalho deslocado lateralmente (RDL). 13. Sutura: fixação dos retalhos. 14. Colocação do cimento cirúrgico: proteção da ferida cirúrgica quando não se utiliza a sutura. Não é tão utilizado, pois é um fator retentivo de biofilme. 15. Cuidados pós-operatórios: • Controle de dor e edema. • Recomendações de dieta. • Higiene oral: escovação nas áreas não operadas e bochecho com clorexidina. • Controle de sangramento: em caso de sangramento, fazer compressa com gaze. • Atestados. 16. Remoção do cimento e da sutura: é feito após uma semana. 17. Reavaliação: após 7 e 30 dias da cirurgia. Técnicas cirúrgicas Objetivos específicos da terapêutica cirúrgica: *Instrumentação radicular com visão direta. *Redução ou eliminação de áreas retentoras de biofilme. *Viabilizar procedimentos restauradores. *Promover a regeneração de tecidos perdidos. *Restabelecimento de arquitetura fisiológica e estética dos tecidos periodontais. *Correção de outros problemas mucogengivais. Cirurgias conservadoras *Retalho de Widman modificado (RWM): realização de incisão submarginal complementada por incisão intrasulcular, faz-se o rebatimento do retalho, raspagem e sutura. Cirurgias ressectivas *Gengivectomia e gengivoplastia: são indicadas para eliminação de bolsas supraósseas (gengivectomia), correção de crescimentos gengivais, aumento de coroa clínica por necessidades restauradoras ou estéticas e instrumentação radicular por visão direta. *Aumento de coroa clínica para prevenir ou corrigir invasões do espaço biológico: o princípio básico para esse tipo de cirurgia é a presença de elemento estranho na área da estrutura dentária reservada para a união dento-gengival (invasão do espaço biológico). A remoção óssea causada pela cirurgia deixa quantidade suficiente de estrutura dental exposta para o restabelecimento da união dento-gengival. A cirurgia é indicada quando há presença de cárie ou de restauração que invade o espaço biológico, necessidade de aumento de retenção para coroas protéticas e correções estéticas. Cirurgias reconstrutivas *Preenchimento de defeitos com osso ou substitutos ósseos (origem autógena): os substitutos ósseos são utilizados isoladamente ou com RTG (regeneração tecidual guiada). O uso dos substitutos ósseos causa aumento dos níveis ósseos, de inserção e de redução de profundidade de sondagem superior ao RWM. *Técnica RTG (regeneração tecidual guiada): Utiliza membranas reabsorvíveis ou não reabsorvíveis (precisa de segunda cirurgia para remoção da membrana). As células epiteliais tem capacidade de proliferação maior do que as do tecido conjuntivo, ocupando o espaço que seria do ligamento periodontal. Dessa forma, a técnica RTG permite a proliferação do tecido conjuntivo sem haver interferência das células epiteliais. É utilizada para defeitos ósseos de 3 ou 2 paredes e em lesões de furca grau II. O RTG é superior ao RWM em termos de ganho de inserção clínica (GIC), redução de profundidade de sondagem e ganho de tecido ósseo (previsível). Pode ser combinada com enxertos ósseos e fatores de crescimento. *Proteínas da matriz do esmalte (emdogain): tem a mesma indicação do RTG, porém estimula a cementogênese. É testado em diferentes tipos de defeitos e é superior ao RWM e similar à RTG. Subtipo: cirurgia plástica periodontal *Aumento de gengiva inserida: é indicada em casos de recessão gengival em progressão, colocação de implantes, aparelhos ortodônticos e restaurações subgengivais em áreas com menos de 1mm de gengiva inserida. Existe a técnica que é indicada quando não há recessão gengival (enxerto gengival livre e retalhodeslocado apicalmente) e quando há recessão. *Recobrimento de recessões: melhora a estética e a hipersensibilidade. Tem bom prognostico em recessões classe 1 e 2 de Miller. A técnica mais utilizada é o enxerto conjuntivo subepitelial (ECSE), RDL, RDC, RTG. Periodontia Larissa Albuquerque *Eliminação ou deslocamento de freios com inserção anômala: contribuem para recessão gengival, dificultam a higiene, fechamento de diastemas e adaptação de próteses. É corrigido com frenectomia ou frenotomia. *Correção de sorriso gengival: o sorriso gengival ocorre pela visibilidade excessiva de gengiva na região estética. Pode ser causado por erupção passiva retardada ou por problemas esqueléticos. O procedimento depende se há excesso de gengiva e a distância crista óssea-JCE. Referência: • Tratado de periodontia clínica e implantologia oral. Niklaus P. Lang, Jan Lindhe; tradução Maria Cristina Motta Schimmelpfeng. - 6. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
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