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ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS AO RN Professora Especialista: Enf. Laricy Rodrigues de Oliveira Administração de medicamentos refere-se ao ato de preparo e introdução de um fármaco no organismo humano, visando efeito terapêutico para esse organismo. Todos os cálculos das doses dos medicamentos em crianças são baseados em seu peso e idade; por isso os pacientes das unidades neonatal e pediátrica devem ser pesados diariamente. Um dos objetivos da terapia medicamentosa neonatal é o tratamento de afecções ou a oferta de elementos necessários a sobrevivência e manutenção da homeostase orgânica do recém-nascido (RN). Os profissionais de enfermagem neonatal devem colocar em prática os princípios técnicos e científicos relacionadas à terapêutica medicamentosa, incluindo àqueles relacionados aos “9 Certos” na administração de medicamentos. Os “9 Certos’’ advertem fatores que podem ocasionar os erros de medicação Devem ser verificados: 1. Medicamento certo 2. Paciente certo 3. Dose certa 4. Hora certa 5. Via certa 6. Orientação certa 7. Documentação certa 8. Compatibilidade medicamentosa 9. Direito do paciente em recusar o medicamento O RN tem imaturidade hepática e renal, o que interfere nos mecanismos de metabolização e excreção de fármacos. Soma-se a estes fatores sua baixa tolerância ao uso de medicamentos orais, devido a incapacidade de absorção de medicamentos pela mucosa gastrintestinal, principalmente quando enfermos. Assim grande parte da administração de medicamentos em RN é realizada por via parenteral. O Enfermeiro Neonatologista deve ter conhecimento sobre o uso de fármacos na unidade neonatal, a fim de administrá-los de modo terapêutico, observando seus efeitos no RN, minimizando e controlando riscos possíveis e eventos adversos na sua administração. Na administração de fármacos a clientela neonatal, devemos considerar que a resposta orgânica ao medicamento vai depender da dose, da gravidade da doença, da presença de alterações nas funções cardíaca, renal, e hepática do RN, além de conceitos importantes de farmacologia, como biodisponibilidade e mecanismos de farmacocinética dos fármacos. Farmacocinética • Absorção: ocorre a transferência do fármaco do local de administração para a circulação. A via de administração do medicamento e o princípio ativo interfere no percentual de absorção. Ex.: - Via IV: é totalmente absorvido 100% com biodisponibilidade = 1,0 - Outras vias: é parcialmente absorvido 80% com biodisponibilidade = 0,8 • Distribuição: ocorre a transferência do fármaco do local de maior para o de menor concentração. O fármaco livre é rapidamente metabolizado e excretado, e é a fração que efetivamente produz efeitos farmacológicos no organismo. O fármaco ligado está nos tecidos ou ainda circula no plasma conjugado à albumina (fármaco ácido), ou a proteína plasmática (fármaco básico). • Metabolização: ocorre processos de biotransformação antes que fármaco seja efetivamente excretado do organismo. Os fármacos lipossoluvéis necessitam ser convertidas em hidrossolúveis, geralmente esse processo acontece em nível hepático, para serem eliminados pelos rins. • Excreção: ocorre remoção do fármaco e dos seus metabólitos pela via renal. Os fármacos podem ser excretados in natura ou podem ser excretados após biotransformação. Vias de Administração de Medicamentos no RN A escolha da via dependerá das propriedades fisíco-químicas do fármaco, da finalidade terapêutica, da IG, do peso do RN e de sua condição clínica. • Pele: Tópica • Mucosa: Nasal; Ocular; Auricular; Brônquica; Vaginal • Enteral: Sublingual; Oral; Retal; Gástrica; Entérica • Parenteral: Intradérmica – ID; Subcutânea – SC; Intramuscular – IM; Intravenosa – IV Tópica Consiste na administração de medicamentos na pele para evitar ou tratar lesões. Administração deve ser realizada com a criança posicionada confortavelmente, aplicando a quantidade adequada na região indicada. Ex.: SF a 0,9% e álcool a 70%, óxido de zinco e ácido graxo essencial - AGE. Nasal Consiste em instalar medicações sob a forma de gotas diretamente na mucosa nasal, onde ocorrerá a absorção. Administração de medicamentos para assepsia, tratamento e alívio da congestão nasal. Tapar uma das narinas e instalar as gotas na outra; em seguida, a criança deverá permanecer nessa posição por aproximadamente 1 minuto, para que o medicamento entre em contato com as superfícies nasais. Ex.: Soro fisiológico. Ocular Consiste na aplicação de medicamentos no saco conjuntival, sob a forma de gotas ou de pomadas. Administração de medicamentos para profilaxia, tratamento ou diagnóstico. Coloca-se a criança deitada ou sentada, com a cabeça inclinada para trás. Com uma das mãos, puxa-se a pálpebra inferior para baixo e aplica-se a medicação, nunca direto no globo ocular. Posteriormente a pálpebra deve ser fechada. Ex.: Nitrato de prata a 1%, cloranfenicol e fenilefrina a 2,5% ou tropicamida 0,5 a 1%. Auricular Consiste na aplicação de medicamentos no canal auditivo. Administração de medicamentos para profilaxia, e tratamento. Puxa-se o pavilhão externo para baixo e para trás, para que a solução alcance todas as partes do canal auditivo. No caso de crianças maiores, segurar o pavilhão auricular para cima e para trás. A criança deve permanecer nessa posição por aproximadamente 3 minutos, para que as gotas não voltem. Ex.: Sulfato de neomicina. Enteral Alguns medicamentos admitem a administração concomitante com leite. Entretanto outros devem ser administrados 30 minutos antes da dieta. O que determina a possibilidade de administração oral ou o uso de sondas é a capacidade de coordenação dos reflexos de sucção e deglutição do RN, o peso do RN e a existência de patologias de base. Oral Consiste na administração de medicamentos pela boca a fim de serem introduzidos no sistema digestório. Para a administração de fármacos VO, podem ser utilizados conta-gotas, copos, medidores próprios para xaropes ou seringas, quando o medicamento estiver sob a forma líquida. Se a mãe preferir administrar o medicamento ela mesma, pois a criança o aceitará melhor, isso não é contra indicado, mas nunca se deve deixar o medicamento com a mãe sem se certificar de que a criança o recebeu todo, auxiliando e orientando caso necessário. Ex.: Polivitamínicos, domperidona, bromoprida, sulfato ferroso, simeticona e noriporum. Retal Consiste na introdução de medicamentos no reto, sob a forma de supositórios, clister ou outros. A administração deve ser feita com o próprio recipiente da medicação ou por sondagem retal. Deitar a criança em decúbito lateral direito. Afastar as nádegas com o polegar e o indicador. Com a outra mão introduzir o supositório, empurrando-o lentamente até que esteja inteiramente introduzido, e comprimir as nádegas por cinco minutos. Geralmente utilizada para promover o estímulo da peristalse intestinal, seguido de evacuação e liberação de gazes intestinais. Indicado para: • RN em pós-operatório tardio de cirurgias abdominais • RN prematuro que apresenta icterícia • RN que permanece longos períodos sem evacuar Ex.: Supositório de glicerina. Parenteral Cabe ao enfermeiro o planejamento dessa ação, que engloba as técnicas pelas diferentes viasde administração, orientação, e supervisão do pessoal técnico, interpretação terapêutica, preparo da criança e observância das possíveis reações adversas e sintomas de toxicidade. Para garantir a segurança do cliente e o efeito da droga, o profissional deve elaborar a assistência de maneira a respeitar os preceitos técnicos da administração de medicamentos e o preparo psicológico de acordo com a faixa etária. Ângulo da agulha: Intradérmica (ID) Consiste na aplicação de solução na derme. Os locais de aplicação da injeção intradérmica em pediatria são: face interna do antebraço, região escapular, porção inferior do deltóide, locais onde a pilosidade é menor e há pouca pigmentação, oferecendo um fácil acesso à leitura da reação dos alérgenos e da vacina. Ex.: Vacina BCG e testes de sensibilidade. Subcutânea (SC) Consiste na aplicação de solução na tela subcutânea, isto é, na hipoderme. Os locais para aplicar-se a injeção recomendados são: a parede abdominal, a face anterior e externa da coxa, a face anterior e externa do braço, a região glútea e a região dorsal, logo abaixo da cintura. Ex.: Insulina Locais de administração de injeção subcutânea: Intramuscular (IM) Consiste na aplicação de solução no tecido muscular. A escolha do local deve respeitar os critérios baseados na quantidade e na característica da droga, condição da massa muscular, quantidade de injeções prescritas, locais livres de grandes vasos e nervos em camadas superficiais, acesso ao local e risco de contaminação, local apropriado, a inserção necessária da agulha, o tamanho apropriado da agulha e o ângulo apropriado para inserção. Os locais da injeção intramuscular são: vasto lateral da coxa, ventrogútea, dorsoglútea e deltoíde. Recomendações para administração de injeção IM: - Área de administração: vasto lateral da coxa - Até 0,25 ml para RN com peso < 2.000g - Até 0,5 ml para RN com peso > 2.000g - Agulha 13x4,5 ângulo de 45° - Agulha 25x7 ângulo de 45° com introdução apenas do bisel Ex.: Vitamina K e vacina Hepatite B Local e volume de medicamentos intramuscular de acordo com a idade: Locais de administração de injeção intramuscular: Intravenosa (IV) Consiste na introdução de medicamentos diretamente na corrente venosa. Não passa pelo processo de absorção e sua ação é imediata. A seleção dos locais de punção venosa deve ser feita dos locais mais distais para os mais proximais. Veias dos membros superiores: dorso da mão, antebraço, braço. Veias dos membros inferiores: dorso do pé, tornozelo. Veias da cabeça: região frontal, temporal e auricular posterior. Recomendações para administração de injeção IV: - Terapia maior que 6 dias - Necessidade rápida de alto volume de medicamento - Via mais utilizada em neonatologia - Área de administração: brações e mãos, pernas e pés, cabeça e pescoço - Apresenta risco de flebite - Dispositivos intravenosos: acesso venoso periferico, cateter venoso periférico, cateter central de inserção periférica, cateter umbilical, flebotomia Ex.: Soros, hemoderivados, soluções com osmolaridade > 450 ou pH < 6 e > 8, antibióticos, quimioterapicos e nutrição parenteral. Locais de administração de injeção intravenosa: Fluxograma de planejamento da administração de medicamento por via intravenosa em crianças: A administração de medicamentos é uma das atividades mais sérias e de maior responsabilidade da enfermagem, e para realizá-la, faz-se necessário o conhecimento dos princípios científicos que a fundamentam como a farmacologia, a terapêutica médica no que diz respeito a ação, à dose, os efeitos colaterais, aos métodos e às precauções na administração das drogas. Referência • ARAÚJO, L. Almeida. Enfermagem na prática materno- neonatal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. Obrigada! Proposta para Estudo: 1. Qual o objetivo da terapia medicamentosa neonatal? 2. Por que o Enfermeiro Neonatologista deve ter conhecimento sobre o uso de fármacos na unidade neonatal? 3. Na administração de fármacos à clientela neonatal, o que devemos considerar sobre a resposta orgânica ao medicamento? 4. Conceitue cada fase pelas quais o fármaco passa pelo organismo do RN: 5. Do que depende a escolha da via de administração de medicamentos no RN? 6. Comente sobre cada via que os fármacos podem ser administrados ao RN:
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