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Exames laboratoriais avaliação hepática Considerações gerais São importantes para a avaliação e seguimento de doenças hepáticas Laboratoriais São sensíveis, não invasivos e auxiliam no diagnóstico (exames sensíveis geralmente são exames de rastreio – podem dar falsos positivos, mas não falsos negativos) Inespecíficos – se alterados não são definitivos de diagnóstico (exames específicos são indicados para diagnóstico – o positivo de fato é positivo) Função hepática (avaliam a função hepática) Bilirrubina Albumina INR Bioquímica hepática (não avaliam se o fígado está sofrendo, ou entrando em insuficiência) ALT (TGP) AST (TGO) Fosfatase alcalina (FA) Gama GT (GGT) 5-nucleotidase (pouco utilizada) Biópsia hepática Biomarcadores de fibrose (marcadores não invasivos) Injúria hepatocelular Lesão direta do hepatócito Avaliada basicamente pelas aminotransferases (lesão hepatocitária = TGO e TGP) Aminotransferases Dosagem de enzimas distribuídas no plasma e no fluído intersticial São representados pelas aminotransferases AST/TGO: aspartato aminotransferase ALT/TGP: alanino aminotransferase Úteis no diagnóstico das hepatites agudas e crônicas (qualquer lesão de hepatócito = hepatite) O aumento de até 8 vezes o limite superior da normalidade pode ser inespecífico Valores normais: 30-40UI/L Mulheres: até TGP e TGO 31UI/L Homens: até TGP 37 e TGO41UI/L de Pietra Rosa TXIX Qualquer processo de lesão hepatocitária resulta em efluxo dessas enzimas para a corrente sanguínea Condições que elevam aminotransferases (principais) Infecções virais agudas e crônicas (hepatites, coronavírus, etc.) Hepatite transinfecciosa: reação inflamatória lesa o hepatócito Hepatite direta Sepse bacteriana (hepatite transbacteriana) Hepatites Carcinomas metastáticos (e carcinomas hepatocelulares podem alterar TGO e TGP) Doenças metabólicas do fígado ALT (TGP) Altera com o sexo e idade Encontrada somente no parênquima hepático Mais específico AST (TGO) Encontrada no fígado, miocárdio, musculatura esquelética, cérebro, rins, pâncreas, pulmão, leucócitos e eritrócitos No fígado: 80% no citosol (mitocôndrias) IAM e miosites: se eleva independente da ALT Miosites não ultrapassam 300UI/L (na rabdomiólise pode chegar a 1000UI/L) Valores que alcançam 300UI/L Hepatite alcóolica: GGT e VCM elevados AST ≥ 2 vezes o ALT TGO maior do que TGP pode ser indicio de cirrose, principalmente quando TGO está acima de TGP maior ou igual a 2vezes Acima de 500UI/L Icterícias obstrutivas Hepatites agudas Hepatites relacionadas a AIDS Acima de 1000UI/L Obstrução aguda da via biliar Drogas Isquemia hepática aguda Hepatites virais agudas Hepatite autoimune Valores de aminotransferases NÃO se correlacionam com extensão da necrose (aminotransferases não avaliam garvidade nem extensão de necrose hepática) Queda abrupta na hepatite fulminante Sinal de destruição maciça dos hepatócitos Exames iniciais com valores elevados e depois seguidos de queda abrupta das aminotransferases Causas de alterações nas aminotransferases Atividade física Pode elevar as aminotransferases, especialmente a AST (TGO) Uremia Estão falsamente reduzidos e se elevam após diálise Situações em que o paciente apresenta IRA ou doença renal crônica que aumentam muito a ureia, podem causar uma falsa diminuição dos valores de aminotransferases Outras causas de elevação de transaminases Doenças tireoidianas Doença celíaca Anorexias Doença de Addison Colestase Enzimas canaliculares Fosfatase alcalina Presente no fígado, osteoblastos, membrana canalicular dos hepatócitos, bordas em escova, túbulos renais proximais, placenta e leucócitos Pacientes em crescimento, grávidas e pacientes com lesão de canalículo biliar podem apresentar FA aumentada Valor normal: até 120-126UI/L Grupos ABO: O e B podem elevar FA após rica em lipídeos Meia vida: 7 dias Colestase: FA ≥ 2 vezes o limite superior da normalidade Elevado em crianças: alta atividade osteoblástica Se há dúvida de qual isoenzima está elevada pode-se realizar eletroforese de isoenzima para saber qual fração da FA está elevada Aumentam a FA Obstruções biliares intra ou extra-hepáticas Não reflete o grau de obstrução Alguns tumores sem metástases hepáticas (secretam FA) Tumores ovarianos, etc. Crescimento Gravidez Anabolizantes Hormônios femininos Doenças ósseas Gamaglutamil transferase (GGT) Encontrada em hepatócitos, epitélio biliar, túbulo renal proximal, pâncreas, intestino e baço Valor normal: 0-4UI/L Colestase: GGT ≥ 5 vezes o limite superior da normalidade Confirma a origem hepática da FA GGt alterada, indica que a FA alterada é de origem hepática É muito sensível para doença biliar Alerta para lesão de canalículo biliar Outras causas de elevação de GGT Pancreatites aguda e crônica IAM IRA DPOC Alcoolismo DM Hipertireoidismo Medicações (fenitoína e barbitúricos – medicações para epilepsia) Nucleotidase Não é muito utilizada (pouco disponível) Valor normal: 0,3-3UI Não influenciada pelo sexo Eleva-se em doenças hepatobiliares e no terceiro trimestre de gestação Não é produzida por tecido ósseo: diagnóstico diferencial do aumento de FA Conduta na icterícia Primeiro: definir se é realmente uma icterícia Avaliar a mucosa da pálpebra ou frenulo da língua (aparece primeiro no frenulo) Pacientes que abusam do betacaroteno podem apresentar pele amarelada Segundo: requisitar bioquímica hepática (GGT, FA, TGO e TGP) e função hepática (albumina, INR e bilirrubina) Terceiro: definir se a bilirrubina aumentada é direta ou indireta A bilirrubina indireta elevada é indicativa de icterícia por hemólise A bilirrubina direta elevada indica icterícia de origem hepática Quarto: caso a bilirrubina direta esteja elevada deve-se definir o padrão de lesão hepática do paciente Hepatite: TGO e TGP alteradas (síndrome ictérica por hepatite) Colestase: FA e GGT elevadas Colestase: FA e/ou GGT elevadas Requisitar US de abdome Presença de dilatação de vias biliares (VVBB) Na grande maioria das vezes é indicativo de fator obstrutivo (câncer - de pâncreas, colédoco, bifurcação dos ductos hepáticos-, coledocolitíase, etc.) Requisitar colangiorresonância (ColangioRNM) – ressonância que não utiliza contraste pois o contraste é a própria bile Verificar qual o fator de obstrução Ausência de dilatação de VVBB Excluir histórico de uso de medicamentos, uso de anabolizantes e outras causas de doenças da via biliar (excluir colangite biliar primária, colangite esclorosante primária - diagnosticada por colangioRNM- etc.) ColangioRNM Considerar biópsia (se não identificar a causa) Síntese hepática O fígado é o principal órgão produtor de proteínas Albumina Fibrinogênio Fatores de coagulação Alfa e betaglobulinas Ceruloplasmina Alfa-1-antitripsina Gamaglobulinas (linfócitos B): EXCEÇÃO – não são produzidas pelo fígado Algumas doenças hepáticas aumentam as gamaglobulinas, principalmente as doenças autoimunes Hepatite autoimune – aumenta IgG Colestases – aumentam IgM Albumina Produzida exclusivamente no fígado VR: 3,5-4,5 Meia vida: 21 dias Regulação da produção Fatores nutricionais Pressão oncótica Inflamação sistêmica Causas de hipoalbuminemia Cirrose (doença hepática crônica) Desnutrição Síndrome nefrótica Enteropatia perdedora de proteínas Atividade de protrombina (TAP/INR) Maioria dos fatores da coagulação são produzidos pelo fígado Fatores vitamina K dependentes: II, VII, IX, X Valores de II, VII, IX e X normais = INR normal Quando o paciente tem uma fibrilação atrial e tem que anticoagular para não ter um AVCé usado a varfarina que inibe a vitamina K causando déficit desses fatores de coagulação causando o alargamento do INR Não avalia a coagulação no cirrótico de maneira eficaz Mede função hepática e não coagulação Exame eficaz: tromboelastograma Avalia a coagulação Causas do aumento do TP Cirrose Colestases (A, D, E e K) Desnutrição Anticoagulação com cumarínico COVID Bilirrubina Ciclo da bilirrubina As hemácias são destruídas no sistema retículoendotelial onde é separada em hemoglobina, globina e grupo heme. O grupo heme libera a bilirrubina livre (não conjugada – indireta) que passa pelo fígado e sofre conjugação pela glicuroniltransferase formando a bilirrubina conjugada (direta). A bilirrubina direta passa pelo intestino onde sofre ação das glicuronidases e das bactérias sendo transformada em urobilinogênio. O urobilinogênio, quando chega aos rins se transforma em urobilina que dá coloração à urina. Quando o urobilinogênio fica no intestino se transforma em estercobilinogênio que forma a estercobilina, responsável pela coloração amarronzada das fezes. Caso ocorra algo que impeça que a bilirrubina direta chegue ao intestino, ocorre acúmulo na corrente sanguínea, chegando ao rim, dando uma coloração escurecida a urina (colúria) e uma coloração mais clara das fezes (acolia fecal) devido ao impedimento da bilirrubina chegar ao intestino Derivada do grupo heme da hemoglobina e de porfirinas Maioria das vezes: elevada também nas colestases Prevê função hepática (junto com a albumina e INR) BI (não conjugada) Hemólise Eritropoiese ineficaz (hemólise intramedular) Drogas Síndrome de Gilbert (deficiência parcial - 50% - da glicuroniltransferase) Outros (febre, atividade física, estresse, jejum prolongado, etc.) Crigles-Najjar Tipo I: deficiência congênita da glicuroniltrnasferase (risco de Kernicterus) Tipo II: deficiência parcial (80%) – icterícia neonatal BD (conjugada) Doenças hepáticas obstrutivas Doenças parenquimatosas do fígado Neoplasias Imunoglobulinas Não refletem função hepática Refletem alterações no sistema reticuloendotelial dos sinusóides hepáticos ou shunts portais Exame que avalia uma hipergamaglubulinemia: eletroforese de proteínas Distingue todas as proteínas do corpo VR: até 1.8 Hipergamaglobulinemia Sugere hepatite crônica: HAI (hepatite autoimune) apresenta os níveis elevados IgA: cirrose alcóolica IgM: colestases IgG: HAI Hepatites agudas: normais ou discretamente aumentadas Biópsia hepática Método invasivo Padrão-ouro para doenças hepáticas (estadiamento de fibrose) Estadiamento: F0 a F4 (F4 é um paciente com cirrose) Pelo menos: 1,5cm de fragmento ou 6-8 espaços porta Tipos Percutânea (utiliza USG) – mais utilizada: agulha no rebordo costal Transjugular: fragmento sempre muito pequeno (ruim) Usada em ascite, distúrbio da coagulação, fígado muito pequeno, obesidade mórbida e insuficiência hepática aguda grave Laparoscópica Complicações Mais frequente nas biópsias percutâneas (pois muitas vezes é feita às cegas) e em pacientes cirróticos (com doença hepática prévia) Biomarcadores de fibrose Fórmulas para prever a fibrose do fígado Marcadores séricos diretos (modificações na síntese e/ou degradação da matriz) Isoladamente: baixa acurácia Fibrotest e APRI: muito utilizados na hepatite C crônica Fibrometer Índice de Forns FIB-4 Hepascore NAFLD score: muito utilizado para doença hepática gordurosa não alcóolica Elastografia hepática transitória (Fibroscam) Mede a elasticidade do parênquima Limitações: ascite, obesidade, espações intercostais estreitos, grau de atividade necroinflamatória Mais usado em hepatite C, NASH/NAFLD (esteatose) Elastografia ARFI (US ou RNM) Estudo do lobo direito Pulsos acústicos que produzem deslocamentos (ondas de cisalhamento do tecido examinado) Maior rigidez: maior velocidade de propagação das ondas de cisalhamento
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