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Princípios norteadores do processo penal brasileiro

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Princípios norteadores do Processo Penal Brasileiro
Congruência: decorrente da inércia da jurisdição, este princípio estabelece que deve haver correlação entre sentença e pedido no processo. O juiz não pode julgar: extra petita (fora do pedido), ultra petita (além do pedido) ou citra petita (aquém do pedido)
Dignidade da pessoa humana: fundamento da República (art. 1º CF88). No processo, a dignidade humana é afrontada quando o indivíduo se torna mero objeto do agir estatal, sendo submetido a um tratamento que coloca em dúvida sua qualidade de ser humano. Trata-se, portanto, de importante orientação ao processo penal, no qual o ser humano deve ser considerado um fim do próprio Estado, e não um meio para qualquer outra atividade que não seja a tutela deste indivíduo.
Devido processo legal: garantia fundamental (art. 5º, LIV, CF88) que representa o direito a um processo justo, o que, em um Estado Democrático de Direito, precisa significar um processo igualitário. Doutrinariamente, fala-se que o devido processo legal consiste em um conjunto de garantias, dentro das quais estão outros princípios: acesso à justiça, juiz natural, igualdade, contraditório, ampla defesa, publicidade, motivação das decisões, duração razoável do processo e presunção de inocência.
Acesso à justiça: garantia fundamental (art. 5º, XXXV, CF88) por meio da qual todo aquele que se sentir lesado ou ameaçado em seu direito pode provocar a atividade jurisdicional do Estado.
Juiz natural: garantias fundamentais (art. 5º, XXXVII e LIII) que asseguram ao indivíduo um julgamento feito por órgãos definidos pela Constituição e pela lei, o que é feito de forma genérica e abstrata. Não se pode realizar qualquer tipo de manobra para que alguma das partes consiga, de alguma forma, escolher o julgador da causa. Este é determinado previamente pela lei e pelas normas constitucionais.
Igualdade: também chamada de paridade de armas, esta garantia (art. 5º, caput, CF88) se aplica ao texto da lei e à realização da atividade jurisdicional nos casos concretos. Não apenas é vedada a concessão de qualquer tipo de privilégio, como a igualdade precisa ser garantida formal e materialmente (ou seja, respeitar a medida da desigualdade entre as partes).
Contraditório: garantia fundamental (art. 5º, LV, CF88) que se estende a todas as partes do processo. Não confundir com a ampla defesa, pois, embora andem juntos, tais princípios não são sinônimos. Contraditório refere-se ao binômio ciência (no sentido de direito à informação) e possibilidade de resposta/resistência, ou seja, direito de participar (ideia do processo dialogado).
Ampla defesa: prevista no mesmo dispositivo do princípio anterior, a ampla defesa é indissociável do contraditório, apesar de, como já dito, não serem sinônimos. Este princípio se aplica a apenas uma das partes processuais, a defesa (no caso do processo penal, ao réu). A defesa somente será ampla se for concretizada no binômio autodefesa e defesa técnica. Assim tem um enfoque de direito do réu, mas também de garantia de um processo justo.
Plenitude de defesa: face da ampla defesa cabível ao procedimento do Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII, a, CF88). Como, no caso do Júri, os jurados são leigos e decidem conforme sua íntima convicção, isso amplia a possibilidade de mecanismos de defesa utilizados pelo réu.
Assistência judiciária: garantia fundamental (art. 5º, LXXIV, CF88) voltada a assegurar o acesso à justiça e a ampla defesa a todos os indivíduos que precisem.
Duplo grau de jurisdição: considera-se princípio constitucional implícito no art. 5º, LV, CF88 (“ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”), principalmente se combinado com os artigos 92 e seguintes da CF88, pelos quais o constituinte criou Tribunais de 1º e 2º graus. Este princípio permite o reexame da decisão por outro órgão jurisdicional, também está previsto no art. 8º, §2º. H, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Dec. 678/92).
Publicidade: garantia fundamental (art. 5º, LX, e art. 93, IX, ambos da CF88) importante para garantir a participação do público na qualidade de espectador da atividade jurisdicional do Estado, de forma a que se possa exercer controle sobre esta. A publicidade não poderá ser suprimida: será restrita (às partes e/ou advogados) ou ampla, a depender do caso, conforme estabelece a norma constitucional. Com a publicidade é possível evitar arbitrariedades e permite a transparência da atuação dos poderes públicos, no presente caso especialmente o poder judiciário. Tal princípio também está esposado na Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Art. 8º, §5º, Dec. 678/92).
 Motivação: princípio que acompanha a publicidade (art. 93, IX e X, CF88), pois de nada adiantaria a publicidade se o público não pudesse conhecer as razões que justificam as decisões em um processo. Fundamentação significa exposição das razões de fato e de direito, com fundamento nos elementos presentes nos autos, que levaram à cada decisão. Como exemplo: Nosso ordenamento, em matéria de apreciação de provas) se pauta no sistema da persuasão racional ou Sistema do Livre Convencimento Motivado.
Duração razoável do processo: garantia fundamental (art. 5º, LXXVIII, CF88) que alguns consideram como vaga e imprecisa, pois não se refere meramente à obrigatoriedade de cumprimento dos prazos de cada ato processual. Este princípio determina que cabe ao Judiciário interpretar o conceito de duração razoável, dando-lhe efetividade de forma a permitir a devida prestação de justiça aos envolvidos no processo. Defende-se que este princípio se estenda ao processo cautelar também.
Presunção de inocência (ou da não culpabilidade): garantia fundamental (art. 5º, LVII, CF88) que representa regra de tratamento e de julgamento no processo penal. Significa dizer que um indivíduo não será declarado culpado somente após sentença transitada em julgado, com o fim do devido processo penal, no qual a pessoa que tenha sofrido a acusação tenha utilizado os meios de prova adequados para a sua defesa e capazes de refutar as provas apresentadas pela acusação.
Inadmissibilidade das provas ilícitas: garantia fundamental (art. 5º, LVI, CF88) que representa, mais uma vez, a ideia segundo a qual os fins não justificam os meios no processo penal. 
Nemo tenetur se detegere (ninguém será obrigado a produzir provas contra si): direito à não autoincriminação, ou seja, ninguém é obrigado a se auto incriminar em um processo penal. Disto decorrem os direitos de o acusado permanecer calado (Art. 5º, LXIII, da CF) e não colaborar com o processo que o acusa.
Princípio da verdade real (muito criticado) – fazia-se uma distinção entre processos que versavam sobre direitos disponíveis, como é o caso do processo civil, onde vigorava o princípio da verdade formal, ou seja, a que foi possível apurar no âmbito do processo; e a verdade material (real ou substancial) que vigorava nos processos que versam sobre direitos indisponíveis (como o direito de locomoção do acusado) caso do processo penal. Hoje esta distinção não faz mais sentido, na medida em que se compreendeu ser impossível resgatar a verdade absoluta. Mesmo que as provas contidas nos autos sejam extremamente contundentes (= que não se pode duvidar) torna-se inviável resgatar exatamente os fatos tal como ocorreram. Por esta razão, modernamente, fala-se que vigora no processo penal o princípio da busca da verdade.

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