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Artigo SERVIÇO SOCIAL E POLÍTICA DE EDUCAÇÃO Autora Ídila Muniz

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SERVIÇO SOCIAL E POLÍTICA DE EDUCAÇÃO: Como? Para que? Para quem? 
 
Ídila Muniz G. G. Sampaio1 
 
RESUMO 
 
Este trabalho tem como objetivo geral refletir sobre a contribuição do Serviço Social na área 
da Educação, através de uma reflexão sobre as políticas educacionais como enfrentamento 
da questão social. Busca compreender o “lugar” dedicado, efetivamente, para além dos 
discursos, à Educação como Política Pública. Visa responder alguns questionamentos 
como: Que projeto de Educação tem prevalecido? Como pensar a educação em sentido 
amplo sem considerar a luta pelo acesso e ampliação dos direitos sociais uma condição 
dessa mesma concepção? As políticas educacionais são instrumentos suficientes de 
enfrentamento da questão social? Todas estas reflexões precisam ser consideradas quando 
pensamos nas políticas educacionais e no trabalho do Assistente Social neste âmbito. Este 
não pode estar resumido ao fazer profissional imediato, sem considerar o contexto complexo 
em que este se gesta. 
 
Palavras-chave: Educação. Política de Educação. Cidadania. Serviço Social. 
 
1 Introdução 
 
A motivação para as reflexões que aqui se apresentam surgiram de minha 
preocupação profissional na efetivação de um projeto ético-político para o trabalho 
do Assistente Social perante a Política de Educação, que contemple, além dos 
parâmetros legais dessa categoria, o atendimento às dimensões política, educativa e 
assistencial no exercício profissional. Contribui para a polarização e estímulo às 
soluções coletivas rumo à democracia, estabelecendo um comprometimento com as 
classes vulneráveis e excluídas, e em conformidade com o Código de Ética 
profissional dos Assistentes Sociais (1993). 
Durante meus estudos na graduação, acreditava que o trabalho do Assistente 
Social passaria, essencialmente, pela responsabilidade de garantir à sua clientela o 
acesso à informação e orientações que lhe permitissem ascender em sua condição 
 
1
 Assistente Social e Pedagoga, Pós Graduada em Metodologia da Educação Superior com ênfase 
em Novas Tecnologias, pela Faculdade Batista Brasileira (FBB), Mestranda no Programa de Pós-
Graduação em Políticas Sociais e Cidadania da Universidade Católica do Salvador 
(PPGPSC/UCSal). 
E-mail: idilasocial@yahoo.com.br 
 
social, início, assim, de um processo de conquista de seus direitos e de viabilização 
à sua cidadania. 
As transformações pela qual têm passado as sociedades no mundo inteiro, 
sobretudo na segunda metade do nosso século, proporcionaram diversas mudanças 
no sistema educacional como também na concepção da educação. 
Em termos gerais, a educação que, hoje, é ministrada, apresenta graves 
deficiências, o que se faz necessário torná-la mais relevante quanto à melhoria de 
sua qualidade. Até recentemente, a questão da escola limitava-se a uma escolha 
entre ser tradicional e ser moderna, tipologia que se preocupava mais com o método 
do que com os verdadeiros objetivos da educação, enquanto formação da cidadania. 
De acordo com Demo (1997), a maior virtude da educação, ao contrário do 
que muitos pensam, está em ser instrumento de participação política, como 
incubadora da cidadania, como processo formativo. 
O referido autor enfatiza que as desigualdades sociais não serão superadas 
apenas com uma melhor distribuição de renda e com a solidariedade das classes 
médias. É imprescindível que se prepare os jovens para o trabalho. A educação 
básica de qualidade para todos é uma das condições fundamentais para acabar com 
a “miséria”. Isso exige uma reorientação dos investimentos públicos em educação 
básica. 
Em princípio, toda escola pode ser cidadã, enquanto realiza uma concepção 
de educação orientada para a formação da cidadania ativa, aprofundando a 
participação da sociedade civil, organizada nas instâncias de poder institucional e a 
educação para o desenvolvimento, pois a educação é condição prioritária para o 
desenvolvimento do País. 
Na perspectiva de discutir sobre o Serviço Social e Educação, serão 
levantadas algumas considerações sobre a contribuição do Serviço Social na área 
da Educação, através de uma reflexão sobre as políticas educacionais como 
enfrentamento da questão social. 
 
2 A Educação como direito e como objeto de intervenção do Serviço Social 
 
Para entender o papel social da Educação se faz-se mister entender a Escola 
que temos e a Escola que queremos, bem como refletir sobre a que interesses a 
Educação atende. “A educação escolarizada ao passo que se constitui em 
expressão da dominação e controle do capital é ao mesmo tempo objeto das lutas 
das classes subalternas pela sua emancipação política” (ALMEIDA, 2000, p. 4). 
Em seus estudos Paulo Freire (2003) retrata que Gramsci já apresentava 
essa discussão considerando que a concepção de Educação dentro de sua 
dimensão da vida social não significa apenas aquisição de conhecimentos e sim 
posicionamento crítico diante da história para transformá-la (construção de uma 
nova sociabilidade) em que o processo educativo envolve diversos espaços: o 
próprio sujeito, a família, a política, as organizações de cultura e, dentre estes, a 
escola. 
Nesse sentido, partindo da compreensão da Política de Educação como área 
estratégica do Estado, pode-se perceber a existência de um espaço contraditório, 
envolvendo luta de classes, tensionada por disputas, visando à construção da 
hegemonia política e cultural, preparando a força de trabalho; portanto, para lutar 
pela Educação. Constitui, assim, uma das expressões da Questão Social2, visando o 
reconhecimento de uma necessidade social. 
Segundo Cohen & Franco (1993), as políticas desenvolvidas pelo Estado na 
perspectiva neoliberal têm como alvo principal os pobres, o combate à pobreza, em 
caráter emergencial. O mercado se encarregaria do restante. Enfatiza-se as 
posturas anti-universalizantes, privatistas e os programas sociais focalizados, 
seletivos e emergenciais, abrindo espaço às práticas neo-assistencialistas. Para a 
superação da pobreza, a educação é considerada como um dos instrumentos 
primordiais a serem empreendidos pelas políticas públicas. 
No contexto contemporâneo, com o processo de reestruturação produtiva, 
houve um redimensionamento da função do Estado a partir do ideário neoliberal e 
quem as políticas sociais apresentam-se focalistas, fragmentada, minimistas e 
mercantilizadas. Dessa forma, a Política de Educação assume lugar de destaque 
preparando a força de trabalho, funcional e ideologicamente, atendendo às 
exigências do capital dentro do paradigma da empregabilidade. Assim, a educação, 
 
2
 A concepção de questão social mais difundida no Serviço Social é a de CARVALHO e IAMAMOTO, 
(1983, p.77): “A questão social não é senão as expressões do processo de formação e 
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu 
reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano 
da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de 
intervenção mais além da caridade e repressão”. 
 
direito de todos e dever do Estado e da família deverá ser provida e incentivada com 
a colaboração da sociedade, visando pleno desenvolvimento da pessoa, seu 
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, conforme 
preconizado pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu 
Artigo 6º. 
Como proposta política educacional da escola pública, concebe-se a 
educação escolar como uma prática que tem a possibilidade de criar condições para 
que todos os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos 
necessários para construir instrumentos de compreensão da realidade e de 
participação em relações sociais, políticas e culturais diversificadas,cada vez mais 
amplas; condições estas, fundamentais para o exercício da cidadania, na construção 
de uma sociedade democrática e não excludente. 
Nesse sentido, para Maciel (2000, p. 144) 
 
A função educativa dos assistentes sociais integra o amplo processo 
de elaboração de uma ideologia própria desenvolvido por essa 
classe, como elemento constitutivo de uma nova cultura. Supõe 
compromisso político consciente com o projeto societário das classes 
subalternas e competência teórica, metodológica e política para a 
identificação e apropriação das reais possibilidades postas pelo 
movimento social para o redimensionamento da prática profissional 
no horizonte da luta pela emancipação das classes populares. 
 
 Assim, o Serviço Social, enquanto ramo de especialização do trabalho 
coletivo, inserido na divisão sócio técnica do trabalho, atuando em espaços 
contraditórios em que a mesma atividade responde demandas do capital e do 
trabalhador, atua no planejamento, gestão e execução de políticas sociais nas 
diversas áreas, incluindo a educação, respeitando a direção e princípios contidos no 
Projeto Ético-Político da Profissional3. 
 Compreender a inserção no Serviço Social no âmbito da Educação requer a 
compreensão do processo sócio histórico resultante de transformações societárias 
dentro do processo de produção e reprodução social e da própria construção da 
Política de Educação. Também são preponderantes as transformações da dinâmica 
de desenvolvimento da profissão, o acúmulo teórico-metodológico e ético-político. 
 
3 Ver: http://pt.slideshare.net/deyselfreire/a-construo-do-projeto-tico-poltico-do-servio-social-
jos-paulo-netto. 
 
http://pt.slideshare.net/deyselfreire/a-construo-do-projeto-tico-poltico-do-servio-social-jos-paulo-netto
http://pt.slideshare.net/deyselfreire/a-construo-do-projeto-tico-poltico-do-servio-social-jos-paulo-netto
 A trajetória histórica da inserção do Serviço Social na área da Educação não 
se constitui em um fenômeno recente. Desde os primórdios da profissão, o Serviço 
Social já atuava no controle social sobre a família proletária e nos processos de 
socialização e educação da classe trabalhadora diante do ciclo de expansão 
capitalista (décadas 1930/1940/1950). 
 Dessa forma, a ampliação das requisições postas para o Serviço Social na 
educação, resultantes do processo contraditório expresso na Política de Educação 
enquanto necessidade de melhoria das condições de escolaridade passou a atender 
demandas do capital e, contraditoriamente, amplia o acesso da classe trabalhadora 
a educação escolarizada. 
As políticas sociais enquanto lócus privilegiado da atuação profissional 
possibilita o repensar da política da educação como posição estratégica que ocupa 
nos processos econômicos, políticos e culturais, na produção e reprodução da 
sociedade e no reconhecimento da educação enquanto perspectiva emancipatória. 
Para tal, requer a análise concreta dos discursos que sustentam diferentes 
programas suas vinculações ideológicas projetos educacionais em disputa. 
 
3 Serviço Social e Educação: as políticas educacionais como enfrentamento da 
Questão Social 
 
Para pensarmos a política educacional é preciso compreender bem o conceito 
de política social. Parti-se da ideia básica de que as políticas sociais são contradição 
em essência, expressão dos conflitos entre capital e trabalho. Políticas educacionais 
são contraditórias. Respondem às necessidades da acumulação, no sentido da 
reprodução ideológica da força de trabalho e da elevação de patamares produtivos, 
como também podem responder às necessidades dos trabalhadores no sentido do 
domínio da ciência, da compreensão do mundo e do desenvolvimento tecnológico. 
Precisa-se compreendê-las historicamente, articulando-as ao mundo 
contemporâneo. Para isso são necessárias mediações diversas em que devem ser 
consideradas; por exemplo, nossa inserção na economia mundializada, nosso 
modelo de produção de Ciência, a dinâmica interna do país, os interesses 
conflituosos entre capital e trabalho, as relações entre o Estado e a Sociedade 
brasileira e as pressões dos trabalhadores e da burguesia. 
Sendo assim, no trabalho do assistente social, todas estas reflexões precisam 
ser consideradas quando pensamos nas políticas educacionais e no trabalho do 
assistente social neste âmbito. Este não pode estar resumido ao fazer profissional 
imediato, sem considerar o contexto complexo em que este se gesta. Contudo, faz-
se necessário fugir das análises românticas em prol de uma escola em que 
prevaleça apenas a preocupação com o afeto e as emoções humanas como solução 
para uma prática pedagógica eficaz. 
Considerando as mudanças recentes no Brasil em relação à Educação – 
marco legal que afetam a atribuição de responsabilidades, o financiamento das 
políticas educacionais e a implantação de iniciativas de reforma – pode-se observar 
um processo de ampliação e popularização da Educação no sentido da regularidade 
e do espaço para a chamada “inclusão”, além das interfaces diversas com outras 
políticas sociais (saúde, trabalho, por exemplo). Há, também, uma abordagem da 
pobreza absoluta vinculada ao conceito de cidadania. Mas, ao mesmo tempo, 
percebe-se a execução e cobertura das políticas públicas sociais excludentes, 
seletivas, focalistas que promovem a distribuição de direitos de forma desigual e até 
a desigualdade é distribuída de forma injusta no que diz respeito à renda e 
informações sobre a forma como são obtidas as receitas públicas, por meio da 
tributação, pelo governo como, também, a carga dessa tributação é distribuída entre 
os brasileiros. 
No capitalismo, a marca da educação é atravessada pela dinâmica de classe 
em que a escola é vista como uma instituição de forte viés classista, ainda que, 
contraditoriamente, possa ser também espaço de resistência. Na atualidade, 
podemos observar projetos em conflitos: o Projeto burguês com formação 
estritamente para o trabalho (massa trabalhadora), interessada, alienada, 
conciliadora, produtivista, positivista e o Projeto dos trabalhadores com formação 
científica, desinteressada, ampla, complexa, capaz de dialogar com o conhecimento 
acumulado, crítica, integral, humanista, cidadã, protetora, não discriminadora. 
 
A educação organizada sob a forma de política pública se constitui 
em uma das práticas sociais mais amplamente disseminadas de 
internalização dos valores hegemônicos na sociedade capitalista. A 
partir das lutas sociais, em especial da classe trabalhadora pelo 
reconhecimento de seus direitos sociais, tornou-se também condição 
importante nos processos de produção de uma consciência própria, 
autônoma, por parte desta própria classe e de suas frações 
(ALMEIDA, 2011, p. 12). 
 
Nesse contexto, é importante refletir sobre que projeto de educação tem 
prevalecido. A formação tem sido limitada pelo projeto de educação das atitudes, 
ficando restrita ao domínio de conhecimentos muito básicos para o convívio numa 
sociedade que naturaliza as diferenças, ou seja, a “escola improdutiva”, frágil, 
superficial, atitudinal, porém é produtiva para o capital (nas periferias). 
A questão social, em suas diferentes expressões, tem estado presente no 
espaço educacional e tem sido objeto de ações neste campo ao longo da história. O 
espaço educacional, portanto, sempre foi utilizado na intenção 
enfrentamento/minimização das sequelas da “questão social”, em especial aquelas 
relacionadas à pobreza. Este dado pode ser verificado em ações que aliam práticas 
assistenciais ao espaço educacional, ou mesmo na proposição legal (vide LDB, 
ECA, LOAS e programas como o Bolsa Família e afins). 
O trabalho do assistente social, no espaço educacional, hoje, precisa encarar 
que a expansão educacional tem sido feita de modo descuidado e utilitarista em que 
as ações compensatórias têm minimizado a importância daformação. É preciso 
compreender que a educação não é um “fetiche” e que não se tem todas as 
respostas para os reflexos da questão social na escola. Nesse sentido, o campo 
educacional não deve comportar emergencialismos, pois uma educação de 
qualidade supõe que os processos formativos recebam suporte muito além da sala 
de aula. 
De acordo Paulo Freire (1997), ninguém aprende somente na sala de aula. 
Estudo é igual a trabalho, demanda investimento longo e cuidadoso. A 
aprendizagem é resultado, também, das condições de vida, e o estímulo vai muito 
além do espaço da escola. É preciso fundamentar teoricamente a prática, conhecer 
o debate em torno da educação brasileira. 
As escolas não conseguem mais dar conta dos problemas sociais que se 
manifestam dentro da mesma como: agressões verbais e físicas, fome, desequilíbrio 
familiar, trabalho infantil, drogas, dentre outras. 
Segundo Teixeira (2000, p. 19), 
 
O reconhecimento da presença desses elementos no universo 
escolar, por si só, não constitui uma justificativa para a inserção dos 
assistentes sociais nesta área. Sua inserção deve expressar uma 
das estratégias de enfrentamento desta realidade na medida em que 
represente uma lógica mais ampla de organização do trabalho 
coletivo na esfera da política educacional, seja no interior das suas 
unidades educacionais, das suas unidades gerenciais ou em 
articulação com outras políticas setoriais. 
 
Ainda, de acordo com Ney Teixeira (2000), a inserção dos assistentes sociais, 
na área de educação, não se constitui em um fenômeno recente; sua origem 
remonta aos anos iniciais da profissão em sua atuação marcadamente voltada para 
o exercício de um controle social sobre a família proletária e em relação aos 
processos de socialização e educação na classe trabalhadora durante o ciclo de 
expansão capitalista experimentado no período varguista (1930-1945). Sua 
notoriedade atual em muito se deve a três tendências observadas no campo das 
políticas sociais a partir dos anos 1980: 
- O enfrentamento da pobreza a partir de políticas públicas, que estabelecem 
condicionalidades em relação à educação escolarizada; 
- A interface de diferentes políticas setoriais, em especial aquelas dirigidas 
aos segmentos sociais em situação de vulnerabilidade social, tornando o acesso à 
educação escolarizada um marco na afirmação dos direitos sociais de crianças e 
jovens; e 
- O alargamento da compreensão da educação como direito humano, 
adensando as práticas sociais organizadas em torno de diversos e abrangentes 
processos de formação humana, criando uma arena de disputas ideológicas 
fortemente mobilizadoras dos paradigmas educacionais em disputa no âmbito do 
Estado e da sociedade civil como os de empreendedorismo, empregabilidade e 
emancipação. 
Para Almeida (2000, p. 02), a prática do assistente social, na escola, significa 
 
[...] pensar sua inserção na área de educação não como uma 
especulação sobre a possibilidade de ampliação do mercado de 
trabalho, mas como uma reflexão de natureza política e profissional 
sobre a função social da profissão em relação as estratégias de luta 
pela conquista da cidadania através da defesa dos direitos sociais 
das políticas sociais. 
 
Assim, a inserção do assistente social, no campo educacional, deve 
concretizar-se indo além das demandas da instituição (em geral restritas ao controle 
dos “alunos problema”). Deve estimular um olhar mais totalizante em torno das 
expressões “questão social” no ambiente escolar para desvelar a complexidade do 
conceito “família/aluno” problema. 
Projetos em torno das expressões da questão social no interior da escola são 
importantes para articulação de recursos na organização de uma retaguarda de 
apoio aos processos educacionais com ações no sentido de favorecer o espaço 
democrático e a aproximação família-escola (inclusive na gestão escolar), além da 
organização de atividades de caráter multiprofissional. 
No contexto escolar, o assistente social será o profissional que irá não só 
diagnosticar, mas mediar e propor alternativas para as problemáticas sociais vividas 
por muitos alunos. Dentre as diversas demandas, destaca-se a evasão escolar, a 
inclusão e a violência que se caracterizam, hoje, como um grande desafio a ser 
analisado pelos profissionais que atuam na escola, no esforço da construção de 
novos projetos pedagógicos. Com sua especificidade, o assistente social irá 
contribuir na busca por uma educação de qualidade instrumentalizando as famílias 
e, por consequente, os alunos para o acesso democrático à escola, como também a 
sua permanência nela. 
As condições de ampliação do espaço ocupacional dos assistentes sociais 
estão diretamente relacionadas às tendências contemporâneas que marcam a 
relação entre o público e o privado na educação, revelando a dinâmica contraditória 
deste processo de expansão, assim como das possibilidades de alargamento das 
interfaces desta área com as demais políticas públicas. 
Este processo, além de situar expressões bem concretas em termos do 
reconhecimento e da visibilidade que a profissão passa a ter na área de educação, 
merece atenção especial por encobrir sob os atrativos consensos produzidos em 
torno da “inclusão social” e da “valorização da educação e da cidadania”, as 
desigualdades sociais que marcam as condições de acesso à educação no Brasil e 
que a descaracterizam como uma política efetivamente pública. 
 
4 “Onguização” da Educação 
 
No discurso neoliberal, a educação deixa de ser parte do campo social e 
político para ingressar no mercado e funcionar a sua semelhança. Conforme 
Hirschman (1992), este discurso se apoia na “tese da ameaça”, isto é, num artifício 
retórico da reação, que enfatiza os riscos de estagnação que o Estado do Bem-Estar 
Social representa para a livre iniciativa – para a produção de bens de consumo, 
maquinário, para o mercado, para a nova ordem mundial. 
No Brasil, embora não haja Estado do Bem-Estar Social, a retórica neoliberal 
é basicamente a mesma. Atribui à participação do Estado, em políticas sociais, a 
fonte de todos os males da situação econômica e social, tais como a inflação, a 
corrupção, o desperdício, a ineficiência dos serviços, os privilégios dos funcionários. 
Defende uma reforma administrativa, fala em reengenharia do Estado para criar um 
“Estado mínimo”, afirmando que sem essa reforma o país corre o risco de não 
ingressar na nova ordem mundial. 
A retórica neoliberal atribui um papel estratégico à educação e lhe determina 
basicamente três objetivos: 
O primeiro deles é atrelar a educação escolar à preparação para o trabalho e 
a pesquisa acadêmica ao imperativo do mercado ou às necessidades da livre 
iniciativa. Assegura que o mundo empresarial tem interesse na educação porque 
deseja uma força de trabalho qualificada, apta para a competição no mercado 
nacional e internacional. 
No segundo, tornar a escola um meio de transmissão dos seus princípios 
doutrinários. O que está em questão é a adequação da escola à ideologia 
dominante. Esta precisa sustentar-se, também, no plano das visões do mundo; por 
isso, a hegemonia passa pela construção da realidade simbólica. Na sociedade 
atual, a função de construir a realidade simbólica é, em grande parte, preenchida 
pelos meios de comunicação de massa, mas a escola tem um papel importante na 
difusão da ideologia oficial. 
E o terceiro, fazer da escola um mercado para os produtos da indústria 
cultural e da informática, o que, aliás, é coerente com a ideia de fazer a escola 
funcionar de forma semelhante ao mercado, mas é contraditório porque, enquanto, 
no discurso, os neoliberais condenam a participação direta do Estado no 
financiamento da educação, na prática, não hesitam em aproveitar os subsídios 
estatais para divulgar seus produtos didáticos e paradidáticos, no mercado escolar. 
Atualmente, observam-se projetos em curso como Amigos da Escola e afins;Reuni; Prouni; Pronatec; EaD; privatizações tradicionais ou veladas (uso de recursos 
públicos na rede privada), além da descontinuidade de projetos voltados para a 
educação. Este último aspecto ocorre em função do processo de “ONGUIZAÇÃO” 
da educação, ou seja, muitas ações referentes ao desenvolvimento da Política de 
Educação são desenvolvidas através de projetos sob operacionalização de 
Organizações Não Governamentais que auxiliam o Estado na consecução de seu 
principal objetivo que é garantir à população o pleno exercício da cidadania e da 
democracia. Por meio da realização de projetos e ações, as ONGs trabalham onde o 
poder público não consegue chegar. 
 Para tanto, faz-se possível perceber algumas respostas contemporâneas por 
parte do Estado no que tange à execução da Política de Educação, por exemplo, 
investimento em avaliação e não apenas na qualidade do processo formativo, 
produtivismo para premiar por resultados nas avaliações, ações de voluntariado e 
parcerias público/privado, além de ações emergenciais como Brasil Alfabetizado. 
 De acordo com Abrucio (2007), a noção de cidadania que orienta tais 
programas e projetos tem sido forjada nos marcos de uma sociedade que pressupõe 
uma igualdade centrada nas relações contratuais entre “proprietários” distintos, uns 
da força de trabalho e outros por meio de produção livre para venderem o que é de 
sua propriedade. O que se propõe aqui não é o abandono da defesa da cidadania, 
mas sua ressignificação no processo de ampliação e consolidação dos direitos 
sociais mediante as políticas sociais asseguradas pelo Estado, assim como sua 
forma de institucionalização. 
 
Conclusão 
 
A compreensão da educação como totalidade histórica ultrapassa em muito a 
abordagem da sua institucionalização nos marcos das ações reguladoras do Estado, 
pois articula de modo não linear a relação entre as esferas pública e privada, grupal 
e comunitária, e econômica e ideológica da vida em sociedade. 
O Serviço Social na área da educação apresenta-se como um desafio, 
constituindo uma decisão de fortalecimento das políticas sociais, que expressa 
compreender a educação em uma dimensão integral, e que envolve tanto os 
processos sócio-institucional quanto as relações familiares e comunitárias, 
instituindo uma educação cidadã, articuladora e constitutiva de novas formas de 
sociabilidade humana, nas quais o acesso aos direitos sociais torna-se 
imprescindível. 
Nesse sentido, a inserção do Serviço Social, no âmbito da educacional 
justifica-se por conta do Código de Ética, por entender que a escola é um espaço de 
organização comunitária cujo objetivo é romper com o isolamento proposto pela 
forma de se fazer políticas públicas, pela compreensão do que é público, pois existe 
uma demanda social que grita. 
A prática profissional do assistente social, nesse campo de atuação, será 
desenvolvida através de mobilização social por meio da promoção de ações que 
informem e formem com publicizações dos resultados alcançados, pressionando o 
poder público, por meio de audiências públicas, estabelecendo superfícies de 
contato com os sujeitos envolvidos no processo, dialogando com a sociedade civil 
organizada e a “desorganizada”, e disseminando informações em todos os espaços 
sócio-ocupacionais. 
Todo esse esforço é para que possibilite a consolidação dos direitos, 
contribuindo com a formação de cidadãos com autonomia, permitindo que os 
professores possam exercer a missão que foi confiada a eles. Busca-se, ainda, 
construir e consolidar a rede de assistência social, tendo em vista novas formas de 
sociabilidades para que haja uma articulação que rompa com a fragmentação dos 
problemas e possibilite qualificar o controle social. 
Diante das reflexões aqui apresentadas, conclui-se que a função educativa, 
contida no Projeto Ético Político da Profissão, contribui para novas relações 
pedagógicas entre o assistente social e o usuário de seus serviços, favorecendo, 
assim, uma maior participação dos sujeitos envolvidos nas lutas para a conquista de 
uma classe hegemônica. 
 
Referências 
 
ABRUCIO, Fernando L. Trajetória recente da gestão pública brasileira: um balanço 
crítico e a renovação da agenda de reformas. Revista de Administração Pública, 
Rio de Janeiro, edição comemorativa, vl. 1, p. 67-74, 2007. 
ALMEIDA, Ney Luiz Teixeira de. O Serviço Social na Educação. Revista INSCRITA, 
nº 6. Conselho Federal de Serviço Social, 2000. 
COHEN, Ernesto & FRANCO, Rolando. Avaliação de projetos sociais. 5ª edição, 
Petrópolis, RJ: Vozes, 1993. 
DEMO, Pedro. Cidadania tutelada e cidadania assistida. Rio de Janeiro: Autores 
Associados, 1987. 
FREIRE, Paulo e HORTON, Myles. O caminho se faz caminhando: conversas 
sobre educação e mudança social. São Pulo: Cortez, 2003 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática 
educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997b. 
HIRSCHMAN, Albert. A retórica da intransigência. São Paulo: Companhia das 
Letras, 1992. 
MACIEL, M. & CARDOSO, F. G. Mobilização social e práticas educativas. In: 
Capacitação em Serviço Social e Política Social. Brasília, DF: UnB, Centro de 
Educação Aberta, Continuada a Distância, módulo 4, p. 139-150, 2000.

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