Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO Situação Problema 03 – SP03 OBJ 1. Diferenciar dependência química X uso recreativo X uso abusivo. DROGAS De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o termo “droga refere-se a qualquer entidade química ou mistura de entidades que altere a função biológica e possivelmente a estrutura do organismo” (OMS, 1981). As chamadas substâncias psicoativas ou drogas psicotrópicas são aquelas que atuam sobre o cérebro, modificando o seu funcionamento, podendo provocar alterações no humor, na percepção, comportamento e estados da consciência. O uso de drogas, incluindo álcool e nicotina, altera o Sistema Nervoso Central (SNC) e está entre os principais problemas de Saúde Pública no mundo. Além do comprometimento das estruturas cerebrais, as drogas podem causar problemas físicos, psicológicos, sociais, ocupacionais e legais. Segundo Seidl (1999) as drogas podem ser classificadas de acordo com a produção e com a Lei: CLASSIFICAÇÃO QUANTO À PRODUÇÃO De acordo com a produção, as drogas podem ser classificadas entre naturais, semissintéticas e sintéticas: 1. Drogas Naturais: são originadas de plantas, disponíveis na natureza, como os cogumelos e a trombeteira, consumidas em forma de chá; 2. Drogas Semissintéticas: são extraídas de plantas, mas exigem algum tipo de processamento para serem consumidas. Como exemplo, tem-se a maconha, a cocaína, o álcool e o tabaco. Elas podem ser produzidas em escala industrial, como as bebidas alcoólicas e o cigarro. Sendo assim, são obtidas a partir de modificações químicas das substâncias naturais; 3. Drogas Sintéticas: são produzidas artificialmente em laboratório, como o ecstasy, o LSD e os benzodiazepínicos. Algumas são fabricadas pela indústria farmacêutica com finalidade médica. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À LEI De acordo com a lei, as drogas podem ser classificadas entre lícitas e ilícitas: 1. Drogas Lícitas: não há nenhuma proibição na legislação quanto à produção, uso e comercialização. São chamadas drogas legais e em geral têm seu uso aceito socialmente e às vezes até estimulado em determinadas culturas, como exemplo tem-se o álcool, tabaco e café. Os benzodiazepínicos e as anfetaminas também são drogas permitidas, apesar do controle na comercialização e receita médica. Os solventes ou inalantes, como a cola de sapateiro, são drogas lícitas muito utilizadas na construção civil e na fabricação de objetos de couro, contudo tem a comercialização controlada para evitar o uso indevido. 2. Drogas Ilícitas: são as drogas proibidas por leis específicas e que têm a produção, a comercialização e o consumo considerados como crime. A maconha, a cocaína e o crack são exemplos de drogas ilícitas ou ilegais. CONCEITOS IMPORTANTES Alguns conceitos importantes são a intoxicação e abstinência: 1. Intoxicação: síndrome causada pela ingestão recente de uma determinada droga. É caracterizada por alterações comportamentais ou psicológicas clinicamente significativas e mal -adaptativas, devido ao efeito da substância sobre o SNC e outros sistemas do organismo; 2. Abstinência: desenvolvimento de uma síndrome específica devido à interrupção ou redução do uso pesado e prolongado de determinada droga. Esta síndrome causa sofrimento ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO PADRÕES DE USO O novo conceito dos transtornos relacionados ao uso do álcool e outras drogas rejeitou a ideia da existência apenas do dependente e não dependente. Existem, ao invés disso, padrões individuais de consumo que variam de intensidade, ou seja, variam em forma de um continuum. Por isso, deve-se avaliar não só se existe consumo de alguma substância, mas também a intensidade dos sintomas presentes e seus diferentes níveis de gravidade. De acordo com Widiger (1994), o padrão de uso pode ser classificado como: 1. Experimental: uso inicial, esporádico de uma determinada droga; 2. Recreativo: uso de determinada droga em situações sociais ou de relaxamento, sem consequências negativas; 3. Uso Frequente: uso regular, não compulsivo e que não traz prejuízos significativos para o funcionamento do indivíduo; 4. Uso Nocivo: Um padrão de uso de substâncias psicoativas que causa algum dano à saúde, podendo ser de natureza física ou psicológica; 5. Dependência: Relação disfuncional entre um indivíduo e seu modo de consumir uma determinada substância psicoativa. TRANTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS Os transtornos devido ao uso de substâncias psicoativas são: • Intoxicação aguda • Sintomas de abstinência • Síndrome de dependência • Síndrome de abstinência com delirium • Transtorno psicótico • Síndrome amnésica • Transtorno psicótico residual ou de instalação tardia Referências Bibliográficas: Cartilha do Curso de Capacitação Dependência Química – UNASUS/ UFMA ORIGENS DA DEPENDÊNCIA DE SUBSTÂNCIAS A natureza crônica e recidivante da drogadição preenche todos os critérios de uma doença crônica, mas em razão do componente voluntário da iniciação, o conceito de doença é controvertido neste contexto. A maioria dos indivíduos que começa a utilizar drogas não progride para drogadição. Muitas variáveis atuam simultaneamente de forma a influenciar a probabilidade de que um usuário de drogas iniciante perca o controle e desenvolva drogadição. Essas variáveis podem ser classificadas em três grupos: 1. agente (droga); 2. hospedeiro (usuário); 3. ambiente. VARIÁVEIS RELATIVAS AO AGENTE (DROGA) As drogas variam quanto à sua capacidade de produzir sensações agradáveis imediatas no usuário. As drogas que sempre produzem sensações intensamente agradáveis (euforia) têm maior probabilidade de serem usadas repetidamente. O termo reforço refere-se à capacidade que as drogas têm de produzir efeitos que fazem com que seu usuário deseje utilizá-las novamente. Quanto maior a capacidade de uma droga reforçar seu próprio uso, maio res as chances de que ela seja usada de maneira abusiva. As propriedades reforçadoras de uma droga podem ser avaliadas confiavelmente nos animais. (PROPRIEDADES REFORÇADORAS) As propriedades reforçadoras das drogas estão associadas à sua capacidade de aumentar a atividade neuronial em áreas cerebrais bem demarcadas. Cocaína, anfetamina, etanol, opiáceos, AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO canabinoides e nicotina aumentam consistentemente os níveis de dopamina (DA) no líquido extracelular do estriado ventral, especificamente na região do núcleo acumbente. Em animais de laboratório (geralmente ratos), a microdiálise cerebral permite a coleta de amostras do líquido extracelular enquanto os animais se movimentam livremente ou recebem as drogas. Aumentos menores do nível de DA no núcleo acumbente também são detectados quando os ratos recebem alimentos doces ou são colocados diante de um parceiro sexual. Já os fármacos que bloqueiam os receptores de DA geralmente produzem sensações desagradáveis (ou seja, efeitos disfóricos). Nem os animais, nem os seres humanos ingerem esses fármacos espontaneamente. Apesar dessas correlações diretas convincentes, a relação causal entre DA e euforia/disforia não está estabelecida e outras descobertas enfatizam a participação adicional da serotonina (5-HT), do glutamato, da norepinefrina (NE) e do ácido γ-aminobutírico (GABA) como mediadores dos efeitos reforçadores das drogas. (RAPIDEZ DA AÇÃO) O potencial de uso abusivo de uma droga é aumentado pela rapidez de início da sua ação, porque os efeitos que ocorrem logo após a administração têm maior tendência a dar início à cadeia de eventos que levam à perda do controle sobre o uso da droga. As variáveis farmacocinéticas que influenciam o tempo que a droga demora a chegar aos locais receptores fundamentais do cérebro. Emboraas variáveis relativas à droga sejam importantes, elas não explicam totalmente o desenvolvimento da drogadição. A maioria das pessoas que experimentam drogas com alto potencial de produzir drogadição não intensifica o uso da droga e perde o controle. O risco de desenvolver drogadição entre os indivíduos que experimentam nicotina é cerca de duas vezes maior que o risco associado ao uso de cocaína. Isso não significa que o potencial de drogadição farmacológica da nicotina seja duas vezes maior que o da cocaína. Pelo contrário, há outras variáveis incluídas nos grupos dos fatores do hospedeiro e das condições ambientais, que influenciam o desenvolvimento de drogadição. COCAÍNA E SUA BIODISPONIBILIDADE A história do uso de cocaína ilustra as alterações do potencial de uso abusivo do mesmo composto, dependendo da forma e da via de administração. Quando as folhas de coca são mastigadas, a cocaína é absorvida lentamente pela mucosa oral. Essa via de utilização produz níveis sanguíneos baixos de cocaína e concentrações correspondentemente pequenas no cérebro. Os efeitos estimulantes suaves produzidos pela mastigação das folhas de coca têm início gradativo e essa prática tem provocado pouco ou nenhum problema comportamental, apesar do uso há milhares de anos pelos nativos da região dos Andes. (CLORIDRATO DE COCAÍNA) A partir do final do século XIX, os cientistas isolaram o cloridrato de cocaína das folhas da coca e aperfeiçoaram a tecnologia de extração da cocaína. A cocaína poderia ser ingerida em doses mais altas por ingestão oral (absorção GI) ou por absorção pela mucosa nasal, produzindo níveis mais altos de cocaína na corrente sanguínea e início mais rápido de estimulação. Em seguida, pesquisadores demonstraram que uma solução de cloridrato de cocaína poderia ser administrada por via intravenosa, resultando em início mais rápido dos efeitos estimulantes. Cada nova preparação de cocaína disponibilizada possibilitava início de ação mais rápido, e as concentrações sanguíneas crescentes correlacionavam-se com a tendência maior de causar dependência. (CRACK) Na década de 1980, a disponibilidade de cocaína para o público americano foi aumentada ainda mais com a invenção do crack. O crack, vendido ilegalmente a um preço baixo (US$ 1-US$ 3 por dose), é o alcaloide da cocaína (base livre), que vaporiza rapidamente com o aquecimento. A simples inalação dos vapores produz níveis sanguíneos comparáveis aos produzidos pela administração de cocaína por via intravenosa, tendo em vista a grande superfície disponível para absorção na circulação pulmonar depois da inalação. Em seguida, a cocaína presente no sangue entra no lado esquerdo do coração e chega à circulação cerebral sem diluição na circulação sistêmica. Por esse motivo, a inalação da cocaína na forma de crack tem tendência muito maior de causar drogadição que seu consumo por mastigação, ingestão oral ou aspiração nasal. A inalação com produção rápida de níveis cerebrais eficazes da droga também é a via preferida pelos usuários de nicotina e maconha. AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO VARIÁVEIS RELACIONADAS COM O HOSPEDEIRO (USUÁRIO) Em geral, os efeitos das drogas variam entre os indivíduos. Mesmo os níveis sanguíneos podem mostrar grandes variações depois da administração da mesma dose de uma droga (em miligramas por quilo de peso corporal) a diferentes indivíduos. O polimorfismo dos genes que codificam as enzimas envolvidas na absorção, no metabolismo na excreção e nas respostas mediadas pelos receptores pode contribuir para os diferentes graus de reforço ou euforia observados entre os indivíduos. ÁLCOOL Os filhos de alcoólatras têm maior tendência a desenvolver alcoolismo, mesmo que sejam adotados logo depois do nascimento e que sejam criados por pais não alcoólatras. Os estudos das influências genéticas desse distúrbio mostraram apenas um aumento do risco de desenvolver alcoolismo, não um determinismo de 100%, o que é compatível com um distúrbio poligênico com vários determinantes. Mesmo gêmeos idênticos, que compartilham do mesmo patrimônio genético, não mostram concordância de 100% quando um dos irmãos é alcoólatra. Entretanto, a taxa de concordância entre os gêmeos idênticos é muito maior do que entre gêmeos fraternos. O uso abusivo de álcool e outras drogas tende a mostrar algumas características familiares, o que sugere que mecanismos semelhantes podem estar envolvidos. (TOLERÂNCIA INATA AO ÁLCOOL) A tolerância inata ao álcool, determinada pelo nível de resposta ao álcool administrado em condições experimentais, pode representar um traço biológico que contribui para o desenvolvimento do alcoolismo. Embora a tolerância inata aumente a suscetibilidade ao alcoolismo, o metabolismo reduzido pode conferir um efeito protetor. A discussão sobre a variação genética comum nas populações asiáticas, que causa ruborização facial e ingestão reduzida de álcool, ou abstinência completa nos indivíduos homozigóticos para o gene variante. Do mesmo modo, os indivíduos que herdaram um gene associado ao metabolismo mais lento da nicotina podem ter efeitos desagradáveis quando começam a fumar e, segundo alguns estudos, têm menor tendência a desenvolver dependência de nicotina. TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS Os transtornos psiquiátricos constituem outro grupo de variáveis relacionadas com o usuário. As drogas podem produzir efeitos subjetivos imediatos, que aliviam os sintomas pré-existentes. Os indivíduos que têm ansiedade, depressão, insônia ou até mesmo sintomas sutis como timidez, podem descobrir, por experiência ou por acidente, que certas drogas trazem alívio. Entretanto, os efeitos benéficos aparentes são transitórios, e o uso repetido da droga pode causar tolerância e, por fim, consumo compulsivo e descontrolado. Embora os sintomas psiquiátricos não sejam comumente detectados nos indivíduos que fazem uso abusivo de drogas e buscam tratamento, a maioria destes sintomas apareceu depois que eles começaram a fazer uso constante das drogas. Por essa razão, as drogas sujeitas ao uso abusivo parecem produzir mais sintomas psiquiátricos do que proporcionar alívio. VARIÁVEIS RELACIONADAS COM O AMBIENTE A iniciação e a continuação do uso de drogas ilícitas parecem ser significativamente influenciadas pelas normas sociais e pela pressão dos companheiros. Inicialmente, usar drogas pode ser uma forma de rebelião contra a autoridade. Em algumas comunidades, os indivíduos que consomem ou vendem drogas são considerados modelos aparentemente respeitados e bem-sucedidos; desse modo, as pessoas jovens tentam imitá-los. Também há poucas opções adicionais de prazer, diversão ou renda. Esses fatores são particularmente importantes nas comunidades em que os níveis de instrução são baixos e as oportunidades de emprego são escassas. Referências Bibliográficas: Livro de Farmacologia Godmann AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO DEPENDÊNCIA QUÍMICA Quem usa uma droga por vezes desconhece que pode perder o controle, que pode ficar doente na ausência da droga, que pode vir a fazer mal para si ou para outras pessoas. Qualquer pessoa que usa uma droga, corre riscos. Um dos riscos mais importantes é de se tornar dependente. A dependência é uma doença grave pois modifica o modo que o dependente percebe o mundo, as pessoas e a sua relação com a droga. Além de perder o controle sobre o uso, deixando de ser apenas um usuário, o dependente químico também sofre com as consequências da droga no seu corpo. Estas consequências podem vir a se tornar doenças graves como o câncer, problemas cardíacos, hepáticos ou sintomas como impotência sexual, falta de energia ou vontade de suicidar. Muitas pessoas confundem a dependência a uma droga com o uso de uma droga, outras pessoasacreditam que a dependência a uma droga é "física" ou "psíquica" e que muitas drogas causam uma ou outra dependência. Nem todo usuário é dependente, mas todo usuário corre o risco de se tornar dependente. O que caracteriza dependência a uma droga é: • A perda do controle do uso da droga, o dependente não consegue interromper ou uma vez que começa a usar não consegue controlar as quantidades de droga que usa. • A substituição progressiva de atividades importantes como o lazer ou trabalho pelo uso da droga • A persistência do uso da droga apesar das suas consequências negativas • A presença de fissura, ou seja uma vontade muito grande, quase incontrolável de usar a droga que pode aparecer a qualquer hora do dia ou da noite. Referências Bibliográficas: site do CRR – UFMG (departamento de psiquiatria) OBJ 2. Apresentar a epidemiologia da dependência química. RELATÓRIO MUNDIAL SOBRE USO DE DROGAS 2020 O Relatório Mundial sobre Drogas 2020 divulgado na quinta-feira (25) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) revela que cerca de 269 milhões de pessoas usaram drogas no mundo em 2018 – aumento de 30% em comparação com 2009. Além disso, mais de 35 milhões de pessoas sofrem de transtornos associados ao uso de drogas. O relatório também analisa o impacto da COVID-19 nos mercados de drogas, cotejando o aumento do desemprego e a redução de oportunidades causados pela pandemia, que podem afetar desproporcionalmente as camadas mais pobres, tornando-as mais vulneráveis ao uso, ao tráfico e ao cultivo de drogas para obterem sustento. A diretora-executiva do UNODC, Ghada Waly, enfatizou que os grupos vulneráveis e marginalizados, jovens, mulheres e as camadas mais pobres pagam o preço do problema das drogas no mundo. Para ela, “a crise da COVID-19 e a retração econômica ameaçam agravar ainda mais os riscos das drogas, quando nossos sistemas sociais e de saúde estão à beira de um colapso e nossas sociedades estão lutando para lidar com esse problema”. TENDÊNCIAS NO USO DE DROGAS Enquanto a cannabis foi a substância mais consumida no mundo em 2018, com uma estimativa de 192 milhões de pessoas que a usaram, os opioides, no entanto, continuam sendo os mais nocivos, pois na última década o número AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO total de mortes por transtornos associados ao uso de opioides teve alta de 71%, com aumento de 92% entre as mulheres, comparado com 63% entre os homens. O uso de drogas aumentou muito mais rapidamente entre os países em desenvolvimento, durante o período 2000- 2018, do que nos países desenvolvidos. Adolescentes e jovens representam a maior parcela daqueles que usam drogas, enquanto os jovens também são os mais vulneráveis aos efeitos das drogas, pois são os que mais consomem e seus cérebros ainda estão em desenvolvimento. TENDÊNCIAS DA CANNABIS Embora o impacto das leis que legalizaram a cannabis em alguns países ainda seja difícil de avaliar, é notável que o uso frequente da cannabis aumentou em todas essas áreas após a legalização. Em alguns desses países, os produtos mais potentes da cannabis também são mais comuns no mercado. A cannabis também continua sendo a principal droga que coloca as pessoas em contato com o sistema de justiça criminal, respondendo por mais da metade dos casos de infrações à lei de drogas, com base em dados de 69 países, no período de 2014 a 2018. DISPONIBILIDADE DE OPIOIDES FARMACÊUTICOS PARA CONSUMO MÉDICO VARIA NO MUNDO O relatório também aponta que os países de baixa renda ainda sofrem com a escassez de opioides farmacêuticos, usados para controle da dor e cuidados paliativos. Mais de 90% de todos os opioides farmacêuticos disponíveis para consumo médico encontravam-se em países de alta renda em 2018, compreendendo cerca de 12% da população mundial. A estimativa é de que os países de baixa e média renda, que compreendem 88% da população mundial, consumam menos de 10% de opioides farmacêuticos. O acesso aos opioides farmacêuticos depende de vários fatores, incluindo legislação, cultura, sistemas de saúde e práticas de prescrição. POBREZA, MARGINALIZAÇÃO Pobreza, pouca educação e marginalização social continuam sendo fatores importantes que aumentam o risco de ocorrência de transtornos associados ao uso de drogas. Além disso, os grupos vulneráveis e marginalizados também podem enfrentar barreiras para obter serviços de tratamento devido à discriminação e ao estigma. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2020 oferece uma visão global sobre a oferta e a demanda de opioides, cocaína, cannabis, estimulantes do tipo anfetamina e Novas Substâncias Psicoativas (NPS), bem como sobre seu impacto na saúde, levando em conta os possíveis efeitos da pandemia da COVID-19. O documento destaca, por meio de pesquisa aprimorada e dados mais precisos, que os efeitos adversos para a saúde devido ao uso de drogas são mais generalizados do que se pensava anteriormente. Referências Bibliográficas: site UNODC – United Nations Office on Drugs and Crime OBJ 3. Conhecer os tipos de substâncias que causam dependência química (exemplo: cocaína, álcool, entre outros). ÁLCOOL (INTOXICAÇÃO) O grau de prejuízo clínico da intoxicação por álcool depende da tolerância do indivíduo, da quantidade, do tipo de bebida alcoólica ingerida e da quantidade absorvida. Um nível de álcool no sangue de 0,4 g/dL está associado a risco de mortalidade de 50% em pessoas não alcoolistas. Para determinar com que rapidez o nível sanguíneo de álcool de uma pessoa diminui, é considerado o método empírico de que o corpo metaboliza aproximadamente uma dose (i.e., ± 0,015 g/dL) por hora. AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO ABSTINÊNCIA Após a última dose, a abstinência de álcool tipicamente começa em 6 a 8 horas, atinge o pico em 24 a 28 horas e geralmente se resolve em sete dias. O espectro de sintomas de abstinência de álcool é amplo. Apenas cerca de 5% de indivíduos com dependência de álcool desenvolvem mais do que sintomas de abstinência leves a moderados. A alucinose alcoólica ocorre em 3 a 10% de pacientes com abstinência de álcool grave. Ela pode apresentar-se como alucinações auditivas, visuais ou táteis na presença de um sensório claro. O delirium tremens (DT), ou delirium de abstinência de álcool, é caracterizado por agitação e tremor, instabilidade autônoma, febre, alucinações auditivas e visuais e desorientação. O DT geralmente se desenvolve em 2 a 4 dias após a última dose e a sua duração média é de menos de uma semana. Foi estimado que o DT ocorre em 5% de pacientes internados por abstinência de álcool (Mayo- Smith et al., 2004). Ele deve ser considerado uma emergência médica, porque a taxa de mortalidade pode ser de até 20% sem tratamento imediato e adequado no caso de abstinência grave. Estima-se que as convulsões, uma outra complicação da abstinência de álcool, ocorram em 5 a 15% dos alcoolistas. Elas geralmente se manifestam nas primeiras 24 horas após a última dose, mas podem ocorrer em qualquer tempo nos primeiros cinco dias. As convulsões da abstinência de álcool são geralmente do tipo grande mal. Aqueles com história passada de convulsões por abstinência de álcool têm um risco aumentado dessa complicação em episódios subsequentes de abstinência. DIAGNÓSTICO Há diversos questionários disponíveis para a detecção de problemas relacionados ao álcool. Uma resposta positiva a qualquer uma das perguntas do CAGE requer investigação mais profunda dos problemas com bebida do paciente. O Teste de Identificação de Transtornos por Uso de Álcool é um questionário de 10 itens usado para a avaliação de transtornos por uso de álcool. Dados laboratoriais e marcadores biológicos podem detectar sinais de transtorno por uso de álcool em um paciente. A gamaglutamiltransferase (GGT) tem sido tipicamente reconhecida como uma enzima hepática cuja elevaçãopode indicar uso de álcool. A sensibilidade da GGT para identificar abuso de álcool é de 40 a 60%, com uma especificidade de aproximadamente 80%. Um teste mais atual para consumo pesado de álcool é a porcentagem relativa no soro da forma deficiente de carboidrato de uma proteína transportadora de cálcio, a transferrina deficiente de carboidrato (CDT). A CDT é um indicador mais sensível e específico de uso pesado de álcool. A especificidade diagnóstica da CDT para uso pesado de álcool recente é de aproximadamente 70% em pacientes com cirrose hepática não induzida por álcool, 88,2% em indivíduos com hepatite e 93,5% em pessoas com elevação de GGT não específica. COMPLICAÇÕES MÉDICAS O consumo excessivo de álcool resulta em sequelas graves de saúde com o passar do tempo, com muitos casos chegando a óbito. Sabe-se que o consumo excessivo de álcool eleva a pressão sanguínea e aumenta o risco de infarto do miocárdio. Há um risco aumentado de câncer, particularmente do esôfago, cabeça, pescoço, fígado, estômago, cólo e pulmão. O alcoolismo de longo prazo resulta em lesão hepática, que pode culminar em cirrose e morte. Varizes no esôfago resultantes do abuso de longo prazo de álcool também podem ser potencialmente fatais, porque elas podem romper, ocasionando sangramento rápido e profuso. A síndrome de Wernicke-Korsakoff ocorre como resultado de deficiência de tiamina no alcoolismo. Essa síndrome pode ser precipitada pela administração de glicose em indivíduos assintomáticos com deficiência de tiamina. Portanto, é da maior importância assegurar que os dependentes de álcool recebam suplemento de tiamina antes da administração de glicose em uma situação aguda. Os primeiros sintomas da síndrome de Wernicke-Korsakoff incluem concentração diminuída, apatia, agitação leve e humor deprimido. Confusão, amnésia e confabulação são sinais tardios do déficit de tiamina grave e prolongado. A síndrome alcoólica fetal resulta do consumo de álcool pela gestante; nenhuma quantidade de álcool pode ser considerada segura durante a gravidez. Essa síndrome geralmente ocasiona retardo mental (44% de crianças com a síndrome têm um QI de 79 ou abaixo). Outros defeitos congênitos incluem olhos separados, fissura palpebral curta, AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO ponte nasal curta e ampla, filtro hipoplásico, lábio superior afinado e meio da face achatado. Foi demonstrado que o uso materno de álcool na amamentação prejudica o desenvolvimento motor, mas não o desenvolvimento mental da criança. NICOTINA Embora uma pessoa possa com certeza se sentir doente pelo uso agudo de tabaco (p. ex., náusea, tontura, taquicardia), a intoxicação por nicotina não é um transtorno induzido por substância reconhecido, pois raras vezes há sequelas sociais mal-adaptativas ou clinicamente significativas prolongadas. De maneira semelhante, o abuso de nicotina também não é um transtorno por uso de substância admitido. TRATAMENTO E ABSTINÊNCIA Visto que o uso de tabaco é legal e seu consumo agudo causa ruptura comportamental mínima, o tratamento de dependência de nicotina tem como objetivo tratar a abstinência e as “fissuras”, bem como desenvolver outros comportamentos que promovam a abstinência e previnam a recaída. Embora as taxas de cessação a longo prazo (p. ex., 12 meses) para uma única tentativa sejam menores que 10%, a taxa de cessação a longo prazo durante a vida é de aproximadamente 50%. Por conseguinte, uma das tarefas para o provedor de tratamento é ajudar o paciente a lidar com a recaída e a manter um senso de esperança e autoeficácia. COMPLICAÇÕES MÉDICAS Na dependência de nicotina, uma complicação farmacológica especialmente relevante à prática psiquiátrica é a indução de enzimas hepáticas e metabolismo de droga pelos componentes não nicotínicos (provavelmente hidrocarbonetos aromáticos policíclicos) da fumaça do tabaco. Os problemas cardiovasculares, pulmonares, carcinogênicos e outras complicações médicas resultantes do uso de nicotina estão bem-descritos na literatura médica geral. DIAGNÓSTICO Embora o diagnóstico de dependência de nicotina seja feito de acordo com os critérios do DSM- -IV-TR, outras escalas de avaliação podem ser úteis no tratamento dessa condição. O número de cigarros fumados por dia correlaciona-se negativamente com a facilidade em abandonar o hábito e, em muitos estudos, com a resposta ao tratamento formal. O Teste Fagerström para Dependência de Nicotina prognostica a dificuldade em parar de fumar. O Teste de Fagerström mede o grau de dependência à nicotina. Todo paciente deve ter aferido o seu grau de dependência à nicotina, considerado que é essa dependência que dificulta o processo de abstinência, pois causa sintomas desconfortáveis nas pessoas que tentam parar de fumar, e aumenta as chances de as pessoas voltarem a fumar. Responda às perguntas abaixo, some o número no final de cada resposta e veja o resultado no fim da página. 1. Em quanto tempo depois de acordar você fuma o primeiro cigarro? • Dentro de 5 minutos (3) • 6-30 minutos (2) • 31-60 minutos (1) • Depois de 60 minutos (0) 2. Você acha difícil ficar sem fumar em lugares onde é proibido (por exemplo, na igreja, no cinema, em bibliotecas, e outros.)? • Sim (1) • Não (0) AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO 3. Qual o cigarro do dia que traz mais satisfação? • O primeiro da manhã (1) • Outros (0) 4. Quantos cigarros você fuma por dia? • Menos de 10 (0) • De 11 a 20 (1) • De 21 a 30 (2) • Mais de 31 (3) 5. Você fuma mais frequentemente pela manhã? • Sim (1) • Não (0) 6. Você fuma mesmo doente quando precisa ficar na cama a maior parte do tempo? • Sim (1) • Não (0) Avaliação do resultado Dependência (soma dos pontos): • 0-2: muito baixa • 3-4: baixa • 5: média • 6-7: elevada • 8-10: muito elevada CANNABIS O problema da cannabis, ou mais especificamente, da maconha, como “droga de entrada” (i.e., uma droga cujo uso leva ao abuso de outras substâncias mais nocivas) tem sido um tema de debate por décadas. Em muitas populações, o uso de álcool e tabaco precede o consumo de maconha, que, por sua vez, precede a utilização de opioide ou cocaína. Foi demonstrada consistentemente uma relação entre uso regular e precoce de cannabis e abuso subsequente de outras drogas. Hall e Lynskey (2005) resumem as prováveis explicações dessa relação em três hipóteses amplas: 1. pessoas que abusam de cannabis têm acesso mais fácil e mais oportunidade de adquirir outras drogas; 2. certos indivíduos são predispostos por influências genéticas e ambientais a abusar tanto de cannabis como de outras drogas; 3. os efeitos farmacológicos da cannabis aumentam o risco de abuso de outras drogas. Há evidência limitada apoiando todas as três hipóteses e nenhuma suficiente para refutar qualquer uma delas. Há pouco indício para avaliar a inferência da saúde pública de que a redução do abuso de maconha diminuiria significativamente o abuso de outras substâncias. INTOXICAÇÃO E ABSTINÊNCIA A intoxicação tem sido associada ao risco aumentado de acidentes automobilísticos. Geralmente, nenhum tratamento específico é indicado. Uma síndrome de abstinência de cannabis foi descrita recentemente. Ela começa 2 a 3 dias após a cessação do uso e é geralmente leve, mas a duração tem sido variável entre os estudos, de 12 a 115 dias. Em geral, nenhum tratamento específico é necessário. AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Os usuários de cannabis frequentemente consomem outras substâncias, e a anamnese cuidadosa é necessária para determinar o diagnóstico de abuso ou dependência. Os sintomas comparativamente mais leves de intoxicação e abstinênciade cannabis podem levar os pacientes a pensar que seu uso não é “sério” ou que a abstinência não é necessária. Apesar do uso difundido da droga, surpreende haver pouca pesquisa sobre o tratamento de dependência de cannabis. Os estudos existentes apoiam o emprego de intervenção breve para uso/abuso problemático e de abordagens cognitivo-comportamentais, motivacionais e de manejo da contingência para o tratamento de dependência. Nenhum medicamento demonstrou ser consistentemente útil para o tratamento de dependência de cannabis, embora a investigação continue. COMPLICAÇÕES MÉDICAS O uso crônico de maconha tem sido associado ao risco aumentado de paranoia, mas há cada vez mais evidência (e debates) sobre associações entre início precoce do uso de maconha e psicose ou esquizofrenia. Além disso, já que se trata de um produto queimado e fumado, há o risco aumentado de certos cânceres e complicações pulmonares. Mulheres com o intuito de engravidar ou gestantes devem ser fortemente aconselhadas a não usar cannabis, pois o crescimento fetal é diminuído e alguns prejuízos cognitivos e comportamentais e sintomas psiquiátricos subsequentes na criança parecem estar epidemiologicamente relacionados ao abuso dessa substância durante a gravidez. ALUCINÓGENOS A família dos alucinógenos contém drogas que induzem no usuário a distorção da realidade, incluindo alteração de percepções sensoriais de visão e sons, bem como mudanças nas emoções. A dietilamida do ácido lisérgico (LSD) é o alucinógeno prototípico. É uma substância química sintética inodora e insípida, geralmente ingerida como uma solução ou dissolvida em papel ou cubos de açúcar. As doses alucinogênicas típicas são de 25 a 75 microgramas. Derivados análogos do ácido lisérgico podem ser extraídos de sementes de ipomeia e do ergot, um fungo do centeio. INTOXICAÇÃO O LSD interfere nos neurotransportadores de serotonina. Via de regra, induz euforia, além de delírios e alucinações visuais. Entretanto, os efeitos psicológicos que o LSD ocasiona são imprevisíveis, uma vez que a experiência é significativamente influenciada pelo estado mental pré-intoxicação do usuário e também pelo ambiente no qual a droga é usada. “Viagens ruins” podem ser marcadas por sentimentos de medo intenso com respostas de evitação. Os efeitos físicos envolvem temperatura corporal aumentada, frequência cardíaca e pressão sanguínea diminuídas, insônia e perda do apetite. ABSTINÊNCIA Embora a abstinência de alucinógeno não seja um transtorno reconhecido, sintomas de importância clínica mínima (incluindo fadiga, irritabilidade e anedonia) são relatados por aproximadamente 10% dos usuários. Tratamento A abordagem terapêutica de intoxicação aguda por alucinógenos é basicamente de apoio. Tranquilização, apoio e ambiente calmo e silencioso são quesitos fundamentais do tratamento. Em pacientes com sentimentos extremos de pânico ou medo, o uso de um benzodiazepínico pode ser útil. COMPLICAÇÕES MÉDICAS Uma possível complicação resultante do uso de alucinógenos são os transtornos persistentes da percepção ou flashbacks. O mecanismo etiológico subjacente aos flashbacks não é claramente entendido, mas há relatos de que eles são precipitados por ISRSs. Os flashbacks são experiências espontâneas com os mesmos efeitos de quando a pessoa estava sob influência de alucinógenos. Os usuários de LSD também podem manifestar psicoses de duração relativamente longa, como esquizofrenia ou depressão significativa, embora reações muito graves não seja comuns. AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO ESTIMULANTES A categoria de estimulantes inclui cocaína, anfetamina e substâncias do tipo anfetamina. (INTOXICAÇÃO) A intoxicação de cocaína e de anfetamina apresentam sintomas semelhantes. A diferença na apresentação clínica recai nas respectivas meias-vidas das substâncias, que são de aproximadamente 40 a 60 minutos para cocaína e 6 a 12 horas para metanfetamina. Embora a compulsão seja um padrão de uso comum para ambas as drogas, a diferença nas meias-vidas permite que alguns usuários de metanfetamina mantenham níveis baixos de intoxicação por períodos mais longos. A administração crônica de qualquer uma dessas drogas pode induzir um estado psicótico paranoide. Há alguma evidência de que a psicose induzida por metanfetamina pode ser duradoura e retornar na ausência de nova dose. Os indivíduos podem agir violentamente em resposta a delírios ameaçadores comuns na paranoia induzida. O uso de anfetamina também pode resultar em delirium manifestado por desorientação, confusão, medo e ansiedade. ABSTINÊNCIA Assim como na intoxicação, os sintomas de abstinência de cocaína e anfetamina são semelhantes, a diferença recai principalmente no curso de tempo. A abstinência de metanfetamina pode ser mais demorada e menos abrupta do que a de cocaína, e, às vezes, podem ocorrer sintomas depressivos clinicamente significativos. Durante a fase final de abstinência, o paciente pode experimentar períodos breves de intensa “fissura” pela droga, induzida por “sinais sugestivos”. Tais períodos configuram alto risco de recaída. COMPLICAÇÕES MÉDICAS A isquemia e o infarto do miocárdio são as complicações mais graves resultantes de abuso de cocaína. Essa substância produz um efeito simpático poderoso por meio da inibição da captação pré-sináptica de noradrenalina e dopamina. A dor torácica é o sintoma mais comum em cocainômanos que se apresentam ao pronto-socorro; portanto, indivíduos com queixa de dor torácica devem ser indagados sobre o uso de cocaína. Dentre os pacientes que se apresentam ao pronto-socorro com dor torácica não traumática, 7 a 25% revelam exames de urina positivos para cocaína, e aproximadamente 6% desses indivíduos demonstram evidência enzimática de infarto do miocárdio. Foi estimado que o uso de cocaína aumenta o risco de infarto do miocárdio agudo por um fator de 24 em indivíduos saudáveis se não fossem usuários da droga. Esse risco aumentado parece não estar relacionado à quantidade consumida, à via ou à frequência do uso. Aproximadamente 50% dos indivíduos com infarto do miocárdio relacionado à cocaína não apresentam evidência de doença arterial coronariana aterosclerótica. A ingestão de cocaína resulta em vasoconstrição coronariana, demanda de oxigênio miocardial aumentada e maior formação de trombos, fatores que contribuem para o infarto do miocárdio. A hipertrofia ventricular esquerda e a disfunção sistólica do ventrículo esquerdo reduzida também estão associadas ao uso de cocaína. A doença coronariana aguda e as arritmias cardíacas são comuns em indivíduos que se apresentam no pronto-socorro após o consumo de metanfetamina. O uso dessa substância também é um fator de risco para acidente vascular cerebral (AVC), provavelmente porque pode elevar a pressão sanguínea, produzir vasculite e promover vasoconstrição. Inúmeros relatos de casos na literatura ligam o uso de metanfetamina à hemorragia intracerebral massiva, mesmo em pessoas jovens. Também há relatos de inalação de metanfetamina associada a edema pulmonar não cardiogênico e hipertensão pulmonar grave. Há particular preocupação com o uso aumentado de metanfetamina entre homens de todas as orientações sexuais junto com o risco crescente de infecção por HIV. A metanfetamina, em especial o “ice”, está associada a exacerbação do impulso sexual, diminuição da inibição sexual e aumento dos comportamentos de risco (p. ex., reutilização e compartilhamento de seringas, sexo desprotegido e vários parceiros sexuais). OPIOIDES A sensação prazerosa promovida pela ingestão de um opioide é descrita como uma “aceleração” (“rush”). O início, a duração e a intensidade da sensação dependem do fármaco escolhido,da quantidade usada e da via de AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO administração (ingestão oral, inalação, injeção intravenosa). Náusea, vômitos e comichão intensa também podem ocorrer. Após a “aceleração” inicial, ocorre uma sedação que pode perdurar por várias horas. A overdose de opioides é uma situação potencialmente fatal. Pode ocorrer depressão respiratória fatal devida à supressão direta dos centros respiratórios no mesencéfalo e na medula. A obtenção de um rastreamento urinário para drogas (screening) é essencial para identificar não apenas a presença de um opioide, mas também de outras drogas insuspeitadas. Os benzodiazepínios são frequentemente usados com opioides. Nesse caso, o componente benzodiazepínico da overdose pode ser revertido com flumazenil. O tratamento de overdose e intoxicação por opioide inclui terapia de apoio geral e o uso de naloxona, um antagonista de opioide puro que pode reverter os efeitos da substância no sistema nervoso central (SNC). ABSTINÊNCIA O tempo para a abstinência depende do tipo de opioide usado. Com a cessação do uso crônico de heroína, os sintomas de abstinência começam aproximadamente 8 a 12 horas após a última dose, alcançam o pico em 36 a 72 horas e diminuem durante aproximadamente cinco dias. No caso de metadona, que tem uma meia-vida muito mais longa do que a heroína, o pico da síndrome de abstinência é geralmente em 4 a 6 dias, com sintomas agudos persistindo por 14 a 21 dias. Com qualquer opioide, após os sintomas agudos de abstinência diminuírem, uma síndrome de abstinência prolongada, incluindo transtornos do humor e do sono, pode persistir por 6 a 8 meses. COMPLICAÇÕES MÉDICAS Um estudo de coorte no sul de Londres estimou uma taxa de mortalidade padronizada de 17 para usuários de heroína de ambos os sexos. Além do risco de overdose, podem ocorrer comorbidades médicas. O risco de transmissão de HIV, particularmente em usuários de opioide intravenoso, é uma preocupação importante, e estima-se que 85% de pacientes recebendo manutenção de metadona para dependência de opioide nos Estados Unidos estejam infectados com o vírus da hepatite C. Os usuários também podem experimentar diminuição da função imunológica, hiperalgesia e infecções bacterianas (particularmente com o uso de droga intravenosa), incluindo abscessos na pele e celulite. A endocardite devida ao uso de droga intravenosa é outra questão preocupante: mais de 50% desses casos são do lado direito, mais frequentemente envolvendo a válvula tricúspide. As sequelas de endocardite do lado direito geralmente envolvem os pulmões. Durante a gravidez, a abstinência de opioide, mesmo quando tratada, pode aumentar o risco de aborto e nascimento prematuro. Além disso, há uma taxa muito alta de recaída após a desintoxicação, e o risco de ciclagem entre intoxicação e abstinência pode ser até mais perigoso para o feto. A manutenção com metadona geralmente tem sido a abordagem-padrão para a gestante. A manutenção com buprenorfina está cada vez mais sendo usada em grávidas dependentes de opioide. O trabalho coordenado entre o provedor de tratamento de abuso de substância e a equipe obstétrica é essencial. Referências Bibliográficas: Livro Tratado de Psiquiatria - OBJ 4. Elucidar as classificações para os diferentes tipos de drogas (depressoras, estimulantes e perturbadoras). CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS DE ACORDO COM OS EFEITOS NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SEIDL, 1999) As drogas podem ser depressoras do SNC, estimulantes do SNC e perturbadoras do SNC. DEPRESSORAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL As drogas depressoras causam diminuição da atividade do SNC, o que pode afetar a atividade global do cérebro ou incidir sobre certos sistemas específicos. Há uma tendência à diminuição da atividade motora, da ansiedade e da AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO reação à dor. É comum um efeito de euforia inicial seguido de sonolência. Fazem parte deste grupo: o álcool, os benzodiazepínicos, os opioides e os solventes ou inalantes. ESTIMULANTES DO SNC As drogas estimulantes do SNC causam aumento da atividade do SNC e têm como consequência um estado de alerta exagerado, aceleração dos processos psíquicos e insônia. Fazem parte deste grupo: o tabaco, a cafeína, as anfetaminas, o ecstasy, a cocaína e o crack. PERTURBADORAS DO SNC As drogas pertubadoras provocam alterações no funcionamento do cérebro, resultando em alucinações (alteração da sensopercepção) e delírios (alteração do juízo da realidade). Por isso, estas drogas recebem o nome de alucinógenos. As drogas que fazem parte deste grupo são: maconha, o LSD, os anticolinérgicos. A cocaína, o crack e o ecstasy também fazem parte deste grupo e do grupo das drogas estimulantes. Referências Bibliográficas: Cartilha do Curso de Capacitação Dependência Química – UNASUS/ UFMA CLASSIFICAÇÃO Existem várias classificações dos psicotrópicos ou drogas psicotrópicas, porém o pesquisador francês Chaloult as denominavam "drogas toxicomanógenas" (indutoras de toxicomanias), sendo essas dividias em 3 grandes grupos: DEPRESSORES DO SNC Os Depressores da Atividade do Sistema Nervoso Central (SNC), referem-se ao grupo de substâncias que diminuem a atividade do cérebro, ou seja, deprimem o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa fique "desligada", "devagar", desinteressada pelas coisas. Esse grupo de substâncias é também chamado de psicolépticos. As substâncias que compõem o grupo de Depressores do SNC são: • Álcool • Inalantes/solventes • Ansiolíticos • Barbitúricos • Opiáceos ESTIMULANTES DO SNC Os Estimulantes da Atividade do Sistema Nervoso Central referem-se ao grupo de substâncias que aumentam a atividade do cérebro. Ou seja, estimulam o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa fique mais "ligada", "elétrica", sem sono. Esse grupo de substâncias é também chamado de psicoanalépticos, nooanalépticos, timolépticos. As substâncias que compõem o grupo de Estimulantes do SNC são: • Cafeína • Nicotina • Anfetamina • Cocaína AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO PERTURBADORES DO SNC Os Perturbadores da Atividade do Sistema Nervoso Central referem-se ao grupo de substâncias que modificam qualitativamente a atividade do cérebro. Ou seja, perturbam, distorcem o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa passe a perceber as coisas deformadas, parecidas com as imagens dos sonhos. Esse grupo de substâncias é tambem chamado de alucinógenos, psicodélicos, psicoticomiméticos, psicodislépticos, psicometamórficos, alucinantes. As substâncias que compõem o grupo de Perturbadores do SNC são: • Anticolinérgicos - medicamentos • Anticolinérgicos - planta • Maconha • Cacto • Cogumelo • Êxtase • LSD-25 Referências Bibliográficas: site imesc – São Paulo (faculdade de medicina) OBJ 5. Compreender os mecanismos e os efeitos dessas substâncias sobre o SNC. NEUROBIOLOGIA Inúmeros circuitos neuronais e neurotransmissores diferentes foram implicados no processo de adicção (ou vício). Teorias recentes sugerem que o processo de adicção a uma substância inclui a usurpação dos circuitos cerebrais envolvidos na busca e aquisição de “metas... [ou ‘recompensas’] naturais relevantes à sobrevivência”, como alimento ou oportunidades de acasalamento. O disparo de neurônios liberadores de dopamina, com corpos celulares na área tegmentar ventral e terminais axonais no nucleus accumbens, serve para marcar a importância ou evidência de uma recompensa, bem como sinalizar que um evento gratificante está para acontecer. Muitas, se não todas, substâncias adictivas produzem um grau de disparo que é muito maior do que aquele gerado por substâncias mais elementares relevantes à sobrevivência. O posterior processamento do estímulo por áreas corticais pré-frontaisleva à aprendizagem associativa que atribui um nível indevidamente alto de significância ao efeito da substância e aos sinais relacionados a seu uso. Além da dopamina, os neurotransmissores glutamato, ácido g-aminobutírico (GABA) e neuropeptídeos opioides são relevantes nesse circuito. As eventuais alterações de circuitos resultantes da acumulação intracelular de produtos de transcrição gênica e outras modificações neuronais geram mudança do uso da substância, que passa de intencional para compulsivo e incontrolável. É interessante observar que o circuito envolvido na recaída (i.e., a reinstituição do uso da substância após um período de cessação em um indivíduo adicto) sobrepõe-se, mas não é idêntico ao implicado na adicção inicial. Outrossim, parece haver outras vias responsáveis pela recaída desencadeada por estresse, exposição a sinais relacionados à substância ou consumo direto da substância. Há ampla evidência epidemiológica e experimental de que a suscetibilidade ao vício é influenciada pela genética e que a contribuição genética é determinada por múltiplos genes e modulada por influências ambientais. As questões sobre quais genes estão envolvidos para determinadas substâncias e que fatores ambientais aumentam ou diminuem a suscetibilidade são assuntos de pesquisa ativa. Um dos fatores ambientais parece ser o tipo de substância usada. O National Survey on Drug Use e Health de 2004 revelou grandes diferenças entre as substâncias na porcentagem de usuários no ano anterior que satisfaziam os critérios para abuso ou dependência. AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO Para examinar o risco durante a vida, o National Comorbidity Survey (NCS), conduzido no início da década de 1990, revelou que aproximadamente um terço de pessoas que em algum momento tinham fumado um cigarro desenvolveram dependência de nicotina; 15% daqueles que em algum momento tinham bebido álcool sofreram dependência de álcool, e 15% daqueles que em algum momento tinham experimentado outras drogas tornaram-se dependentes químicos. Referências Bibliográficas: Livro Tratado de Psiquiatria Clínica SISTEMA DE RECOMPENSA CEREBRAL Cada droga de abuso tem o seu mecanismo de ação particular, mas todas elas atuam, direta ou indiretamente, ativando uma mesma região do cérebro: o sistema de recompensa cerebral. Esse sistema é formado por circuitos neuronais responsáveis pelas ações reforçadas positiva e negativamente. Quando nos deparamos com um estímulo prazeroso nosso cérebro lança um sinal (aumento de dopamina – importante neurotransmissor do SNC (Sistema Nervoso Central) – no núcleo accumbens – região central do sistema de recompensa e importante para os efeitos das drogas de abuso). Normalmente existe um aumento de dopamina com estímulos prazerosos: comida, atividade sexual, estímulos ambientais agradáveis, como olhar para uma paisagem bonita ou escutar uma música da qual gostamos. As drogas de abuso agem no neurônio dopaminérgico, induzindo um aumento brusco e exacerbado de dopamina no núcleo accumbens, mecanismo comum para praticamente todas as drogas de abuso. Esse sinal é reforçador, associado a sensações de prazer, fazendo com que a busca pela droga se torne cada vez mais provável. Inúmeros estudos demonstraram que as drogas de abuso ou estímulos ambientais naturais (comer, beber água, fazer sexo, ouvir uma boa música), reconhecidos pelo organismo como prazerosos, geram mudanças no cérebro, mais precisamente nas substâncias químicas chamadas “neurotransmissores”, responsáveis pela comunicação entre os neurônios. SISTEMA MESOLIMBICO E MESOCORTICAL As drogas de abuso agem sobre muitas estruturas do SNC, mas a ação sobre o sistema mesolímbico e o sistema mesocortical, que juntos constituem o sistema de recompensa cerebral, é de fundamental importância. O sistema mesolímbico é composto por projeções dopaminérgicas que partem da área tegmentar ventral e chegam, principalmente, ao núcleo accumbens. A área tegmentar ventral é onde se localizam os corpos neuronais dopaminárgicos; a mesma também é responsável pelas projeções desses neurônios para as demais estruturas do sistema de recompensa e o núcleo accumbens é responsável pelo aprendizado e pela motivação, bem como pela valorização de cada estímulo. É importante salientar que existem projeções dopaminérgicas para outras estruturas cerebrais, tais como o hipocampo, estrutura associada com aprendizagem e memória espaciais; e a amígdala, estrutura responsável pelo processamento do conteúdo emocional de estímulos ambientais. O sistema mesolímbico está relacionado ao mecanismo de condicionamento ao uso da substância, bem como à fissura, à memória e às emoções ligadas ao uso. O sistema mesocortical é composto pela área tegmentar ventral, pelo córtex pré-frontal, pelo giro do cíngulo e pelo córtex orbitofrontal. O córtex pré-frontal é responsável pelas funções cognitivas superiores e pelo controle do sequenciamento de ações. O giro do cíngulo, por estar localizado acima do corpo caloso, tem conexões com diversas outras estruturas do sistema límbico e tem as seguintes funções: atenção, memória, regulação da atividade cognitiva e emocional; o córtex orbitofrontal é responsável pelo controle do impulso e da tomada de decisão. Portanto, as alterações que ocorrem no sistema mesocortical em AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO decorrência do consumo de substâncias psicoativas estão relacionadas com os efeitos de substâncias psicoativas, compulsão e perda do controle para o consumo de drogas. Ambos os sistemas, mesolímbico e mesocortical, relacionam-se, funcionando paralelamente entre si e com as demais estruturas cerebrais e configuram o sistema de recompensa cerebral. A dopamina é o principal neurotransmissor presente no sistema de recompensa cerebral, porém não é o único responsável por sua ação. Neurotransmissores como a serotonina, noradrenalina, glutamato e o GABA são responsáveis pela modulação do SNC e também estão presentes no sistema de recompensa. Referências Bibliográficas: cartilha Efeitos de Substâncias Psicoativas – Ministério da Justiça e Cidadania de Brasília SISTEMA DE RECOMPENSA CEREBRAL Vários estudos têm mostrado ao longo do tempo que existe uma cadeia de reações, envolvendo os diversos neurotransmissores citados nos mecanismos de ação das diferentes drogas de abuso, que culmina com a liberação da dopamina na porção ventral do núcleo estriado chamada de núcleo accumbens (NA). O NA recebe projeções de neurônios dopaminérgicos localizados na área tegmental ventral, local de convergência para estímulos procedentes da amígdala, hipocampo, córtex entorrinal, giro do cíngulo anterior e parte do lobo temporal. Do núcleo accumbens partem eferências para o septo hipocampal, hipotálamo, área cingulada anterior e lobos frontais. Devido às suas conexões aferentes e eferentes o NA desempenha importante papel na regulação da atribuição de saliência (relevância) das emoções, da motivação e da cognição. O sistema mesocorticolímbico de recompensa como comentado, estende-se a partir da área tegmental ventral até o NA, passando para diferentes áreas, como o sistema límbico e o córtex órbito-frontal. Alterações no sistema dopaminérgico, como por exemplo, a diminuição dos receptores D2 de dopamina, poderiam ser responsáveis por alterações neste sistema recompensa quando da utilização de drogas de abuso. Este sistema está ativado quando sentimos prazer, satisfação, ou seja, sensação de bem-estar. Esta circuitaria do sistema recompensa é „alimentada‟ por estas sensações. Quando se utiliza drogas de abuso, por exemplo, que proporcionem sensações de prazer, o sistema é ativado, sempre mediado pela dopamina. Interessanteperceber que pessoas com deficiência no sistema recompensa sempre estão buscando externamente (através de substâncias de abuso, por exemplo) uma maneira de ativar o sistema que pode ser deficiente de maneira inata. Assim, por meio da memória neuronal, esse sistema estaria marcado pelo prazer obtido pela droga, o que acarreta o comportamento de procura pela substância. Como o circuito de recompensa é mediado pela liberação de dopamina, além de alterações na quantidade do neurotransmissor ou na sensibilidade dos receptores D2 podem provocar, naqueles que apresentam estas alterações, uma falta de controle nos impulsos, buscando sempre uma maior intensidade nas sensações prazerosas, ou seja, impulsividade. Inicialmente, o impulso que é perfeitamente controlável para a maioria das pessoas é conduzido de forma diferente por uma minoria. Este controle está localizado em uma região cerebral chamada de córtex órbito- frontal. Pessoas com lesões funcionais nesta circuitaria podem apresentar dificuldades de controlar seus impulsos, aspecto determinante no processo de dependência. Foi demonstrado que, mesmo drogas que não estão diretamente relacionadas ao sistema dopaminégico, são capazes de promover a ativação dopaminérgica indiretamente pela sensação de conforto e prazer. Essa ativação pode gerar um circuito reverberativo, acarretando na busca incessante pelo objeto de prazer: a droga AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO BASES NEUROLÓGICAS DA DROGADIÇÃO O entendimento das bases neurológicas da drogadição continua desafiando clínicos e pesquisadores. Não é de hoje que o sistema dopaminérgico vem sendo considerado como o mais importante no que se refere ao uso abusivo de substâncias, sendo a via dopaminérgica mesocorticolímbica a mais referida. Juntamente com a dopamina, outros neurotransmissores em conjunto parecem colaborar para a atividade da via dopaminérgica com o chamado “sistema de recompensa”. Incluem-se à dopamina, por exemplo: o ácido gama-aminobutírico (GABA), o glutamato, a serotonina e os peptídeos opióides. Além de atuar sobre o sistema recompensa, o sistema dopaminérgico apresenta importante função sobre o sistema motor além de funções refinadas de cognição e memória. Já o sistema opióide é responsável pelo componente hedônico (de prazer) do sistema de recompensa cerebral além estar relacionado também à dor e ao processamento emocional. Quando observamos os mecanismos de ação das diferentes drogas de abuso verificamos que todas apresentam uma relação direta ou indireta com um ou mais destes neurotransmissores como veremos a seguir: COCAÍNA A cocaína se liga aos transportadores de dopamina (DAT), serotonina (5-HTT) e noradrenalina. Entretanto, os efeitos subjetivos e comportamentais desta substância são geralmente atribuídos à sua ação sobre o sistema dopaminérgico. Acredita-se que 50% de ocupação de transportador de dopamina seja necessário para que um indivíduo perceba os efeitos da substância e que, para a sensação de euforia, pelo menos 60% dos sítios de DAT devem estar ocupados. Nas três vias de administração – aspirada, injetada e fumada (crack) - a ocupação de DAT é superior a 60%. A cocaína per se provoca efeitos deletérios indiscutíveis, mas quando é ingerida concomitante ao álcool, leva a formação de um metabólito conjugado chamado cocaetileno. Esse metabólito apresenta propriedades psicoativas importantes e uma meia-vida muito maior do que se a cocaína e o álcool fossem ingeridos separadamente, seu acúmulo leva rapidamente a um quadro de intoxicação. METANFETAMINA E ECSTASY (MDMA -3,4-METILENODIOX,METANFETAMINA) As drogas classificadas como derivados anfetamínicos podem atuar no Sistema Nervoso Central (SNC) de formas distintas. Seu alvo principal são as monoaminas cerebrais: dopamina, serotonina e noradrenalina. Assim, farmacologicamente são classificadas como agonistas indiretos pois não atuam específicamente sobre receptores monoaminérgicos pós-sinápticos mas, indiretamente da seguinte forma: • Impedem a recaptação dos neurotransmissores através do bloqueio competitivo do transportador de dopamina e noradrenalina e em altas doses, também de serotonina; • inibem a atividade das enzimas de metabolismo (monoaminoxidase - MAOA e MAOB); • estimulam a liberação do neurotransmissor independente de Ca++ (ou seja independente da despolarização do botão sináptico). MACONHA O principal componente psicoativo da maconha é o Δ9-tetrahidrocanabinol (THC). Seu mecanismo de ação do THC ainda não foi completamente elucidado, mas acredita-se que ele atue no SNC através de receptores canabinóides CB1 e CB2. As áreas cerebrais com maior densidade de receptores CB1 são o córtex frontal, núcleos da base, cerebelo e hipocampo. Estudos com animais têm demonstrado que o THC e a anandamida AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO (canabinóide endógeno mais estudado), aumentam a concentração de dopamina no estriado e no sistema mesolímbico. NICOTINA A nicotina é a principal substância do cigarro responsável pelos efeitos psicoativos e pela dependência de tabaco. No entanto, há milhares de compostos químicos na fumaça do cigarro e alguns deles podem contribuir para os efeitos comportamentais e tóxicos do tabaco. Nicotina é um agonista direto em receptores colinérgicos nicotínicos onde age acetilcolina endógena e estão amplamente distribuídos no SNC. Os receptores nicotínicos implicados na ação da Nicotina estão localizados no sistema dopaminérgico mesocorticolímbico. ÁLCOOL Os mecanismos pelos quais o álcool atua no cérebro assim como as alterações cerebrais produzidas pelo seu consumo crônico ainda não estão compreendidos sendo que a maioria dos estudos indica a participação dos sistemas dopaminérgicos, serotoninérgicos e principalmente gabaérgicos. O sistema de recompensa associado ao uso do álcool, além dos neurônios dopaminérgicos da área tegmental ventral e núcleo accumbens, inclui também estruturas que usam o ácido gama-aminobutírico (GABA) como transmissor, tais como o córtex, cerebelo, hipocampo, colículos superiores, inferiores e a amígdala. OPIÓIDES Os opióides modulam a liberação de neurotransmissores como a acetilcolina, serotonina, noradreanlina, além de outros peptídeos, como a substância P. O locus coeruleos, responsável pela maior parte da produção de noradrenalina no SNC, apresenta-se estimulado na síndrome de abstinência a opiáceos, o que provoca os típicos sintomas de estimulação simpática. O sistema de recompensa aos opiáceos, além das estruturas antes mencionadas inclui também áreas que usam como neurotransmissores opiáceos endógenos, tais como o núcleo arqueado, a amígdala, o locus coeruleos e a área cinzenta periaquedutal dorsal. Referências Bibliográficas: artigo “Neurociências do uso de substâncias” – UNIFESP OBJ 6. Conhecer o funcionamento do CAPS e fatores protetores para o uso de drogas. CAPSad O CAPS AD é a única unidade de saúde especializada em atender os dependentes de álcool e drogas na capital, dentro das diretrizes determinadas pelo Ministério da Saúde, que tem por base o tratamento do paciente em liberdade, buscando sua reinserção social. Desta forma, o CAPS AD oferece atendimento diário a pacientes que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas, permitindo o planejamento terapêutico dentro de uma perspectiva individualizada de evolução contínua. O apoio da família é fundamental neste processo, então semanalmente, são realizadas pelas psicólogas, um grupo para atendimento aos familiares de pacientes, onde são esclarecidas dúvidas, anseios e dado o suporte que a família necessita. (ENCAMINHAMENTOS) Todos os encaminhamentos devem partir das unidades de saúde da capital, ou o paciente pode chegar ao CAPS através de demanda espontânea.O CAPS AD possui uma equipe multiprofissional formada por dois psiquiatras, duas psicólogas, uma médica clínica geral, uma assistente social, uma terapeuta ocupacional, uma farmacêutica, um enfermeiro, dois técnicos de enfermagem, um professor de educação física, uma professora de artes, além da equipe administrativa. AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO (ATIVIDADES) Na unidade são oferecidas atividades recreativas, educativas e profissionalizantes, como aulas de artesanato, mosaico, pintura em tela e tecido e produção de bijuterias. Além disso, realiza-se caminhadas e atividades na piscina, proporcionando mudança de comportamento e, conseqüente, melhora na qualidade de vida dos pacientes. Ainda, são realizadas palestras educativas pela equipe de enfermagem, psicoterapias de grupo e quando necessário, sessões de psicoterapia individual. FATORES DE RISCO E FATORES PROTÉTICOS Os meus fatores de risco e proteção para o uso de substâncias também são mencionados no documento. Elementos como: ☑ bairros seguros; ☑ segurança física e inclusão social; ☑ ambiente escolar de qualidade; ☑ acesso a cuidados de saúde; ☑ envolvimento do responsável e monitoramento; ☑ habilidades de saúde e neurológicas (que incluem controle emocional e habilidades para enfrentar situações adversas) São contrapostos aos seguintes fatores de risco: ❌ pobreza; ❌ conflitos/guerra; ❌ situação de rua, status de refugiado; ❌ exclusão social e desigualdade; ❌ bairros desorganizados; ❌ uso de substâncias entre pares; ❌ disponibilidade das drogas; ❌ problemas de saúde mental; ❌ traumas infantis. Referências Bibliográficas: site da COMAD – Conselho Municipal Anti-Drogas – Prefeitura de Campo Grande OBJ 7. Apresentar avaliação do paciente dependente (súmula). CRITÉRIOS DE USO NOCIVO DAS DROGAS DE ACORDO COM A CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DAS DOENÇAS (CID -10) O diagnóstico requer que um dano real deva ter sido causado à saúde física e mental do usuário. Padrões nocivos de uso são frequentemente criticados por outras pessoas e estão associados a consequências sociais diversas de vários tipos. O fato de um padrão de uso ou uma substância em particular não ser aprovado por outra pessoa, pela cultura ou por ter levado a consequências socialmente negativas, tais como prisão ou brigas conjugais, não é, por si mesmo, evidência de uso nocivo. O uso nocivo não deve ser diagnosticado se a síndrome de dependência, um transtorno psicótico ou outra forma específica de transtorno relacionado ao uso de drogas ou álcool estiver presente. CRITÉRIOS DE DEPENDÊNCIA (OMS, 1997) O diagnóstico definitivo de dependência deve usualmente ser feito somente se três ou mais dos seguintes requisitos tenham sido experienciados ou exibidos em algum momento do ano anterior Referências Bibliográficas: Cartilha do Curso de Capacitação Dependência Química – UNASUS/ UFMA AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO AVALIAÇÃO CLÍNICA Diante de um paciente que faz uso de substâncias, é importante a caracterização detalhada do consumo, questionando, para todas as drogas consumidas: • as motivações do uso; • a quantidade utilizada; • o padrão de uso; • os aspectos circunstanciais do uso; • os efeitos obtidos; • o sentimento pós-uso. • Entre os diversos padrões de consumo possíveis, temos: • uso experimental: o uso se dá uma ou poucas vezes ao longo da vida, sem que se estabeleça uma • frequência de consumo; • uso recreacional ou ocasional: há um consumo frequente da substância, porém sem que se possa • estabelecer qualquer tipo de prejuízo decorrente; • uso nocivo ou abusivo: o paciente apresenta algum prejuízo concreto de sua saúde física ou • mental ou se expõe a riscos, em decorrência de seu uso; • dependência: os critérios propostos pelo DSM-IV-TR, citados na introdução, devem ser • preenchidos. Além disso, deve ser feita uma pesquisa ativa acerca da presença de comorbidades psiquiátricas, já que estão presentes em até 80% dos alcoolistas e em até 70% dos dependentes de substâncias ilícitas. Depressão e transtornos ansiosos são as comorbidades de eixo I mais comumente encontradas. Não existe consenso na literatura quanto ao potencial que as substâncias apresentam para desencadear quadros psiquiátricos mais graves, como transtornos do espectro bipolar e psicóticos, que também são encontrados em associação ao abuso de substância. Comorbidades com eixo II também são frequentes, especialmente com os transtornos que incluem a impulsividade como traço-chave, como os transtornos de personalidade do cluster B. A importância dessa avaliação psiquiátrica detalhada reside no fato de a presença de comorbidades influenciar diretamente o curso clínico, o prognóstico e o planejamento terapêutico do quadro. O exame do estado mental deve sempre ser feito com o paciente fora do estado de intoxicação. Deve ser realizada, ainda, criteriosa avaliação clínica, com exame físico cuidadoso e avaliação com exames complementares completa, com ênfase na avaliação da função renal e hepática, assim como na presença de infecções, tais como hepatites B ou C, além do HIV. O ECG também é fundamental, uma vez que diversas substâncias, como os estimulantes, podem interferir com a perfusão e a eletrofisiologia cardíacas. Essa avaliação torna-se ainda mais imperiosa quando se considera que muitos pacientes usuários de substâncias vivem em situação marginal e sem acesso aos serviços de saúde, sendo o psiquiatra, muitas vezes, seu único contato com um profissional da área da saúde. INSTRUMENTOS DIAGNÓSTICOS Dois instrumentos de rastreamento são bastante práticos e de rápida aplicação, sendo muito úteis na detecção inicial de quadros em que o uso de substâncias pode caracterizar um problema. AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO TRATAMENTO – PRINCÍPIOS GERAIS • Avaliação psiquiátrica completa • o Anamnese detalhada sobre o padrão de consumo atual e passado, bem como seus efeitos no funcionamento “biopsicossocial”. • o Avaliação médica e psiquiátrica global (anamnese e exame físico/psíquico). • o História de tratamentos psiquiátricos prévios e seus resultados. • o Avaliação das condições familiares e sócias. • o Testes laboratoriais para avaliar condições concomitantes comuns com dependências (por • exemplo, avaliação da função hepática em etilistas). • o Com a permissão do paciente, contato com terceiros para informações adicionais. • Manejo psiquiátrico • o Motivação para abstinência. • o Manejar os episódios de intoxicação e abstinência. • o Promover psicoeducação e facilitar a aderência ao tratamento. • o Diagnosticar e tratar comorbidades. • o Avaliar necessidade e disponibilidade de tratamentos específicos. • o Avaliar a segurança e o setting terapêutico adequado: local de tratamento o menos restritivo • possível, que seja seguro e efetivo para o caso. Considerar hospitalização se: overdose ou durante intoxicação grave; risco grave para desenvolvimento de síndromes de abstinência com delirium (por exemplo, Delirium Tremens); comorbidades com transtornos psiquiátricos graves (por exemplo, depressão com planejamento suicida, psicose aguda); o uso traduz grave risco ao paciente ou a terceiros; falha do tratamento ambulatorial. Casas de apoio, comunidades terapêuticas: pacientes que não têm indicação para hospitalização, porém apresentam rede de suporte social falha ou completamente envolvida no contexto das drogas. Hospitais-dias, internações “parciais”: usados na transição entre internação e tratamento ambulatorial; falha no tratamento ambulatorial; comorbidades psiquiátricas graves. Tratamento ambulatorial: quando não há indicações clínicas ou sociais para níveis mais intensivos de tratamento. Envolve uma abordagem abrangente, com intervenções psicoterapêuticas e farmacológicas. Tratamento – Intervenções psicoterápicas Nos últimos 30 anos houve umprogresso significativo na validação das técnicas psicoterapêuticas para o tratamento da dependência de substâncias. Contudo, por questões metodológicas, o foco predominante foram as terapias com orientação teórica voltada às técnicas cognitivo-comportamentais. Nesse contexto, destacam-se: • manejo de contingências: incentivos ou recompensas que encorajam metas comportamentais específicas; • prevenção de recaídas: identificação e intervenção em situações de risco para uso; incentivo às situações e comportamentos alternativos ao uso. Referências Bibliográficas: cartilha unasus AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO CRITÉRIOS DA CID-10 PARA DEPENDÊNCIA DE SUBSTÂNCIAS O diagnóstico de dependência deve ser feito se três ou mais dos seguintes critérios são experienciados ou manifestados durante o ano anterior 1. Um desejo forte ou senso de compulsão para consumir a substância. 2. Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância em termos de início, término ou níveis de consumo. 3. Estado de abstinência fisiológica, quando o uso da substância cessou ou foi reduzido, como evidenciado por: síndrome de abstinência característica para a substância, ou o uso da mesma substância (ou de uma intimamente relacionada) com a intenção de aliviar ou evitar os sintomas de abstinência. 4. Evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas 5. Abandono progressivo de prazeres alternativos em favor do uso da substância psicoativa: aumento da quantidade de tempo necessário para obter ou tomar a substância ou recuperar-se de seus efeitos 6. Persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de conseqüências manifestamente nocivas, tais como dano ao fígado por consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estados de humor depressivos conseqüentes a períodos de consumo excessivo ORGANIZAÇÃO A organização da CID-10 A CID-10 está organizada da seguinte forma, no caso específico dos transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de múltiplas substâncias: • Caracter Um: A letra “F”, que designa nesse caso o grupo de doenças que será descrito (transtornos mentais) • Caracter Dois: O número “1” indica o subgrupo de transtornos decorrentes do uso da substância. • Caracter Três: Número de 0 a 9 que se refere a à Classe da substância (por exemplo, F10 é para álcool e F14 é para cocaína) • Caracter quatro: Demonstra o transtorno decorrente do uso daquela substância. (por exemplo: F10.2 – Transtorno mental e comportamental devido ao uso de álcool, síndrome de dependência. Ou ainda: F12.5 – Transtorno mental e comportamental devido ao uso de maconha, estado psicótica. - F10:Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool -F11: Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de opiáceos - F12: Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de canabinóides - F13:Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso desedativos e hipnóticos - F14:Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de cocaína - F15:Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de outros estimulantes, inclusive a cafeína - F16:Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de alucinógenos - F17:Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de fumo - F18 -Transtornos mentais e comportamentais devidos de solventes AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO voláteis - F19:Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao uso de múltiplas substâncias psicoativas. OBJ 8. Compreender a abstinência do Humberto. DEPENDÊNCIA FÍSICA Dependência física é um estado que se desenvolve em consequência da adaptação (tolerância) produzida pelo reajuste dos mecanismos homeostáticos em resposta ao uso repetido de uma droga. As drogas podem alterar vários sistemas que, até então, estavam em equilíbrio; estes sistemas encontram um novo equilíbrio em presença da inibição ou estimulação produzida por uma droga específica. Nesse estado de adaptação ou dependência física, o indivíduo necessita da administração contínua da droga para manter suas funções normais. Se a administração da droga for interrompida repentinamente, instala-se outro desequilíbrio e os sistemas afetados precisam novamente passar por um processo de reajuste ao novo equilíbrio sem a droga. SINDROME DE ABSTINÊNCIA A ocorrência da síndrome de abstinência quando a administração da droga é interrompida é a única evidência objetiva de dependência física. Os sinais e sintomas da abstinência ocorrem quando a administração da droga aos indivíduos fisicamente dependentes é interrompida de maneira repentina. Os sinais e sintomas de abstinência têm pelo menos duas causas: • Interrupção do uso da droga que causou dependência; • Hiperatividade do SNC decorrente da readaptação à ausência da droga que gerou dependência. As variáveis farmacocinéticas têm importância significativa na amplitude e na duração da síndrome de abstinência. Os sintomas da abstinência são característicos para determinado grupo de drogas e tendem a ser contrários aos efeitos originais produzidos pela droga, antes que o indivíduo tivesse desenvolvido tolerância. Desse modo, a interrupção súbita de uma droga (p. ex., agonista opioide) que produz miose (constrição) pupilar e diminui a frequência cardíaca causa uma síndrome de abstinência que inclui dilatação pupilar e taquicardia. A tolerância, a dependência física e a síndrome de abstinência são fenômenos biológicos. São efeitos naturais do uso da droga e podem ser produzidos em animais de laboratório e em qualquer ser humano que use repetidamente determinadas drogas. Intrinsecamente, esses sintomas não significam que o indivíduo esteja envolvido com uso abusivo ou drogadição. Esse tipo de dependência não deve ser confundido com a drogadição (uso compulsivo da droga). Os pacientes que usam fármacos com indicações médicas apropriadas e nas doses certas ainda podem desenvolver tolerância, dependência física e síndrome de abstinência quando o uso destes fármacos é interrompido abruptamente, e não de modo gradativo. Por exemplo, o paciente hipertenso tratado com um β-bloqueador adrenérgico como o metoprolol pode ter resposta terapêutica satisfatória, mas se o uso do fármaco for interrompido repentinamente, ele pode desenvolver uma síndrome de abstinência que consiste em elevação da pressão arterial a níveis mais altos do que os detectados no início do tratamento. Essa reação parece ser atribuível à síntese adaptativa de receptores β que, com a ausência repentina do agonista, facilitam uma resposta β-adrenérgica exagerada das células cardíacas. DEPENDENTE CLÍNICO Dependente clínico é uma expressão utilizada para descrever o paciente que está em tratamento para determinado distúrbio clínico e que se torna “dependente” dos fármacos vendidos sob prescrição; o indivíduo começa a tomar estes fármacos em doses excessivas e perde o controle. Um exemplo seria o paciente que tem dor, ansiedade ou insônia crônica que começa a usar o fármaco prescrito com frequência maior do que a que foi determinada pelo médico. Se o médico limitar as prescrições, o paciente poderá começar a procurar vários outros médicos sem o conhecimento do AMANDA FARIA 02/09/2021 – 4º PERÍODO seu médico principal. Esses pacientes também podem comparecer aos serviços de emergência com o propósito de conseguir mais fármacos. Essa condição é muito incomum, considerando-se o grande número de pacientes que usam fármacos que podem produzir tolerância e dependência física. O medo de gerar esse tipo de dependência clínica acarreta sofrimento desnecessário aos pacientes que têm dor, porque os médicos limitam sem qualquer razão plausível
Compartilhar