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Os Instrumentos da Política Comercial 2/69 Introdução Este tópico discute as seguintes questões: • Os efeitos dos vários instrumentos da política comercial –Os ganhadores e perdedores quando estes instrumentos são utilizados • Os custos e benefícios da proteção – Comparação dos custos e benefícios da proteção • As opções de política comercial – Utilizar intervenções nos preços ou quantidades (tarifas ou quotas) 3/69 Análise das Tarifas As tarifas podem ser classificadas como: • Tarifas específicas – Impostos fixos cobrado por unidade do bem importado – Exemplo: Nos Estados Unidos há uma tarifa específica de US$0,54 por galão sobre o etanol importado do Brasil qualquer que seja o preço do etanol no mercado internacional. • Tarifas Ad valorem – Impostos cobrados como porcentagem do valor dos bens importados – Exemplo: Uma tarifa ad valorem de 20% sobre um produto importado que tem um preço internacional de $100 significa que o governo irá arrecadar $20 por unidade importada. 4/69 • Uma tarifa mista é uma combinação de uma tarifa e um imposto específico. • Muitos governos preferem proteger as indústrias domésticas através de restrições não tarifárias (RNT), tais como: –Quota de importação – Limita a quantidade importada – Restrições às exportações – Limita a quantidade exportada Análise das Tarifas 5/69 Análise das Tarifas - Brasil Tarifa Média de Importação (%) 1987 54,9 1988 37,7 1989 29,4 1990 27,2 1991 20,9 1992 14,1 1993 12,5 1994 10,2 1995 10,8 1996 10,8 1997 13,4 1998 13,4 2000 12,9 2001 11,8 2002 10,8 2004 10,7 2005 8,2 2006 8,7 2008 8,8 2010 10,0 6/69 Análise das Tarifas Participação das Importações no Mercado Interno - Em % 1990 1996 2001 2006 Siderurgia 2,0 2,6 4,7 4,0 Material Eletrônico e de Comunicações 11,4 27,8 65,0 54,8 Metalurgia de Não-Ferrosos 6,4 11,0 15,9 15,0 Equipamentos e Material Elétrico 7,5 15,0 30,1 17,8 Extrativa Mineral 15,8 14,6 36,4 31,1 Produção Elementos Químicos 14,2 19,8 23,4 19,2 Indústria da Borracha 3,6 9,2 13,8 14,1 Peças e Acessórios de Veículos 9,8 18,8 38,2 22,5 Refino de Petróleo e Petroq. 3,1 11,1 11,7 8,0 Minerais Não-Metálicos 1,1 3,3 4,6 3,0 Automóveis, Caminhões e ônibus 0,3 9,5 16,5 10,0 Vestuário e Acessórios 0,5 2,7 3,3 0,3 Calçados e Artigos de Couros e Peles 4,4 10,2 24,8 7,5 Máquina e Equipamentos 11,4 24,2 26,0 17,2 Produtos Farmacêuticos e Perfum. 5,4 12,4 20,8 17,9 Indústria Textil 1,9 9,1 7,4 7,9 Total da Indústria - Fonte: IPEA 5,9 10,9 15,4 11,8 7/69 Oferta, Demanda e Comércio com uma Única Indústria (Análise em Equilíbrio Parcial) • Suponha que existam dois países (Local e RDM). • Ambos produzem e consomem trigo, que pode ser transportado entre países sem custo. • Em cada país, o setor é competitivo. • Suponha que antes do comércio o preço do trigo seja maior no país Local que no RDM. – Com comércio, os exportadores do RDM venderão no país Local. – Isto aumentará o preço do trigo no RDM e reduzirá o preço no país Local. Análise das Tarifas 8/69 Para determinar o preço mundial (PW ) e a quantidade transacionada (QW ), duas curvas são definidas: • Curva de Demanda por Importações – País Local –Mostra a quantidade máxima de importação que o país Local gostaria de consumir para cada preço do produto importado. DM = D(P) – O(P) • Curva de Oferta de Exportações - RDM –Mostra a quantidade máxima de exportações que o RDM gostaria de vender para cada nível de preço. OX = O*(P*) – D*(P*) Análise das Tarifas 9/69 Quantidade, Q Preço, P Preço, P Quantidade, Q DM D O A P A P 2 P 1 S 2 D 2 D 2 – S 2 2 S 1 D 1 D 1 – S 1 1 Derivação da Curva de Demanda por Importações – País Local Análise das Tarifas 10/69 Propriedades da curva de demanda por importações: • Ela corta o eixo vertical no preço de equilíbrio em autarquia do país importador. • É negativamente inclinada. • Tem uma declividade menor que a curva de demanda interna do país importador (maior elasticidade preço). Análise das Tarifas 11/69 P 2 P *A D* O* P 1 OX Preço, P Preço, P Quantidade, Q Quantidade, Q S*2 – D*2 S*2 D*2 Determinação da Curva de Oferta das Exportações - RDM D*1 S*1 S*1 – D*1 Análise das Tarifas 12/69 Propriedades da Curva de Oferta das Exportações: • Corta o eixo vertical no ponto do preço de equilíbrio em autarquia do país exportador. • É positivamente inclinada. • Tem uma declividade menor que a curva de oferta doméstica do país exportador (maior elasticidade preço). Análise das Tarifas 13/69 O equilíbrio mundial ocorre quando a demanda por importações do país Local é igual a oferta de exportações do RDM. No ponto de equilíbrio: Demanda Local – Oferta Local = Oferta do RDM – Demanda do RDM Rearranjando termos: Demanda Local + Demanda do RDM = Oferta Local + Oferta do RDM Ou: Demanda Mundial = Oferta Mundial Análise das Tarifas 14/69 Equilíbrio Mundial OX Preço, P Quantidade, Q DM PW QW 1 Análise das Tarifas 15/69 Algumas definições: • Relação de troca é o preço relativo do bem exportado expresso em unidades do produto importado. • País pequeno é um país que não consegue afetar o preço mundial, qualquer que seja sua exportação ou importação. Serão utilizadas dois modelos na discussão: • Comércio entre dois países grandes • Um país pequeno transacionando com o RDM Análise das Tarifas 16/69 Efeitos de uma Tarifa • Assuma transações entre dois países grandes. • Admita que o país local coloque uma tarifa de $t em cada unidade importada. – Haverá exportação somente se a diferença de preço entre os dois mercados seja de, no mínimo $t. • A tarifa equivale a um custo de transporte: o exportador só venderá no mercado externo se a diferença de preços entre mercado interno e externo for igual ou maior que o custo de transporte. Análise das Tarifas 17/69 A tarifa fará com que o preço do produto importado aumente no país Local (PT ) e fará com que o preço mundial (P*T ) caia no mercado mundial até o ponto onde a diferença de preços seja igual a tarifa. PT – P * T = t PT = P * T + t Análise das Tarifas 18/69 OX PT DM D* O* D O Pw 2 QT 1 QI Efeitos de uma Tarifa P *T 3 t Preço, P Quantidade, Q Preço, P Quantidade, Q Preço, P Quantidade, Q Home market World market Foreign market Mercado Local Mercado Mundial Mercado do RDM Análise das Tarifas 19/69 Análise das Tarifas Demanda de Importações País Local Oferta de Exportações do RDM PLC Preço, P Quantidade, Q P i PW t Efeitos de uma Tarifa sobre os Preços 20/69 • Em livre comércio, o preço mundial do trigo (Pw ) será igual nos dois países. • Com a imposição de uma tarifa, o preço do trigo aumenta no país Local para PT e cai para P*T (= PT – t ) no RDM até que a diferença de preço seja de $t. – No país Local: aumenta a oferta domestica, cai a demanda devido o aumento do preço e isto reduz a demanda por importações. – No RDM: cai a produção, os consumidores aumentam sua demanda devido a queda de preço, e isto reduz as exportações. – Portanto, a imposição da tarifa reduz o comércio de trigo. Análise das Tarifas 21/69 •O aumento do preço interno é menor que a tarifa, porque parte da tarifa se reflete em queda de preço externo do produto importado. –Se o país Local fosse pequeno e aplicasse uma tarifa, o preço mundial não seria afetado e o preço no país importador cresceria pelo valor total da tarifa. –O preço mundial continuará em Pw –O preço no mercado interno subirá para: PT = Pw + t Análise das Tarifas 22/69 Uma Tarifa em um País Pequeno O Preço, P Quantidade, Q D Pw + t Pw Importação depois da tarifa S 1 D 1 Importação antes da tarifaD 2 S 2 Análise das Tarifas 23/69 Como Quantificar a Proteção • Ao se avaliar a proteção no mundo real é importante saber quanta proteção a política comercial oferece. – Pode-se expressar a magnitude da proteção como a porcentagem do preço que vigora com a proteção com relação ao preço de livre comércio. – Dois problemas com esta medida: » Se o país for grande, a tarifa reduz o preço mundial. » A tarifa pode ter efeitos diferentes em diferentes etapas da produção de um bem, afetando o valor adicionado da atividade. Usa-se o conceito de taxa de proteção efetiva: » Sejam VT e VW os valores adicionados com proteção e com livre comércio. A taxa de proteção efetiva é dada por: (VT - VW) / VW Análise das Tarifas 24/69 Taxa de Proteção Efetiva • A tarifa tem efeitos sobre o preço do bem final e sobre o custo dos insumos usados na produção. – A proteção efetiva não será igual a tarifa nominal se existem insumos importados usados na produção do bem protegido. – Exemplo: O preço mundial de um automóvel é de $ 8.000 e as autopeças importadas são vendidas por $ 6.000. Para incentivar a produção local um país coloca uma tarifa de 25% sobre o produto final. – A proteção é maior que 25%. Com livre comércio (preços mundiais), o valor adicionado era de $ 2.000 e passou para $4.000, com proteção. Uma tarifa de 25% no produto final dá uma taxa de proteção efetiva de 100%. Uma tarifa sobre as autopeças, reduziria a proteção efetiva. Análise das Tarifas 25/69 Nominal Efetiva Álcool 0,0% -4,6% Petróleo e Gas Natural 0,0% -3,6% Minério de Ferro 2,0% 1,4% Agricultura, Silvicultura e Florestal 2,8% 1,5% Refino de Petróleo e Coque 0,8% 2,0% Pecuária e Pesca 4,0% 2,3% Produtos Farmacêuticos 4,3% 4,3% Produtos de Madeira excl. móveis 8,1% 12,0% Produtos Químicos 5,6% 14,1% Outros Equipamentos de transporte 10,4% 15,3% Maquinas de Escritório e equip. informatica 9,8% 17,2% Máquinas e Equipamentos 12,1% 18,6% Defensivos Agrícolas 9,9% 22,5% Material Eletrônico e Equip. Telecomunicações 10,4% 22,8% Celulose e Produtos de Papel 12,0% 23,1% Fabricação de Aço e Derivados 11,2% 23,7% Calçados 14,2% 23,9% Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 14,4% 25,9% Artigos de Borracha e Plástico 13,6% 27,3% Móveis 17,3% 27,5% Texteis 16,3% 27,6% Alimentos e Bebidas 10,7% 29,8% Vestuário 19,6% 29,8% Autopeças 17,1% 33,4% Eletrodomésticos 18,2% 45,3% Fumo 15,3% 51,0% Caminhões e Ònibus 30,7% 128,3% Automóveis, Caminhonetes e Utilitários 28,6% 180,0% Média 11,1% 25,8% Proteção em 2005 26/69 Custos e Benefícios de uma Tarifa A tarifa aumenta o preço do bem no país importador e reduz o preço no país exportador. Conseqüências desta mudanças: • Consumidores perdem no pais importador e ganham no país exportador • Produtores ganham no país importador e perdem no país exportador • O governo que aplica a tarifa ganha receita Para medir estes efeitos e necessário definir excedente do consumidor e do produtor. 27/69 Excedente do Consumidor e do Produtor • Excedente do Consumidor –Mede o ganho do consumidor pela diferença do preço que ele efetivamente paga com relação ao preço que ele está disposto a pagar. –Pode ser obtido a partir da curva de demanda de mercado. –Graficamente, é igual à área abaixo da curva de demanda e acima do preço. Custos e Benefícios de uma Tarifa 28/69 8 $12 9 $10 10 $9 11 D Determinação do Excedente do Consumidor a partir da Curva de Demanda = a diferença entre o preço real em relação à disposição a pagar Preço, P Quantidade, Q Custos e Benefícios de uma Tarifa 29/69 Geometria do Excedente do Consumidor a b P 1 P 2 D Preço, P Quantidade, Q Q 2 Q 1 Custos e Benefícios de uma Tarifa 30/69 •Excedente do Produtor –Mede o ganho do produtor pela diferença entre o preço que ele efetivamente recebe com relação ao preço que ele está disposto a vender. –Pode ser obtido através da curva de oferta de mercado. –Graficamente, é igual a área acima da curva de oferta e abaixo do preço. Custos e Benefícios de uma Tarifa 31/69 Geometria do Excedente do Produtor d c P 2 P 1 O Preço, P Quantidade, Q Q 2 Q 1 Custos e Benefícios de uma Tarifa 32/69 Medidas dos Custos e Benefícios • É possível somar os excedentes do consumidor e do produtor? – Pode-se (algebricamente) somar os dois excedente porque qualquer mudança de preços afeta cada individuo de duas maneiras: – Como um consumidor – Como um trabalhador – Assume-se que, em termos marginais, uma unidade monetária de ganho ou perda para cada grupo tem o mesmo valor social. Custos e Benefícios de uma Tarifa 33/69 A tarifa aumenta o preço no país importador, reduz o excedente do consumidor e prejudica os consumidores. A tarifa aumenta o excedente do produtor e aumenta a renda dos produtores. A tarifa aumenta a receita do governo. Custos e Benefícios de uma Tarifa 34/69 Custos e Benefícios de uma Tarifa para o País Importador PT Pw P*T b c d e D a = perda do consumidor (a + b + c + d) = ganho do produtor (a) = ganho de receita do governo (c + e) QT D 2 O 2 O O 1 D 1 Preço, P Quantidade, Q Custos e Benefícios de uma Tarifa 35/69 • As áreas dos triângulos b e d medem as perdas do país (perda de eficiência) e a área do retângulo e mede um ganho (ganho das relações de troca). – A perda de eficiência é decorrência das distorções introduzidas no incentivo ao consumo e a produção. – Os produtores e os consumidores se comportam como se as importações fossem mais caras do que efetivamente são. – O triângulo b é a perda decorrente da distorção na produção e o triângulo d é a perda decorrente da distorção no consumo. –O ganho das relações de troca surgem porque a tarifa diminui o preço mundial. Custos e Benefícios de uma Tarifa 36/69 Efeito líquido de uma tarifa sobre o bem-estar é igual a: Perda do Consumidor (-) ganho do produtor (-) receita do governo (a+b+c+d) – a – (c+e) = b+d-e Custos e Benefícios de uma Tarifa 37/69 A receita do governo é igual a tarifa vezes a quantidade importada. • t = PT – P*T • QT = D2 – O2 • Receita do Governo = t x QT = c + e Parte da receita do governo (retângulo e) decorre da melhora das relações de troca e parte vem da redução do excedente do consumidor (retângulo c ). • O governo fica com parte da renda dos consumidores locais e do resto do mundo. Custos e Benefícios de uma Tarifa 38/69 • Se o efeito relações de troca for maior que a perda de eficiência, a tarifa aumenta o bem-estar do país importador. – No caso do país pequeno, a tarifa necessariamente reduz o bem-estar do país importador. Custos e Benefícios de uma Tarifa 39/69 Efeitos Líquidos de uma Tarifa sobre o Bem-estar – País Grande PT Pw P*T b d e D = perda de eficiência (b + d ) = ganhos de relações de troca (e ) Importação O Preço, P Quantidade, Q Custos e Benefícios de uma Tarifa 40/69 Preço Mundial (+) tarifa Preço Mundial Preço, P Quantidade, Q O D Distorção no consumo Distorção na Produção Efeitos Líquidos de Uma Tarifa – País Pequeno Custos e Benefícios de uma Tarifa 41/69 Subsídio à Exportação: Teoria • Subsídio a Exportação – É um pagamento pelo governo a uma firma que vende no mercado externo – Quando o governo dá um subsídio à exportação, os exportadores vão exportar até o ponto em que o preço doméstico exceder o preço mundial pelo montante do subsídio. –O subsídio pode ser específico ou ad valorem. Outros Instrumentos da Política Comercial 42/69 b a Efeitos de um Subsídio a Exportação PS Pw P*S Preço, P Quantidade, Q Exportação g f e Subsídio d c = ganho do produtor (a + b + c) = perda do consumidor (a + b) = custo do subsídio para o governo (b + c + d + e + f + g) D O OutrosInstrumentos da Política Comercial 43/69 • Um subsídio a exportação aumenta o preço no país exportador e diminui o preço no país importador. • Adicionalmente, e em contraste com a tarifa, o subsídio à exportação piora as relações de troca. • Um subsídio à exportação leva a custos que excedem os benefícios. • A perda líquida de bem-estar é dada pela soma das áreas (diferença entre ganho do produtor e perdas dos consumidores e governo): (a + b+ c) – (a + b) – (b + c+ d + e + f + g) = = - ( b + d + e + f + g) Outros Instrumentos da Política Comercial 44/69 Programa Agrícola Comum Europeu A União Européia deveria ser uma importadora líquida de produtos agrícolas. Mas o PAC fixa um preço interno alto e subsidia a exportação para se livrar dos estoques. • O subsídio a exportação reduz o preço mundial, aumentando o custo do programa. O custo direto do PAC para o contribuinte europeu é de US$ 60 bilhões, ou 35% da receita do produtor europeu. • O programa atual garante renda para os produtores independente da produção para reduzir os preços no mercado europeu e reduzir a produção. 45/69 Programa Agrícola Comum Europeu Preço, P Quantidade, Q O D Preço UE sem importação Preço Mundial = custo do subsídio governamental Preço mínimo Exportação Outros Instrumentos da Política Comercial 46/69 Quota de Importação: Teoria • Uma quota é uma restrição à quantidade importada. – Exemplo: Os USA tem uma quota para a importação de açúcar. • A restrição é usualmente implementada a partir de licenças para alguns grupos de importadores. • Em alguns casos (açúcar e vestuário) a quota é dada diretamente ao governo do país exportador. Outros Instrumentos da Política Comercial 47/69 • Uma quota de importação sempre aumenta o preço doméstico do produto importado. • Os grandes beneficiários de uma quota são os poucos produtores locais, enquanto que o prejuízo é diluído entre os muitos consumidores. • Os detentores das licenças podem comprar produtos importados e revende-los no mercado doméstico a um preço maior. –O lucro obtido pelos detentores das licenças de importação é chamado de renda da quota. Outros Instrumentos da Política Comercial 48/69 • O efeito sobre o bem-estar de uma quota Comparado com o efeito da tarifa – A diferença entre a quota e a tarifa é que com a quota o governo não tem receita. – Na avaliação dos custos e benefícios de uma quota de importação é fundamental identificar quem recebe as rendas. – Quando os direitos de vender no mercado Local são atribuídos aos governos dos países exportadores, a transferência de renda para o estrangeiro torna os custos de uma quota mais elevados, que os de uma tarifa equivalente. Outros Instrumentos da Política Comercial 49/69 Preço no U.S.A $466 Preço Mundial $280 b c d Demanda a 8.45 6.32 Oferta 5.14 9.26 Preço, $/ton Quantidade de Açúcar, milhões toneladas Efeitos das Quotas de Importação do Açúcar nos USA Quota de importação: 2.13 milhões de tons. = perda do consumidor (a + b + c + d) = ganho do produtor (a) = renda da quota (c) Outros Instrumentos da Política Comercial 50/69 Restrições Voluntárias às Exportações (RVE) • Uma restrição voluntária a exportação é uma quota de exportação controlada pelo país exportador. – É também conhecido como acordo de restrição voluntária. • Uma RVE é imposta por pedido do país importador e são aceitas pelos exportadores para evitar outras medidas protecionistas. Outros Instrumentos da Política Comercial 51/69 • Uma RVE é equivalente a uma quota de importação, onde as licenças são atribuídas a governos estrangeiros e, portanto, tem um custo muito elevado para o país importador. • Uma RVE é sempre mais prejudicial para o país importador do que uma tarifa que limite as importações na mesma grandeza. – Com uma RVE a receita equivalente da tarifa torna-se renda recebida por estrangeiros, levando a uma perda para o país importador. – Exemplo: 2/3 do custo para os consumidores americanos de três RVE (têxtil, automóveis e aço) é transferido como renda para o estrangeiro. Brasil: RVE com relação a têxtil e brinquedos da China (40% do mercado). • Uma RVE produz uma perda para o país importador. Outros Instrumentos da Política Comercial 52/69 Exigência de Componentes Nacionais • Uma exigência de componentes nacionais é uma regra que impõe que uma determinada porcentagem do bem final ser produzido domesticamente. – A exigência pode ser feita em termos físicos ou valor. • Tem sido muito usado em países em desenvolvimento para mudar a composição da produção, favorecendo a verticalização do processo produtivo. • Exemplo recente no Brasil: exigência de componentes nacionais de até 65% nos equipamentos para o Pré-Sal. Outros Instrumentos da Política Comercial 53/69 • Exigências de conteúdo doméstico não produzem nem receita para o governo, nem renda de quota. –Em seu lugar, a diferença de preço entre componentes domésticos e estrangeiros é repassado para o consumidor final. – Exemplo: Suponha que um carro tenha a exigência de 50% de componentes domésticos. O custo dos componentes importados é de $6.000 e o custo das partes domésticas é de $10.000. Portanto, o custo médio é de: $8.000 = (0.5 x $6.000 + 0.5 x $10.000). Outros Instrumentos da Política Comercial 54/69 Outros Instrumentos de Política Comercial • Subsídio ao Crédito à Exportação – Empréstimos subsidiados aos compradores das exportações do país. – Idêntico ao subsídio à exportação. • Compras Governamentais – Compras governamentais (ou de empresas públicas) voltada para a produção doméstica, mesmo que sejam mais caras que o produto importado. • Barreiras Burocráticas – Barreiras sanitárias, segurança e procedimentos aduaneiros. Outros Instrumentos da Política Comercial 55/69 Síntese dos Efeitos da Política Comercial Efeitos de Políticas Comerciais Alternativas Restrição Subsídio Quota de Voluntária a Tarifa a Exportação Importação Exportação Excedente do Produtor Aumenta Aumenta Aumenta Aumenta Excedente do Consumidor Cai Cai Cai Cai Receita Governamental Aumenta Cai Inalterada Inalterada (renda para deten- (renda para os tores de licenças) estrangeiros) Bem-estar Nacional Total Anbíguo Cai Ambíguo Cai (cai para um (cai para um país pequeno) país pequeno) 56/69 Um país pequeno (não afeta as relações de troca) produz e consome dois bens: alimentos e manufaturas. O país tem vantagens comparativas em manufaturas. O país decide colocar uma tarifa ad valorem de t% sobre a importação de alimento. O preço do alimento passará para PA *(1+t) e a linha de preços se torna menos inclinada. A produção de manufaturas diminui e a de alimentos aumenta. A receita das tarifas é devolvida aos consumidores, que passam a ter uma nova restrição orçamentária, respeitando os preços mundiais. O bem-estar diminui. Tarifa em Equilíbrio Geral 57/69 Determinação da Restrição Orçamentária. O comércio precisa estar equilibrado aos preços mundiais: P*M e P * A . Sejam Q e D a produção e a demanda, respectivamente. Então: P*M x (QM – DM ) = P * A x (DA - QA); ou P*M x QM + P * A x QA = P * M x DM + P * A x DA Isto define uma restrição orçamentária que passa pelo ponto de produção Q2, com declividade - P*M / P * A. O ponto de consumo deve estar sobre esta restrição orçamentária, porem em uma curva de indiferença que seja tangente a uma linha com declividade: - P*M / P * A(1+t) Tarifa em Equilíbrio Geral 58/69 Equilíbrio de Livre Comércio – País Pequeno Tarifa em Equilíbrio Geral Declividade = - P *M / P * A Produção e consumo de manufaturas, QM , DM Produção e Consumo de alimento, QA , DA D 1 Q 1 59/69 QA, DA QM, DM Q 2 D 2 Declividade = - P*M / P * A (1 + t) Uma Tarifa em um País Pequeno Tarifa em Equilíbrio Geral D 1 60/69 Efeito de uma Tarifa nas Relações de Troca – País Grande (3); País Pequeno (2) A M 1 Declividade = (P *M /P * A) 1 1 Declividade = (P *M /P * A) 2 M 2 2 3 Exportação de Manufaturas, país Local, QM - DM Importação de Manufaturas, RDM, D*M - Q * M Importação de Alimento, país Local, DA - QA Exportação de Alimento, RDM, Q*A - D * A O Tarifa em Equilíbrio Geral 61/69 D Tarifas e Quotas na Presença de Monopólio Um Monopolista em Livre Comércio Preço, P Quantidade, Q Pw PM CMg RMg DI QM Qw 62/69 Em autarquia, o monopolista maximiza lucros no ponto onde RMg = CMg e onde: P = PM e Q = QM Com livre comércio, o preço será Pw e Qw será produzido e (DI – Qw) será importado. O monopolista não pode exercer seu poder de monopólio e se comporta como em concorrência perfeita: P = CMg. Tarifas e Quotas na Presença de Monopólio 63/69 D Um Monopolista Protegido por uma Tarifa, só pode aumentar o preço pelo montante da tarifa, devido a ameaça das importações Preço, P Quantidade, Q Pw PM CMg RMg DI QM Qw Dt Qt Pw+ t Tarifas e Quotas na Presença de Monopólio 64/69 Preço, P Quantidade, Q Pw Pq Um Monopolista Protegido por uma Quota de Importação CMg RMgq Dq D Qq Tarifas e Quotas na Presença de Monopólio 65/69 Suponha que há uma quota à importação de Q. O monopolista agora tem liberdade para cobrar um preço acima do preço mundial, dada a demanda líquida = demanda total – quota. A curva Dq é a demanda depois da quota e a RMgq é a receita marginal descontada a quota. O equilíbrio será no ponto Pq e Qq. Tarifas e Quotas na Presença de Monopólio 66/69 Preço, P Quantidade, Q Pw Pq Pw + t Comparação de uma Tarifa e uma Quota, que levam a uma mesma importação: a quota dá mais proteção. CMg RMgq Dq D Qt Qt + Q Qq Tarifas e Quotas na Presença de Monopólio 67/69 Terceira Lista de Exercícios: Entrega em data a definir 68/69 Resumo Uma tarifa introduz uma cunha entre os preços mundiais e domésticos, porem menor que a alíquota de importação. (exceto o caso do país pequeno). • No caso do país pequeno, a tarifa é totalmente repassada aos preços domésticos. Os custos e benefícios de uma tarifa ou de outro instrumento de política comercial podem ser quantificados usando o conceito de excedente do consumidor e produtor. • O produtor doméstico ganha • O consumidor nacional perde • O governo ganha receita adicional 69/69 O efeito líquido sobre o bem-estar de uma tarifa pode ser dividido em duas partes: • Perda de eficiência (consumo e Produção) • Ganho nas relações de troca (é igual a zero no caso do país pequeno) Um subsídio à exportação produz perda de eficiência equivalente ao da tarifa, mas é ainda pior, por que deterioram as relações de troca. Com quotas de importação e RVE o governo do país importador não ganha receita. Resumo
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