Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Processual Civil – Execução OS PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO Tais princípios serão aplicáveis tanto ao processo de execução, quanto à impugnação ao cumprimento de sentença. a) Princípio da autonomia – a fase executiva é uma fase autônoma em relação à fase de conhecimento. Nessa fase há o surgimento de uma nova pretensão, denominada de pretensão executiva. Devido a isso, haverá a contagem de um novo prazo prescricional. Na fase de execução de sentença, surge a pretensão executiva, que torna tal relação processual autônoma à fase de conhecimento. b) Princípio do título “nulla executio sine titulo” – somente poderá dar-se início à uma execução ou a um cumprimento de sentença caso exista um título judicial ou extrajudicial. Caso não haja o titulo a execução é extinta por ausência de pressuposto de validade, além da existência de tal título é necessário que ele se caracterize como liquido, certo e estável. Obs! Somente poderá ser considerado como título judicial aquele que se encontra previsto em lei de competência federal. A exemplo disso, pode-se citar o contrato devidamente assinado por duas testemunhas. Dessa forma, somente haverá execução se houver o ingresso do título com o processo de execução. Nesse sentido, não necessariamente será obrigatório dar início ao processo de execução devido à existência do título. O art. 785 do CPC, informa que a existência do título executivo extrajudicial não impede a parte de adentrar no processo de conhecimento, para realizar a transformação desse título em título judicial. c) Princípio da realidade ou patrimonialidade - toda execução é real, recaindo sobre o patrimônio do devedor, não podendo recair sobre a pessoa do devedor, haja vista que somente o patrimônio responde pela obrigação. No caso do devedor de prestação de alimentos, o que recairá sobre a execução será o seu patrimônio. A prisão será um meio coercitivo para atingir-se a satisfação monetária e, por isso, tal hipótese não será uma exceção ao princípio da realidade ou patrimonialidade; d) Princípio do resultado, desfecho único ou da satisfatividade – a execução possui como fim apenas a satisfação do direito do credor, isto é, a única pretensão que poderá ser formulada no processo de execução ou cumprimento de sentença é a da satisfação do direito de crédito do credor pelo devedor. Tal princípio diz respeito unicamente à finalidade da pretensão. e) Princípio da utilidade - a execução deverá ser útil ao credor, não podendo-se transformar a execução em simples instrumento de penalização do devedor, a execução deverá sempre garantir que a dívida seja paga. Obs! Não se deve confundir com pagamento parcial do bem. f) Princípio da menor onerosidade – por mais que a execução seja desenvolvida sob o interesse do credor, a execução se dará pelo meio menos gravosos ao executado, quando houver vários meios de satisfazer o direito do credor. g) Princípio da especificidade da execução – deve-se propiciar ao credor, na medida do possível, aquilo que obteria com o cumprimento voluntário. Isso significa que ao entrar com uma execução com obrigação de fazer o juiz poderá: induzir o cumprimento da obrigação, determinar que terceiros cumpram, converter em perdas e danos. Somente nos casos de desinteresse do credor que será convertido em perdas e danos. h) Princípio do ônus da execução – a dívida deverá ser pago de forma atualizada, arcar com os custos de honorários ... i) Disponibilidade da execução – o exequente poderá desistir a qualquer momento da execução, desde que não cause prejuízos ao executado ou ao exequente. Direito Processual Civil – Execução MEIOS EXECUTÓRIOS Os meios executórios é a reunião de atos executivos organizados no procedimento, endereçados à obtenção da pretensão pretendida pelo exequente, ou seja, são os conjuntos de atos executivos para que haja a satisfação de credito do exequente. Os meios executórios poderão ser de: • Coerção: meios executórios para induzir o devedor a cumprir a obrigação. A coerção poderá se dar de forma patrimonial (quando os meios indutivos recaem sobre o patrimônio do devedor. Ex: ASTREINTES – multas cominatórias, inscrição do nome do executado em órgão restritivo de crédito - SPC) ou pessoal (referentes aos casos de prisão civil, que só será admitida em relação ao devedor de pensão alimentícia). • Sub-rogação: o juiz substitui a vontade do executado, pois sua participação é indispensável/prescindível. O próprio Estado fará com que se cumpra a obrigação. Poderá se dar de 3 formas: Desapossamento (quando o executado é desapossado nos casos em que a execução é de entrega de coisa certa e de direitos reais. Ex: busca e apreensão e a imissão na posse), Transformação (quando a execução da obrigação de fazer fungível ficará a cargo de terceiro) e Expropriação (quando ocorre a retirada de porção patrimonial do devedor, no valor correspondente à dívida. Ex: penhora online, penhora sobre imóvel que não é objeto da obrigação.). O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA Existem 3 tipos de cumprimento de sentença, sendo direcionados para a obrigação de pagar quantia certa (somete podendo ser iniciado por meio de requerimento, em regra, do exequente/credor. Tal requerimento deverá ser instruído por meio da memória de cálculo, que é a tabela que contém os cálculos por onde se chega ao valor do cumprimento da sentença, que inclusive deverá estar indicado no requerimento.), fazer e não fazer e entregar coisa certa (que pode ser iniciado de oficio ou através de requerimento). A obrigação somente se tornará exigível a partir do termo ou condição. Após o requerimento haverá a intimação do devedor para que este cumpra voluntariamente a obrigação ou exerça o contraditório. Tal intimação, em regra, ocorrerá através do Diário da Justiça, em nome do advogado do executado (que já fora constituído nos autos e atuou na fase de conhecimento). As exceções a tal intimação no nome do advogado e por Diário da Justiça ocorrerão quando: • O trânsito em julgado ocorrer há mais de 1 ano do título objeto do cumprimento, nesses casos a intimação será feita pessoalmente para o réu, por correio ou oficial de justiça ou meio eletrônico (este último para pessoas jurídicas). • Quando, na fase de conhecimento, o réu tiver sido defendido pela defensoria pública ou não tiver advogado constituído nos autos. Nesse caso, ele será intimado também de maneira pessoal. • Quando, na fase de conhecimento, o réu tiver sido citado por edital e tiver permanecido revel. Nesse caso, a intimação para o cumprimento de sentença ocorrerá também via edital. Obs! Por meio da regra subsidiaria ao cpc, cita-se por edital para o cumprimento de sentença, também o réu cujo endereço seja desconhecido ou não possua nenhum tipo de correspondência. Obs 2! É perfeitamente possível que o devedor dê início ao cumprimento de sentença, tal como disposto no art. 526. Mesmo o maior interesse sendo do credor, há a plena possibilidade do cumprimento de sentença por iniciativa do devedor. Nesse caso, o devedor terá o dever e o direito de pagar, para conseguir ver-se livre de tal inadimplemento. Para que esta iniciativa seja válida, o devedor deverá: Direito Processual Civil – Execução • Comparecer em juízo (através da petição inicial); • anteriormente à intimação para o cumprimento de sentença; • O credor será chamado/intimado para se manifestar por meio de petição, para concordar (nesse caso, o juiz extinguirá o cumprimento em razão da satisfação da obrigação) ou discordar da manifestação do devedor (nesse caso, o devedor dará continuidade ao cumprimento, requerendo o valor que entende por faltante). IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA A impugnação ao cumprimento de sentençapossui natureza jurídica de defesa, não possuindo natureza de ação judicial, à medida que será protocolada dentro do mesmo processo em que tramita o cumprimento de sentença. É importante ressaltar a diferença entre a impugnação ao cumprimento de sentença e os embargos de execução, já que este é posicionado no processo de execução, enquanto aquele se dá no cumprimento de sentença. Por sua vez, aquele possui natureza de defesa, sendo posicionado no mesmo processo de tramitação, enquanto este possui natureza de ação. MATÉRIAS (ART.525 DO CPC) Tais matérias se relacionam fundamentalmente ao cumprimento de sentença. Por ser revestido de coisa julgada, essas questões dirão respeito ao próprio cumprimento de sentença, sendo tanto de cunho processual, quanto de cunho material. Obs! Somente de maneira excepcional poderá ser rediscutida o mérito da ação, podendo-se discutir se há ou não a existência da dívida. No entanto, somente poderá haver tal discussão diante de fatos supervenientes à sentença. As matérias que poderão ser alegadas, serão: 1) Falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia – ocorre quando o executado traz matéria relativa à fase de conhecimento, para ser rediscutida na fase de execução. A matéria somente poderá ser arguida se não foi discutida na fase de conhecimento, em razão da coisa julgada. Além disso, exige-se que tal processo tenho ocorrido à revelia, pois o comparecimento espontâneo do réu supre a nulidade da citação ou a falta. 2) Ilegitimidade das partes – só possuirá legitimidade para o cumprimento de sentença aquele que tenha participado da fase de conhecimento, caso contrário, haverá ilegitimidade para o cumprimento. A legitimidade poderá passar para os sucessores do credor falecido. 3) Inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação – ocorre quando há o ingresso do cumprimento de sentença com um título inexequível, isto é, que não figura como título judicial conforme dispositivo do CPC. O executado poderá defender-se de modo a alegar tal inexequibilidade, podendo extinguir o cumprimento de sentença. Já em relação à inexigibilidade da obrigação, ocorre quando há o chamado título judicial inconstitucional, que se encontra tipificado nos parágrafos 12 a 15 do art. 525 do CPC. Tal título judicial inconstitucional quando é fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo STF ou quando determinada interpretação referente a tal Lei for direcionada para a inconstitucionalidade, pelo STF. Se a decisão do STF for antes do trânsito em julgado da sentença, irá se rediscutir tal matéria na impugnação do cumprimento da sentença. Se ocorrer após o trânsito em julgado da sentença, deverá ser rediscutida no momento de propositura da ação rescisória (para que haja a restituição desse título), que será proposta em até 2 anos após o trânsito em julgado da declaração de inconstitucionalidade pelo STF. 4) Penhora incorrera do bem ou avaliação errônea – a penhora incorreta se refere aos atos de constrição judicial, enquanto a avaliação Direito Processual Civil – Execução errônea relaciona-se às questões em que há erro do valor do valor; 5) Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções – o excesso de execução ocorre quando o devedor reconhece que realmente deve, mas encontra-se sendo demandado por quantia superior à realmente devida ou diversa daquilo que restou obrigado. Quando tal excesso de execução é alegado de maneira a apontar superioridade do valor, deverá apontar dois requisitos, sendo estes: apontamento do valor devido e a memória dos cálculos (atualizados). Caso não cumpra os requisitos e existam outras questões, a alegação não será apreciada. Caso os requisitos não sejam cumpridos e o excesso seja a única alegação, a questão será rejeitada liminarmente. 6) Incompetência absoluta ou relativa; 7) Qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, desde que superveniente à sentença – tais como pagamento, transação ou supervisão. EFEITOS DA IMPUGNAÇÃO Em regra, a impugnação não possui efeito suspensivo. Isso significa que, em regra, a impugnação não impede a realização dos atos executivos materiais do cumprimento de sentença. Para que ocorra o efeito suspensivo, deverá haver: o requerimento, a garantia do juízo (que poderá ser feita por penhora, caução ou depósito suficiente a garantir eventuais danos causados ao credor, em razão da suspensão do cumprimento de sentença...), fundamento relevante (o juiz deverá antever a probabilidade de acolhimento da impugnação) e demonstração, pelo executado, da ocorrência de dano irreparável com o cumprimento de sentença. Atendidos os requisitos, o juiz deverá deferir o efeito suspensivo ao cumprimento de sentença. Por mais que o efeito suspensivo seja deferido, o exequente poderá requerer que o cumprimento de sentença seja continuado mediante a prestação de caução suficiente. Procedimento da impugnação ao cumprimento de sentença Inicia-se pelo requerimento do exequente, o devedor é intimado para cumprir voluntariamente a sentença ou apresentar impugnação ao cumprimento de sentença, após isso, haverá a intimação do exequente para apresentar manifestação acerca da impugnação (em regra, sem instrução probatória, somente sendo existente caso necessário), há um pequeno julgamento da impugnação. A natureza jurídica da decisão que julga a impugnação poderá ser de decisão interlocutória (agravo de instrumento) ou de sentença (apelação). COMPETÊNCIA PARA O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (ARTS. 516 DO CPC) Conforme o artigo 516 do CPC, a competência será definida de acordo com os seguintes casos definidos: • Os tribunais (competência original); • Juízo no qual tramitou o processo no 1º grau; • Juízo cível competente, nos casos de sentença penal condenatória, sentença arbitral e sentença estrangeira. CUMULAÇÃO DE EXECUÇÕES A cumulação de execuções somente se dará mediante os requisitos: • Haver identidade entre credor e devedor em relação ao título; • Haver competência do mesmo juízo – os cumprimentos de sentença deverão fazer parte da mesma competência de juízo; • Identidade de procedimento. Nos casos em que há descumprimento de alguns dos requisitos, a cumulação poderá sofrer impugnação ao cumprimento de sentença.
Compartilhar