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Frederick S. Perls - Nasceu em 1893, filho de pais judeus de classe média baixa. Considerava-se a "ovelha negra da família". - Formou-se em medicina e, ao terminar seu treinamento médico, juntou-se ao exército alemão, servindo como médico na Primeira Guerra Mundial. - Ao voltar a Berlim, passou a formular ideias filosóficas que forneceriam fundamentos para o desenvolvimento da Gestalt-terapia. Frederick S. Perls - Perls trabalhou com Kurt Goldstein no Instituto de Soldados com Lesões Cerebrais e compreendeu, através de seu trabalho com Goldstein, a importância de considerar o organismo humano como um todo, ao invés de vê-lo como um aglomerado de partes funcionando desordenadamente. - Em 1927 mudou-se para Viena e começou seu treinamento em psicanálise, sendo analisado por Wilhelm Reich. Frederick S. Perls - Em 1933, com a ascensão de Hitler ao poder, Perls partiu para a Holanda e depois para a África do Sul. Lá fundou o Instituto Sul- Africano de Psicanálise. - Voltou à Alemanha em 1936 para apresentar um trabalho no Congresso Psicanalítico e encontrar-se com Sigmund Freud. Encontro esse que foi considerado como uma grande decepção por parte de Perls. Frederick S. Perls - Muitos anos depois, Perls rompeu abertamente com o movimento psicanalítico e, em 1946, imigrou para os Estados Unidos. Prosseguiu com o desenvolvimento da Gestalt-terapia e, em 1952, fundou o Instituto Nova-iorquino de Gestalt-terapia. - Mudou-se para Los Angeles e, então, no início dos anos sessenta, para o Instituto Esalen em Big Sur na Califórnia, onde propôs workshops, lecionou e passou a ser amplamente conhecido como expoente de uma filosofia e de um método de psicoterapia novo. A Gestalt-terapia proposta por Perls - As principais correntes intelectuais que influenciaram diretamente Perls foram a psicanálise (principalmente Freud e Reich), a psicologia da Gestalt (Kohler. Wertheimer, Lewin, Goldstein e outros) e o existencialismo e a fenomenologia. - Em relação à Psicanálise: ao contrário de Freud, acreditava que o conteúdo mais importante era o material mais obvio, e não o reprimido/recalcado. Assim, propunha o foco no presente e no como a pessoa se comporta, invés do porquê. A Gestalt-terapia proposta por Perls - Em relação a Psicologia da Gestalt: - A teoria da Gestalt foi inicialmente formulada no final do século XIX na Alemanha e Áustria. Desenvolveu-se como um protesto contra a tentativa de compreender a experiência através de uma análise atomística. A própria nomenclatura tenta destacar isso: palavra alemã gestalt, o sentido geral é de uma disposição ou configuração, uma organização específica de partes que constitui um todo particular. A Gestalt-terapia proposta por Perls - Em relação a Psicologia da Gestalt: - A teoria da Gestalt foi aplicada ao estudo da aprendizagem, resolução de problemas, motivação, psicologia social e, até certo ponto, à teoria da personalidade. - Em qual sentido afetou a teoria da personalidade? teoria da Gestalt ofereceu algumas sugestões a respeito dos modos pelos quais os organismos se adaptam para alcançar sua organização e equilíbrio ótimos. A Gestalt-terapia proposta por Perls - Em relação ao existencialismo e a fenomenologia: - Perls descreveu a Gestalt-terapia como uma terapia existencial, baseada na filosofia existencial e utilizando-se de princípios em geral considerados existencialistas e fenomenológicos. - Perls associou-se à maioria dos existencialistas ao insistir que as vivências de um indivíduo só podem ser compreendidas pela descrição direta que o próprio indivíduo faz de sua situação única. Assim, o encontro terapeuta-paciente é um encontro existencial entre duas pessoas. A Gestalt-terapia proposta por Perls - Em relação ao existencialismo e a fenomenologia: - Também partilha da ideia de não haver cisão entre sujeito e objeto, e nem entre organismo e meio. - Utiliza o conceito de intencionalidade, posto que a mente ou consciência é entendida como intenção e não como algo à parte do que é pensado ou pretendido. Assim, os sentidos dos atos psíquicos ou intenções devem ser alcançados em seus próprios termos A Gestalt-terapia proposta por Perls - Os conceitos principais: 1) O organismo como um todo - Quais as implicações disso? “Na teoria de Perls, a noção de organismo como um todo é central - tanto em relação ao funcionamento intra orgânico [físico-mental] quanto à participação do organismo em seu meio para criar um campo único de atividades [interno-externo] ” (FADIMAN; FRAGER, 1986, p. 132-133). A Gestalt-terapia proposta por Perls 1) O organismo como um todo - Assim, qualquer aspecto do comportamento de um indivíduo pode ser considerado como uma manifestação do todo – o ser da pessoa. - Na relação saudável há um limite fluído entre o indivíduo e o meio. “Num indivíduo neurótico, as funções de contato e afastamento estão perturbadas, e ele se encontra frente a um aglomerado de gestalten que estão de alguma forma inacabadas nem plenamente formadas nem plenamente fechadas” (FADIMAN; FRAGER, 1986, p. 132-133). A Gestalt-terapia proposta por Perls 1) O organismo como um todo - Por que o indivíduo se afastaria do meio? • O ser humano possui uma hierarquia de necessidades • Existem as necessidades dominantes, as que se destacam na personalidade “Perls acentua muito a importância de estar consciente de suas próprias preferências e ser capaz de agir sobre elas. O conhecimento de suas próprias preferência leva ao conhecimento de suas necessidades; a emergência da necessidade dominante é experienciada como preferência pelo que satisfará a necessidade..” (FADIMAN; FRAGER, 1986, p. 141). A Gestalt-terapia proposta por Perls 1) O organismo como um todo - E quando somos incapazes de reconhecer nossas necessidades? - Retomaremos a neurose mais à frente, após vermos todos os conceitos principais. “Os neuróticos são frequentemente incapazes ou de perceber quais de suas necessidades são dominantes ou de definir sua relação com o meio de forma a satisfazer tais necessidades. Assim, a neurose acarreta processos disfuncionais de contato e afastamento que causam uma distorção na existência do indivíduo enquanto organismo unificado.” (FADIMAN; FRAGER, 1986, p. 133). A Gestalt-terapia proposta por Perls 2) A preponderância do como sobre o porquê - Esse aspecto é uma consequência da orientação fenomenológica e holística. - É a ênfase na importância da compreensão da experiência de uma maneira descritiva e não causal. Pois: 1) Toda causa é múltipla, logo é irrelevante buscar isso. 2) Cada elemento só pode ser compreendido como parte de uma das várias gestalten, não há qualquer possibilidade dele ser compreendido como sendo “causado” separadamente de toda a matriz de causas da qual participa. A Gestalt-terapia proposta por Perls 3) Ênfase no aqui e agora - É no aqui e agora que podemos ver o indivíduo como um todo. É nele que captamos a autopercepção presente e imediata que o sujeito tem do meio. - Mas por que focar no presente? conduz ao crescimento psicológico “experiência presente de uma pessoa, num dado momento, é a única experiência presente possível e que a condição para se sentir satisfeito e realizado a cada momento da vida é a simples aceitação sincera desta experiência presente.” (FADIMAN; FRAGER, 1986, p. 134). A Gestalt-terapia proposta por Perls 3) Ênfase no aqui e agora - Portanto, são neuróticos (além de ter uma distância com meio) são aqueles que não conseguem viver no presente pois carregam cronicamente consigo situações inacabadas (gestalten incompletas) do passado. - Os neuróticos sofrem uma tensão e procuram a preencher com planejamentos futuros. Contudo, isso impede a abertura necessária ao crescimento e a espontaneidade. A Gestalt-terapia proposta por Perls 3) Ênfase no aqui e agora - E como focar somente no aqui e agora? “A proposta, é convidar o paciente simplesmente a se concentrar para tomar-se consciente de suaexperiência presente, pressupondo que os fragmentos de situações inacabadas e problemas não resolvidos do passado emergirão inevitavelmente como parte desta experiência presente. À medida que estas situações inacabadas aparecem, pede-se ao paciente que as represente e experimente de novo, a fim de completá-las e assimilá-las no presente.” (FADIMAN; FRAGER, 1986, p. 133-134). A Gestalt-terapia proposta por Perls 4) Conscientização - É ponto central dessa abordagem terapêutica. - A expansão das áreas da consciência leva ao crescimento psicológico, ao passo que a fuga da conscientização, leva ao sofrimento psíquico. - Como o organismo humano é sábio, o cultivo da autoconscientização é ampliar a natureza autorreguladora humana. Permitindo fluir o natural delineamento figura – fundo. A Gestalt-terapia proposta por Perls 4) Conscientização - Como encorajar a autoconscientização? continuum de consciência “Manter um continuum de consciência parece decepcionante. O simples-apenas estar consciente do que estamos experienciando a cada instante. No entanto, a maioria das pessoas imterrompe o continuum quase de imediato, e esta interrupção em geral é causada pela conscientização de algo desagradável. Assim, estabelece-se a fuga em relação a pensamentos, expectativas, recordações e associações de uma experiência à outra. Nenhuma dessas experiências associadas são de fato experienciadas.” (FADIMAN; FRAGER, 1986, p. 133-134). A Gestalt-terapia proposta por Perls 4) Conscientização - Estar consciente é prestar atenção às figuras perpetuamente emergentes de sua própria percepção. Evitar a tomada de consciência é enrijecer o livre fluir natural do delineamento figura e fundo. - Se a pessoa estiver simplesmente consciente da experiência de si mesma a todo momento, ela poderá entender melhor suas necessidades e as necessidades urgentes (aquelas inacabadas). A Gestalt-terapia proposta por Perls 4) Conscientização - Nós podemos estar conscientes de: SI MESMO DO MUNDO DO “ENTRE” VOCÊ E O MUNDO A Gestalt-terapia proposta por Perls A dinâmica psíquica: o crescimento psicológico - A maturidade psicológica: - Ou seja, a maturidade está relacionada ao equilíbrio: o organismo ter um equilíbrio ótimo consigo e com seu meio. Isso advém de uma conscientização desobstruída da hierarquia de necessidades. “Perls definia a saúde e a maturidade psicológicas como sendo a capacidade de emergir do apoio e da regulação ambientais para um auto apoio e uma autorregulação. O processo terapêutico representa um esforço na direção desta emergência.” (FADIMAN; FRAGER, 1986, p. 133-134). A Gestalt-terapia proposta por Perls A dinâmica psíquica: o crescimento psicológico - Como atingir essa maturidade? Equilíbrio conscientização das hierarquias das necessidades “Uma apreciação plena desta hierarquia de necessidades só pode ser realizada através da conscientização que envolve todo o organismo, uma vez que necessidades são experienciadas por cada parte do organismo e sua hierarquia é estabelecida por meio de sua coordenação.” (FADIMAN; FRAGER, 1986, p. 133- 134). A Gestalt-terapia proposta por Perls A dinâmica psíquica: o crescimento psicológico - Avançamos em direção ao crescimento psicológico quando: 1) Completamos as gestalten inacabadas 2) Passamos pelas “cinco camadas” A primeira é a camada dos clichés sinais de contato A segunda é a dos papeis ou jogos como se A terceira é a camada impasse: da anti existência o vazio, o nada A quarta camada é a implosiva morte ou medo da morte contrai-se ou implode A quinta camada é a explosiva tomada de consciência, verdadeiro self (pessoa autêntica) A Gestalt-terapia proposta por Perls A dinâmica psíquica: o crescimento psicológico - OBS: O crescimento psicológico não pode ser forçado. O crescimento é um processo natural e espontâneo. “A estrutura de nossos papéis é coesiva pois destina-se a absorver e controlar a energia destas explosões. A concepção errónea básica de que essa energia precisa ser controlada deriva de nosso medo do vazio e do nada (terceira camada). Interpretamos a experiência de um vazio como sendo um vazio estéril e não um vazio fecundo.” (FADIMAN; FRAGER, 1986, p. 137). A Gestalt-terapia proposta por Perls A dinâmica psíquica: obstáculos ao crescimento psicológico - Ocorre pela fuga da conscientização, rigidez da percepção e do comportamento, bem como impacta no processo de autorregulação (figura-fundo) do indivíduo. - Assim os neuróticos: não conseguem distinguir bem suas necessidades; não tem um bom contato com o mundo, portanto, não consegue distinguir entre ambos; não conseguem encontrar um equilíbrio (cria-se manobras defensivas) A Gestalt-terapia proposta por Perls A dinâmica psíquica: obstáculos ao crescimento psicológico - Quais são as manobras defensivas criadas? • Introjeção • Projeção • Confluência • Retroflexão Os indivíduos não experienciam nenhum limite entre eles mesmos e o meio ambiente, torna, portanto, impossível um ritmo saudável de contato e de fuga. Os indivíduos retroflexores voltam-se contra si mesmos ao invés de dirigir suas energias para mudança e manipulação de seu meio ambiente. Principais ideias da Gestalt-Terapia O que podemos concluir sobre a personalidade humana para a Gestalt-terapia? O organismo é um todo (o que é mais do que a soma das partes). Isso inclui a relação eu-outro, a qual será fundamental para a saúde psíquica do sujeito. Uma boa relação é um limite fluído entre o indivíduo e o meio, permitindo o contato e a fuga. Há uma preponderância do como sobre o porquê, ou seja, o sujeito não deve buscar as causas, pois elas são parte de gestalten que, sozinhas, não dizem nada. O que devemos buscar é o como as coisas se relacionam. E onde buscar isso? É no aqui e agora que captamos a autopercepção presente e imediata que o sujeito tem do meio. Principais ideias da Gestalt-Terapia O foco no presente (aqui e agora) não é só um recurso psicoterápico, como algo que a Gestalt- Terapia elenca como necessário para o crescimento psicológico. O foco no presente nos permite um continuum da consciencia, o que não cria gestalten inacabadas, como também nos permite fazer as que existam emergir e serem resolvidas na experiência presente, ao re-experimentá-las e assimilá-las. O continuum da consciência é estar experienciando cada instante, seja ele agradável ou desagradável, prestando sempre atenção às figuras perpetuamente emergentes na nossa percepção. Esses discernimento figura-fundo daquilo que percebemos e experienciamos advém da sabedoria do organismo, que para Perls é comum a todos. Logo, para ele, os seres humanos possuem a habilidade da autorregulação. Porém, ela depende de que estejamos conscientes da experiência de si (autoconscientização). Estar consciente das experiências de si é compreender melhor nossas necessidades urgentes (inacabadas) e as secundárias, nessa negociação entre figura-fundo. Se permitir isso é ter maturidade psicológica, ou seja, ter equilíbrio entre o sujeito e o meio, advindo de uma conscientização desobstruída da hierarquia de necessidades. Principais ideias da Gestalt-Terapia A maturidade psicológica é um processo natural, não pode ser forçado, embora possa ser auxiliado pela psicoterapia. Ele envolve completar as gestalten inacabas e passar pelas camadas propostas por Perls. Quando não se tem maturidade psicológica, estamos mais próximos da neurose. Ou seja, pessoas que não conseguem distinguir bem suas necessidades; não tem um bom contato com o mundo, portanto, não consegue distinguir entre ambos; não conseguem encontrar um equilíbrio (cria-se manobras defensivas através de mecanismos como a introjeção, projeção, confluência e retroflexão). REFERÊNCIAS - FADIMAN, J.; FRAGER, R. Frederick S. Perls e a Gestalt-Terapia (por Elizabeth Lloyd Mayer). In: ______. Teorias da personalidade. São Paulo: HARBRA, 1986. Questões - Na Gestalt-Terapia temos quatro conceitos principais. Expliquecada um deles. 1) O organismo como um todo; 2) A predominância do como sobre o porquê; 3) Ênfase no aqui e agora; 4) Conscientização. - Qual a relação entre a conscientização e a hierarquia das necessidades? Questões - O que é estar consciente? - O que é a maturidade psicológica para a Gestalt-Terapia? - O que é a neurose psicológica para a Gestalt-Terapia?