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Produção do cuidado nos pontos de Atenção à Saúde Bucal O cuidado em saúde bucal deve ser uma prática presente em todas as relações do processo de trabalho do profissional de saúde com os cidadãos usuários do SUS que procuram os diferentes pontos de Rede de Atenção à Saúde e nos diversos espaços do território, como a própria UBS, casa das pessoas, espaços comunitários, escolas ou em abordagens individuais. Há necessidade de se buscar inovações e utilização de novos referenciais teóricos no processo de trabalho para prática clínica na qual os profissionais visem assegurar a integralidade da atenção ao usuário do SUS. Neste contexto de inovação, a clínica ampliada passa a ser uma diretriz de atuação dos profissionais da saúde “OBJETO DE TRABALHO” Família Grupo Pessoa Coletivo institucional Com doenças ou risco de adoecer Entende-se aqui o emprego do termo “ampliado” para dimensionar uma atuação clínica que vai além da abordagem convencional, a qual protocoliza o atendimento aos usuários, restringe seus sentimentos, ignora seus valores e saberes e ofusca suas expectativas. A clínica ampliada representa novo modelo de trabalho que transpõe a clínica tradicional, articulando diferentes saberes na compreensão dos processos de saúde e adoecimento e na inclusão dos usuários como participantes das condutas em saúde e da elaboração de seu projeto terapêutico. Unidades Básicas de Saúde As Unidades Básicas de Saúde (UBS) – instaladas perto de onde as pessoas moram, trabalham, estudam e vivem – desempenham papel central na garantia do acesso a uma atenção à saúde de qualidade para a população, pois representam o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e o centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde. Casa Casa Casa Casa Casa Casa Microárea Casa Casa Casa Casa Casa Casa Microárea Casa Casa Casa Casa Casa Casa Microárea USF ACS ACS ACS ACS ACS Casa Casa Casa Casa Casa Casa Microárea Casa Casa Casa Casa Casa Casa Microárea 1.000 Famílias CEO Centros de Especialidades Odontológicas (periodontia, endodontia, cirurgia e prótese) Atenção Primária à Saúde ESF UBS Centro de Referência do Câncer de Boca Laboratórios de Próteses Centro de diagnóstico Segundo a Política Nacional de Atenção Básica, algumas condições e infraestrutura devem ser observadas para funcionamento das UBS Devem ser construídas segundo normas sanitárias e tendo como referência o manual de infraestrutura do Departamento de Atenção Básica/SAS/MS. Ter identificação segundo padrões visuais do SUS e pactuados nacionalmente. Instituir o conselho/colegiado constituído de gestores locais, profissionais de saúde e usuários, viabilizando a participação social na gestão da UBS. Garantia da gestão municipal da disponibilidade e da manutenção regular da infraestrutura e dos equipamentos da UBS. Existência e manutenção regular de estoque dos insumos, produtos e medicamentos necessários para o seu funcionamento. Equipes multiprofissionais compostas por médicos, enfermeiros, cirurgiões-dentistas (CD), auxiliar em Saúde Bucal (ASB) e/ou técnico em Saúde Bucal (TSB), auxiliar de Enfermagem ou técnico de Enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS), entre outros profissionais em função da modalidade e da realidade epidemiológica, institucional e das necessidades de saúde da população. Cadastro atualizado dos profissionais da equipe no sistema nacional vigente e com as devidas cargas horárias contratuais informadas. Alimentação regular da produção dos profissionais de saúde no(s) sistema(s) de informação nacional vigente(s). Garantia pela gestão municipal de fluxos integrados entre os pontos da RAS e de apoio técnico, logístico e de gestão para integralidade do cuidado. Garantia da gestão municipal de apoio diagnóstico e laboratorial para resolutividade do cuidado. Redes de Atenção à Saúde Os profissionais de saúde bucal que compõem as equipes de Saúde da Família podem se organizar nas seguintes modalidades: Modalidade I: dois profissionais: CD + ASB ou TSB. Modalidade II: três profissionais: CD + TSB + ASB ou TSB. Modalidade III: profissionais das modalidades I ou II que operam em Unidade Odontológica Móvel. Cada modalidade recebe recurso específico do Ministério da Saúde. As UBS devem estar preparadas para identificar as necessidades individuais e da coletividade, definindo prioridades de atendimento para determinados casos, com destaque para aqueles de maior sofrimento. Nesse sentido, o cuidado longitudinal e o tratamento concluído são fundamentais, mas não tiram a responsabilidade de a ESB fazer o primeiro atendimento no caso de urgência odontológica. Identificação de necessidades não só auxilia no processo de acolhimento do cidadão orientando a oferta de cuidado, mas também o tempo em que isso deve ocorrer. CRITÉRIO PARA CODIFICAÇÃO DE USUÁRIOS SEGUNDO NECESSIDADES DE INTERVENÇÃO CIRURGICO-RESTAURADORA CÓDIGO CARACTERÍSTICA Usuários que, aparentemente, não apresentam dentes permanentes ou temporários cariados com cavidades que necessitem de alguma restauração ou extração0 Usuários que apresentam até 3 dentes permanentes ou temporários com cavidades evidentes necessitando de restaurações ou extrações.1 Usuários que apresentam de 3 a 8 dentes permanentes ou temporários com cavidades evidentes necessitando de restaurações ou extrações.2 Usuários que apresentam mais de 8 dentes permanentes ou temporários com cavidades evidentes necessitando de restaurações ou extrações.3 Usuários que apresentam sintomatologia de dor aguda e/ou sinal evidente de maior gravidade na evolução da doença. O usuário deve ser recodificado depois da resolução da urgência. 4 Usuários que apresentam situação de saúde bucal onde a indicação da exodontia do restante dos elementos dentais apresenta-se como solução mais apropriada (aplica-se em usuários adultos com grande número de restos radiculares onde a prótese total aparece como solução mais indicada). 5 Usuários que aparentemente apresentam a cárie dentária sob controle, mas onde a doença periodontal se apresenta como o maior problema.6 O acolhimento com identificação de necessidades tem como objetivo ampliar e qualificar o acesso aos serviços de Atenção Básica em saúde bucal e fortalecer a organização do processo de trabalho. Para isso, sugere-se um fluxo para o acesso do cidadão que é guiado pelos atributos da Atenção Básica em Saúde e estabelece uma visão sistêmica do cuidado, que envolve: Integração dos setores e trabalho em equipe Definição de necessidades Resolutividade na Atenção Básica Referência aos demais pontos da rede de atenção Fluxo de acesso e da longitudinalidade do cuidado em saúde bucal na Atenção Básica Cidadão chega à unidade Cumprimentar o cidadão e fazer a identificação/prontuário da família Consulta agendada Não é consulta agendada Avisa à ESB e orienta para aguardar o atendimento Encaminhar o cidadão para o acolhimento com identificação de necessidade Faz o atendimento CEO Não é urgência Urgência Orientar a participar do Grupo de Acesso de Saúde Bucal informando data e horário Avisar à ESB e orientar o cidadão a aguardar o atendimento Faz atendimento resolutivo Consultas subsequentes na UBS 1° Consulta odontológica Faz atividade e aplica a Classificação de Necessidade Alta clínica Organização do processo de trabalho O profissional de saúde bucal integra uma equipe de Atenção Básica vinculada à população de um território, com a qual estabelece relação de confiança, tem responsabilidade sanitária e compreende as suas especificidades e reais necessidades. Cada equipe de Atenção Básica está vinculada a um contingente populacional e a uma região geográfica específica e deve seguir os quatro atributos essenciais preconizados por Starfield (2002) para a Atenção Primária/Básica: Primeirocontato Integralidade Longitudinalidade ou continuidade Diz respeito à acessibilidade e ao uso de serviços para cada novo problema ou para acompanhamento rotineiro de saúde. A longitudinalidade implica a existência de uma fonte regular de atenção e seu uso ao longo do tempo, independente da presença de problemas específicos relacionados à saúde ou do tipo de problema. A integralidade é um dos pilares na construção do SUS consagrado pela Constituição Federal de 1988 e possui quatro dimensões: primazia das ações de promoção e prevenção, atenção nos três níveis de complexidade da assistência, articulação das ações de promoção, proteção e prevenção e abordagem integral do indivíduo e das famílias. Coordenação A coordenação entre níveis assistenciais pode ser definida como a articulação entre os diversos serviços e ações de saúde, de forma que estejam sincronizados e voltados ao alcance de um objetivo comum, independentemente do local onde sejam prestados. Atributos derivados preconizados por Starfield (2002) para a Atenção Primária/Básica: Competência culturalCentralização familiar e comunitária Deve ser idealmente praticada e orientada para o contexto familiar e comunitário Entendidos em sua estrutura e conjuntura socioeconômica e cultural Esse modelo para organização do processo de trabalho na Atenção Básica deve ser pautado por um trabalho em equipe e todos os que estejam integrados dentro e fora da UBS Política Nacional de Atenção Básica (BRASIL, 2012) define que são características do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica a programação e a implementação das atividades de atenção à saúde de acordo com as necessidades de saúde da população, com a priorização de intervenções clínicas e sanitárias nos problemas de saúde segundo critérios de frequência, risco, vulnerabilidade e resiliência, incluindo o planejamento e a organização da agenda de trabalho compartilhado de todos os profissionais. Cabe à equipe de Atenção Básica o acolhimento com escuta qualificada, classificação de risco, avaliação de necessidade de saúde e análise de vulnerabilidade, tendo em vista a responsabilidade da assistência resolutiva. Planejamento e organização do processo de trabalho da equipe Pautar o processo de trabalho em saúde praticando equidade é fundamental e, para isso, é necessário o uso de informações sobre as condições de vida da população. Estes dados devem servir de base para análise de situação de saúde-doença de cada coletividade, como também para programar as ações visando a quem mais precisa. Atividades inerentes às equipes de Saúde Bucal Planejamento Atividades coletivas Atividades clínicas ambulatoriais Visitas domiciliares Saúde do trabalhador Educação permanente/continuada Para o planejamento e a organização do processo de trabalho da equipe, sugere-se que o coordenador municipal de saúde bucal faça um monitoramento que contemple minimamente os seguintes indicadores: Estimativa de cobertura populacional de equipe de Saúde Bucal na Atenção Básica Percentual de crianças livres de cárie Taxa de incidência de alterações da mucosa oral Percentual de exodontia realizada em relação aos procedimentos clínicos Média de participantes de ação coletiva de escovação dental supervisionada. Cobertura de primeira consulta odontológica programática Cobertura de primeira consulta de atendimento odontológico à gestante Razão entre tratamentos concluídos e primeiras consultas odontológicas programáticas Percentual de atendimentos de consultas agendadas e por demanda espontânea Média de atendimentos de urgência odontológica por habitante Oferta de prótese dentária no município Percentual de ações/serviços ofertados pela equipe de Saúde Bucal Percentual de encaminhamentos para serviço especializado A equipe de Saúde Bucal e as atribuições na Atenção Básica As atribuições específicas do cirurgião-dentista na Atenção Básica são: Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epidemiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal. Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanhamento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, de acordo com o planejamento da equipe, com resolubilidade. Realizar os procedimentos clínicos da AB em saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados à fase clínica da instalação de próteses dentárias elementares. Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea. Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais. Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar. Realizar supervisão técnica do TSB e ASB. Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS. As atribuições específicas do Técnico em Saúde Bucal (TSB) na Atenção Básica são: Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva a todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, segundo a programação e as competências técnicas e legais. Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamentos odontológicos. Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar. Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de prevenção e promoção da saúde bucal. Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS. Participar do treinamento e da capacitação de auxiliar em saúde bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à saúde. Participar das ações educativas atuando na promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais. Participar da realização de levantamentos e estudos epidemiológicos, exceto na categoria de examinador. Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea. Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde bucal. Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação técnica definida pelo cirurgião-dentista. Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas. Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontológicos na restauração dentária direta, vedado o uso de materiais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista. Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório, antes e após atos cirúrgicos, inclusive em ambientes hospitalares. Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos. As atribuições específicas do Auxilia em Saúde Bucal (ASB) na Atenção Básica são: Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal para as famílias, os grupos e os indivíduos, mediante planejamento local e protocolos de atenção à saúde. Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea. Executar limpeza, assepsia, desinfecção e esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho. Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções clínicas. Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde bucal. Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais membros da equipe de Saúde da Família, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar. Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos. Processar filme radiográfico. Selecionar moldeiras. Preparar modelos em gesso. Manipular materiais de uso odontológico. Participar da realização de levantamentos e estudos epidemiológicos, exceto na categoria de examinador. É sempre importante destacar que o emprego de pessoal auxiliar aumenta a cobertura das ações em saúde bucal. ATENÇÃO! O emprego do trabalho a quatro ou seis mãos possibilita: Maior eficiência e otimização do processo de trabalho. Aumento da qualidade técnica e da produtividade, além de conforto e segurança agregados ao atendimento dos pacientes. Redução do desgaste físico, do estresse e da fadiga do cirurgião-dentista. Minimização do custo operacional e maior acesso da população aos cuidados de saúde bucal, entre outras vantagens para o processo de trabalho em saúde bucal.
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