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CARDIOLOGIA DOENÇAS DA AORTA Julya Pavão DOENÇAS DA AORTA · Anatomia da aorta: túnica interna + endotélio + membrana elástica + túnica média + túnica externa. · Aneurisma da aorta: · Geralmente assintomáticos. · Quando há dor ela varia de acordo com a localização e o tamanho. · É o aumento em caráter permanente de pelo menos 50% do diâmetro normal esperado para aquele segmento da aorta. · Mais comum em homens. · Pacientes com aneurisma da aorta possuem risco cardiovascular elevado. · Está relacionado com perda da elasticidade e da força tênsil da camada média da aorta. · Quanto à localização, são classificados em: · Aneurismas torácicos: · Aneurisma da aorta ascendente (50-60%): ocorre na raiz da aorta – pode levar à insuficiência aórtica. · Aneurisma no arco aórtico (10%). · Aneurisma na aorta descendente (30-40%). · Aneurismas abdominais: · Suprarrenais; · Infrarrenais. · Toracoabdominais. · Quanto à forma, são classificados em: · Fusiforme: acomete todo o contorno da artéria. · Sacular: acomete apenas um lado da artéria, tem um colo. · Pseudoaneurisma: possui a parede externa constituída da adventícia, trombo organizado e tecidos adjacentes (rotura contida). · Aneurisma verdadeiro: é delimitado por todos os componentes da parede arterial. O sangue permanece dentro do sistema circulatório. Ex.: aterosclerótico, sifilítico. · Tratamento clínico: · Controle da pressão arterial (com uso de betabloqueadores). · Na Síndrome de Marfan usa-se betabloqueadores, associados à IECA ou BRA. · O objetivo é reduzir o crescimento do aneurisma e o risco de dissecção ou rotura. · Tratamento cirúrgico: · Indicações na aorta ascendente: se o diâmetro for maior que 6cm, se for maior que 5,5cm e o paciente tiver Síndrome de Marfan, se tiver de 4,5 a 5,5cm e o paciente tiver Síndrome de Marfan associada a história familiar de dissecção, ruptura ou morte súbita. · Indicações no arco aórtico: se o diâmetro absoluto for maior que 6 ou 7cm; se o crescimento do diâmetro for maior que 7 ou 10mm ao ano; se houver dor ou sintomas compressivos; no caso de aneurismas saculares; se o paciente tiver Síndrome de Marfan e o diâmetro absoluto for maior que 5cm ou o crescimento for maior do que 3 ou 5cm ao ano. · Dissecção de aorta: · Alta mortalidade: 1% por hora, nas primeiras 72 horas e 90% em três meses. · Mais comum em homens. · Delaminação das paredes da aorta permitindo a infiltração de uma coluna de sangue que vai separando as camadas aórticas, criando duas luzes, a falsa e a verdadeira. Ocorre por ruptura da camada íntima provocada por um sangramento intramural, desviando o sangue em um plano dissecado na camada média, só contido pela adventícia. · Fatores associados: hipertensão arterial; valva aórtica bicúspide; estenose valvar aórtica; coarctação da aorta; Síndrome de Marfan; Síndrome de Turner; Síndrome de Ehler-Danlos (afeta o tecido conjuntivo, pele, articulação e parede dos vasos sanguíneos); policondrite recorrente; próteses valvares aórticas com ectasia da aorta ascendente; gestação; vasculite (arterite). · Classificação: · Tempo de instalação dos sintomas: · Aguda: menos de 2 semanas; · Crônica: mais de 2 semanas. · Localização anatômica: · DeBakey (clássica): · Tipo I: aorta ascendente, arco aórtico e aorta descendente; · Tipo II: aorta ascendente; · Tipo IIIA: aorta descendente até diafragma; · Tipo IIIB: aorta descendente até abdômen. · Stanford (Daily) (baseada na abordagem terapêutica): · Tipo A: com comprometimento da aorta ascendente; · Tipo B: com comprometimento a partir da aorta descendente. · Quando houver dissecção do arco aórtico sem comprometer a aorta ascendenete é tipo B ou III. · Manifestações clínicas: · Dor: é o sintoma mais frequente, ocorre em mais de 90% dos casos; do tipo lancinante (em facada); · Localização do tipo A: retroesternal, com irradiação para mandíbula, pescoço, garganta e dentes. · Localização do tipo B: interescapular (90%). · Instabilidade hemodinâmica. · Alterações neurológicas (20% dos casos): hemiplegia ou hemiparesia (tipo A); paraplegia ou paraparesia (tipo B); isquemia cerebral (AVE) quando tipo A (I e II). · Síncope geralmente associada à tamponamento pericárdico. · Alteração de um ou mais pulsos, assimetria. · Insuficiência aórtica (tipo A). · Sinais de isquemia miocárdica (tipo A), isquemia visceral, hematúria ou anúria por IR (tipos I e IIIB), comprometimento da aorta abdominal. · Exames complementares: · ECG (alterado se o óstio coronário estiver comprometido – tipo A). · Raio X de tórax: não confirma o diagnóstico, mostra alargamento do mediastino, encontra-se normal em 12% dos casos. · Exames diagnósticos: · Ecocardiograma (ETE – ETT); angio TC; angio RM; aortografia. · Tratamento (medidas gerais): · Feita a suspeita diagnóstica, o paciente deve ser levado para a unidade de terapia intensiva, onde são monitorados os parâmetros hemodinâmicos e iniciada investigação complementar; · Controle da dor e da HAS; · Hipotensão persistente (tamponamento cardíaco, insuficiência aórtica ou hemotórax); · Classificação e tipagem sanguínea, além da avaliação da hemoglobina. · Tratamento da dissecção de aorta do tipo A: · A intervenção cirúrgica deve ser imediata com tubo de Dracon, valvado ou não e tem por objetivo restabelecer o fluxo sanguíneo apenas pela luz verdadeira. · Tratamento da dissecção aórtica tipo B: · Nas dissecções do tipo B, o consenso é de indicação de tratamento clínico inicial, caso não existam complicações que imponham cirurgia de urgência; · Tratamento clínico inclui analgesia, manejo contínuo da HAS com nitroprussiato e betabloqueadores. · Há concordância de que o tratamento cirúrgico das DA do tipo B seja condicionado na presença de complicações como: ruptura aórtica; formação de pseudoaneurisma; hemotórax; expansão rápida do diâmetro aórtico; alargamento do mediastino; isquemia grave visceral ou de extremidades; progressão da dissecção durante a terapia medicamentosa. · A cirurgia da DA aguda é realizada para prevenir a morte dos pacientes decorrente de: complicações ou exsanguinação. Indicação também em casos de aorta previamente aneurismática, que sofreu dissecção aguda, são consideradas para cirurgia de urgência. A cirurgia objetiva tratar o sítio de entrada (ruptura da íntima) para que não haja fluxo pela falsa luz. · Técnica cirúrgica clássica ou implante de prótese autoexpansível (stent aórtico).
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