Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Antiepilépticos & Anticonvulsivantes crises parciais → despolarização restrita (EEG hemilateral) crises generalizadas → despolarização disseminada (EEG global); perda imediata da consciência A. Crise de ausência: - perda transitória da consciência - sem alteração motora - alterações em Cav tipo T B. Crise tônico-clônica - fase tônica: contração generalizada → hipoventilação, cianose, micção - fase clônica: abalos sincronizados - amnésia e confusão mental pós crise 💊MECANISMOS GERAIS DE AÇÃO 1. Potencializar a ação do GABA (inibitório): aumento da hiperpolarização pelos canais de Cl- 2. Bloqueio de Cav do tipo T: diminui excitabilidade celular 3. Bloqueio de Nav dependentes de uso: diminui excitabilidade celular 4. Inibir a ação glutamatérgica (excitatória) em canais NMDA/AMPA: diminui excitabilidade celular RESUMO: Aumento da inibição (hiperpolarização;⇧GABA) ou redução da excitabilidade (dificulta repolarização; ⇩Glutamato ⇩canais iônicos regulados por voltagem) Alvos moleculares dos fármacos anticonvulsivantes na sinapse excitatória glutamatérgica. Os alvos pré-sinápticos que diminuem a liberação de glutamato incluem: 1, canais de Na+ regulados por voltagem (RV) (fenitoína, carbamazepina, lamotrigina e lacosamida); 2, canais de Ca2+ RV (etossuximida, lamotrigina, gabapentina e pregabalina); 3, canais de K+ (retigabina); proteínas vesiculares sinápticas, 4, SV2A (levetiracetam); e 5, CRMP-2, proteína mediadora da resposta de colapsina 2. Os alvos pós-sinápticos incluem 6, receptores AMPA (bloqueados pelo fenobarbital, topiramato, lamotrigina e perampanel); e 7, receptores de NMDA (bloqueados pelo felbamato). EAAT, transportador de aminoácidos excitatórios; NTF, fatores neurotróficos; SV2A, proteínas vesiculares sinápticas. os pontos vermelhos representam o glutamato. Alvos moleculares dos fármacos anticonvulsivantes na sinapse inibitória GABAérgica. Incluem alvos “específicos”: 1, transportadores de GABA (particularmente GAT-1, tiagabina); 2, GABA-transaminase (GATA-T, vigabatrina); 3, receptores GABAa (benzodiazepínicos); potencialmente, 4, receptores GABAb; e 5, proteínas vesiculares sinápticas (SV2A). Os efeitos também podem ser mediados por alvos “inespecíficos”, como canais iônicos regulados por voltagem (RV) e proteínas sinápticas. PIPS, potencial inibitório pós-sináptico. Os pontos azuis representam o GABA. 💊 CARACTERÍSTICAS FARMACOCINÉTICAS GERAIS - maioria foi selecionado para atividade oral (com apresentações IV também) - todos devem penetrar o SNC (por motivos óbvios) - absorção satisfatória: 80-100% chega à corrente sanguínea - a maioria não se liga fortemente às proteínas plasmáticas (exceção para fenitoína, tiagabina e ác valpróico) - depuração hepática, principalmente → muitos são convertidos a metabólitos ativos também depurados pelo fígado - depuração relativamente lenta → considerados de ação média e longa - potentes indutores enzimáticos 💊 SELEÇÃO DO FÁRMACO - escolha do tratamento farmacológico se baseia no tipo específico da crise, variáveis do paciente (idade, condições mórbidas simultâneas e preferências pessoais) e características do fármaco (como custos, interações medicamentosas) - toxicidade do fármaco e as características do paciente são as principais considerações 💊 ANTIEPILÉPTICOS CLÁSSICOS Barbitúricos → Fenobarbital - mais antigo dos anticonvulsivantes disponível - hoje em dia, muitos consideram os barbitúricos como fármacos de escolha para convulsões apenas para lactentes → tão eficaz quanto a fenitoína porém MENOS seguro; causa MAIS sonolência que a fenitoína - mecanismo de ação: potencializa a ação do GABAA → liga-se a um sítio regulador alostérico no receptor de GABAA e aumenta a corrente mediada pelo receptor de GABA, prolongando a abertura dos canais de Cl.- - uso clínico: tratamento das crises parciais e crises tônico clônicas-generalizadas → embora sua utilização seja tentada para tratar praticamente todo tipo de convulsão, sobretudo quando as crises são difíceis de controlar - pode agravar as crises de ausência → crise de ausência é iniciada por uma hiperexcitação talâmica e este medicamento provoca hiperexcitação celular prolongando a abertura dos canais de cloreto - potente indutor enzimático: ⇈ interações medicamentosas - margem de segurança baixa → parada cardiorrespiratória Fenitoína - anticonvulsivante não sedativo mais antigo → propriedade muito menos sedativas garantidas por sua estrutura química com substituintes alquil na posição 5 - disponível para uso oral e parenteral - mecanismo de ação: fenitoína bloqueia o disparo repetitivo de alta frequência sustentado por potenciais de ação → trata-se de um efeito dependente do uso na condutância do Na+, que surge da ligação preferencial ao estado inativado do canal de sódio e de seu prolongamento. ↳ em concentrações terapêuticas, a principal ação da fenitoína consiste em bloquear os canais de Na+ e inibir a geração de potenciais de ação rapidamente repetitivos - uso clínico: efetiva contra as crises parciais e as crises tônico clônicas-generalizadas (ataques primários ou secundários) - farmacocinética: liga-se altamente às proteínas plasmáticas (90%) - acumula no cérebro, fígado, músculos e tecido adiposo - metabolizado a metabólitos inativos que são excretados pela urina → pequena dose é excretada inalterada - meia-vida: 12-36h, com média de 24h para a maioria dos pacientes → METABOLISMO SATURÁVEL - meia-vida aumenta cronicamente (acompanhamento farmacocinético com dosagem sérica pode ser recomendado) - farmacocinética imprevisível → diferente a cada paciente - interações medicamentosas: interações mais importantes estão principalmente relacionadas com a ligação às ptnas plasmáticas ou com metabolismo → deslocamento por outros fármacos e indução enzimática (autoestimulação de seu próprio metabolismo parece insignificante - diferente do que acontece com a carbamazepina) - efeitos colaterais: nistagmo, diplopia e ataxia; hiperplasia gengival e hirsutismo; uso prolongado está associado a traços faciais grosseiros, neuropatia periférica discreta (manifestada pela diminuição de reflexos tendíneos profundos no MMII), anormalidades do metabolismo da vitamina D (levando à osteomalacia); teratogenicidade; baixos níveis de folato e anemia megaloblástica; eritema (reação de hipersensibilidade do paciente ao fármaco) - pode agravar as crises de ausência Etossuximida - introduzido como fármaco para o "pequeno mal puro puro” → efetivo contra crises de ausência - mecanismo de ação: efeito importante nas correntes de Ca2+, reduzindo a corrente de baixo limiar (tipo T) → efeito observado com concentrações terapeuticamente relevantes nos neurônios talâmicos - usos clínicos: particularmente efetiva para as crises de ausência → menos usado que o valproato - os dados disponíveis continuam mostrando que a etossuximida e o valproato são os fármacos de escolha para as crises de ausência, sendo mais efetivos do que a lamotrigina - farmacocinética: absorção completa após administração VO; sofre metabolismo completo, principalmente por hidroxilação, a metabólitos ativos; meia-vida de cerca de 40h - efeitos colaterais: náusea, anorexia, letargia e tontura Benzodiazepínicos → diazepam, lorazepam, clonazepam - possuem alto grau de segurança e tolerabilidade - mecanismo de ação geral: potencializa ação de GABAa - DIAZEPAM: administrado IV é altamente efetivo para interromper a atividade convulsiva contínua, particularmente no estado de mal epiléptico tônico-clônico generalizado - não muito efetivo se administrado VO a longo prazo devido ao rápido desenvolvimento de tolerância - LORAZEPAM: mais efetivo e de ação mais longa que o diazepam no tratamento do estado de mal epiléptico - CLONAZEPAM: eficaz no tratamento de crises de ausência (bloqueio de Cav tipo T) - um dos agentes anticonvulsivantes mais potentes (análise com base de miligramas usadas) - sedação proeminente, particularmente no início da terapia - CLOBAZAM: amplamente usado em uma variedade de tipos de convulsões;relatado efeito menos sedativo - ainda não está claro se ele possui vantagens terapêuticas - limitações do uso: (1) efeito sedativo; (2) crianças podem apresentar hiperatividade paradoxal, como observado com os barbitúricos; (3) desenvolvimento de tolerância (convulsões podem responder inicialmente mas sofrem recidiva em poucos meses) → A notável potência anticonvulsivante desses compostos frequentemente não pode ser concretizada devido a esses fatores limitantes Carbamazepina - composto tricíclico efetivo para tratar depressão bipolar, neuralgia do trigêmio e últi para a epilepsia - mecanismo de ação: semelhante ao da fenitoína → bloqueia os canais de sódio em concentrações terapêuticas e inibe o disparo repetitivo de alta frequência de neurônios - usos clínicos: crises parciais e crises tônico-clônicas generalizadas - eficácia similar à fenitoína para crises focais - não é sedativa - farmacocinética: linear → apresentando esta vantagem sobre a fenitoína - indutor enzimático - gera tolerância farmacocinética com diminuição da meia-vida com o uso: necessidade de aumento de dose com o uso a longo prazo - a meia-vida de 36h, que é observada em indivíduos após dose única inicial, diminuiu para 8 a 12h em pacientes submetidos à terapia contínua - interações medicamentosas: quase exclusivamente relacionadas com as propriedades do fármaco de induzir enzimas → o aumento da capacidade metabólica das enzimas hepáticas pode causar uma redução nas concentrações de carbamazepina bem como um aumento na taxa de metabolismo de outros fármacos - ac valproico pode inibir a depuração de CBZ e aumentar os níveis sanguíneos] - fenitoína e fenobarbital podem diminuir as concentrações de CBZ pela indução de enzimas - efeitos colaterais: ataxia, diplopia (1º efeito colateral a ocorrer), desconforto gastrintestinal discreto, instabilidade, sonolência (com doses altas), hiponatremia e intoxicação hídrica (relacionados a dose); aumento de peso relacionado à retenção hídrica; discrasias sanguíneas idiossincráticas (anemia aplásica e agranulocitose), exantema cutâneo eritematoso. - oxcarbazepina: pró-fármaco → menor indução enzimática Ácido valpróico - valproato de sódio → sal // ácido valpróico → ácido livre - o ácido valpróico é totalmente ionizado no pH corporal, e por essa razão, a forma ativa do fármaco pode ser considerada como um íon valproato, independente da administração de ácido valpróico ou de um sal do ácido - mecanismo de ação: (1) semelhante ao da fenitoína → bloqueia disparo repetitivo de alta frequência, efeito especial sobre as correntes de Na+; (2) bloqueia canais Cav do tipo T; (3) em altas concentrações, inibe a GABA-transaminase no cérebro, bloqueando, assim, a degradação do GABA (↑ [GABA]) - usos clínicos: amplo espectro de ação (= muitos mecanismos de ação) - efetivo contra crises de ausência (com frequência preferido à etossuximida quando o paciente apresenta crises tônico-clônicas generalizadas concomitantes) - singular em sua capacidade de controlar determinados tipos de convulsões mioclônicas - efetivo nas crises tônico-clônicas, em especial nas que são primariamente generalizadas - alguns pacientes com crises atônicas respondem à medicação - evidências apontam ser eficaz nas crises parciais - IV pode ser usado para tratar estado do mal epiléptico - farmacocinética: bem absorvido por VO (biodisponibilidade 80%) - alimento pode retardar absorção → pode ocorrer redução da toxicidade se o fármaco for administrado após as refeições - ligação com as proteínas plasmáticas chega a 90% → desloca fenitoína - depuração baixa; meia vida varia de 9 a 18h; 20% excretado como conjugado direto - causa menos sedação e tem índice terapêutico grande (dando ao fármaco maior faixa de segurança) - interações medicamentosas: desloca a fenitoína, inibe metabolismo de vários fármacos (incluindo, fenobarbital, fenitoína, CBZ) resultando em concentrações mais altas desses agentes. - toxicidade: náusea, vômitos, queixas gastrointestinais - fármaco deve ser iniciado lentamente para evitar esses problemas - divalproato, de liberação lenta, contorna os problemas de desconforto do TGI - sedação é incomum - ganho de peso, aumento de apetite, queda de cabelo - idiossincrásica: hepatotoxicidade → recomenda-se monitorização da função hepática - teratogenicidade: espinha bífida, anormalidades cardiovasculares, orofaciais e difitais nos RN de mulheres que usaram valproato durante gestação 💊 ANTIEPILÉPTICOS MODERNOS Topiramato - estruturalmente diferente de todos os outros fármacos anticonvulsivantes - mecanismo de ação: bloqueia o disparo repetitivo de neurônios, assim como a fenitoína - bloqueio dos canais de Nav e atua nos canais de Ca2+ ativados por alta voltagem (do tipo L) - potencializa o efeito inibitório do GABA, atuando em local diferente dos BZD ou barbitúricos - também deprime a ação excitatória do cainato nos receptores de glutamato - usos clínicos: eficácia contra as crises parciais e as crises tônico-clônicas generalizadas - efeitos colaterais: sedação, redução de fome (pode ser usado no tratamento da obesidade_ - pouco impacto farmacocinético Outros medicamentos e outras informações - ainda não muito usados devido ao desconhecimento e alto custo para o paciente - VIGABATRINA: inibe irreversivelmente a GABA-transaminase, aumentando as concentrações de GABA; atua secundariamente nos canais de cálcio do tipo T - GABAPENTINA E PREGABALINA: estreita semelhança estrutural com GABA mas não atuam diretamente nos receptores GABA - podem modificar a liberação sináptica ou não sináptica do GABA (aumento na concentração cerebral) - ligam-se intensamente aos canais de Ca2+ tipo N regulados por voltagem → base do princípio de ação: diminuir a entrada de Ca²+, com efeito predominante sobre os canais pré-sinápticos - TIAGABINA: inibidor da recaptação de GABA (inibe preferencialmente GAT-1 e aumenta os níveis extracelulares de GABA no prosencéfalo e no hipocampo, onde GAT-1 está preferencialmente expresso) - LAMOTRIGINA: semelhante à fenitoína, suprime o disparo rápido sustentado dos neurônios e produz bloqueio dos canais de Na+ dependentes da voltagem e do uso; provável que este fármaco também iniba canais de Ca2+ regulados por voltagem; também diminui liberação sináptica de glutamato - FELBAMATO: múltiplos mecanismos de ação → (1) produz bloqueio dependente do uso dos receptor NMDA; (2) potencialização semelhante aos barbitúricos das respostas ao receptor de GABAA - PERAMPANEL: antagonista de AMPA → atua de modo seletivo nos receptores AMPA pós-sinápticos (liga-se ao sítio alostérico no canal AMPA de Na+/K= regulado por glutamato - parece prevenir a descarga repetitiva nos neurônios) obs: bloqueio de NMDA diminui a duração da descarga repetitiva; bloqueio de AMPA previne a descarga repetitiva - RUFINAMIDA: diminui o disparo de alta frequência sustentado de neurônios e acredita-se que prolongue o estado inativo do canal de Na+ (não foram observadas interações significativas com os sistemas GABA ou receptores metabotrópicos de glutamato) - RETIGABINA: facilitador dos canais de potássio → hiperpolarização celular - LEVETIRACETAM E BRIVARACETAM: liga-se seletivamente à proteína vesícula sináptica SV2A (modifica a liberação sináptica do glutamato e do GABA); além disso, o levetiracetam inibe os canais de cálcio do tipo N, bem como a liberação de cálcio das reservas intracelulares - brivaracetal é um análogo do levetiracetam
Compartilhar