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dução capitalista — assinalou-se como uma época de violenta subversão
da ordem existente, cuja ocorrência na Inglaterra foi estudada no fa-
moso capítulo XXIV do Livro Primeiro de O Capital. Com especial
relevo figuraram nessa subversão: as enclosures (cercamentos) que ex-
pulsaram os camponeses de suas terras e as converteram em campos
de pastagem de ovelhas, enquanto dos camponeses expropriados e des-
possuídos emergiria o moderno proletariado; o confisco das terras da
Igreja Católica e sua distribuição entre aristocratas aburguesados e
novos burgueses rurais; o crescimento da dívida pública, que transferiu
riquezas concentradas pelo Estado às mãos de um punhado de privi-
legiados; o protecionismo, que garantiu à nascente burguesia industrial
a exclusividade de atuação desenfreada no mercado nacional e lhe
permitiu arruinar e expropriar os artesãos, então obrigados ao trabalho
assalariado; a alta generalizada dos preços no século XVI, em conse-
qüência do afluxo à Europa dos metais preciosos da América, trazendo
consigo a queda relativa dos salários e dos preços dos arrendamentos
agrícolas a longo prazo, o que favoreceu a burguesia urbana e rural;
e, por fim, porém não menos importante — o colonialismo da época
mercantilista, com o comércio ultramarino, a exploração escravista nas
Américas e o tráfico de escravos africanos.
O capital emerge para a vida histórica, o que Marx acentuou em
várias passagens, como agente revolucionário implacável que destrói
as vetustas formações sociais localistas e instaura grandes mercados
nacionais unificados e um processo mundial de intercâmbio e produção
acompanhado de rápida transformação das técnicas, das formas orga-
nizacionais da economia, das instituições e dos costumes etc. Se o nas-
cimento do capital exigiu o emprego da violência em grande escala,
tampouco foi ela dispensada na sua trajetória expansionista. O capital
realizou o veloz desenvolvimento das forças produtivas desinibido de
considerações moralistas humanitárias, movido por uma avidez acu-
mulativa sem paralelo nas etapas históricas precedentes.
O modo de produção capitalista se afirma à medida que dispensa
os processos da acumulação originária e difunde processos específicos
de exploração e valorização, que conduzem à produção da mais-valia.
A tese segundo a qual o capital contém dois componentes distintos
— o constante e o variável — constitui uma das proposições funda-
mentais da Economia Política marxista. Insuspeito como crítico e ad-
versário, Schumpeter reconheceu a superioridade desta proposição em
face da de Ricardo.
O capital constante representa trabalho morto, cristalizado e acu-
mulado nos meios de produção. Durante o processo produtivo, seu valor
se mantém constante, transferindo-se ao produto sem alteração quan-
titativa. O capital variável aplica-se nos salários que compram a força
de trabalho e, por isso, representa a única parte do capital que varia
no processo produtivo, uma vez que se incrementa pela produção de
OS ECONOMISTAS
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