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38º Ano do Ensino Fundamental
4. A Revolução Francesa e a Independência das 
13 Colônias
Contextualização
N os próximos capítulos, estudaremos a Revolução Francesa (1789) e os processos de independência política das 13 colônias norte-americanas (1776), do Haiti (1804) e do Brasil (1822). Vamos perceber que a Revolução Francesa e a Independência das 13 colônias 
influenciaram e incentivaram o continente americano, a lutar por liberdade e pela autonomia 
política frente ao domínio colonial europeu. Esses acontecimentos deram origem à política atual, 
caracterizada por ideias e noções de soberania popular, sufrágio universal, cidadania e direitos 
individuais, como liberdade de ir e vir, de crença religiosa e direito à justiça.
Nesse contexto, as lutas políticas por direitos sociais se intensificaram a partir do final do século 
XVIII. Até então, a política estava restrita a parcelas pequenas da população, tanto na Europa, quanto 
no continente americano, e as ideias revolucionárias em torno da noção de direitos individuais e 
políticos da maioria da população eram inéditas. Os revolucionários franceses, com o lema liberdade, 
igualdade e fraternidade, questionaram os privilégios da nobreza e do clero, dois grupos sociais 
que mantinham o poder político e econômico 
às custas dos grupos sociais mais pobres. Esse 
tipo de regime, chamado de Antigo Regime, 
era um tipo de organização da sociedade que 
mantinha grande parte dos povos na pobreza 
e impossibilitados da participação política. Foi 
justamente esse tipo de sociedade que as ideias 
revolucionárias questionaram, levando a ações 
radicais de luta política revolucionária.
Na França, a abolição das injustiças e dos 
privilégios da nobreza e do clero ocorreu de 
maneira violenta por meio de uma revolução 
armada e nas 13 colônias norte-americanas 
também. Diante da pressão inglesa e 
objetivando aumentar o controle fiscal por 
meio da cobrança de novos impostos, os colonos norte-americanos reagiram defendendo seus 
direitos de liberdade administrativa e econômica. A repressão por parte da Inglaterra fez com que a 
Independência das 13 colônias fosse conquistada pela sucessão de conflitos armados conhecidos 
como Guerra da Independência (1776-1783). No Haiti, os ideais da Revolução Francesa e o êxito 
da Independência das 13 colônias conquistaram a maior parte de população haitiana formada por 
escravos que trabalhavam nas lavouras de cana-de-açúcar.
A luta pela independência haitiana significou uma revolução radical, pois, com a conquista da 
independência política, aboliu-se a escravidão. Esse fato amedrontou os grandes proprietários 
de terras em todo o continente americano, pois, quando os EUA e o Brasil proclamaram suas 
História
Fig.4.1 - Soldados durante a Guerra Civil Norte-Americana
História
4 Volume 2 
independências, a escravidão foi mantida, contradizendo os 
ideais de liberdade e fraternidade apregoados e defendidos no 
final do século XVIII. Essa manutenção custou caro aos norte-
americanos, pois, no século XIX, a abolição da escravidão no 
país gerou uma guerra civil de proporções enormes, conhecida 
como Guerra de Secessão (1861-1865).
Fig.4.2 - Proclamação da abolição da escravidão nas colônias francesas 
O sul escravista se confrontou com o norte industrializado, 
procurando manter o regime de escravidão que sustentava a 
estrutura econômica da grande propriedade de terra: plantations, 
como na América Latina. As plantations eram formadas por 
grandes fazendas que produziam um único produto (monocultura) 
e utilizavam mão de obra escrava. Nos EUA, os principais produtos 
eram o algodão e o tabaco, enquanto, no Brasil, era a cana de açúcar. 
Diferentemente da experiência norte-americana com a abolição 
da escravidão, pois o norte impôs sua vontade política, derrotando 
o sul e modernizando rapidamente os EUA, no Brasil, a escravidão 
demorou a ser abolida, causando inúmeras consequências tanto 
para a economia quanto para a sociedade brasileira. Além disso, 
enquanto no Haiti o processo de independência levou ao final 
da escravidão, nas outras regiões do continente americano, a 
escravidão conviveria com a luta por direitos políticos e sociais, 
de parte de uma parcela pequena dos grupos sociais, mantendo 
os grupos populares de fora da modernização política. Porém, 
isso não significa que o avanço foi pequeno no que diz respeito 
à conquista de direitos políticos e sociais, pelo contrário, as 
revoluções que estudaremos a seguir garantiram as primeiras 
grandes experiências democráticas do mundo ocidental e abriram 
um novo período na história política mundial.
Dessa forma, a Revolução Francesa e a Independência das 
13 Colônias Norte-Americanas modificaram profundamente a 
vida da civilização ocidental. Hoje, o mundo, do ponto de vista 
político, social e econômico, é fruto desses acontecimentos que 
marcaram o final do século 
XVIII. Atualmente, grande parte 
dos países vive em regimes 
políticos democráticos, que 
garantem um conjunto de 
direitos individuais pautados 
em valores como liberdade e 
igualdade. Esses valores nem 
sempre existiram, pois foram 
construídos lentamente com 
muitas lutas e trabalho ao longo 
da história. Muitos direitos dos 
quais usufruímos hoje são 
resultado dessas lutas que 
exigiram sacrifícios e empenho 
das gerações passadas. Todas 
essas conquistas chegaram 
até nós como uma herança 
que deve ser mantida. 
Para conseguirmos isso, é 
necessário conhecermos 
como e por que essas gerações 
lutaram por sociedades mais 
justas e fraternas. A Revolução 
Francesa e a Independência 
das 13 Colônias são exemplos 
desse esforço em prol da 
democracia, dos direitos 
individuais e do respeito à 
dignidade humana. É assim 
também com a compreensão 
da independência do Haiti 
e da luta dos escravos por 
liberdade e dignidade humana, 
pois as desigualdades que hoje 
existem, de maneira muito 
intensa nos países da América 
Latina, têm relação direta com 
a ocorrência da escravidão 
nessa região do continente 
americano. A independência 
do Haiti despertou a esperança 
daqueles que acreditavam 
na injustiça da escravidão 
e, principalmente, dos 
abolicionistas que iriam surgir 
no século XIX e lutar em todo 
o continente americano pela 
abolição da escravidão.
A Revolução Francesa e a Independência das 13 Colônias
58º Ano do Ensino Fundamental
Portanto, conhecer esses acontecimentos históricos nos ajuda a entender nosso papel como 
seres humanos políticos e responsáveis pelo social. Este é organizado e governado pela política, 
que, muitas vezes, deixa de ser a dimensão do público para ser apropriada por interesses privados, 
tornando-se uma atividade a serviço de poucos que se beneficiam dela. Essas práticas prejudicam 
o coletivo que é a finalidade primeira e última da política.
Exercícios de aprofundamento
Fig.4.3 - Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
1 A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, redigida e aprovada em 1789 durante a Revolução 
Francesa, tornou-se um dos documentos políticos mais importantes da nossa época. Inúmeras 
constituições e leis, que garantem ao ser humano universal direitos como liberdade, segurança, 
propriedade privada e resistência à opressão, têm por base a Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão. Considerando esses direitos citados, escreva sobre a atualidade dos direitos garantidos pela 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e como cada brasileiro pode colocá-los em prática.
2 (FUVEST-Adaptado) A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, votada pela Assembleia 
Nacional Constituinte francesa, em 26 de agosto de 1789, objetivava
a) romper com a Declaração de Independência dos Estados Unidos, por esta não ter negado a 
escravidão.
b) recuperar os ideais cristãos de liberdade e igualdade surgidos na época medieval e esquecidos na 
moderna.
c) estimular todos os povos a se revoltarem contra seus governos para acabar com a desigualdade 
social.
d) assinalar os princípios que, inspirados no Iluminismo, iriamfundar as bases dos regimes democráticos 
contemporâneos.
e) pôr em prática o princípio: a todos, segundo suas necessidades, a cada um, de acordo com sua 
capacidade.
História
6 Volume 2 
Revolução nas ideias
As ações revolucionárias em prol de transformações sociais, políticas e econômicas, a partir da 
França e dos EUA, não nasceram espontaneamente da indignação dos grupos sociais explorados 
economicamente. Os grandes acontecimentos políticos do final do século XVIII foram gerados 
no nível das mentalidades também, ou seja, os europeus e os americanos lentamente tomaram 
consciência das estruturas sociais injustas na quais eles viviam. 
O baixo nível cultural da maioria absoluta dos grupos sociais dificultava o entendimento da 
realidade social desigual. Esse déficit ocorria devido ao fato de esses grupos não saberem nem 
ler nem escrever, o que dificultava o acesso a um conhecimento mais crítico da realidade social. 
Portanto, a divulgação e a expansão das ideias revolucionárias, por um grupo de pensadores ligados 
à nobreza, permitiu a ampliação da consciência sobre a necessidade de mudanças no Antigo 
Regime. 
Esse grupo de intelectuais era formado por filósofos que se dedicavam ao estudo da política e 
das suas consequências mais sérias para o bem-estar de todos os grupos sociais. Nesse contexto, 
a noção de igualdade surgiu no pensamento social e político desses pensadores. Começou a 
ocorrer a percepção de que as sociedades europeias estavam organizadas sobre ideias e princípios 
injustos, como os privilégios políticos e econômicos que eram passados de geração para geração 
de forma hereditária na nobreza. Esse grupo percebeu que a desigualdade social estava relacionada 
com a concentração da propriedade da terra nas mãos da nobreza e da Igreja Católica (também 
conhecida como clero), com o controle cultural feito por parte dessa instituição religiosa e com 
o analfabetismo quase absoluto das sociedades europeias. Essas percepções fizeram com que 
esses intelectuais passassem a defender a valorização da ciência e da racionalidade filosófica em 
prol de um esclarecimento das massas, inclusive, da defesa de uma educação pública para toda a 
população. 
Essas ideias foram ganhando corpo e consistência, principalmente na França, onde, mais 
tarde, aconteceria a Revolução Francesa. A principal crítica era direcionada à estrutura política 
das monarquias absolutistas, que concentravam o poder nas mãos de uma nobreza proprietária 
de terras que vivia de maneira improdutiva, explorando a maior parte da população, formada de 
camponeses que viviam em um regime de servidão e pagavam uma carga elevada de impostos. 
Uma das ideias políticas mais importantes ficou a cargo do filósofo Montesquieu (1689-1755), 
que defendia a tripartição do poder político, ou seja, a repartição em três partes: Poder Executivo, 
Legislativo e Judiciário. Cada um dos poderes exerce suas funções, evitando, assim, a concentração 
excessiva do poder. Dessa forma, o Legislativo deve fazer as leis e dividir o poder com o Executivo, 
que, por sua vez, executa as leis. O Judiciário é responsável por interpretar e julgar as leis nos 
tribunais. Por essa divisão, se um réu for condenado em um julgamento feito no Judiciário, o 
Executivo é responsável por executar a pena e prender o réu. O sistema de tripartição do poder 
tornou-se uma referência para os países democráticos do mundo ocidental após a Revolução 
Francesa, pois passou a garantir que o Executivo não concentre tanto poder político a ponto de 
tornar-se arbitrário e autoritário, como acontecia na França, por exemplo, antes da Revolução 
Francesa. 
Naquele período, as monarquias absolutistas centralizavam o poder nas mãos dos reis, que tinham 
o poder de interver na vida dos indivíduos, limitando radicalmente a liberdade deles. O símbolo do 
autoritarismo dos reis era a Bastilha, prisão onde os adversários dos reis eram presos, na maioria das 
vezes, sem direito de defesa. Com a conquista de direitos jurídicos, após a Revolução, os franceses 
passaram a ter o direito do habeas corpus, que garante o direito de responder a uma acusação 
em liberdade. Por esse direito, enquanto não for provada a culpa do indivíduo, ele deve aguardar 
o julgamento em liberdade. Assim, esse direito interrompeu uma tradição de arbitrariedades e 
autoritarismos na Europa monárquica.
A Revolução Francesa e a Independência das 13 Colônias
78º Ano do Ensino Fundamental
Na mesma direção dos direitos relacionados 
com a liberdade dos indivíduos, estava a ideia 
de separação entre Estado e religião. Essa 
separação garantiria a liberdade de pensamento 
e de crença religiosa, pois os indivíduos não 
seriam mais obrigados a seguir uma religião 
segundo a orientação do poder político. A 
noção de Estado secular passou a ser defendida 
e significava, no século XVIII, um verdadeiro 
ataque ao poder das religiões católicas e 
protestantes que, há séculos, influenciavam a 
política e, principalmente, a maneira como as 
pessoas pensavam. O Estado secular ou laico 
começou, então, a não professar nenhuma 
religião, ou seja, o Estado deixou de ter uma 
religião e permitiu, a partir de então, que cada 
indivíduo escolhesse, por conta própria, a 
religião que gostaria de seguir. Essa foi uma 
enorme conquista em relação às liberdades 
defendidas por esses intelectuais, pois ter o 
direito de pensar livremente possibilitou que as 
consciências individuais desenvolvessem um 
senso crítico frente às autoridades religiosas e 
políticas, o que contribuiu para o fortalecimento 
das noções de democracia e soberania popular.
A ideia de Estado laico se tornou referência 
para todas as nações que procuraram se 
modernizar nos campos político e jurídico 
e abriu caminho para a construção de 
sociedades democráticas pautadas nos direitos 
sociais, jurídicos e políticos dos cidadãos. 
Esse movimento de ideias se materializou na 
Revolução Francesa, com a proclamação dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, logo após o 
início do movimento revolucionário.
A revolução nas ideias não se restringiu à 
política e à justiça. O filósofo Rousseau (1712-
1778) se dedicou as causas das desigualdades 
entre os homens. Para ele, a origem da 
desigualdade entre os indivíduos estava na propriedade privada, pois, a partir do momento em que 
um homem cercou um pedaço de terra e gritou que era dele, a desigualdade e as guerras iniciaram 
a sua história entre os homens. Essa proposta de Rousseau impactou muito a sociedade francesa, 
cuja estrutura social era muito desigual e injusta. A propriedade das terras estava concentrada nas 
mãos de dois grupos sociais, a nobreza e o clero, enquanto a maioria da população era explorada e 
mantida na pobreza. É importante lembrarmos que a noção da propriedade da terra foi, por muito 
tempo, mantida como sagrada e inviolável, porque o direito de acesso à ela se dava de maneira 
hereditária, ou seja, passava de pai para filho e somente entre a nobreza. Desse modo, era preciso 
nascer nobre para usufruir das riquezas que as terras proporcionavam nas sociedades europeias 
anteriores à Revolução Francesa. Juntamente com essa noção privilegiada a respeito do nascimento 
Fig.4.4 - No Antigo Regime, o clero detinha o controle da cultura
Fig.4.5 - O Terceiro Estado se levantando contra a opressão do Primeiro 
e o Segundo Estado
História
8 Volume 2 
e da preservação do status social da nobreza, a Igreja Católica 
também defendia a preservação dessa ordem social devido a 
sua aliança política com a nobreza. A Igreja Católica também era 
uma grande proprietária de terras devido às doações que recebia 
da nobreza, que, em troca da aceitação de algum de seus filhos 
para ser uma autoridade eclesiástica, doava terras para a Igreja, 
tornando-a uma das maiores proprietárias de terras da Europa. 
Além de deter o monopólio da cultura, a Igreja Católica também 
coroava e santificada os reis baseada na teoria do direito divino, 
segundo a qual os reis representavam os interesses de Deus na 
terra.Desse modo, nesse contexto fechado economicamente e 
mantido por tradições políticas e religiosas, as ideias de Rousseau 
desestabilizaram a visão de mundo e as crenças consideradas 
naturais pelas populações europeias, principalmente as das 
camadas mais excluídas e exploradas. Assim, quando essas ideias 
se encontraram com as condições precárias de vida dos grupos 
sociais populares, o caminho da revolução ficou pavimentado e 
preparado para a sua realização. Quando a revolução explodiu 
na França, os revolucionários não hesitaram em desapropriar as 
terras tanto dos nobres quanto da Igreja Católica. 
Tanto a Revolução Francesa quanto a Independência das 
13 colônias foram inspiradas em ideias políticas e filosóficas 
inovadoras conhecidas como Iluminismo. Esse movimento 
cultural significou uma verdadeira revolução do pensamento 
social e político europeu e norte-americano, pois pensou, 
analisou e questionou as sociedades europeias da época.
Fig.4.6 - O Antigo Regime não permitia mobilidade social, ou seja, se um indivíduo nascesse 
servo, a chance de ele ascender socialmente e tornar-se um nobre era praticamente nenhuma
Senhor Feudal
Clero
Cavaleiros
Camponeses
Fig.4.7 - Rei Henrique VIII, monarca absolutista
E o que o Iluminismo 
criticava? Para respondermos 
a essa pergunta, é importante 
lembrarmos que as sociedades 
europeias antes da Revolução 
Francesa estavam organizadas 
em um tipo de sistema que 
os historiadores chamam de 
Antigo Regime. No Antigo 
Regime, as relações políticas 
e sociais eram marcadas por 
uma desigualdade muito 
grande entre os grupos sociais, 
pois as sociedades da época 
eram basicamente agrícolas 
e o comércio estava em 
segundo plano. Dessa forma, 
a concentração da riqueza 
e o controle das atividades 
econômicas ficavam nas mãos 
da chamada nobreza, ou seja, 
dos proprietários das terras. 
Juntamente com a nobreza, 
a Igreja Católica também 
desempenhava um importante 
papel no Antigo Regime, pois 
além de grande proprietária de 
terras, ela detinha o controle 
da produção cultural, ou seja, 
influenciava a maneira como 
as pessoas agiam, sentiam e 
pensavam. Dessa forma, ela 
organizava a estrutura mental, 
ou seja, o paradigma da época.
A Revolução Francesa e a Independência das 13 Colônias
98º Ano do Ensino Fundamental
O Antigo Regime era organizado em um sistema tripartite, no qual existiam três estamentos 
sociais chamados também de Primeiro Estado, Segundo Estado e Terceiro Estado. O clero era 
formado pelos sacerdotes da Igreja Católica e constituíam o Primeiro Estado. A nobreza era formada 
pelos grandes proprietários de terras, conhecidos também como senhores feudais, e constituía 
o Segundo Estado. E os servos eram camponeses que viviam e trabalhavam em um regime de 
servidão, dedicavam grande parte do seu trabalho para produzir bens agrícolas para a nobreza e 
pagar várias taxas (impostos) para ela. Os servos também pagavam dízimos regularmente para o 
clero, e constituíam o Terceiro Estado.
Além dos servos camponeses, o Terceiro Estado era formado, na época da Revolução Francesa, 
pelos sans-culottes (trabalhadores pobres das cidades) e pela burguesia, um grupo social que 
surgiu entre os séculos XIII e XIV e que, em 1789, quando explodiu a Revolução Francesa, detinha 
poder econômico a ponto de reivindicar também o poder político. E foi justamente isso que a 
burguesia fez: liderou a Revolução Francesa e transformou a França, que antes vivia sob o Antigo 
Regime, em uma sociedade baseada nos ideais políticos e econômicos do Iluminismo, que podem 
ser resumidos pelas palavras liberdade, igualdade e fraternidade.
Influenciada pelo Iluminismo, a burguesia liderou a Revolução Francesa e transformou, de 
maneira rápida e radical, as estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais da sociedade 
francesa. Essas transformações ocorreram de maneira radical e violenta, pois o Primeiro e o 
Segundo estados não estavam dispostos a abrir mão de seus privilégios sociais, o que agravou uma 
crise econômica que mantinha o Terceiro estado em condições de vida precárias. Diante desse 
quadro social e econômico injusto e desigual, a burguesia liderou, após a tomada da Bastilha em 
14 de julho de 1789, uma revolução armada, que resultou em momentos de grande tensão social, 
como a condenação do rei Luís XVI à morte na guilhotina, a desapropriação de terras da nobreza 
e da Igreja Católica e a conquista de direitos políticos e sociais do Terceiro estado, que passou a 
participar gradativamente da política.
Fig.4.8 - Revolução Francesa: a Tomada de Bastilha em Paris, 14 de julho de 1789
História
10 Volume 2 
Portanto, podemos chamar de revolução o que aconteceu na França, a partir de 1789, porque 
a sociedade francesa se transformou de maneira violenta, profunda e radical em um curto espaço 
de tempo, entre 1789 e 1799. Foram dez anos de convulsão social, política e econômica que 
transformaram a França em uma sociedade mais livre, menos injusta e mais democrática do ponto 
de vista político.
O que significa dizer que a França se transformou em uma sociedade mais democrática? Como 
vimos anteriormente, antes da revolução, os franceses viviam o Antigo Regime. Nesse tipo de 
organização social, o poder político estava centralizado nas mãos de poucos, isto é, nas mãos do rei 
e da nobreza, que controlavam as decisões políticas e econômicas com o apoio da Igreja Católica. 
Os historiadores chamam esse um tipo de governo de Absolutista. Nele, grande parte da população 
francesa não participava da política, pois não era possível escolher os representantes políticos por 
meio de eleições e do voto, posto que essa é uma particularidade dos regimes democráticos.
A população francesa também não podia e não sabia, muitas vezes, opinar, pois grande parte 
dos povos europeus da época não sabiam ler nem escrever, o que dificultava o entendimento 
político necessário para propor melhorias para as sociedades do Antigo Regime.
O que fez, então, a população francesa do Terceiro Estado se rebelar contra o poder do rei e do 
Primeiro e Segundo estados? Primeiramente, havia um sistema injusto de cobrança de impostos. 
Enquanto o Terceiro Estado pagava várias taxas e impostos, o Segundo e o Terceiro estados eram 
isentos. Dessa forma, com o passar do tempo, o Estado Absolutista francês entrou em uma crise 
financeira grave, o que fez surgir a necessidade de o Primeiro e o Segundo estados também 
pagarem impostos. Diante da recusa, a revolução precipitou-se e a burguesia conduziu os grupos 
sociais do Terceiro Estado em um processo de construção de uma nova organização social, política 
e econômica da sociedade francesa.
Exercícios de sala
3 (VUNESP) Leia os dois artigos seguintes, extraídos da Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão, de 26 de agosto de 1789. 
Artigo 1º: Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As distinções sociais não 
podem ser fundamentadas senão sobre a utilidade comum.
Artigo 6º: A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, 
pessoalmente ou pelos seus representantes, na sua formação. Ela tem de ser a mesma para todos, quer 
seja protegendo, quer seja punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais aos seus olhos, são igualmente 
admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a capacidade deles, e sem 
outra distinção que a de suas virtudes e talentos.
a) Em qual contexto histórico foi elaborada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão?
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
b) Cite duas ideias expressas na Declaração que representaram uma ruptura da prática política até 
então vigente.
___________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
A Revolução Francesa e a Independência das 13 Colônias
118º Ano do Ensino Fundamental
4 (FGV)
HISTOIRE: une terre, des hommes. França: Magnard.
 A caricatura acima mostra a situação das camadas sociais na sociedade francesa de antes da 
Revolução de 1789.
a) Que grupos e que relações sociais estão representados na caricatura?
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
b) Antes do movimento revolucionário, quais eram as principais críticas do povo em relação às 
camadas dominantes?
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
c) Que classe social liderou a Revolução e que transformações ocorreram no período mais radical do 
processo revolucionário?
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
História
12 Volume 2 
4.1 Revolução Industrial: aspectos sociais, econômicos e 
culturais
A tualmente, a produção em massa de qualquer produto é algo comum. Não é difícil encontrarmos o mesmo produto ou algo semelhante quando procuramos algo nas prateleiras dos mercados. Contudo, nem sempre foi assim. A produção industrial em larga 
escala só se tornou possível a partir da segunda metade do século XVIII com a criação industrial 
mecanizada, fator que aumentou consideravelmente a produção de mercadorias. Inicialmente, 
houve uma transição da produção artesanal para novos modos de manufatura e, depois, de um 
processo de manufatura para o de maquinofatura, aumentando significativamente a produção de 
bens para consumo. A Revolução Industrial (junto à Revolução Francesa) marcou a passagem da era 
Moderna para a era Contemporânea e a chegada de um novo modo de produção: o Capitalismo. 
Em outras palavras, a Primeira Revolução Industrial, ou a Revolução Industrial Inglesa, nada 
mais foi do que a consolidação do modo de produção capitalista enquanto um sistema apoiado 
fundamentalmente na economia industrial com 
o objetivo de lucrar. Para isso, a elite econômica 
ascendente dona dos meios de produção, 
a burguesia, explorava a força de trabalho 
assalariada dos trabalhadores chamados de 
proletários. Surgiu, assim, uma nova forma 
de organização da sociedade e novos grupos 
sociais, configurando novas relações entre as 
classes sociais. Esse modelo de produção e 
economia iniciou-se na Inglaterra em 1760 e, 
no século seguinte, se expandiu para os demais 
países da Europa Ocidental e para os Estados 
Unidos, chegando a outros países em outros 
continentes posteriormente. 
A Revolução Industrial trouxe uma série de mudanças econômicas, como o declínio do sistema 
colonial mercantilista e o fim da escravidão negra. Em contraposição, criou-se um enorme 
contingente de trabalhadores assalariados urbanos explorados econômica e socialmente. Esses 
trabalhadores passaram a lutar por melhores salários, direitos, condições de vida e até mesmo pelo 
rompimento do sistema capitalista, sendo essas pautas alguns dos principais componentes de luta 
política dos séculos posteriores.
A criação de um novo sistema industrial também gerou uma busca por novos mercados 
consumidores, dando início a um novo sistema colonial e imperialista distinto do mercantilista. 
Tudo isso criou um abismo entre os países industrializados e ricos e os periféricos.
4.1.1 A indústria e o pioneirismo inglês
Durante o século XVIII, a industrialização foi um fenômeno basicamente inglês. Somente no início 
do século XIX que outros países passaram a se industrializar, como aqueles da Europa Ocidental 
e os Estados Unidos. Esse fenômeno se deu por uma série de fatores históricos que propiciaram, 
à Inglaterra, acumular riquezas desde o início da era Moderna, principalmente no decorrer dos 
séculos XVII e XVIII.
Entre as práticas mercantilistas, a Inglaterra foi a mais bem-sucedida na exploração das colônias 
nas Américas, África e Ásia, no tráfico negreiro e no comércio entre os países. Assim, esse país se 
formou como um grande império colonial com forte domínio econômico sobre os concorrentes, 
principalmente Portugal e Espanha, impondo uma política que a tornava beneficiária das riquezas 
exploradas nas colônias de outros países. 
Fig.4.9 - Pintura de uma cidade industrial
A Revolução Francesa e a Independência das 13 Colônias
138º Ano do Ensino Fundamental
Outro importante fator foi que a Inglaterra havia se tornado uma forte potência naval e 
comercial, superando a Holanda, que era a maior potência naval-mercantil até então. Isso se deu 
principalmente devido aos conflitos marinhos Anglo-Holandeses durante os séculos XVII e XVIII, 
dos quais a Inglaterra saiu vitoriosa; vencendo o embate contra a República das Sete Províncias 
Unidas dos Países Baixos, os ingleses ganharam o monopólio do livre comércio com as Índias 
Orientais Holandesas, o que aumentou o seu comércio com outros países europeus e fomentou 
o tráfico negreiro. Além disso, a Inglaterra passou a oferecer serviços de transportes, títulos de 
investimento e seguro a outros países, fortalecendo ainda mais seu comércio internacional.
O acúmulo de capital pelos burgueses e pelo próprio Estado inglês também se baseou no 
financiamento de pilhagem, no comércio marítimo (atividade de corso) e no empréstimo de dinheiro 
a juros, sem contar a submissão imposta aos países mais fracos e dependentes economicamente. 
Desse modo, devido a esses fatores, nenhum outro país em toda a Europa acumulou tanto capital 
quanto a Inglaterra durante os séculos XVII e XVIII.
Com um forte poder econômico, a burguesia inglesa ascendeu ao poder político por meio da 
Revolução Puritana, marcando um levante contra a hegemonia monárquica do país. A ascensão 
política burguesa acabou consolidando-se com a Revolução Gloriosa (1688-1689) durante o 
século XVII, quando o rei protestante Guilherme de Orange assumiu o trono e aceitou a Declaração 
de Direitos que estabelecia as bases da monarquia parlamentar. A partir dessa declaração, o rei não 
poderia interferir diretamente nas leis decretadas pelo parlamento, e o parlamento estaria responsável 
por fiscalizar as contas do Estado. O documento 
também afirmava a autonomia do Judiciário e 
assegurava as liberdades individuais. Sob essa 
nova estruturação, o Parlamento inglês, cuja 
maioria era composta por burgueses, tornou- 
-se o órgão político decisivo do país.
Assim, o parlamento inglês, ao se tornar o 
órgão político decisivo do país, consolidou a 
ascensão da burguesia ao poder. A partir de 
então, a Inglaterra passou a ser o primeiro país a 
ter um Estado burguês, praticamente um século 
antes da Revolução Francesa. Nesse cenário, a 
Inglaterra, livre dos limites absolutistas, pôde 
dirigir o Estado de acordo com a atividade que 
mais lhe gerava lucro: o mercado e a produção 
de bens materiais.
A Política de Cercamentos também contribuiu para o pioneirismo inglês, pois as terras de uso 
comum dos camponeses foram tomadas pelo Estado e arrendadas com o intuito de estimular a 
produção industrial de tecidos e de outros produtos manufaturados que vinham crescendo desde 
o século XVI. No entanto, a partir desse processo de expropriação das terras camponesas, uma 
grande massade trabalhadores ficou sem trabalho. Por conta disso, esses trabalhadores tiveram 
que se deslocar para as cidades em busca de trabalho e melhores condições de vida em um grande 
êxodo rural, criando, nas cidades, um abundante excedente de trabalhadores e um consequente 
barateamento da mão de obra. Tudo isso deu origem ao proletariado inglês. 
Assim como nas cidades, o processo de produção rural também foi industrializado durante o 
século XVIII, e as novas técnicas agrícolas impulsionadas pelas máquinas aumentaram a produtividade 
e a economia rural significativamente, diminuindo os postos de trabalho e acentuando ainda mais 
o êxodo para as cidades.
Fig.4.10 - Pintura de uma indústria de tecidos, um dos principais 
materiais produzidos durante a Primeira Revolução Industrial
História
14 Volume 2 
Devido a todos esses fatores, a Grã-Bretanha consolidou-se como a maior potência econômica 
mundial do período, aumentando seu mercado consumidor a partir da conquista das colônias na 
Índia e no Canadá e da vitória sobre a França, seu principal rival econômico e político, na Guerra 
dos Sete Anos (1756-1763). Outro elemento importante na manutenção do seu poder político e 
econômico era o fato de que, nesse período, a Grã-Bretanha possuía a maior força naval da época, 
podendo vender seus produtos nos mais diversos países e continentes. Assim, a burguesia inglesa, 
ao longo do século XVIII, acumulou capital suficiente para custear a expansão das indústrias e o 
desenvolvimento da tecnologia e da ciência em seu país, tornando-se a maior potência da época. 
Dessa forma, a burguesia iniciou a aplicação de uma política baseada no Liberalismo econômico, 
uma doutrina que tem como um dos seus criadores Adam Smith, economista escocês que defendia 
que toda a riqueza era produzida pelo trabalho e que o Estado não deveria intervir nas liberdades 
individuais e nas relações econômicas. Para esse autor, o mercado era autorregulado e deveria ser livre 
para que o progresso social e a geração de riquezas fossem alcançados. Assim, pautando-se nesses 
pressupostos, a burguesia europeia passou a expandir e a consolidar o novo modo de produção 
capitalista, assegurando a expansão do capital e o aumento de seus lucros. 
Sendo assim, os principais fatores que contribuíram para a Revolução Industrial ter tomado 
essas proporções na Inglaterra foram o acúmulo de capitais provenientes da exploração intensiva, 
do comércio mercantil e do sistema de trocas e exploração de matérias-primas e de produtos 
básicos, como o açúcar e o algodão, com as colônias; a produção e a expansão dos produtos 
manufaturados, alinhadas aos investimentos em ciência e tecnologia; a Política de Cercamentos e 
de controle burguês do Parlamento; a ascensão da classe burguesa e a consolidação do modo de 
produção capitalista.
Transformações sociais da Revolução Industrial
Junto às mudanças técnicas e econômicas, a Revolução Industrial modificou profundamente 
as formas de sociabilidade da sociedade europeia, impactando a vida, os costumes e a relação de 
vivência, além de transformar e recriar as classes sociais na Europa e nos países em que a Revolução 
se fez presente. 
Uma das consequências sociais do processo de industrialização foi o forte êxodo rural, que inflou 
as cidades, trazendo consigo péssimas condições de vida para a população inglesa. O crescimento 
urbano em cidades como Londres, Manchester, Liverpool e Bristol, que eram sedes da produção 
industrial da época, foi extremamente significativo; o percentual populacional das pessoas que 
viviam nas zonas rurais caiu de 87% em 1750 para 48% cerca de um século depois.
Esse novo número populacional urbano constituiu uma nova massa de trabalhadores, o 
proletariado. Em contraposição ao burguês 
capitalista, dono das empresas, o proletário não 
tinha nenhuma propriedade além de sua própria 
força de trabalho, que é vendida para os donos 
dos meios de produção (industriais) em troca 
de um salário que garanta sua sobrevivência. 
A palavra “proletário” era de uso romano, e 
servia para descrever os cidadãos pobres cuja 
única utilidade era gerar filhos (prole) que, no 
futuro, protegeriam Roma. Assim, da mesma 
forma como surgiu a burguesia com os 
processos revolucionários, emergiu, junto a ela, 
o proletariado, uma classe antagônica que gera 
as riquezas apropriadas pelo burguês industrial.
Fig.4.11 - Fotografia de jovens trabalhadores em uma mina extraindo 
um dos principais materiais usados na produção de energia para as 
máquinas durante a Primeira Revolução Industrial
A Revolução Francesa e a Independência das 13 Colônias
158º Ano do Ensino Fundamental
Em meio a essa intensa produção industrial e acelerado crescimento urbano, não demorou 
muito para aparecer problemas estruturais, principalmente relacionados ao saneamento básico. 
As condições de moradia do proletariado eram péssimas: cortiços insalubres de um ou dois 
andares enfileirados, moradias sujas, úmidas e precárias e lugares pequenos e superlotados que 
expunham diversas famílias a péssimas condições, incluindo doenças. Além disso, como o trabalho 
assalariado era uma atividade recém-criada, faltavam meios de regulamentação, relegando os 
trabalhadores a jornadas de 16h diárias de 6 a 7 dias por semana com intensa produtividade para 
que fossem gerados os lucros para os donos das indústrias (burgueses). Isto é, além de estarem 
em péssimas condições de vida e de trabalho, os trabalhadores recém-vindos do campo tinham 
salários extremamente baixos e jornadas de extrema periculosidade, onde ocorriam numerosos 
acidentes com as máquinas.
A maioria dos proletários era de origem rural e/ou artesãos que foram expropriados de suas 
terras. Entretanto, por mais que essa característica fosse predominante, a classe trabalhadora era 
heterogênea em sua formação, pois era composta por camponeses expulsos do meio agrário, 
artesãos urbanos, soldados licenciados, moradores da cidade sem profissão definida, entre outros 
que precisavam de um trabalho para a própria subsistência.
Essas modificações no mundo do trabalho não foram 
acompanhadas por aparatos jurídicos nesse primeiro momento 
da Revolução Industrial, pois as relações de trabalho estabelecidas 
entre trabalhadores e patrões não eram regulamentadas por 
um contrato que assegurasse direitos e deveres de ambas as 
partes. Embora a organização da produção seguisse de uma 
maneira acelerada, não havia uma regulamentação que desse 
segurança aos trabalhadores ou os orientasse, ficando a cargo 
do empregador definir essas normas. Desse modo, a classe 
trabalhadora estava disponível para que a burguesia industrial a 
explorasse de acordo com os seus interesses.
Além de todos esses agravantes, a situação das mulheres 
e crianças era ainda pior do que a dos homens, pois, além de 
estarem expostos aos mesmos riscos e jornadas de trabalho, eles 
recebiam um salário menor do que os homens adultos. Cabe 
salientar, ainda, que o trabalho feminino era mais numeroso nas 
industriais têxteis, enquanto que o trabalho infantil era usado em 
grande escala na mineração e na manutenção de máquinas. 
Como não havia regulamentação alguma do trabalho de 
forma geral, o trabalho infantil também se enquadrava nesse 
mesmo contexto, existindo famílias inteiras empregadas como 
operários. As crianças (há registros de crianças de quatro anos 
de idade trabalhando) trabalhavam em regimes iguais aos dos 
adultos, sem possuir nenhum direito. Suas jornadas de trabalho 
chegavam a 16 horas diárias e o salário recebido garantia apenas 
a subsistência das famílias, sem direito à educação e à moradia 
digna. Apesar de a maioria das crianças trabalharem em minas 
de extração de ferro e carvão, muitas também eram empregadas 
em indústrias como de tecelagem e vidraçarias, pois, devido à 
sua estatura mais baixa, elas conseguiam realizar atividades em 
locais de difícil acesso. Assim, elas se tornavam responsáveis pelo 
conserto de máquinas quebradas, um serviço extremamente 
perigoso e com um grandenúmero de acidentes de trabalho. 
Fig.4.12 - O trabalho infantil foi extremamente 
explorado nas fábricas no início da era 
Moderna.
Fig.4.13 - Pintura de um dono de fábrica 
defendendo sua indústria dos ludistas, cuja 
intenção era destruir os teares mecanizados
História
16 Volume 2 
Entretanto, não podemos 
ver o operário apenas como 
um produto ou uma vítima da 
industrialização, pois eles eram 
agentes históricos efetivos na 
luta e na resistência contra 
a sua própria exploração. 
No contexto da Revolução 
Industrial na Inglaterra, os 
operários se organizaram 
na busca por seus direitos, 
reivindicando melhorias 
salariais e das condições 
de trabalho nas fábricas. 
Podemos apontar, ainda, que a 
oposição contra a exploração 
provocou, durante o século 
XVIII e aumentando durante o 
século seguinte, o nascimento 
dos primeiros movimentos, 
sindicatos e associações de 
trabalhadores.
Entre esses movimentos, 
podemos destacar o ludismo, 
que atingiu seu auge em 
1811-1812. Esse movimento 
entendia que a situação 
de exploração vivida pela 
classe trabalhadora ocorria 
devido à implementação das 
máquinas no meio produtivo, 
relacionando o desemprego e 
o barateamento do trabalho à 
capacidade dessas máquinas 
de dinamizar a produção, 
tornando-a mais rápida e 
eficiente. Assim, os ludistas, 
ao considerarem a destruição 
das máquinas como a solução 
dos problemas da classe 
operária, passaram a invadir as 
indústrias e a destruir todas as 
ferramentas e os maquinários 
que encontravam. Por esse 
motivo, o governo inglês agiu 
rapidamente para dispersar 
o movimento, prendendo 
os lideres, julgando-os e 
condenando-os por suas 
ações; alguns deles foram, inclusive, condenados à pena de 
morte. 
Assim como o ludismo, outros movimentos surgiram nesse 
contexto social, como o cartismo. Iniciado na década de 1930, 
o cartismo era organizado pela Associação dos Operários e 
tinha esse nome devido às cartas que o movimento distribuía 
às autoridades com as reivindicações dos trabalhadores. Nessas 
cartas, havia a exigência, perante o Parlamento inglês, de 
mudanças nas condições de vida e de trabalho dos trabalhadores, 
como o fim do trabalho infantil, a criação de um salário-mínimo 
e folgas semanais. 
O trabalho nas fábricas nesse momento da Primeira 
Revolução Industrial, entre o final da Idade Moderna e o início 
da era Contemporânea, nada ofereceu aos trabalhadores no 
sentido de proteção trabalhista ou qualquer outro direito, pelo 
contrário, permitiu aos donos das indústrias, os burgueses, que 
explorassem ao máximo a força de trabalho dos proletários e de 
suas famílias, criando uma grande condição de miséria entre os 
trabalhadores.
Além da exploração exacerbada da classe trabalhadora, 
do desenvolvimento industrial capitalista e do crescimento 
populacional urbano desenfreado, esse novo sistema também 
impactou o meio ambiente intensamente, poluindo o solo, o ar 
e a água. Com o surgimento das fábricas, pouco a pouco os rios 
foram contaminados com os rejeitos e esgotos das indústrias; 
Fig.4.14 - Fábricas e suas chaminés expelindo fumaça durante a Revolução Industrial
A Revolução Francesa e a Independência das 13 Colônias
178º Ano do Ensino Fundamental
o solo, da mesma maneira, foi contaminado pela poluição expelida pelas fábricas e pelos efeitos 
da extração de minérios no solo. Um outro agravante era a fumaça expelida pelas chaminés das 
fábricas, que tornava o ar das cidades cinza e impuro.
Além disso, as cidades industriais eram insalubres de tal forma que contavam com a proliferação 
de moscas, ratos, pulgas e bactérias, sem contar as doenças e pestes que foram aumentando de 
maneira alarmante, atingindo principalmente os trabalhadores, que viviam em situações precárias.
Exercícios de sala
5 A Revolução Industrial iniciou-se na Inglaterra, mas se expandiu para outros países da Europa 
Ocidental e para os Estados Unidos, chegando, posteriormente, a outros locais. Explique o porquê de 
a Revolução Industrial ter eclodido, primeiramente, na Inglaterra.
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6 A Revolução Industrial reorganizou a sociedade moderna e criou uma nova forma de luta de classes. 
Explique quais eram essas classes e suas diferenças.
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7 Os trabalhadores, apesar de explorados, resistiram e lutavam por melhores condições durante a 
Revolução Industrial. Entre os movimentos reivindicatórios houve o Cartismo e o Ludismo. Explique 
o que foi cada um deles.
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História
18 Volume 2 
4.2 Acumulação de capital, a expropriação de terras e os meios 
de produção
O s termos burguês e burguesia, – o primeiro é sinônimo contemporâneo de donos dos bens de produção e de capital, enquanto o segundo designa a classe social que agrupa os burgueses –, são conceitos que, indiscutivelmente, estão relacionados às sociedades 
capitalistas contemporâneas. A burguesia era, por excelência, a classe dominante após o período 
industrial. Entretanto, esse grupo social começou a se formar bem antes da chegada das revoluções 
do final do século XVIII e início do século XIX, conquistando os espaços políticos de poder ao longo 
dos processos históricos.
A Revolução Industrial, antes de tudo, foi uma conquista da classe burguesa, entretanto a 
construção de uma sociedade industrializada não aconteceu da noite para o dia. Antes do Período 
Moderno, a Inglaterra era uma sociedade com uma economia deficitária, praticamente agrária e que 
vivia sob regime feudal de grandes senhores detentores de terras e seus vassalos dependentes. As 
propriedades rurais eram extensas e possuíam uma economia baseada na produção de subsistência. 
A estrutura social da sociedade feudal era composta pelos servos, aqueles que realizavam os 
trabalhos braçais como a preparação da lavoura, o plantio e a colheita, e pelos trabalhadores 
urbanos, os burgueses. Juntos, esses dois grupos formavam o Terceiro Estado. A sociedade 
feudal era composta, ainda,pelo clero, que exercia o ofício religioso, e pelos nobres, que eram 
responsáveis por garantir a defesa militar. Foi em meio a essa estrutura social que a burguesia surgiu 
e se constituiu enquanto classe social dominante. 
O surgimento da burguesia está intimamente ligado ao processo de acumulação de capital 
iniciado durante o período do Renascimento urbano e comercial, marcado pela expansão das 
cidades-fortalezas e pelo desenvolvimento do comércio na Europa da Baixa Idade Média. 
Junto ao comércio mercantil e ao acúmulo de capital burguês, iniciou-se um processo de 
expropriação de trabalhadores rurais na Inglaterra, culminando no êxodo rural de pessoas que se 
tornariam a força de trabalho nas indústrias criadas durante a Revolução Industrial, o proletariado 
urbano. 
Renascimento urbano, nascimento e ascensão da burguesia
No século XII, houve transformações sociais que levaram ao Renascimento urbano e comercial. 
Trabalhadores insatisfeitos com a vida de vassalos no meio rural buscaram, no meio urbano, 
melhores condições de vida e um lugar para comercializarem os produtos que, até então, eram 
produzidos por eles.
Nas cidades-fortalezas conhecidas como burgos, criadas primeiramente com função militar de 
proteção, vendedores e artesãos começaram a aumentar sua atividade de comércio, vendendo o 
excedente que produziam e expandindo o fluxo de mercadorias entre essas cidades e o campo. 
Aos poucos, os burgos se transformaram em centros comerciais, aumentando a concentração de 
pessoas e residentes e o fluxo de venda, produção e compra de materiais, impulsionando, assim, o 
trabalho artesanal, principal forma de produção de mercadorias da época.
O crescimento da economia e da demanda do comércio levou os comerciantes e profissionais de 
diversas áreas a se organizarem, surgindo as guildas e as corporações de ofício. Essas associações 
tinham como objetivo a organização do trabalho nas cidades, a distribuição dos produtos e a 
transmissão das técnicas de cada ofício. Sua estrutura era hierárquica, formada por mestres, donos 
de oficinas que detinham maior conhecimento sobre a profissão, oficiais, ajudantes experientes 
e remunerados, e aprendizes, trabalhadores não remunerados que estavam aprendendo o ofício. 
A Revolução Francesa e a Independência das 13 Colônias
198º Ano do Ensino Fundamental
Nesse contexto, esses trabalhadores 
vislumbravam a ascensão social, econômica e 
política por meio do acúmulo financeiro em 
uma sociedade que até então era estamental, 
isto é, sem mobilidade social. Assim, diversos 
trabalhadores passaram a acumular um 
excedente de capital sobre os produtos que 
vendiam, substituindo, aos poucos, um sistema 
rural e agrário (feudal) por um sistema de venda 
e comércio com fins lucrativos, formando, 
assim, uma nova classe social, a burguesia – 
classe nomeada a partir dos moradores dos 
burgos.
Parte desses trabalhadores, que além 
do comércio exerciam profissões como 
mercadores, artesãos, ferreiros e carpinteiros, 
passou a se dedicar exclusivamente ao comércio 
e, com a passagem da Idade Média para a era 
Moderna no século XV, muitos começaram 
a partilhar ideais mercantilistas que iam além 
do acúmulo de capitais, como a valorização 
do comércio, a exploração e o acúmulo de 
metais preciosos (metalismo), o monopólio 
econômico de mercados e a balança favorável, 
buscando mais explorar do que importar. 
Nesse momento, as burguesias nacionais 
europeias fizeram alianças com os reis para 
assegurar seus interesses econômicos, 
auxiliando na centralização política e na 
padronização monetária, além de outros 
fatores que garantiriam a expansão comercial 
e, principalmente, a segurança das transações, 
enfraquecendo a nobreza feudal, centralizando 
o poder real e dando origem às monarquias 
nacionais.
Dessa forma, muitos burgueses comerciantes, em contato com as corporações de ofício, 
passaram a fornecer matéria-prima para a produção de bens materiais e a ter controle sobre o 
produto final, revendendo-os e gerando um lucro sobre a produção e a venda desse produto, 
expandindo o comércio e a economia de compra e venda dentro do que ficaria conhecido como 
Sistema Doméstico (ou putting-out system). Após conflitos dentro desse sistema produtivo, esses 
mercadores passaram a criar as primeiras fábricas, constituídas por galpões onde reuniam artesãos 
para a produção. Isso permitiu que esses mercadores controlassem o trabalho e o tempo da 
produção, vigiando e punindo.
Foi em meio a esse contexto que o acúmulo de capital primitivo (ou acumulação primitiva) surgiu. 
A acumulação de bens e de capital se deu por meio da exploração mercantil das colônias europeias 
visando a extração de metais preciosos e a balança comercial favorável, além da exploração da 
força de trabalho artesanal com a revenda do produto final. Com a Revolução Industrial, a chamada 
acumulação primitiva passou a se chamar acumulação capitalista, delineando uma produção 
Fig.4.15 - Pintura de uma cidade-fortaleza (burgo) italiana durante a 
Idade Média
Fig.4.16 - Gravura de uma típica família burguesa europeia do século 
XVIII
História
20 Volume 2 
de mercadorias alicerçada 
na exploração da força de 
trabalho com a finalidade de 
aumentar a produtividade e 
extrair maiores lucros.
Em meados do século 
XVIII, muitos desses burgueses 
haviam acumulado bastante 
capital com o desenvolvimento 
do comércio no período 
mercantil. Com esse dinheiro 
e com os bens acumulados, os 
burgueses passaram a investir 
nas fábricas e na produção 
de novas tecnologias, pois 
um maquinário aperfeiçoado 
significa produzir mais 
em menor tempo. Assim, 
passaram a custear as 
indústrias e a contratar 
trabalhadores para exercerem 
funções dentro das fábricas. 
Muitos desses trabalhadores 
eram camponeses que haviam 
sido expulsos de suas terras. 
Nesse momento, surgiu o que 
é conhecido como burguesia 
industrial, ou seja, a classe 
social burguesa em sua fase 
capitalista.
O final da era Moderna 
também é marcado pela 
ascensão política da burguesia 
em alguns países da Europa 
ocidental. Isso começou na 
Inglaterra no século XVII, com 
a consolidação da Revolução 
Gloriosa (1688-1689), que 
estabeleceu uma Monarquia 
Parlamentar com autonomia 
do Poder Legislativo, o poder 
mais decisivo do país. E a 
burguesia que detinha o maior 
domínio conseguiu autonomia 
diante das determinações 
absolutistas. Posteriormente, 
com a Revolução Francesa 
iniciada em 1789, foi decretado 
o fim da Monarquia Absolutista. Além disso, a consolidação dela 
enquanto classe ocorreu com o golpe de Napoleão Bonaparte 
em 1799.
Nesse sentido, percebe-se que a classe burguesa ascendeu 
economicamente e politicamente, durante o medievo, de forma 
gradual. E, por meio de comércio nos burgos, passou pela 
Idade Moderna chegando à Idade Contemporânea como classe 
dominante pela soberania dos meios de produção.
Expropriação de terra e os Cercamentos
Mas a acumulação de capital da burguesia deu-se pela 
influência de outros fatores, além do comércio mercantil. Um 
destes foi a Lei dos Cercamentos (Enclosure Acts), iniciada no 
século XVI na Inglaterra, sendo editada de maneiras sucessivas 
pelos monarcas britânicos e pelo parlamento, ganhando força, 
principalmente entre 1760 e 1830.
A Lei dos Cercamentos foi baseada na transformação de 
terras comunais de senhores e servos, para a criação de pastos 
e ovelhas, com o intuito da retirar a lã para a produção têxtil. 
Esta era uma das principais atividades e matérias-primas na 
Inglaterra pré-industrial. Os cercamentos, foram um processo 
de privatização de terras que pertenciam à nobreza e ao Estado 
Inglês, estas que anteriormente eram de uso coletivo. 
Essas terras de uso comum eram inspiradas em uma tradição 
europeia corrente na Idade Média. O senhor feudal era o 
detentor da terra e o vassalo o trabalhador, passando assim a ser 
um espaço privatizado após a aplicação da Lei do Cercamento. 
Fig.4.17 - Pintura de um Cercamento Inglês no período Moderno, transformandoterras de uso 
comum em propriedade privadas
A Revolução Francesa e a Independência das 13 Colônias
218º Ano do Ensino Fundamental
Assim, os camponeses que viviam ali extraiam seu sustento dessas terras, fosse para uso próprio 
ou para retirada de matérias-primas como a madeira, a caça e o plantio, para o trabalho artesanal. 
Nesse processo, os pequenos proprietários de terra e outros que trabalhavam de maneira arrendada 
para a sua subsistência foram expulsos.
Dessa forma, as terras que antes eram de uso coletivo, comuns aos camponeses, passaram a 
ser cercadas por burgueses locais ou até por nobres, que nesse contexto tornavam-se burgueses 
pela posse das terras, adquirindo-as e passando a ter o controle no acesso às terras produtivas. Os 
campos ingleses, que anteriormente eram caraterizados como pastos abertos (open field), passaram 
a ser vedados e explorados como um campo fechado, tornando-se propriedade de alguém. Nesse 
sentido, diversos trabalhadores rurais foram expulsos de seu meio de sustento para dar origem a 
uma sociedade capitalista.
A crescente política de expropriação de terras ocasionada pela Lei dos Cercamentos estimulou 
uma nova classe a investir seu capital em novas propriedades agrárias. Assim, envolveu o campo 
na Revolução Industrial no novo modo de produção capitalista, ou seja, além da terra ser um meio 
de produção, tornou-se uma mercadoria, podendo ser negociada por meio da compra e venda. 
Além disso, muitos dos antigos senhores de terras, que antes eram nobres, tornaram-se burgueses 
pela posse de terras e passaram a investir em plantações e criações, além das supracitadas, as 
plantações de algodão, de beterraba, de batatas etc. e a criação de ovelhas. 
Dentro desse contexto da industrialização, novas técnicas foram sendo usadas para aumentar 
a produção rural, como a utilização de adubos, seleção de sementes e espécies e a utilização 
de maquinários agrícolas para aumentar a produtividade. Além dos Cercamentos, esses novos 
proprietários rurais passaram a drenar pântanos e desmatar florestas como uma maneira de 
aumentar suas propriedades e plantar mais. Esse processo histórico foi denominado de Revolução 
Agrícola e visava o abastecimento alimentar das populações que desde então viviam nos meios 
urbanos. Isso, entretanto, não exterminou a fome e a miséria da população.
Assim, com as Leis de Cercamento, as terras foram sendo retiradas dos camponeses 
paulatinamente aos longo dos séculos XVI, XVII e XVIII, os quais ficaram impossibilitados de trabalhar, 
sendo privados, portanto, da possibilidade de produzir para sua subsistência. Com o processo de 
expulsão das terras, esses trabalhadores foram forçados a deslocar-se até às cidades em um grande 
êxodo rural, em busca de trabalho e de sustento familiar. Esse processo obrigou essas pessoas a 
vender sua força de trabalho, transformando-os em trabalhadores assalariados. Cabe apontar que 
muitos dos ex-servos não migraram para as cidades inglesas, deslocando-se para as colônias da 
Inglaterra na América.
Exercícios propostos
8 Explique como surgiu a burguesia e em que contexto.
9 Qual a relação entre a industrialização da Inglaterra e o processo da Lei dos Cercamentos? 
10 (IFBA) Se a economia do mundo do século XIX foi formada principalmente sob a influência da 
Revolução Industrial britânica, sua política e ideologia foram formadas fundamentalmente pela 
Revolução Francesa.
HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções: Europa 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008. p. 83.
História
22 Volume 2 
 A citação de Eric Hobsbawm destaca 
a importância das Revoluções Industrial 
e Francesa para a história do Ocidente, 
especialmente porque
a) consolidaram o capitalismo e a sociedade 
burguesa no Ocidente. 
b) ambas fortaleceram o Antigo Regime 
europeu. 
c) construíram a base para a consolidação 
dos Estados Absolutistas na Europa. 
d) diminuíram as diferenças entre burgueses 
e proletários em todo o Ocidente da era 
Moderna. 
e) restabeleceram os laços entre as 
metrópoles e suas colônias na América. 
11 (UEG) Leia o texto a seguir.
 Socialmente, os sans-culottes representam 
os citadinos que vivem de seu trabalho, seja 
como artesãos, seja como profissionais de 
ofício; alguns, depois de uma vida laboriosa, 
se tornam pequenos proprietários na cidade, 
e usufruem as rendas de um imóvel.
PÉRONNET, Michel. Revolução Francesa em 50
Palavras-chaves. São Paulo: Brasiliense, 1988. 
p. 248.
 A análise do texto demonstra que 
os interesses sociais dos sans-culottes, 
importantes personagens da Revolução 
Francesa, se confundiam com os: 
a) da pequena burguesia que, apesar das 
conquistas econômicas, via-se pressionada 
pelo aumento no custo de vida. 
b) dos camponeses, já que ambos lutavam 
pela abolição dos privilégios feudais no 
campo e posse de terras coletivas. 
c) dos membros do baixo clero, uma vez que 
lutavam por reformas sociais, mas não eram 
contra a liberdade religiosa.
d) da classe dos girondinos, pois apesar das 
diferenças de classe, ambos os grupos eram 
politicamente moderados. 
12 (PUC-PR) A Revolução Francesa foi um dos 
momentos mais importantes no processo 
de formação do mundo contemporâneo. 
Foi um movimento violento que sepultou o 
absolutismo na cena política e o mercantilismo 
na economia, tendo um papel de grande 
destaque a burguesia, interessada em instituir 
um regime que atendesse aos seus interesses. 
Durante a revolução tomou forma um corpo 
legislativo denominado Assembleia Nacional, 
que tomou parte central na consolidação 
das reformas objetivadas pela revolução. 
Dentre as principais reformas realizadas na 
fase moderada da Revolução Francesa (1789-
1791), pela Assembleia Nacional, podemos 
citar corretamente:
a) Abolição dos privilégios especiais do clero 
e da nobreza; Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão; subordinação da Igreja 
ao Estado; elaboração de uma constituição 
para a França; reformas administrativas e 
judiciárias; e ajuda à economia francesa.
b) Declaração Universal dos Direitos 
Humanos; elaboração do Edito de Nantes, que 
dava liberdade religiosa para os não católicos; 
criação do Banco da França; legalização da 
anexação dos territórios da margem esquerda 
do Reno; elaboração do Código Civil Francês. 
c) Criação do Código Civil Francês; criação do 
Banco da França; elaboração da Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão; 
elaboração das primeiras leis trabalhistas que 
proibiam o trabalho infantil; concessão do 
direito ao voto às mulheres. 
d) Direito de voto para todos os homens, 
independente da renda; favorecimento de 
legislação que incentivava o capitalismo 
comercial; reforma do sistema educacional 
com a criação dos liceus clássicos e de 
ofícios; maior autonomia para as províncias 
históricas da França; criação de uma estrutura 
descentralizada de governo na França.
e) Regulamentação das leis trabalhistas na 
França; extensão do direito de voto para 
todos os homens e mulheres maiores de 18 
anos; reconhecimento do direito de minorias; 
criação do Código Civil; a França se tornou 
uma confederação descentralizada, dividida em 
cantões com alto grau de autonomia política; 
elaboração da Constituição Civil do Clero.
13 (ENEM) Em virtude da importância dos 
grandes volumes de matérias-primas na 
indústria química — eram necessárias dez a 
doze toneladas de ingredientes para fabricar 
A Revolução Francesa e a Independência das 13 Colônias
238º Ano do Ensino Fundamental
uma tonelada de soda —, a indústria teve uma 
localização bem definida quase que desde o 
início. Os três centros principais eram a área 
de Glasgow e as margens do Mersey e do 
Tyne.
LANDES, D. Prometeu desacorrentado: transformação 
tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa 
ocidental, desde 1750 até a nossa época. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1994. 
 A relação entre a localização das indústrias 
químicas e das matérias-primas nos 
primórdios da RevoluçãoIndustrial provocou 
a 
a) busca pela isenção de impostos. 
b) intensa qualificação da mão de obra.
c) diminuição da distância dos mercados 
consumidores. 
d) concentração da produção em 
determinadas regiões do país.
e) necessidade do desenvolvimento de 
sistemas de comunicação.
14 (ENEM)
Disponível em: https://www.marciocunha.eti.br/a-industria-4-0-e-a-conectivi 
dade-industrial/. Acesso em: 27 abr. 2020.
 A forma de organização interna da indústria 
citada gera a seguinte consequência para a 
mão de obra nela inserida:
a) ampliação da jornada diária.
b) melhoria da qualidade do trabalho.
c) instabilidade nos cargos ocupados.
d) eficiência na prevenção de acidentes. 
e) desconhecimento das etapas produtivas.
15 (ENEM) 
Texto I 
Cidadão Tá vendo aquele edifício, moço?
 Ajudei a levantar )
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução 
Duas pra ir, duas pra voltar 
Hoje depois dele pronto 
Olha pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão 
E me diz desconfiado
“Tu tá aí admirado Ou tá querendo roubar?”
Meu domingo tá perdido 
Vou pra casa entristecido 
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio 
Eu nem posso olhar pro prédio 
Que eu ajudei a fazer. 
BARBOSA, L. In: ZÉ RAMALHO. 20 Super Sucessos. Rio
de Janeiro: Sony Music, 1999. (Fragmento). 
Texto II
 O trabalhador fica mais pobre à medida que 
produz mais riqueza e sua produção cresce 
em força e extensão. O trabalhador torna-se 
uma mercadoria ainda mais barata à medida 
que cria mais bens. Esse fato simplesmente 
subentende que o objeto produzido pelo 
trabalho, o seu produto, agora se lhe opõe 
como um ser estranho, como uma força 
independente do produtor. 
MARX, K. Manuscritos econômicos filosóficos 
(Primeiro manuscrito). São Paulo: Boitempo 
Editorial, 1999. (Fragmento). 
 Com base nos textos, a relação entre 
trabalho e modo de produção capitalista é 
a) baseada na desvalorização do trabalho 
especializado e no aumento da demanda 
social por novos postos de emprego. 
b) fundada no crescimento proporcional 
entre o número de trabalhadores e o aumento 
da produção de bens e serviços. 
c) estruturada na distribuição equânime de 
renda e no declínio do capitalismo industrial 
e tecnocrata. 
d) instaurada a partir do fortalecimento da 
luta de classes e da criação da economia 
solidária. 
e) derivada do aumento da riqueza e da 
ampliação da exploração do trabalhador.
História
24 Volume 2 
16 (ENEM) Dominar a luz implica tanto um avanço 
tecnológico quanto uma certa liberação dos 
ritmos cíclicos da natureza, com a passagem 
das estações e as alternâncias de dia e noite. 
Com a iluminação noturna, a escuridão vai 
cedendo lugar à claridade, e a percepção 
temporal começa a se pautar pela marcação 
do relógio. Se a luz invade a noite, perde 
sentido a separação tradicional entre trabalho 
e descanso — todas as partes do dia podem 
ser aproveitadas produtivamente.
SILVA FILHO, A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade.
Fortaleza: Museu do Ceará; Secult-CE, 2001. 
(Adaptado)
 Em relação ao mundo do trabalho, a 
transformação apontada no texto teve como 
consequência a:
a) melhoria da qualidade da produção 
industrial.
b) redução da oferta de emprego nas zonas 
rurais.
c) permissão ao trabalhador para controlar 
seus próprios horários. 
d) diminuição das exigências de esforço no 
trabalho com máquinas.
e) ampliação do período disponível para a 
jornada de trabalho. 
17 (ENEM) Mas era sobretudo a lã que os 
compradores, vindos de Flandres na Itália, 
procuravam por toda a parte. Para satisfazê-
los, as raças foram melhoradas através do 
aumento progressivo das suas dimensões. 
Esse crescimento prosseguiu durante todo 
o século XIII, e as abadias da Ordem de 
Cister, onde eram utilizados os métodos mais 
racionais de criação de gado, desempenharam 
certamente um papel determinante nesse 
aperfeiçoamento.
DUBY, G. Economia rural e vida no campo no ocidente 
medieval. Lisboa: Estampa, 1987. (Adaptado)
 O texto aponta para a relação entre 
aperfeiçoamento da atividade pastoril e 
avanço técnico na Europa ocidental feudal, 
que resultou do(a)
a) crescimento do trabalho escravo. 
b) desenvolvimento da vida urbana. 
c) padronização dos impostos locais. 
d) uniformização do processo produtivo. 
e) desconcentração da estrutura fundiária.
18 (ENEM) Fala-se muito nos dias de hoje em 
direitos do homem. Pois bem: foi no século 
XVIII precisamente, que uma Assembleia 
Constituinte produziu e proclamou em Paris 
a Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão. Essa Declaração se impôs como 
necessária para um grupo de revolucionários, 
por ter sido preparada por uma mudança 
no plano das ideias e das mentalidades: o 
Iluminismo.
FORTES, L. S. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo:
Brasiliensis, 1981. (Adaptado)
 Correlacionando temporalidades 
históricas, o texto apresenta uma concepção 
de pensamento que tem como uma de suas 
bases a
a) modernização da educação escolar. 
b) atualização da disciplina moral cristã. 
c) divulgação de costumes aristocráticos. 
d) socialização do conhecimento civil
e) universalização do princípio da igualdade 
civil.
19 (UPE-SSA 2) A passagem do século 
XVIII para o século XIX inaugura o que, 
convencionalmente, se denomina de 
história contemporânea. Depois de quase 
quatro séculos de acumulação de capital, 
de comércio colonial, de sucessivas guerras 
hegemônicas e contra hegemônicas, da 
desestrutura do feudalismo, da expansão 
da linguagem escrita e do ensino, da lenta 
conquista e subjugação de outras civilizações, 
a Europa teve de enfrentar uma profunda 
transformação de seu processo histórico.
SILVA, André Luiz Reis da. A nova ordem europeia no 
século X: os efeitos da dupla revolução na história 
contemporânea. Ciências & Letras, Porto Alegre,
nº 47, p. 11-24, jan./jun. 2010. Disponível em: 
http://seer1.fapa.com.br/index.php/arquivos 
(Adaptado)
 No contexto descrito, o desenvolvimento 
da burguesia iniciou uma nova era, que teve 
como principais marcos históricos a
a) Revolução Industrial e a Francesa.
b) Reforma Protestante e a Contrarreforma.
c) Comuna de Paris e a Primavera dos Povos.
d) Guerra da Crimeia e a Guerra Civil 
Americana.
e) Guerra dos Trinta Anos e a Guerra dos Sete 
Anos.
A Revolução Francesa e a Independência das 13 Colônias
258º Ano do Ensino Fundamental
4.3 Manufatura e trabalho artesanal
A produção de bens materiais antes da Revolução Industrial era essencialmente construída de maneira manual e artesanal, no máximo com o uso de máquinas simples para facilitar a produção. Um trabalho quase sempre era feito em pequena escala e com um processo 
produtivo demorado, pois era o trabalhador que ditava o tempo de produção de uma mercadoria. 
Com o advento da indústria capitalista e a criação de novas máquinas mais potentes e capazes 
de produzir em larga escala, os trabalhadores tornaram-se empregados nas fábricas, vendendo 
sua força de trabalho. Assim, perderam a posse sobre o que produziam e, principalmente, o lucro 
gerado. 
O impulso técnico-produtivo da Revolução Industrial se deu em uma série de invenções práticas, 
que dinamizaram a fabricação durante o século XVIII, estendendo-se aos séculos seguintes com 
um grande boom produtivo. Esse processo impactou drasticamente a sociedade e modificou 
não só a forma como se produzia, mas também influenciou a sociabilidade dos indivíduos, o que 
provocou conflitos entre as principais classes sociais desse período: a burguesia e o proletariado. 
Grande parte dos historiadores defendem que as mudanças foram sentidas de maneira gradual, 
sendo a revolução da indústria percebida, efetivamente, somente após 1830.
4.3.1 A produção artesanal 
O que caracteriza o trabalho artesanal é a técnica quase sempre manual, no máximo com o uso 
de pequenas máquinas e ferramentas, para produção de objetos feitos a partir de matéria-prima 
natural (couro, madeira, barro, pedras, entre outros). Os itensproduzidos eram dos mais variados 
tipos: tecidos, sapatos, móveis, facas e armas, sempre feitos de maneira unitária e individual.
Até o início da Idade Moderna, a produção era feita de modo artesanal e as profissões eram 
quase sempre familiares e os saberes sobre produção eram passados de geração a geração, de pais 
para filhos. O ambiente que se produzia era um ambiente domiciliar ou em uma pequena oficina, 
onde se concentravam os artesãos e seus ajudantes, caracterizados hierarquicamente em mestres, 
oficiais e aprendizes.
Durante o final da Baixa Idade Média, com o Renascimento Comercial e Urbano e o florescimento 
das cidades medievais fortificadas, dos “Burgos” surgiram as Guildas. Elas nada mais eram que 
associações de trabalhadores artesãos, junto a 
outros profissionais como ferreiros, sapateiros, 
alfaiates, carpinteiros, artistas, entre outros. 
Cada seguimento profissional reunia-se em um 
conjunto de trabalhadores, como maneira de 
regulamentar o processo de produção artesanal, 
regrando as atividades do trabalho, tornando 
a produção mais eficiente, mas mantendo a 
qualidade do que era produzido, estabelecendo 
a concorrência e preços comuns. Esses 
trabalhadores pagavam uma taxa regularmente 
para manter a funcionalidade dessas Guildas 
enquanto associação, em troca de assistência e 
proteção aos seus membros.
Junto ao crescimento das cidades, as Guildas também se expandiram e se aperfeiçoaram e 
formaram o que seria conhecido como as Corporações de Ofício. Esse formato reunia um número 
maior de trabalhadores artesãos de diversas áreas, com o objetivo de regulamentar a produção 
artesanal, evitando a concorrência e garantindo a segurança dos trabalhadores.
Fig.4.18 - Salão de uma Guilda datada do ano de 1390 na cidade de 
Leicester, na Inglaterra, que, primeiramente, foi usada como local sede 
de uma guilda e, posteriormente, tornou-se centro administrativo do 
município
História
26 Volume 2 
Por volta do século XVI, junto ao mercantilismo, começou a ser formado um novo sistema, que 
ficou conhecido como putting-out(também chamado de sistema doméstico). Nesse mecanismo, 
comerciantes, em contratos com as Corporações de Ofício, passaram a fornecer aos artesãos 
matéria-prima, que vinha de fora das jurisdições das corporações, e a controlar o produto final 
que seria comercializado por eles. Dessa maneira, a economia, que antes era local, se expandiu em 
uma direção pré-fabril. Na maioria das vezes, as mercadorias eram produzidas em casas para um 
pequeno mercado crescente, sempre realizadas por um mestre artesão com ajuda de aprendizes. 
Porém esse artesão, apesar de ser dono de seu trabalho, era dependente de comerciantes 
intermediários, que proviam a matéria-prima para o produto e, depois de pronto, encaminhava o 
produto ao consumidor final, lucrando em cima do produtor artesão. No entanto, essas relações 
nem sempre eram pacíficas.
Entre as reclamações realizadas pelos artesãos, pode-se destacar que, muitas vezes, a matéria-
-prima entregue era de péssima qualidade, além de ocorrer desvios em porcentagens do que 
era produzido, de modo que os valores combinados anteriormente, não eram pagos ou eram 
modificados ao final das transações.
Pode-se afirmar que o sistema putting-out está intimamente ligado ao nascimento do sistema 
industrial, criado no início da Idade Contemporânea com a Revolução Industrial. Isso porque é 
em meio a esse processo que os trabalhadores passaram a perder o controle não só do produto 
final, mas também o da fabricação das mercadorias. No putting-out, o trabalhador artesão ainda 
detinha o controle de todo o processo produtivo e podia causar sanções e formas de resistência 
caso não fosse cumprido o combinado, elemento que se modificou com o sistema industrial. Isto 
é, antes, o artesão tinha controle sobre o tempo, a intensidade e os seus instrumentos de trabalho; 
com a produção fabril, isso foi tirado dos trabalhadores. A partir de então, os burgueses donos de 
indústrias passaram, por meio de fiscalização e disciplina, a ter o controle dos meios de produção 
e do trabalho. 
Ainda no Período Moderno, os conflitos provocaram a criação das primeiras fábricas pelos 
comerciantes, em galpões que concentravam os artesãos, ajudantes e aprendizes para exercerem 
os serviços. Dessa forma, por 
meio de observação e punição, 
controlavam-se os trabalhos. 
Esse novo sistema retirou os 
trabalhadores da produção artesanal 
e os colocou em um espaço grande, 
comum a outros trabalhadores 
do mesmo ofício, em que era um 
tempo específico de trabalho. Nesse 
contexto, o trabalho não era mais 
um elemento da vida doméstica que 
se confundia com outros processos 
em que o próprio trabalhador 
determinava o ritmo de suas tarefas.
Dessa maneira, esses 
comerciantes restringiram o trabalho produtivo dos artesãos, dando origem ao que é conhecido 
como produtos manufaturados. A manufatura é uma técnica de trabalho manual em que máquinas 
são utilizadas. O produto, no entanto, é feito por um grande número de operários com o intuito 
de agilizar a produção. Cada um deles deve cumprir uma parte específica do que se é produzido, o 
processo é composto por diversas fases. Assim, há uma diferença clara entre a produção artesanal 
e a manufatura moderna.
Fig.4.19 - Pintura de uma fábrica do setor têxtil, um dos principais produtos 
manufaturados da Revolução Industrial Inglesa
A Revolução Francesa e a Independência das 13 Colônias
278º Ano do Ensino Fundamental
4.3.2 Da manufatura para a maquinofatura 
Com as desapropriações de terras, principalmente pelo processo de Cercamentos que vinham 
acontecendo no campo Inglês desde o século XVI, a população do interior foi forçada a sair do 
meio rural, onde executavam suas atividades agrícolas e artesanais. Nesse contexto, as cidades 
ainda eram pequenas e existiam poucas pessoas para executar os trabalhos nas fábricas. Para os 
donos dos meios de produção, portanto, esse êxodo rural (a população que vinha do campo para a 
cidade) foi importante, visto que era a solução para o problema da falta de força de trabalho. Com 
essa força, seria desencadeado o processo de produção fabril. E, com o advento de novas máquinas 
capazes de aumentar a produtividade, seria possível atingir patamares e lucros jamais vistos antes. 
Em meio a esse cenário, vários burgueses passaram a investir nas indústrias e na mecanização da 
produção em meados do século XVIII e a indústria têxtil, portanto, tornou-se o grande expoente 
desse momento. 
Entre os maquinários que estavam sendo desenvolvidos, podemos destacar a invenção do 
tecelão John Kay, que, em 1733, criou a lançadeira mecânica, deixando a fiação mais rápida, 
quadruplicando a produtividade. Em 1769, criou-se o tear hidráulico, entre outros elementos e 
invenções que impulsionaram a produção no setor têxtil inglês. 
Entre essas invenções, entretanto, a que trouxe as principais e mais significativas mudanças foi 
a máquina a vapor, criada por Thomas Newcomen em 1712 – morador de Devonshire e ferreiro. 
Newcomen baseou-se na bomba a vapor, criada anos antes. Essa invenção foi aperfeiçoada 
substancialmente por James Watt em 1777 e essas modificações possibilitaram um aumento 
considerável na produtividade. 
Antes da chegada da máquina a vapor, os principais meios de energia eram a força humana, 
animal, hidráulica e eólica. Com a invenção, os meios de energia utilizados eram baseados no uso 
de carvão para o aquecimento da água, emitindo vapor e, por meio da pressão, que movia as peças, 
o deslocamento desejado na máquina era obtido. Isso facilitava consideravelmente o processo 
produtivo.
Nas décadas seguintes, essa tecnologia estendeu-se para diversos ramos produtivos. Em 1779, 
por exemplo, foi criado o tear a vapor por Cartwright, potencializando ainda mais a produção têxtil. 
Outro setor que obteve significativos progressos com essa invenção foi o de meios de locomoção. 
Variados modelos de locomotivas a vapor foram criados entre 1804 e 1823, além dos barcos movidos

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