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Antimicrobianos inibidores da síntese proteica

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Lupébhia Tarlé 
Referência: KATZUNG, B. Farmacologia básica e clínica. 
 
Antimicrobianos inibidores da síntese proteica
Muitos antimicrobianos exercem seu efeito 
antimicrobiano agindo nos ribossomas 
bacterianos e inibindo a síntese proteica das 
bactérias. Os ribossomas bacterianos diferem 
estruturalmente dos ribossomas 
citoplasmáticos dos mamíferos e são 
compostos de subunidades 30S e 50S (os 
ribossomas de mamíferos têm subunidades 
40S e 60S). Em geral, a seletividade pelos 
ribossomas bacterianos minimiza potenciais 
consequências adversas resultantes da 
interrupção da síntese proteica nas células 
do hospedeiro mamífero. 
TETRACICLINAS 
As tetraciclinas consistem em quatro anéis 
fundidos com um sistema de ligações duplas 
conjugado. Substituições nesses anéis 
alteram a farmacocinética individual e o 
espectro de atividade antimicrobiana. 
 A. Mecanismo de ação: 
As tetraciclinas entram nos microrganismos 
suscetíveis por difusão passiva e também por 
um mecanismo proteico de transporte 
dependente de energia próprio da membrana 
citoplasmática interna da bactéria. As 
tetraciclinas se concentram no interior das 
células dos microrganismos suscetíveis. Elas 
se ligam reversivelmente à subunidade 30S do 
ribossoma bacteriano. Essa ação impede que 
o RNA transportador (RNAt) se ligue ao 
complexo RNA mensageiro (RNAm)-ribossoma, 
inibindo, assim, a síntese de proteínas da 
bactéria. 
 B. Espectro antibacteriano: 
As tetraciclinas são antimicrobianos 
bacteriostáticos eficazes contra uma ampla 
variedade de microrganismos, incluindo 
bactérias gram-positivas e gram-negativas, 
protozoários, espiroquetas, micobactérias e 
espécies atípicas. Elas são usadas com 
frequência no tratamento da acne e de 
infecções por Chlamydia (doxiciclina). 
 C. Resistência: 
A resistência natural às tetraciclinas mais 
frequente é uma bomba de efluxo que as 
expele para fora da célula, impedindo, assim, 
o seu acúmulo intracelular. Outros 
mecanismos de resistência bacteriana às 
tetraciclinas incluem inativação enzimática e 
produção de proteínas bacterianas, que 
impedem a ligação da tetraciclina no 
ribossoma. A resistência a uma tetraciclina 
não confere resistência universal a todas elas. 
 D. Farmacocinética: 
1. Absorção: As tetraciclinas são 
adequadamente absorvidas após ingestão 
oral. A administração com produtos lácteos 
ou outras substâncias que contenham cátions 
di e trivalentes (antiácidos com magnésio e 
alumínio ou suplementos com ferro) diminuem 
a absorção, particularmente para a 
tetraciclina, devido à formação de quelatos 
não absorvíveis. Doxiciclina e minociclina 
estão disponíveis em preparações orais e 
intravenosas (IV). 
2. Distribuição: As tetraciclinas se concentram 
na bile, no fígado, nos rins, no líquido gengival 
e na pele. Além disso, elas se fixam nos tecidos 
em calcificação (dentes e ossos) ou em 
tumores com alto conteúdo de cálcio. A 
penetração na maioria dos líquidos orgânicos 
é adequada. Somente minociclina e 
doxiciclina alcançam níveis terapêuticos no 
líquido cerebrospinal (LCS). A minociclina 
também alcança níveis elevados na saliva e 
nas lágrimas, tornando-a útil na erradicação 
do estado portador de meningococos. Todas 
as tetraciclinas atravessam a barreira 
placentária e se concentram em ossos e 
dentição fetais. 
Lupébhia Tarlé 
Referência: KATZUNG, B. Farmacologia básica e clínica. 
 
3. Eliminação: Tetraciclina e doxiciclina não 
são biotransformadas no fígado. A 
tetraciclina é eliminada inalterada 
primariamente na urina, e a minociclina sofre 
biotransformação hepática e é eliminada em 
menor extensão pelos rins. Em pacientes com 
comprometimento renal, prefere-se a 
doxiciclina, pois é eliminada primariamente 
pela bile nas fezes. 
 E. Efeitos adversos: 
1. Desconforto gastrintestinal 
2. Efeitos nos tecidos calcificados 
3. Hepatotoxicidade 
4. Fototoxicidade 
5. Disfunção vestibular 
6. Pseudotumor cerebral 
 
Contra indicações: As tetraciclinas não devem 
ser administradas em gestantes ou lactantes 
nem em crianças com menos de 8 anos de 
idade. 
 
GLICILCICLINAS 
Tigeciclina, um derivado da minociclina, é o 
primeiro antimicrobiano disponível membro 
da classe glicilciclina. Ela é indicada no 
tratamento de infecções complicadas de pele 
e tecidos moles, bem como infecções 
complicadas intra-abdominais. 
 A. Mecanismo de ação 
A tigeciclina tem ação bacteriostática, 
ligando-se reversivelmente à subunidade 
ribossomal 30S e inibindo a síntese de 
proteínas. 
 B. Espectro antibacteriano 
A tigeciclina tem amplo espectro de atividade 
que inclui os estafilococos resistentes à 
meticilina, estreptococos resistentes a 
múltiplos fármacos, enterococos resistentes a 
vancomicina, espectro estendido para 
bactérias gram-negativas produtoras de β-
lactamase, Acinetobacter baumannii e vários 
microrganismos anaeróbicos. Contudo, a 
tigeciclina não é ativa contra espécies de 
Morganella Proteus, Providencia ou 
Pseudomonas. 
 C. Resistência 
A tigeciclina foi desenvolvida para vencer o 
aparecimento de microrganismos resistentes 
à classe das tetraciclinas que usam o efluxo e 
a proteção ribossomal para conferir 
resistência. Contudo, observa-se resistência 
que é atribuída, principalmente, à 
superexpressão de bombas de efluxo. 
 D. Farmacocinética 
Após infusão IV, a tigeciclina exibe grande 
volume de distribuição. Ela penetra bem nos 
tecidos, mas tem concentração plasmática 
baixa. Como consequência, a tigeciclina é má 
opção para infecções na corrente sanguínea. 
A via de eliminação primária é biliar/fecal. 
Não é necessário ajuste de dosagem para 
pacientes com insuficiência renal. Contudo, é 
recomendada redução da dosagem em 
disfunção hepática grave. 
 
AMINOGLICOSÍDEOS 
Os aminoglicosídeos são usados para o 
tratamento de infecções graves decorrentes 
de bacilos gram-negativos aeróbicos. 
Contudo, sua utilidade clínica é limitada por 
graves toxicidades. 
 
MACROLÍDEOS E CETOLÍDEOS 
Os macrolídeos são um grupo de 
antimicrobianos com uma estrutura lactona 
macrocíclica à qual estão ligados um ou mais 
açúcares desoxi. A eritromicina foi o primeiro 
desses antimicrobianos a encontrar aplicação 
clínica como fármaco de primeira escolha e 
como alternativa às penicilinas em indivíduos 
que são alérgicos aos antimicrobianos β-
lactâmicos. Claritromicina (uma forma 
metilada da eritromicina) e azitromicina 
(apresentando um anel lactona maior), têm 
algumas caraterísticas comuns com a 
Lupébhia Tarlé 
Referência: KATZUNG, B. Farmacologia básica e clínica. 
 
eritromicina e outras que a melhoraram. 
Telitromicina, um derivado semissintético da 
eritromicina, é o primeiro antimicrobiano 
“cetolídeo”. Cetolídeos e macrolídeos têm 
cobertura antimicrobiana similar. Contudo, os 
cetolídeos são ativos contra várias cepas 
gram-positivas resistentes a macrolídeos. 
 A. Mecanismo de ação 
Os macrolídeos se ligam irreversivelmente a 
um local na subunidade 50S do ribossoma 
bacteriano, inibindo, assim, etapas de 
translocação na síntese de proteínas. 
 B. Espectro antibacteriano 
1. Eritromicina: É eficaz contra vários dos 
mesmos microrganismos da benzilpenicilina. 
Por isso ela pode ser usada em pacientes 
alérgicos à benzilpenicilina. 
2. Claritromicina: Tem atividade similar à da 
eritromicina, mas também é ativa contra 
Haemophilus influenzae. Sua atividade contra 
patógenos intracelulares, como Chlamydia, 
Legionella, Moraxella, espécies de 
Ureaplasma e Helicobacter pylori, é maior do 
que a atividade da eritromicina. 
3. Azitromicina: Embora menos ativa contra 
estreptococos e estafilococos do que a 
eritromicina, a azitromicina é muito mais ativa 
contra as infecções respiratórias por H. 
influenzae e Moraxella catarrhalis. O uso 
extensivo da azitromicina resultou no 
crescimento da resistência do Streptococcus 
pneumoniae.A azitromicina é o tratamento 
preferido contra uretrites causadas por 
Chlamydia trachomatis. 
4. Telitromicina: Esse fármaco tem espectro 
antimicrobiano similar ao da azitromicina. 
Além disso, a modificação estrutural dos 
cetolídeos neutraliza os mecanismos de 
resistência mais comuns (mediados por efluxo 
ou metilase) que os tornam ineficazes. 
 
 
 
 C. Resistência 
A resistência aos macrolídeos está associada 
com: 
1) a incapacidade do microrganismo de 
captar o antimicrobiano; 
2) a presença de uma bomba de efluxo; 
3) a diminuição da afinidade da subunidade 
ribossomal 50S pelo antimicrobiano, 
resultante da metilação de uma adenina no 
RNA ribossomal bacteriano 23S em 
microrganismos gram-positivos; 
4) a presença de uma eritromicina esterase 
associada a plasmídeo em microrganismos 
gram-negativos, como as Enterobacteriaceae. 
A resistência à eritromicina está aumentando, 
o que limita o seu uso clínico (particularmente 
contra S. pneumoniae). A claritromicina e a 
azitromicina dividem alguma resistência 
cruzada com a eritromicina, mas a 
telitromicina pode ser eficaz contra 
microrganismos resistentes a macrolídeos. 
 D. Farmacocinética 
1. Administração: A eritromicina base é 
destruída pelo suco gástrico. Assim, são 
administradas formas esterificadas ou 
comprimidos revestidos entéricos do 
antimicrobiano. Todos são adequadamente 
absorvidos por via oral. Claritromicina, 
azitromicina e telitromicina são estáveis no 
estômago ácido e são bem absorvidas. Os 
alimentos interferem na absorção de 
eritromicina e azitromicina, mas podem 
aumentar a absorção de claritromicina. A 
eritromicina e a 
azitromicina estão disponíveis em 
formulações IV. 
2. Distribuição: A eritromicina se distribui bem 
em todos os líquidos corporais, exceto no LCS. 
Ela é um dos poucos antimicrobianos que se 
difunde no líquido prostático e também 
acumula nos macrófagos. Os quatro fármacos 
se concentram no fígado. Claritromicina, 
azitromicina e telitromicina são amplamente 
Lupébhia Tarlé 
Referência: KATZUNG, B. Farmacologia básica e clínica. 
 
distribuídas nos tecidos. A azitromicina se 
concentra nos neutrófilos, macrófagos e 
fibroblastos, e os níveis séricos são baixos. A 
azitromicina tem a meia-vida mais longa e o 
maior volume de distribuição dos quatro 
fármacos. 
3. Eliminação: Eritromicina e telitromicina são 
extensamente biotransformadas no fígado. 
Elas inibem a oxidação de inúmeros fármacos 
por meio de sua interação com o sistema 
CYP450. Interferência com a biotransformação 
de fármacos, como teofilina, estatinas e 
numerosos antiepiléticos, foi relatada para a 
claritromicina. 
4. Excreção: Eritromicina e azitromicina são 
concentradas e excretadas primariamente na 
bile como fármacos ativos. Ocorre reabsorção 
parcial por meio da circulação entero-
hepática. Em contraste, a claritromicina e 
seus metabólitos são eliminados pelos rins, 
bem como pelo fígado. A dosagem deste 
fármaco deve ser ajustada em pacientes com 
insuficiência renal.

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