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Beatriz Galvão – Odontologia UFRN 1 ULCERAÇÃO AFTOSA RECORRENTE (UAR) Aftas: mais importante expressão das doenças ulcerativas → incidência universal; estomatite aftosa recorrente; lesões ulceradas mais comuns na mucosa oral, afeta em média 20% da população, sendo crianças e adultos jovens; ulcerações em mucosa oral que podem persistir por dias ou semanas, recorrendo após período variável de remissão. Etiopatogenia é pouco compreendida e o tratamento é pouco específico. Quadro clínico variável, sintomatologia discreta, quadros exuberantes (quantidade de lesões e tempo), indivíduos relatam os primeiros episódios a partir da infância ou adolescência; pode ser: • Menor: mais frequente (90%); pequenas ulcerações variando entre 2 e 8mm de diâmetro; mucosa não queratinizada; queimação, ardência; duração de 10-14 dias; sem deixar cicatriz visível clinicamente. • Maior: úlceras de Sutton; diâmetro igual ou maior que 1cm; persistem por semanas/meses; deixam cicatriz visível clinicamente; incidem também em mucosa queratinizada. • Herpetiforme: menos frequente; não são precedidas por vesículas. Etiologia da UAR: • Trauma local: em indivíduos com predisposição. • Vírus, fungos, bactérias. • Uso de medicamentos: beta bloqueadores, vasodilatadores, imunossupressores. • Alergias: leite, queijo, abacaxi, laurel sulfato (pastas dentais). • Fatores genéticos: indivíduos com história familiar de UAR tem maior risco de desenvolver a doença. • Estresse: maior risco de desenvolvimento das UAR. • Deficiências nutricionais: 5 a 10% dos pacientes com UAR podem apresentar níveis baixos de ferro, folato, zinco, vitaminas do complexo B; solicitar exames para verificar se o paciente apresenta ou não. • Fatores imunológicos: pesquisas comprovam o papel fundamental de anormalidades no sistema imunológico na Etiopatogênese das UAR; ↑ citocinas pró-inflamatórias, linfócitos B, alteração na relação CD4/CD8, hiper-reatividade dos N PMN. Imunodesregulação primária → diminuição da barreira da mucosa → aumento na exposição antigênica. Diagnóstico: não há exame específico, nem indicação de biópsia; ulceração inespecífica; localização das lesões, recorrência, aspecto clínico, histórico familiar, investigação de condições sistêmicas associadas. Condições sistêmicas que devem ser investigadas: anemia, neutropenia cíclica, deficiência de ferro, zinco, vitamina do complexo B, doença de behçet, doença celíaca, doença de cronh e hiv/aids. Tratamento: existe um leque de drogas para aliviar a sintomatologia; não há cura, é reduzida a dor e acelerado o reparo; análise de cada caso: periocidade das lesões, gravidade, condição sistêmica do paciente e uso de medicamentos; Beatriz Galvão – Odontologia UFRN 2 Propinato de Clobetasol (0,05%) – corticoide para bochecho – e laser de baixa intensidade (opção terapêutica para aliviar os sintomas e promover o reparo nas UAR, além de apresentar baixo risco para desenvolver efeitos colaterais; apresenta uma resposta superior na diminuição da dor e do tempo de reparo das UARs quando comparado com outros tipos de tratamento). Diagnóstico diferencial: úlceras traumáticas, factícias (paciente morte e arranca um pedaço), infecciosas (herpes simples, tuberculose, actinomicose), doença de Behçet. Doença de Behçet: é uma perturbação do sistema imunitário, vasculite sistêmica (inflamação dos vasos sanguíneos de pequeno e grande calibre) de causa conhecida; caracteriza-se por úlceras orais e/ou genitais recorrentes, inflamação dos olhos e lesões cutâneas, também pode afetar as articulações, todo o tipo de vasos, SNC e trato digestivo. A conduta clínica das UARs deve inicialmente considerar as características clínicas da lesão e a condição sistêmica do paciente; optar por um tratamento que possibilite melhorar a qualidade de vida do paciente, diminuindo a dor, o tamanho e a recorrência das lesões, uma vez que ainda não há cura para esta alteração.
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