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modo de produção capitalista e daí sua incessante reconstituição me- diante introdução de inovações técnicas, o que torna essa reconstituição independente do crescimento vegetativo da população. O exército in- dustrial de reserva funciona como regulador do nível geral de salários, impedindo que se eleve acima do valor da força de trabalho ou, se possível e de preferência, situando-o abaixo desse valor. Outra função do exército industrial de reserva consiste em colocar à disposição do capital a mão-de-obra suplementar de que carece nos momentos de brusca expansão produtiva, por motivo de abertura de novos mercados, de ingresso na fase de auge do ciclo econômico etc. Marx formulou uma lei geral absoluta da acumulação capitalista, segundo a qual se concentra, num pólo, a massa cada vez maior de riquezas à disposição do capital, enquanto, no pólo oposto, aumenta a miséria das massas trabalhadoras. Esta lei, apresentada no Livro Pri- meiro, tem sido objeto de variadas exegeses e acirradas discussões nos meios marxistas, ao passo que os antimarxistas encontram nela rei- terado motivo para contestação. Certa parte dos marxistas interpretou a formulação marxiana no sentido de inelutável pauperização absoluta ou queda secular do padrão da existência material da classe operária no regime capitalista, inclusive sob o aspecto dos salários reais, que tenderiam a ser cada vez mais baixos, conforme sustentam, por exemplo, os autores do Ma- nual de Economia Política da Academia de Ciências da URSS. Já Ro- nald Meek viu na referida lei um dos erros mais clamorosos de Marx, em face das evidentes melhoras das condições de vida dos operários ingleses no decorrer do último século. Ambas as posições foram refu- tadas por Mandel e Rosdolsky através de exaustiva análise da questão à luz dos textos marxianos em confronto com os dados do desenvolvi- mento do capitalismo. Dessa análise ressaltam os dois pontos seguintes. Em primeiro lugar, no referente aos salários reais, a posição de Marx evoluiu dos escritos econômicos dos anos quarenta às obras da maturidade, dos anos sessenta em diante. Nos anos quarenta, a idéia de Marx era a de que, conquanto os aumentos salariais pudessem representar conquistas imediatas para os operários, atuava, a longo prazo, a tendência à queda dos salários reais até o nível mínimo da subsistência física, ou seja, a tendência à pauperização absoluta. In- fluíam, então, sobre o pensamento marxiano, sem dúvida, as evidências da Revolução Industrial recém-concluída na Inglaterra e em curso nos demais países da Europa ocidental, quando, com efeito, os salários reais foram rebaixados. Diferente veio a ser, não obstante, a perspectiva dos anos sessenta. Marx passou a enfatizar o fator luta de classes e demonstrou, do ponto de vista teórico e com apoio em dados estatísticos, que a classe operária podia conquistar aumentos efetivos dos salários reais e, na verdade, os havia conquistado na Inglaterra (Ver Salário, Preço e Lucro. Tal demonstração foi tanto mais notável quanto se opu- OS ECONOMISTAS 42
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